Matias Toscano foi uma criança solitária desde cedo. Desde tenra idade, ele nunca se sentiu confortável em meio a grandes multidões, inclusive na escola. Ele preferia ter seu próprio espaço, onde pudesse desfrutar de solidão e paz. Até mesmo durante os intervalos, ele se afastava dos outros para evitar o contato. Apesar de ter um irmão mais novo chamado Lorenzo, Matias sempre buscava a solidão. Ele nunca gostou de estudar e detestava todas as regras impostas pela escola, considerando tudo aquilo repugnante e desnecessário.
Sua mãe, Monalisa Toscano, era uma mulher tradicional e religiosa. Ela obrigava seus filhos a irem à igreja todos os domingos. No entanto, Matias zombava do pastor, o que deixava Monalisa furiosa. Ela sabia que um castigo o aguardava assim que todos voltassem da igreja. Mas Matias não se importava. Ele fazia isso por puro prazer, sentindo-se satisfeito ao ver as reações das pessoas diante de suas travessuras. Desde pequeno, ele já demonstrava sua natureza cruel e impiedosa.
Em determinada ocasião na escola, havia um grupo de garotos que frequentemente praticava bullying contra aqueles que consideravam inferiores ou "fracotes". Matias sempre preferiu ficar à margem, evitando chamar a atenção. Ser notado não estava em seus planos. No entanto, em um dia como outro qualquer, quando Matias retornava da cantina em direção à sala de aula, ele foi interceptado pelos valentões da escola. Eles partiram para cima dele com violência, ignorando seus pedidos para que parassem.
Arrastaram Matias até o banheiro da escola, determinados a fazer com ele o mesmo que faziam com os outros garotos, numa demonstração covarde de poder. Mesmo que Matias denunciasse o ocorrido à escola, os diretores e professores pareciam não se importar. Porém, naquele dia, os valentões mexeram com a pessoa errada, no momento errado.
Matias sentiu a fúria crescer dentro de si. Com uma coragem inesperada, ele se levantou e desferiu um soco certeiro no nariz de um dos garotos, fazendo-o sangrar imediatamente. O outro, ao ver o sangue escorrendo do nariz do amigo, correu desesperado em busca de ajuda. A partir daquele momento, nada poderia deter a fúria de Matias.
Ele agarrou um dos grandalhões com uma força assustadora, torcendo-lhe o braço para trás. Com uma brutalidade perturbadora, inclinou-o em direção ao vaso sanitário, forçando sua cabeça para dentro, enquanto mantinha um domínio implacável sobre o braço do garoto. O estalo do osso quebrando ecoou pelo banheiro. O garoto só foi salvo quando o diretor chegou e retirou Matias de cima dele. Caído no chão, o garoto estava imóvel, com falta de ar e tendo engolido água da privada.
Em meio ao caos e horror ao seu redor, Matias observou o outro garoto, aquele que ele havia socado, limpando o sangue do rosto. Uma sensação incontrolável de prazer tomou conta dele, uma satisfação sombria diante do sofrimento alheio. Naquele momento, ele percebeu que causar tamanho sofrimento nos outros lhe proporcionava uma sensação prazerosa única, algo que ele nunca havia experimentado antes.
Todos os envolvidos foram levados à diretoria e Matias foi acusado de ter instigado a briga, resultando em sua suspensão por um mês. Originalmente, ele deveria ter sido expulso da escola, mas sua mãe, horrorizada com as ações do filho, prometeu que ele não causaria mais problemas. O diretor, vendo que aquela havia sido a primeira vez que Matias se envolvera em uma confusão dentro da escola, decidiu dar-lhe uma segunda chance.
Matias era visto como uma pessoa invisível pelos outros, alguém que só ganhara destaque naquele momento. Sua mãe, buscando uma forma de castigá-lo, o obrigou a realizar serviços comunitários e interagir com as pessoas. Ela sabia que isso era algo que Matias odiaria e considerava essa a melhor maneira de puni-lo. Ela esperava que, diante da possibilidade de passar por aquilo novamente, ele pensasse duas vezes antes de cometer novos erros. Embora Matias achasse o castigo terrível, ele sentia que valeu a pena, pois conseguiu colocar os agressores da escola em seu devido lugar.
Quando Matias retornou à escola, ele era temido por todos, inclusive pelos valentões. Ao vê-lo passar ou se aproximar, eles abaixavam a cabeça. Desde aquele episódio, nunca mais praticaram bullying contra ninguém dentro da escola. Matias sentiu-se incrível, pois havia conquistado algo que nem mesmo o diretor e os professores haviam conseguido antes.
Por outro lado, Lorenzo Toscano, seu irmão mais novo, era o oposto de Matias. Ele era calmo, atencioso, bondoso, caridoso e simpático. Mesmo sendo apenas uma criança, já era bastante popular, e as garotas sempre o cercavam, atraídas por seu charme único. Monalisa, mãe de ambos, tinha uma adoração especial por Lorenzo. Ela costumava compará-los, dizendo que Matias deveria se espelhar em seu irmão e tentar se parecer mais com ele em termos de personalidade.
Essas comparações nunca abalaram Matias, embora houvesse momentos em que ele imaginava como seria ser como Lorenzo. No entanto, ele percebia que aquilo simplesmente não era o seu estilo. Lorenzo sempre foi gentil com Matias, tentando se aproximar dele e iniciar conversas. Mas não importava o quanto Lorenzo tentasse, Matias sempre encontrava uma maneira de se afastar. Ele reconhecia que Lorenzo era o único da família que realmente se importava com ele, mas não conseguia mudar sua aversão à companhia das pessoas. Estar perto delas provocava uma agonia extrema em Matias, que se sentia profundamente desconfortável.
O pai de Matias, Marco Toscano, sempre foi um homem muito distante de seus filhos. Por mais que Monalisa tentasse descobrir onde ele trabalhava, era algo que ele mantinha em total segredo. O pouco tempo que passava em casa, trancava-se no escritório e raramente saía de lá. As crianças viam pouco o pai, enquanto Monalisa cuidava delas e da casa incansavelmente. Ela nunca relaxava, pois não podia se dar um momento sequer de paz. Sempre que o marido chegava em casa, ela tentava descobrir o que ele fazia tanto tempo fora. Ele alegava ser militar, mas Monalisa sabia que não era verdade e que ele tinha algum segredo obscuro que escondia da família. No entanto, por mais que desejasse descobrir a verdade, ela sabia que seria impossível.
Quando Matias completou 15 anos, descobriu que seu pai havia saído de casa e nunca mais voltaria. Sua mãe encontrou um bilhete deixado por ele no escritório e, ao começar a ler, deixou cair o vaso de flores que segurava, levando Lorenzo a correr até ela para descobrir o que havia acontecido. Monalisa não esperava aquela traição de seu marido, pois ele sempre se mostrou um homem comprometido e responsável, embora distante. Matias aproximou-se da mãe, tentando entender o que estava acontecendo, e viu-a desabar no chão, soluçando. Ela repetia a palavra “não!” incessantemente. Lorenzo chorava ao lado dela, enquanto Matias observava tudo sem demonstrar qualquer reação. Ele se questionava por que não conseguia sentir nada, assim como sua mãe e seu irmão. Talvez fosse pela falta de proximidade com seu pai, que vivia praticamente ausente de casa, ou talvez fosse um choque, mas o problema era que Matias não tinha nenhum sentimento para expressar.Alguns dias depois, descobriram que Marco havia
Certo dia, Matias acorda desnorteado com alguém gritando seu nome. Ele abre os olhos assustado e vê Lorenzo à sua frente, segurando uma caixa embrulhada com papel de presente. Ele leva a mão ao peito, tentando controlar a respiração.— O que é isso, cara? Não precisava disso. Você quer me matar do coração? Pensei que estivesse acontecendo algo grave.— Eita! Nem gritei tanto assim. Você esqueceu, seu bobo? É o seu aniversário. Que inveja de você, mano. Me diz aí, como é a sensação de estar de maior? — Lorenzo pergunta, eufórico.Matias esfrega os olhos, tentando se situar. Ele se senta na cama devagar e olha para Lorenzo, que permanece parado à sua frente, sorrindo.— O que foi, Lorenzo? Vai passar o dia inteiro aí me encarando?— Abre! Quero ver se você gostou! — Lorenzo fala, apreensivo.Embora um pouco incomodado, Matias se vê obrigado a abrir a caixa diante de seu irmão. Ao fazê-lo, encontra uma luva de beisebol. Levanta a cabeça e olha para Lorenzo, percebendo o brilho nos seus o
Ele testemunha três homens fortes espancando brutalmente o homem, que está pendurado por uma corda. Utilizam um bastão de beisebol para atingir suas costelas, enquanto ele grita e se contorce de dor, ocasionalmente cuspindo sangue. Matias não compreende o que os homens estão gritando, pois estão falando em outra língua. Seu coração dispara e uma descarga de adrenalina percorre seu corpo. Parece que ele está participando daquela cena. Enquanto continua observando, Matias, sem querer, acaba caindo da caixa em que estava apoiado, fazendo um barulho estrondoso ao bater em algumas placas de metal.— Droga! Sou mesmo azarado. Que merda eu fiz? Agora tenho certeza de que estou metido em uma encrenca do tamanho de um trem. Como vou sair daqui sem que esses caras me vejam?”, ele pensa, enquanto se levanta rapidamente e limpa sua roupa.Matias tenta encontrar uma maneira de sair despercebido, mas percebe dois homens se aproximando rapidamente para verificar o que aconteceu. Apesar de suas tenta
Após conquistar a confiança de seu chefe, ele finalmente descobriu para quem estava trabalhando: Dom Rafael, também conhecido como Zeus no submundo. Rafael é um dos principais líderes da máfia italiana, comandando com mãos de ferro a Napolitana da Camorra, uma das organizações mais poderosas, com filiais em vários países. Observando de perto seu pupilo e vendo sua dedicação total, Rafael passa a tratá-lo como um filho, tornando-se seu favorito. Rafael nunca havia encontrado alguém tão cruel e impiedoso, alguém que não sentia um pingo de remorso pelo que fazia. Matias era completamente objetivo e cumpria todas as ordens sem hesitação. Com sua devoção ao longo de seis meses, Matias já acumulou uma boa quantia em dinheiro. No entanto, ele guarda a maior parte de seus ganhos com Zeus, pois tem planos ambiciosos para o futuro. Trabalhar na máfia exige muito esforço e dedicação, e ele deseja garantir uma vida tranquila e segura para seu irmão.Sabendo que criou inimigos em tão pouco tempo,
— Estou sim, só queria cuidar dessa bagunça e da polícia que já deve estar vindo para cá. Você sabe que eles não podem, de maneira alguma, chegar até aqui, senão vão acabar ligando as pontas. E nós não podemos deixar pontas soltas de jeito nenhum. Eu sabia que não poderia de jeito nenhum continuar fingindo que tenho uma vida normal, que isso não daria certo. Uma hora ou outra viria alguém atrás de mim, e essa hora chegou. Agora, infelizmente, temos que arcar com as consequências e ver o que podemos fazer o mais rápido possível.— Não se preocupe! Pode deixar que limpo tudo para você. Não se preocupe com a polícia. Alguns estão em minha folha de pagamento e tenho certeza de que posso afastá-los daí o mais rápido possível. Enquanto minha equipe faz uma limpeza meticulosa, deixando tudo como era antes, você não precisa se preocupar. Tenho a melhor equipe de limpeza de toda a costa. Então, pode ficar tranquilo com isso. Mas agora estou preocupado com outra coisa: e a sua família?— Devem
— Não se preocupem! Já cuidei de tudo. Podem sair daí, não tem mais perigo nenhum. Então, podem ficar tranquilos. Vamos, temos que sair daqui o mais rápido possível, pois a polícia daqui a pouco chega e não podemos estar aqui quando isso acontecer.Monalisa levanta totalmente trêmula, dá um tapa na mão de Matias e olha para ele com grande repulsa, passando por ele e se esquivando para nem mesmo tocá-lo.— Foi você! — Monalisa acusa Matias, apontando o dedo em sua direção. — Isso tudo foi culpa sua, não foi? Tenho certeza de que você se meteu com gente errada. Eu sabia que você iria me dar esse desgosto. Com certeza, as pessoas com quem você anda não são boas. Tenho certeza disso. Você é uma grande decepção em minha vida, garoto. Não sei por que você nasceu, se é assim desse jeito. — Monalisa diz irritada.Lorenzo segura Monalisa, que tenta ir em direção a Matias com a mão levantada para bater nele. Lorenzo tenta de todo jeito fazer com que sua mãe não faça isso, e Matias continua para
Então, mais uma vez, vendo que sua mãe é totalmente dura com o seu irmão, Lorenzo se intromete na conversa e pede para que seu irmão espere na parte debaixo da casa, enquanto ele irá falar com a sua mãe. Sabe que, na realidade, Matias de modo algum conseguirá convencê-la a sair dali para ir a nenhum lugar com ele, pois Monalisa, a cada dia que se passa, pega mais raiva de Matias, dizendo que ele foi um grande erro em sua vida. Vincenzo não quer que seu irmão seja humilhado de maneira nenhuma por sua mãe e, para evitar isso, prefere que Matias desça para ir arrumando as coisas, enquanto ele convence a sua mãe de fazer a coisa certa.Matias desce as escadas e se senta no sofá. O sangue já está esfriando e ele está começando a sentir um pouco de dor enquanto olha para o seu ferimento, levantando um pouco a blusa. Ele vê o sangue saindo cada vez mais. Não está tão contínuo como estava antes, mas ainda sai uma grande quantidade. Ele pega uma camisa que conseguiu pegar no quarto e pressiona
— Mas Eliz... — Ao tentar falar, ele é interrompido mais uma vez.— Mas nada! Sua mãe e seu irmão estão bem! Tente descansar para se recuperar logo. Que coisa, você sempre é teimoso assim ou foi só agora, depois que entrou para a máfia? Pelo amor de Deus, você tem que entender que já cuidamos de tudo para você. Então, você não precisa se mexer para fazer nada. É só esperar um pouco que logo saberemos de tudo. Pelo trabalho que você está me dando, até eu vou querer me vingar desse desgraçado. Só pelo fato de ele ter te colocado aqui nas minhas mãos e estar me aperreando tanto com você. — Eliz vai injetando um líquido no acesso de Matias.Ele escuta ela falar e aos poucos a visão dele vai escurecendo novamente e logo ele não vê mais nada e adormece. Lis respira aliviada, pois sabe muito bem que nada seguraria Matias ali naquela cama. Com certeza, ele daria um jeito de levantar e sair à procura das pessoas que o colocaram naquela situação. No pouco tempo em que ele entrou para a máfia, j