"Capítulo cinco."

Harper Ricciardi

Cold suspirou, percebendo a tensão no ar. Ele se aproximou mais de Eloise, que estava visivelmente instável devido à embriaguez, e ofereceu-lhe um apoio firme.

— Eloise, vamos lá dentro. Você precisa descansar um pouco — disse ele com calma, mantendo-se composto apesar da situação tensa.

Eloise olhou para ele com uma expressão confusa por um momento, antes de finalmente ceder e aceitar sua ajuda. Com cuidado, Cold a guiou em direção à porta da mansão, ignorando o olhar furioso que eu lançava em sua direção.

Enquanto eles se afastavam, uma mistura de alívio e preocupação se espalhou por mim. Eu sabia que Cold não tinha sentimentos românticos por Eloise, mas mesmo assim não conseguia evitar a sensação de insegurança que sua proximidade provocava em mim.

Cold ajudou Eloise até o quarto dela, garantindo que ela estivesse segura antes de sair imediatamente, sem dar espaço para qualquer mal-entendido. Eu estava no quarto, deitada, envergonhada pelo que havia acontecido e pela minha própria reação à situação. As palavras de Eloise ainda ecoavam em minha mente, cutucando as feridas do meu orgulho e segurança.

Então, sem aviso prévio, Cold entrou no quarto. Meu coração acelerou com sua presença repentina. Ele parecia tão distante, tão inatingível naquele momento. Meu olhar encontrou o dele, cheio de tantas emoções não ditas, enquanto ele calmamente começou a tirar suas roupas diante de mim.

Eu me senti exposta, vulnerável sob seu olhar penetrante. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim se derreteu na intimidade crua daquele momento. Ele não disse uma palavra, apenas seguiu em direção ao banheiro completamente nu.

Fiquei ali, encarando a porta fechada, sentindo-me como se estivesse em uma corda bamba emocional. Era como se cada movimento, cada silêncio, carregasse um significado profundo que eu ainda não conseguia decifrar.

Cold retornou do banheiro todo molhado, uma única toalha envolvendo seu corpo. Seus cabelos ainda gotejavam água enquanto ele se aproximava de onde eu estava deitada. Eu me sentei um pouco, observando-o com uma mistura de admiração e confusão.

Ele se aproximou mais, seu olhar penetrante capturando o meu. —Por que você ainda está acordada?—Ele perguntou suavemente, sua voz cortando o silêncio do quarto.

Engoli em seco, tentando encontrar as palavras certas para explicar tudo o que estava passando pela minha mente naquele momento.

—Eu... não consegui dormir—admiti, sentindo-me fraca diante dele.

Cold assentiu lentamente, compreendendo. Ele se sentou ao meu lado na cama, a proximidade entre nós aumentando a minha consciência da sua presença. Eu me encolhi um pouco, sentindo-me pequena e vulnerável diante dele.

—Tem pesadelos ao dormir?— ele disse sinceramente, sua mão encontrando a minha e segurando-a com ternura. —Eu entendo que não deve ser fácil dormir pensando que pode estar novamente presa aos pesadelos que parecem reais, mas você vai superar, um dia será mais fácil lidar com isso.

Seu toque era reconfortante, um lembrete silencioso de que, apesar de tudo, ainda estávamos juntos. Eu me permiti afundar um pouco mais na sua presença, encontrando consolo na esperança de um futuro melhor.

—Como sabe dos meus pesadelos? — perguntei para ele, com uma ponta de esperança de que ele talvez tivesse lembrado de mim, assim como eu lembrava dele.

Cold olhou para mim com uma expressão suave, como se estivesse ponderando suas palavras.

—Eu não sei dos seus pesadelos, Harper— ele respondeu sinceramente, sua voz tranquila ecoando no quarto silencioso. —Mas eu sei como é estar com medo de dormir por causa dos pesadelos. Nós somos casados, eu quero estar aqui , mesmo que eu não entenda completamente o que está acontecendo.

— É estranho, não é? Estarmos juntos assim, mas ainda tão distantes— murmurei, sentindo o peso da solidão em nossos ombros.

Cold assentiu, seus olhos refletindo uma mistura de resignação e compreensão.

—Sim, é estranho. Mas é o acordo que fizemos, não é?

Senti um aperto no peito ao ouvir sua resposta tão pragmática.

—Sim, é, concordei, sabendo que eu não podía escapar das circunstâncias que nos uniram.

Ele se aproximou um pouco mais, seus olhos buscando os meus.

—Mas isso não significa que precisamos ser estranhos um para o outro—disse ele, com uma nota de determinação em sua voz.

Fiquei surpresa com sua declaração, sentindo uma pequena faísca de esperança dentro de mim.

—O que você quer dizer?

Cold suspirou, como se estivesse reunindo coragem.

—Eu quero dizer que podemos nos apoiar, nos entender, mesmo que não seja da maneira que esperávamos. Podemos tornar isso mais do que apenas um casamento de conveniência, podemos ser amigos.

Olhei para ele, surpresa e tocada por sua oferta de conexão. Talvez, apesar de todas as nossas diferenças e limitações, ainda pudéssemos encontrar um pouco de conforto um no outro. Era uma perspectiva assustadora, mas também cheia de possibilidades.

Reunindo coragem, tomei uma decisão.

—Cold, e se... e se tentássemos mais do que apenas um casamento de conveniência? E muito mais que uma amizade, se tentássemos ser um casal de verdade?

Ele me olhou por um momento e logo perguntou:

—Harper, você está apaixonada por mim? Se for o caso, terei que desfazer o acordo, não posso me envolver emocionalmente e nosso casamento não pode ultrapassar alguns limites.

Harper Ricciard

—Você me lembra alguém muito especial em minha vida. Alguém que foi gentil, corajoso e faria qualquer coisa para garantir o meu bem-estar e que arriscaria tudo para me manter a salva. Mas sei que não pode ser ele. O nosso acordo é importante, e eu valorizo a nossa parceria. Espero que possamos continuar juntos, mantendo o acordo, mas preocupo-me com a Eloise, e os sentimentos dela por você, se diz que ela é uma pessoa importante na sua vida, deveria ser sincero e aproveitar que estamos casados, para que ela pare de se iludir, já que no seu coração cheio de espinho não se pode tirar sentimento algum.

Ele me olhou incrédulo, talvez não esperasse que eu fosse sincera, mas já não importava mais, ele poderia ser o homem que eu me apaixonei perdidamente, mas assim como o fogo que nos cercava naquele incêndio, toda chama que eu tinha por ele, parecia estar apagada diante do seu frio coração.

Cold se manteve firme, minhas palavras carregadas de sinceridade ecoavam no ambiente tenso. Ele, surpreso com minha franqueza, pareceu ponderar por um momento antes de se aproximar, sua respiração quente tocando delicadamente meu pescoço enquanto sua barba roçava suavemente.

—Você tem razão, Harper. Eloise é importante para mim, e não quero vê-la iludida. Prometo ser um bom ator, mostrar um afeto que faria jus ao que merece, mesmo que não seja real, irei demonstrar diante da minha família como eu estou perdidamente apaixonado pela minha esposa, espero que esteja disposta a tudo, já que darei tudo de mim neste papel de romântico esposo.

As palavras dele foram como uma brisa suave em meio ao fogo que nos consumia, trazendo um momento de calma à tempestade de emoções que nos rodeava. A nossa proximidade era quase palpável, uma tensão carregada de sentimentos não sinceros e desejos reprimidos vindo de mim.

Eu encarei-o e logo ele beijou-me, senti o seu corpo nu, tocar o meu, ele continua o nosso beijo que estava quente, deliciosos e suave.

Quando alguém b**e na porta e o faz voltar a si, ele sorri para mim, como se mostrasse que já estava a encenar, logo coloca um roupão e vai até à porta, era a Eloise, pedindo para que ele não dormisse comigo.

Ele olha nos olhos de Eloise com gentileza, procurando transmitir uma sensação de tranquilidade.

—Eloise, eu entendo sua preocupação, mas agora que estou casado com Harper, preciso que confie em mim. Nossa relação mudou, e minha prioridade agora é honrar meu compromisso com ela. Você sempre será uma amiga querida, mas é hora de seguir em frente e deixar o passado para trás.—ele diz, enquanto ouço tudo dentro do quarto.

Sua voz é calma e firme, transmitindo uma determinação em proteger os limites de sua nova união, enquanto tenta acalmar os receios de Eloise.

—Cold, preciso te dizer algo. Desde que nos conhecemos, sempre fui apaixonada por você. Você é tudo o que sempre quis, mas sei que agora você está com Harper, é tarde demais para me dar uma chance?—diz Eloise como se estivesse suplicando por atenção.

—Eloise, você é uma pessoa incrível e muito especial para mim. Mas minha relação com Harper é diferente. Sinto muito se isso te machuca, mas preciso ser honesto. Eu só te vejo como uma irmã, alguém com quem compartilho uma conexão profunda, mas não é algo romântico.

 Observo-o enquanto se dirige ao closet, suas costas retas e sua expressão pensativa revelando o peso das emoções recentes. Enquanto ele se veste, percebo a tensão que ainda paira no ar, como uma fina névoa que se recusa a se dissipar. Quando ele finalmente retorna à cama e se deita ao meu lado, sinto um misto de alívio e preocupação. Seu silêncio é eloquente, e eu me pergunto o que se passa em sua mente tumultuada.

— Harper—diz ele deitado, olhando para o teto do quarto, quebrando o silêncio do imenso quarto luxuoso.

—Harper, eu... preciso que olhe para mim como o homem que você ama. Eu preciso que as pessoas ao nosso redor acreditem que estamos juntos porque nos amamos. Eu preciso que me ajude com isso.

Seu tom é suplicante, revelando a urgência por trás de suas palavras. É como se ele estivesse pedindo não apenas ajuda para manter as aparências, mas também buscando validação e conexão emocional mesmo que tudo para ele fosse tudo falso.

—Cold, farei o meu melhor para ajudar você nisso.

Ele agradece com um aceno suave, seus olhos revelando gratidão misturada com uma leve tristeza. Virando-se para o lado, ele se entrega ao sono, deixando para trás as preocupações e tensões do dia. Observo seu rosto tranquilo por um momento antes de me aconchegar ao seu lado, envolvendo-nos no conforto dos lençóis enquanto o silêncio da noite nos envolve.

Continua...

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