Os dias estavam se arrastando de uma maneira insuportável. Melissa não sabia o que era pior: a espera pelos resultados do exame de DNA ou a constante sensação de que algo estava se rompendo dentro dela. Ela sabia que, por mais que estivesse fisicamente presente no hospital, algo tinha mudado. Sua mente estava em outro lugar, seu corpo cada vez mais distante, como se vivesse à beira de um abismo que não queria encarar.Mike, por outro lado, sentia a ausência de Melissa mais do que nunca. Eles ainda trabalhavam juntos, dividiam os mesmos espaços no hospital, mas a conexão entre eles havia diminuído. A troca de olhares, as conversas casuais no intervalo do expediente, tudo parecia agora uma formalidade. Ele tentava, de todas as formas, trazer de volta a Melissa que ele conhecera — aquela mulher confiante, com o sorriso fácil e a risada contagiante. Mas, ultimamente, ela estava distante, envolta em uma nuvem de incertezas que ele não conseguia penetrar.Ele sentia a mudança em cada gesto
Era uma conclusão simples, mas devastadora. Nada de respostas, nada de certeza. A toalha, que ela acreditara ser sua única esperança, não fornecera uma quantidade suficiente de material genético para que o exame fosse conclusivo. Melissa fechou os olhos por um momento, a sensação de fracasso apertando seu peito. Como podia ser tão difícil encontrar uma verdade que parecia escapar sempre entre seus dedos?Ela levou o papel até a testa, tentando conter a dor crescente. Não era apenas a decepção de não ter conseguido a resposta que tanto queria. Era o peso de estar de volta ao ponto de partida, à dúvida, à incerteza. Aquele vazio que a acompanhava há dias, semanas, agora parecia maior, mais imenso, mais insuportável."Não pode ser... não pode ser que nada disso tenha servido de nada." A frase ficou ecoando em sua mente, enquanto o mundo ao seu redor parecia desmoronar lentamente. Ela apertou os olhos com força, como se tentasse apagar o que acabara de ler. Mas a verdade estava ali, estam
A pergunta era simples, mas seu impacto foi profundo. Melissa olhou para a mãe, um nó se formando em sua garganta. Ela sentia o que sua mãe dizia, mas ao mesmo tempo, não sabia como confiar em seus sentimentos quando as dúvidas sobre Giovani e Afonso ainda eram como fantasmas a assombrando. Ela queria ter a certeza de que estava lidando com a verdade, mas, cada vez mais, se via perdida."Eu... não sei, mãe", respondeu Melissa, com a voz embargada. "Eu quero acreditar que Giovani é ele, que ele é Afonso, que eu finalmente vou ter a chance de dizer que o amo. Mas, se não for, e se ele realmente for outro homem? Eu não sei o que fazer com isso. Não sei se consigo viver com esse peso."Aurora a olhou com compaixão, sabendo que nenhuma palavra poderia curar aquela dor. No entanto, ela apertou a mão de Melissa mais uma vez, transmitindo o apoio incondicional de mãe."Eu sei que a dor da dúvida pode ser maior do que a dor da certeza, querida. Mas o que importa é como você lida com isso. O qu
Uma semana se passou desde que Melissa havia falado com o detetive Miguel Duarte, como ele preferia ser chamado, e ainda não havia recebido notícias. A espera estava consumindo-a, e o relógio parecia andar mais devagar a cada dia. O que antes parecia ser uma esperança, agora estava se transformando em uma tortura psicológica. Ele havia garantido que teria algo concreto em três dias, mas, ao invés disso, os dias foram passando em uma lenta agonia de silêncio.Melissa tentou se distrair com a rotina do trabalho, mas a ansiedade só aumentava. Quando não estava no hospital, estava em casa, revisitando os momentos com Giovani, tentando encontrar qualquer pista que pudesse fazer sentido. Mas nada parecia se encaixar. Cada detalhe parecia estar fora de lugar, como um quebra-cabeça onde as peças simplesmente não se encontravam.Naquele dia, ela estava em sua sala no hospital, tentando se concentrar em um relatório de pacientes, quando o telefone vibrou em sua mesa. Ela o pegou com rapidez, o
Os dias pareciam passar em uma sucessão de sombras e incertezas. Melissa se afastava mais a cada dia, imersa no turbilhão de questões sem respostas que a consumiam. O caso de Giovani e Afonso parecia dominar sua mente, roubando dela qualquer vestígio de paz. Ela se distanciava de tudo — do trabalho, da família, e, principalmente, de Mike. Por mais que estivesse ao seu lado todos os dias, Melissa sentia como se ele fosse uma presença distante, quase irreconhecível em meio ao caos em que ela se encontrava.Mike, por sua vez, sentia a mudança. Sentia a ausência de Melissa, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. As conversas que antes eram leves e naturais, agora eram quase forçadas. Ela mal falava sobre o que estava acontecendo em sua vida, sempre evitando tocar no assunto de Giovani ou das investigações, e ele sabia que havia algo mais ali, algo que ela se recusava a compartilhar.Ele tentava ser paciente, tentava entender a dor e a confusão que ela estava vivendo, mas a espera est
Os dias após o ultimato de Mike se arrastaram, e a pressão de tomar uma decisão sobre seu futuro se tornou um peso cada vez mais difícil de carregar. Melissa não sabia o que fazer. Por um lado, ela amava Mike, mas, por outro, seu coração ainda estava preso ao mistério de Giovani e Afonso. O dilema a consumia, a cada pensamento, a cada lembrança. Ela sentia que estava dividida entre dois mundos, e ambos a puxavam em direções opostas.Enquanto isso, a rotina do hospital seguia. A quantidade de trabalho e os pacientes não diminuíam, mas a mente de Melissa parecia estar sempre em outro lugar. Ela mal conseguia se concentrar nas reuniões e nos cuidados diários com os pacientes, e sua relação com Mike estava começando a se refletir em seu comportamento no hospital. Ela estava mais distante, mais introspectiva. Mas isso não era tudo.Naquela semana, o hospital recebeu novos residentes, o que por si só já significava uma mudança no ritmo habitual. O que Melissa não esperava era que uma pessoa
Após o fatídico encontro com Clara, Melissa sabia que tinha chegado o momento de compartilhar as informações que ela havia guardado por tanto tempo. Havia algo em Giovani que a incomodava, algo que ela não podia mais ignorar. Clara, com seus olhos penetrantes e seu jeito sereno, havia plantado uma semente de dúvida, e agora Melissa não conseguia tirar isso da cabeça. A sensação de que algo estava muito errado tomava conta dela.Ela não sabia como explicar, mas sentia que precisava dividir aquilo com alguém em quem confiasse. Não era algo que poderia simplesmente guardar para si mesma, ainda mais com tudo o que estava acontecendo. E, para ser sincera, Melissa já estava cansada de carregar aquele fardo sozinha.Com mãos trêmulas, ela pegou o telefone. O número parecia gravado em sua mente, um número que há muito tempo não discava. A última vez que falara com essa pessoa havia sido no dia do funeral de Afonso. Naquele dia, sua vida havia virado de cabeça para baixo. Ela estava ali, em um
Melissa sentiu o coração bater forte enquanto olhava para o telefone, a tela ainda iluminada pela conversa recente. O peso da ligação ainda estava sobre ela, mas agora, com as imagens de Giovani e Luana em mãos, ela sentia uma inquietação crescente. De alguma forma, a tensão havia se tornado mais palpável. Ela estava tentando racionalizar, tentando acreditar que a coincidência era apenas isso — uma coincidência —, mas o que ela tinha visto e agora estava prestes a enviar a alguém que, ao menos, poderia ajudá-la a entender o que estava acontecendo, a deixava em frangalhos.Com as mãos trêmulas, Melissa abriu o aplicativo de mensagens e anexou as fotos. As imagens haviam sido retiradas do sistema de segurança do hospital — as únicas que restaram. Depois disso, as câmeras misteriosamente falharam, ou, como ela suspeitava, as imagens simplesmente desapareceram. O fato de que as imagens sumiram tão rapidamente depois de sua descoberta a fazia pensar que havia algo muito maior e mais sombri