A felicidade de Afonso estava completa. Ele estava finalmente reunido com seus filhos, Matteo e Laura, e com Melissa. A mansão dos Bianchini, que antes estava vazia e marcada pela dor, agora estava cheia de vida e risos. A sensação de paz era inebriante, e Afonso sentia que, apesar de todos os anos de sofrimento e separação, finalmente estava vivendo o recomeço que tanto almejava.Mas, como sempre acontece quando a paz parece ser absoluta, a campainha tocou inesperadamente, interrompendo aquele momento de alegria. Afonso levantou-se rapidamente, surpreso, mas ao mesmo tempo com uma sensação estranha de pressentimento. Ele caminhou até a porta, sem saber exatamente o que esperar. Quando abriu, o que viu diante de si fez seu coração parar por um instante.Valentina, sua irmã, estava ali. Ela o olhava com os olhos arregalados, como se não acreditasse no que estava vendo. O choque foi imediato. Por mais que Afonso soubesse que havia a chance de ser encontrado, nunca imaginou que esse mome
Nos dias que se seguiram ao reencontro, Melissa se sentia tomada por uma preocupação crescente. A felicidade de ver Afonso de volta à sua vida, reunido com os filhos e com sua família, era inegável. No entanto, algo ainda pairava em sua mente. Como ele havia perdido tanto tempo, sem lembrar de quem era, sem saber o que havia acontecido? Como alguém poderia desaparecer por tanto tempo e não ter nenhum registro ou memória do que aconteceu?Melissa, sendo uma médica neurologista experiente, sabia que a perda de memória não era algo simples. Ela já tinha visto casos de amnésia, mas o caso de Afonso era diferente. Ele havia sido dado como morto, e só agora retornava, com uma total ausência de memória sobre os anos passados. Ela começava a suspeitar que algo mais complexo estava por trás disso.A mente humana é extremamente delicada, e embora o trauma pudesse explicar parte da perda de memória, Melissa não conseguia afastar a hipótese de que os medicamentos poderiam ter tido um papel crucia
Melissa se sentia perdida, envolta em tantas dúvidas e questionamentos sobre a perda de memória de Afonso. Cada exame e cada suspeita que surgia a deixava mais inquieta, mas algo dentro dela dizia que ela precisava de mais informações, de uma visão externa. Precisava de alguém que tivesse visto Afonso na época em que ele estava sem memória, alguém que pudesse ajudar a unir as peças de um quebra-cabeça que parecia sem solução.Foi então que ela lembrou de Mike. Ele havia sido o único ali naquele momento, quando Afonso apareceu no hospital se passando por Giovani. Mike estava com ela naqueles dias de confusão, quando ninguém sabia ao certo quem era Afonso, e as peças da história estavam tão distorcidas. Se alguém poderia ajudá-la a entender melhor o que realmente havia acontecido com Afonso, esse alguém seria Mike.Melissa sabia que pedir ajuda não era fácil para ela. Ela sempre havia sido independente, confiando em seu conhecimento médico, mas nesse momento ela sentia que precisava da
Ela começou a digitar rapidamente no teclado, procurando entre os registros. O computador emitia alguns sons de carregamento, e a tensão na sala parecia aumentar. Mike se apoiou na mesa, ansioso, esperando por qualquer pista que pudesse surgir.Olhando para a tela, com uma expressão de surpresa, Clara encontrou algo que pudesse ajudar.— Aqui está! Eu encontrei algo. Giovani Mendonça, admitido como paciente na data de… — Clara deu uma olhada para Mike e fez uma pausa… — a quase dois anos. Ele passou por vários exames neurológicos, inclusive tomografias, e foi tratado como alguém com amnésia retrograda, e dor de cabeça intensas.Mike aproximou do computador e conferiu a data. — A quase dois anos… isso confere com o tempo que Afonso esteve aqui e logo depois desapareceu. O que mais está registrado aí?— Parece que houve uma série de consultas neurológicas e de acompanhamento. Aqui está o nome de um médico que o tratou: Dr. Ronaldo Pereira. Ele foi o responsável pelos primeiros exames e
Mike a observava, uma expressão de dor e cansaço no rosto. Ele sabia que a explicação de Melissa não poderia apagar o que aconteceu, mas ele também sabia que ela estava tentando ser honesta.Os olhos de Mike estavam fixos nos de Melissa— Você me abandonou no altar, Melissa. Não foi só uma fuga qualquer. Eu estava lá, esperando por uma vida ao seu lado, e você simplesmente virou as costas. Isso não é algo fácil de lidar. E, sinceramente, não sei se posso esquecer isso.Melissa sentiu o peso daquelas palavras. A dor no rosto de Mike era visível, e ela sabia que, de alguma forma, aquele momento ainda era um reflexo do que havia acontecido entre eles. Mas ela não podia negar o que ele estava sentindo.— Eu entendo a dor que você está sentindo. Não tenho o direito de pedir perdão, mas quero que você saiba que... Melissa suspirou, tentando encontrar as palavras certas... — Eu nunca quis te magoar. Eu estava perdida, e não sabia como lidar com os meus próprios sentimentos. Eu te amava, Mike
Melissa sentia o peso da decisão em seu peito, como se cada passo fosse mais difícil do que o anterior. Ao sair do café e caminhar em direção ao seu carro, seu pensamento estava em Afonso e nos próximos passos que teria que dar para resolver o mistério de sua perda de memória. No entanto, uma sensação desconfortável começou a crescer dentro dela, como se estivesse sendo observada. Seus olhos se moviam de um lado para o outro, tentando identificar qualquer pessoa suspeita, mas as ruas estavam vazias. A sensação não a abandonava, e o pânico começou a crescer dentro dela.Ela acelerou o passo, o som de seus próprios passos ecoando na calçada, mas a sensação de estar sendo seguida não a deixou. Ela olhou para trás de novo, e dessa vez, viu uma sombra rápida se movendo. Seu coração disparou, e ela não hesitou. Correndo, Melissa tentou chegar rapidamente ao carro, suas mãos tremendo enquanto procurava a chave na bolsa.Quando ela alcançou a porta do carro, sentiu uma pressão em seu ombro, e
O choque nas palavras de Cloé fez com que um medo profundo tomasse conta de Melissa. Ela tentava juntar suas forças, mas sabia que estava à mercê de uma mulher que conhecia todos os seus pontos fracos, que sabia onde apertar para fazer tudo desmoronar.Enquanto Cloé falava, o homem que a acompanhava permaneceu em silêncio, observando a cena com uma calma inquietante. Melissa não conseguia entender quem era ele, mas sabia que estava ali para garantir que nada saísse do controle. Eles haviam planejado tudo, e Melissa estava agora no centro desse jogo perigoso, com Cloé como sua controladora.A sensação de impotência era esmagadora, e a única coisa que restava a Melissa era a luta interna para se manter consciente, para encontrar uma brecha, qualquer oportunidade de escapar dessa situação antes que fosse tarde demais. Ela não sabia como, mas não poderia ceder. Não agora. Cloé poderia ser uma psicopata, mas Melissa era forte, e enquanto houvesse uma centelha de esperança, ela lutaria.A t
Afonso não conseguia mais ficar parado. O peso da incerteza o consumia, e ele sabia que precisava agir rápido. Melissa estava desaparecida, e a angústia em seu peito aumentava a cada minuto. Com a mente tomada pela necessidade de encontrar uma solução, ele decidiu que a única coisa a fazer era procurar ajuda.Com os nervos à flor da pele, ele saiu de casa decidido e se dirigiu até a delegacia. A cidade estava quieta, as ruas desertas e escuras, como se o mundo inteiro estivesse assistindo sua aflição. Quando finalmente chegou ao prédio, ele quase correu até a recepção, o peso da preocupação estampado no rosto.— Eu preciso registrar uma ocorrência. Minha esposa desapareceu. — Sua voz estava rouca, tensa. Ele tentou não demonstrar o pânico, mas não conseguiu esconder a gravidade da situação.O policial na recepção olhou para ele por um momento, parecendo fazer uma avaliação rápida. Depois, suspirou e se inclinou um pouco para frente, ajustando os óculos.— A senhora desaparecida está f