"Capítulo Dois."

Cold Mancini

—Me perdoa Harper! Minha querida, eu prometi ao seu pai que a oficina seria sua, mas me afundei em dívidas e um gangster me convenceu a esconder as peças lá na oficina em troca da dívida, mas eu não sabia que a mercadoria era do Senhor Mancini—disse o tio da motorista.

— Ao menos o seu tio não mentiu, se ele mentisse, eu o mataria na sua frente, mas vou dar a ele a oportunidade de morrer sem a sua presença, agora diga quanto quer por me trazer até aqui, que te pagarei o valor que desejar, já que me ajudou.

Ela olha para mim e se ajoelha, fico confuso, então a ouço dizer:

— Eu não quero que me pague, apenas que não mate o meu tio, eu faço o que quiser, posso ser sua motorista, sabe que dirijo bem e posso ser útil, faço o que for preciso, mas não mate a única família que ainda me resta.

Ela parecia desesperada, suas lágrimas persistiam, por um momento senti vontade de consolá-la, ela me lembrava alguém que eu não conseguia recordar.

Os capangas riram e um deles disse:

— Acha mesmo que o patrão irá deixar o seu tio viver, pare de chorar.

Olhei para o capanga e irritado dei um tiro nele e disse:

— Alguém mais vai pensar e falar por mim?

Todos ficaram em silêncio, ela não parecia estar com medo, apenas me encarou como se esperasse que eu tivesse piedade pela vida do seu tio.

—Posso deixar o seu tio vivo, com algumas condições, mas duvido que aceite-as.

Ela continuou olhando para mim, então eu a levei para outra sala e ficando a sós com ela, disse:

— Quero que seja a minha motorista e terá que se casar comigo, por dois anos, depois estará livre para fazer o que quiser com a sua vida—digo tentando pensar positivo, já que é o tempo necessário para minha mãe se recuperar e o tratamento fazer efeito.

Ela olhou para mim confusa, eu precisava encontrar uma mulher, eu sabia os reais motivos do meu pai, também preferia casar-me com uma estranha, do que uma herdeira da máfia russa.

Algo me dizia que ela não iria aceitar, logo sentei na minha poltrona e ela então disse-me:

— Eu aceito, mas preciso que me prometa que nada irá acontecer com o meu tio, se ele for ferido, eu não permanecerei casada com você, o nosso acordo será desfeito.

—Garanto-lhe que enquanto estiver a cumprir com a sua parte do acordo, nada nem ninguém irá machucá-lo.

Os capangas trazem o Frederico,ela abraça o seu tio e ele pede perdão a ela por fazê-la se sacrificar pela vida dele.

—Qual o seu nome?—pergunto a encarando.

—Harper!—diz ela sem olhar nos meus olhos, cabisbaixa.

—Aproveite a sua última noite de solteira.

Os deixo ir e digo que no dia seguinte, quero que a mesma esteja no mesmo local, pela manhã, sem atraso, caso não apareça, o acordo será desfeito.

No dia seguinte, aguardo ansiosamente pela presença de Harper, fiquei a noite inteira acordado no cassino, já que dormir para mim era como estar dentro do meu maior pesadelo. Uma mistura de curiosidade e apreensão que me consome. Ela é a chave para uma parte do meu plano, e sua presença é crucial.

Quando finalmente a vejo chegando, percebo um misto de determinação e incerteza em seu olhar. Ela está disposta a cumprir sua parte no acordo, mesmo que isso signifique sacrificar sua liberdade.

—Quero que leia estas cláusulas dos documentos e assine o contrato—digo entregando um envelope com uma caneta a ela.

— Não acho que tenho opção de me opor ao que está no contrato, então por que quer que eu leia?

—Apenas para ficar ciente do que pode e não pode fazer, mas acima de tudo que saiba que em hipótese alguma se apaixone ou me ame.

Ela assina os papéis em silêncio e logo saímos do cassino.Dirijo até a minha casa, após sairmos do cartório, casados. Ao chegarmos, meus pais, que não sabiam da situação, ficam surpresos ao nos ver juntos, entrando na mansão de mãos dadas e ambos carregando uma aliança em nossos dedos.

— Cold, quem é esta jovem? — pergunta minha mãe, com uma expressão confusa.

— Esta é Harper, mãe. Ela será nossa nova... contratada — respondo, escolhendo minhas palavras com cuidado.

Minha mãe olha para Harper com curiosidade, enquanto meu pai avalia a situação com uma expressão mais séria.

— Eu não estava ciente de que precisávamos de uma nova funcionária, Cold. O que está acontecendo? — questiona ele, desconfiado.

Respiro fundo, preparando-me para explicar a situação de forma simplificada.

— Harper será minha motorista pessoal. Contratei-a para ajudar com algumas questões pessoais. Espero que não haja objeções — digo, mantendo um tom firme.

Apesar das dúvidas e surpresas, meus pais decidem aceitar a presença de Harper em nossa casa, confiando em minha decisão.

Enquanto isso, Harper permanece calma e composta, enfrentando a situação com dignidade. Por mais que sua presença possa ser uma surpresa para meus pais, estou determinado a mostrar a eles que fiz a escolha certa, é melhor estar casado com uma estranha que não amo do que aliado com uma mulher da máfia russa.

Continua...

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