Melissa sentiu como se tivesse sido empurrada para uma decisão impossível. Mike, seu companheiro, sua vida ao lado dele, ou a história de Giovani e o que ela achava ser a necessidade de salvá-lo. O peso disso tudo esmagava seu peito. Ela se sentia dividida, rasgada entre o amor que sentia por Mike, tudo o que haviam construído juntos, e a urgência de ajudar Giovani, que estava em perigo — ou, ao menos, isso era o que ela acreditava.Ela fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar. O que ela mais queria? O que seria o certo a fazer?— Eu preciso saber o que é mais importante para você, Melissa. — Mike insistiu. — Porque eu não vou ficar à espera. Você não pode continuar com esse dilema. Se você escolher ele, então, nós não teremos mais um futuro juntos. Se você escolher isso, vai perder todos os anos que passamos juntos. Todos os sonhos que construímos.Melissa sentiu o impacto das palavras dele como um soco no estômago. Perder Mike? Perder tudo o que tinham? Ela não consegu
A mente de Melissa fervilhava com a ideia insana que havia acabado de surgir. Ela sabia que estava agindo por impulso, sem pensar direito, mas a necessidade de respostas a empurrava. A ideia de que Giovani poderia ser, de alguma forma, Afonso — o marido que perdera há cinco anos, após o acidente de avião — era absurdamente improvável, mas algo dentro dela não conseguia deixar de considerar essa possibilidade.Ela fechou os olhos por um momento, tentando organizar os pensamentos. A lembrança de Afonso ainda estava viva em sua memória, as últimas palavras dele antes da tragédia, o sorriso caloroso que ele sempre tinha quando olhava para ela. Ele estava lá, ela sabia disso, no fundo de seu coração. Mas o corpo nunca foi encontrado. O desaparecimento de Afonso sempre fora um mistério. O avião que ele estava a bordo havia caído, mas as autoridades nunca recuperaram os destroços ou os corpos dos passageiros.Giovani e Afonso tinham algo em comum. Algo estranho, algo que ela nunca soubera ex
Ela vasculhou por alguns minutos, até encontrar o que procurava: o arquivo de Giovani. O nome dele estava lá, bem na parte superior da folha. Melissa prendeu a respiração enquanto pegava o arquivo e o abria com as mãos trêmulas. O que ela encontrou não ajudou muito — informações genéricas, como os dados sobre seu estado de saúde.Mas o que mais chamava a atenção era uma pequena anotação à margem: "Solicitação de exames pendentes". Giovani não tinha feito exames no hospital pois, Luana não deixou que tocassem nele.Isso, ao menos, dava-lhe um ponto de partida. O Corpo de Afonso não foi identificado, o exame de DNA ainda poderia estar armazenado em algum lugar. Ela também sabia que, caso o corpo não tivesse sido encontrado, os médicos poderiam ter coletado amostras biológicas para realizar uma identificação posterior, caso aparecesse algum vestígio de Afonso em algum outro lugar — quem sabe em uma possível reconstituição ou mesmo por meio de algum outro teste.Agora, ela precisava mais
Os dias estavam se arrastando de uma maneira insuportável. Melissa não sabia o que era pior: a espera pelos resultados do exame de DNA ou a constante sensação de que algo estava se rompendo dentro dela. Ela sabia que, por mais que estivesse fisicamente presente no hospital, algo tinha mudado. Sua mente estava em outro lugar, seu corpo cada vez mais distante, como se vivesse à beira de um abismo que não queria encarar.Mike, por outro lado, sentia a ausência de Melissa mais do que nunca. Eles ainda trabalhavam juntos, dividiam os mesmos espaços no hospital, mas a conexão entre eles havia diminuído. A troca de olhares, as conversas casuais no intervalo do expediente, tudo parecia agora uma formalidade. Ele tentava, de todas as formas, trazer de volta a Melissa que ele conhecera — aquela mulher confiante, com o sorriso fácil e a risada contagiante. Mas, ultimamente, ela estava distante, envolta em uma nuvem de incertezas que ele não conseguia penetrar.Ele sentia a mudança em cada gesto
Era uma conclusão simples, mas devastadora. Nada de respostas, nada de certeza. A toalha, que ela acreditara ser sua única esperança, não fornecera uma quantidade suficiente de material genético para que o exame fosse conclusivo. Melissa fechou os olhos por um momento, a sensação de fracasso apertando seu peito. Como podia ser tão difícil encontrar uma verdade que parecia escapar sempre entre seus dedos?Ela levou o papel até a testa, tentando conter a dor crescente. Não era apenas a decepção de não ter conseguido a resposta que tanto queria. Era o peso de estar de volta ao ponto de partida, à dúvida, à incerteza. Aquele vazio que a acompanhava há dias, semanas, agora parecia maior, mais imenso, mais insuportável."Não pode ser... não pode ser que nada disso tenha servido de nada." A frase ficou ecoando em sua mente, enquanto o mundo ao seu redor parecia desmoronar lentamente. Ela apertou os olhos com força, como se tentasse apagar o que acabara de ler. Mas a verdade estava ali, estam
A pergunta era simples, mas seu impacto foi profundo. Melissa olhou para a mãe, um nó se formando em sua garganta. Ela sentia o que sua mãe dizia, mas ao mesmo tempo, não sabia como confiar em seus sentimentos quando as dúvidas sobre Giovani e Afonso ainda eram como fantasmas a assombrando. Ela queria ter a certeza de que estava lidando com a verdade, mas, cada vez mais, se via perdida."Eu... não sei, mãe", respondeu Melissa, com a voz embargada. "Eu quero acreditar que Giovani é ele, que ele é Afonso, que eu finalmente vou ter a chance de dizer que o amo. Mas, se não for, e se ele realmente for outro homem? Eu não sei o que fazer com isso. Não sei se consigo viver com esse peso."Aurora a olhou com compaixão, sabendo que nenhuma palavra poderia curar aquela dor. No entanto, ela apertou a mão de Melissa mais uma vez, transmitindo o apoio incondicional de mãe."Eu sei que a dor da dúvida pode ser maior do que a dor da certeza, querida. Mas o que importa é como você lida com isso. O qu
Uma semana se passou desde que Melissa havia falado com o detetive Miguel Duarte, como ele preferia ser chamado, e ainda não havia recebido notícias. A espera estava consumindo-a, e o relógio parecia andar mais devagar a cada dia. O que antes parecia ser uma esperança, agora estava se transformando em uma tortura psicológica. Ele havia garantido que teria algo concreto em três dias, mas, ao invés disso, os dias foram passando em uma lenta agonia de silêncio.Melissa tentou se distrair com a rotina do trabalho, mas a ansiedade só aumentava. Quando não estava no hospital, estava em casa, revisitando os momentos com Giovani, tentando encontrar qualquer pista que pudesse fazer sentido. Mas nada parecia se encaixar. Cada detalhe parecia estar fora de lugar, como um quebra-cabeça onde as peças simplesmente não se encontravam.Naquele dia, ela estava em sua sala no hospital, tentando se concentrar em um relatório de pacientes, quando o telefone vibrou em sua mesa. Ela o pegou com rapidez, o
Os dias pareciam passar em uma sucessão de sombras e incertezas. Melissa se afastava mais a cada dia, imersa no turbilhão de questões sem respostas que a consumiam. O caso de Giovani e Afonso parecia dominar sua mente, roubando dela qualquer vestígio de paz. Ela se distanciava de tudo — do trabalho, da família, e, principalmente, de Mike. Por mais que estivesse ao seu lado todos os dias, Melissa sentia como se ele fosse uma presença distante, quase irreconhecível em meio ao caos em que ela se encontrava.Mike, por sua vez, sentia a mudança. Sentia a ausência de Melissa, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. As conversas que antes eram leves e naturais, agora eram quase forçadas. Ela mal falava sobre o que estava acontecendo em sua vida, sempre evitando tocar no assunto de Giovani ou das investigações, e ele sabia que havia algo mais ali, algo que ela se recusava a compartilhar.Ele tentava ser paciente, tentava entender a dor e a confusão que ela estava vivendo, mas a espera est