Giovani partiu, e o silêncio no hospital parecia engolir Melissa. Quando viu pela última vez Luana e Dr. Pedro saindo pela porta principal com Giovani em um estado vulnerável, algo dentro dela se partiu. Ela sentiu como se tivesse falhado, como se não tivesse feito o suficiente para evitar o que estava acontecendo. A procuração tinha sido a sentença que ela temia, e diante daquela assinatura, não havia mais nada que ela ou Mike pudessem fazer a não ser assistir ao afastamento de Giovani.Luana — ou seria Cloé? — havia conseguido o que queria. A manipulação, o controle disfarçado de preocupação... tudo tinha levado a esse momento. Melissa sentiu um frio na espinha ao lembrar do tom de voz de Luana, de como ela falava como se soubesse o que era melhor para Giovani. E o pior de tudo era que ela parecia acreditar nisso.Ela ficou parada por alguns minutos, olhando pela janela do hospital, a mente turbilhonando com perguntas sem respostas. “Onde estavam levando Giovani?” Ela tinha uma sens
A imagem da criança correndo em direção a ele, com aquele brilho nos olhos e a alegria de um reencontro, foi suficiente para fazer Melissa recuar imediatamente, seu corpo tenso e as mãos tremendo. Ela observou silenciosamente, sentada à sombra da árvore, sem saber o que fazer. Papai… Aquela palavra reverberou em sua mente, e algo dentro dela começou a se quebrar.A criança abraçou Giovani com força, e ele a envolveu nos braços, quase instintivamente, com um sorriso cansado no rosto. Melissa não conseguiu ver mais nada por um momento. Seu coração estava apertado, e a mente, confusa. Papai.Ela olhou para trás, para a casa e para o cenário, tentando processar o que estava acontecendo. Por um instante, Melissa se perguntou se realmente havia algo de errado com ela. Será que estou ficando paranoica? Pensou elaEra possível que ela estivesse tão obcecada pela ideia de que Luana e Giovani eram na verdade Cloé e Afonso que estava criando uma conexão entre as coisas que não existia? Ela tento
Mike ficou em silêncio por um momento, seu rosto tenso enquanto tentava compreender a gravidade do que ela estava dizendo. A ideia de Giovani sendo pai de uma criança, sem que ninguém soubesse, era uma revelação importante, mas ao mesmo tempo, isso não mudava o fato de que Melissa havia cruzado limites que poderiam ser perigosos para todos.— Eu entendo que você queira proteger Giovani, Melissa — disse Mike, finalmente, sua voz mais calma, mas ainda carregada de preocupação. — Mas o que você fez… foi invasivo. Não podemos simplesmente ir atrás das pessoas dessa forma. Se Luana e Dr. Pedro estão fazendo isso, tem um motivo. Precisamos seguir o processo.Melissa olhou para ele, sentindo uma mistura de arrependimento e frustração.— E se o motivo for errado, Mike? — Ela finalmente soltou a frase que estava em sua mente desde que viu a criança. — E se Giovani não está sendo cuidado da maneira certa? Não estou dizendo que Luana seja uma vilã, mas eu senti que algo estava muito errado. Não
Melissa sentiu como se tivesse sido empurrada para uma decisão impossível. Mike, seu companheiro, sua vida ao lado dele, ou a história de Giovani e o que ela achava ser a necessidade de salvá-lo. O peso disso tudo esmagava seu peito. Ela se sentia dividida, rasgada entre o amor que sentia por Mike, tudo o que haviam construído juntos, e a urgência de ajudar Giovani, que estava em perigo — ou, ao menos, isso era o que ela acreditava.Ela fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar. O que ela mais queria? O que seria o certo a fazer?— Eu preciso saber o que é mais importante para você, Melissa. — Mike insistiu. — Porque eu não vou ficar à espera. Você não pode continuar com esse dilema. Se você escolher ele, então, nós não teremos mais um futuro juntos. Se você escolher isso, vai perder todos os anos que passamos juntos. Todos os sonhos que construímos.Melissa sentiu o impacto das palavras dele como um soco no estômago. Perder Mike? Perder tudo o que tinham? Ela não consegu
A mente de Melissa fervilhava com a ideia insana que havia acabado de surgir. Ela sabia que estava agindo por impulso, sem pensar direito, mas a necessidade de respostas a empurrava. A ideia de que Giovani poderia ser, de alguma forma, Afonso — o marido que perdera há cinco anos, após o acidente de avião — era absurdamente improvável, mas algo dentro dela não conseguia deixar de considerar essa possibilidade.Ela fechou os olhos por um momento, tentando organizar os pensamentos. A lembrança de Afonso ainda estava viva em sua memória, as últimas palavras dele antes da tragédia, o sorriso caloroso que ele sempre tinha quando olhava para ela. Ele estava lá, ela sabia disso, no fundo de seu coração. Mas o corpo nunca foi encontrado. O desaparecimento de Afonso sempre fora um mistério. O avião que ele estava a bordo havia caído, mas as autoridades nunca recuperaram os destroços ou os corpos dos passageiros.Giovani e Afonso tinham algo em comum. Algo estranho, algo que ela nunca soubera ex
Ela vasculhou por alguns minutos, até encontrar o que procurava: o arquivo de Giovani. O nome dele estava lá, bem na parte superior da folha. Melissa prendeu a respiração enquanto pegava o arquivo e o abria com as mãos trêmulas. O que ela encontrou não ajudou muito — informações genéricas, como os dados sobre seu estado de saúde.Mas o que mais chamava a atenção era uma pequena anotação à margem: "Solicitação de exames pendentes". Giovani não tinha feito exames no hospital pois, Luana não deixou que tocassem nele.Isso, ao menos, dava-lhe um ponto de partida. O Corpo de Afonso não foi identificado, o exame de DNA ainda poderia estar armazenado em algum lugar. Ela também sabia que, caso o corpo não tivesse sido encontrado, os médicos poderiam ter coletado amostras biológicas para realizar uma identificação posterior, caso aparecesse algum vestígio de Afonso em algum outro lugar — quem sabe em uma possível reconstituição ou mesmo por meio de algum outro teste.Agora, ela precisava mais
Os dias estavam se arrastando de uma maneira insuportável. Melissa não sabia o que era pior: a espera pelos resultados do exame de DNA ou a constante sensação de que algo estava se rompendo dentro dela. Ela sabia que, por mais que estivesse fisicamente presente no hospital, algo tinha mudado. Sua mente estava em outro lugar, seu corpo cada vez mais distante, como se vivesse à beira de um abismo que não queria encarar.Mike, por outro lado, sentia a ausência de Melissa mais do que nunca. Eles ainda trabalhavam juntos, dividiam os mesmos espaços no hospital, mas a conexão entre eles havia diminuído. A troca de olhares, as conversas casuais no intervalo do expediente, tudo parecia agora uma formalidade. Ele tentava, de todas as formas, trazer de volta a Melissa que ele conhecera — aquela mulher confiante, com o sorriso fácil e a risada contagiante. Mas, ultimamente, ela estava distante, envolta em uma nuvem de incertezas que ele não conseguia penetrar.Ele sentia a mudança em cada gesto
Era uma conclusão simples, mas devastadora. Nada de respostas, nada de certeza. A toalha, que ela acreditara ser sua única esperança, não fornecera uma quantidade suficiente de material genético para que o exame fosse conclusivo. Melissa fechou os olhos por um momento, a sensação de fracasso apertando seu peito. Como podia ser tão difícil encontrar uma verdade que parecia escapar sempre entre seus dedos?Ela levou o papel até a testa, tentando conter a dor crescente. Não era apenas a decepção de não ter conseguido a resposta que tanto queria. Era o peso de estar de volta ao ponto de partida, à dúvida, à incerteza. Aquele vazio que a acompanhava há dias, semanas, agora parecia maior, mais imenso, mais insuportável."Não pode ser... não pode ser que nada disso tenha servido de nada." A frase ficou ecoando em sua mente, enquanto o mundo ao seu redor parecia desmoronar lentamente. Ela apertou os olhos com força, como se tentasse apagar o que acabara de ler. Mas a verdade estava ali, estam