Certo dia, Matias acorda desnorteado com alguém gritando seu nome. Ele abre os olhos assustado e vê Lorenzo à sua frente, segurando uma caixa embrulhada com papel de presente. Ele leva a mão ao peito, tentando controlar a respiração.
— O que é isso, cara? Não precisava disso. Você quer me matar do coração? Pensei que estivesse acontecendo algo grave.
— Eita! Nem gritei tanto assim. Você esqueceu, seu bobo? É o seu aniversário. Que inveja de você, mano. Me diz aí, como é a sensação de estar de maior? — Lorenzo pergunta, eufórico.
Matias esfrega os olhos, tentando se situar. Ele se senta na cama devagar e olha para Lorenzo, que permanece parado à sua frente, sorrindo.
— O que foi, Lorenzo? Vai passar o dia inteiro aí me encarando?
— Abre! Quero ver se você gostou! — Lorenzo fala, apreensivo.
Embora um pouco incomodado, Matias se vê obrigado a abrir a caixa diante de seu irmão. Ao fazê-lo, encontra uma luva de beisebol. Levanta a cabeça e olha para Lorenzo, percebendo o brilho nos seus olhos.
— E aí, gostou? É para jogarmos juntos. Sei que você sempre foge de mim ou arranja uma desculpa esfarrapada para não estarmos juntos, mas não vejo por quê. Temos que passar um pouco de tempo juntos. Por que vivemos separados se somos irmãos? Você é a única figura masculina que tenho como inspiração, então quero fazer parte da sua vida, meu irmão. Nada melhor do que nós dois começarmos a passar mais tempo juntos.
— Claroque gostei. — Ele responde, abrindo um sorriso forçado. — Mas você sabe que não sou muito bom em esportes, né? Então, não acho que posso ser uma boa companhia para você. Eu tentando j**ar junto com você... Por que não j**a com seus amigos de sempre? Eu fico observando vocês, mas não acho que devo participar!
— A intenção desse presente foi justamente para que você jogasse comigo. Então, não aceito "não" como resposta. Se você não souber jogar, tenho certeza de que posso te ensinar. Vamos ter mais interação entre nós dois.
— Desculpe, mãe. Eu não sabia que eram dele. Só queria tomar um café da manhã rápido antes de sair para jogar com o Lorenzo. Mas tudo bem, eu não como. — Matias respondeu, tentando disfarçar a mágoa que sentia.
Monalisa suspirou, olhando para o filho com uma expressão de desapontamento.
— Sempre a mesma desculpa, Matias. Você nunca presta atenção nas coisas ao seu redor. Não me surpreende que seja assim. Você sempre foi um problema desde que nasceu. Seu pai nunca teve paciência para lidar com você, e agora eu entendo o porquê.
As palavras de sua mãe ecoaram na mente de Matias, mas ele tentou ignorar. Sentou-se à mesa e ficou em silêncio, enquanto Monalisa continuava a falar, despejando críticas e ressentimento sobre ele. Matias sabia que tentar se defender só pioraria a situação, então preferiu se calar.
Ao terminar de comer, Matias se levantou e se dirigiu à porta. Antes de sair, olhou para Monalisa e disse:
— Mãe, hoje é meu aniversário. Eu vou passar o dia com o Lorenzo, então não se preocupe comigo. Não vou te causar mais problemas.
Monalisa apenas balançou a cabeça, sem dizer uma palavra. Matias sentiu uma pontada de tristeza, mas se forçou a seguir em frente.
No parque, Lorenzo estava ansioso, segurando a luva de beisebol. Quando viu Matias se aproximar, seu rosto se iluminou.
— E aí, irmão! Pronto para jogar?
Matias tentou sorrir, embora seus sentimentos estivessem confusos. Ele queria aproveitar aquele momento com Lorenzo, mas a sombra das palavras de Monalisa ainda pairava sobre ele.
— Estou pronto. Vamos jogar.
Os dois começaram a se divertir, lançando a bola um para o outro. Matias, apesar de não ser habilidoso no esporte, estava determinado a aprender. Ele sentia a alegria genuína de Lorenzo ao seu lado, e aquilo o ajudava a esquecer momentaneamente todas as tensões e problemas familiares.
Enquanto jogavam, Matias pensava sobre sua relação com Lorenzo. Ele percebia que o irmão o via de uma maneira diferente da forma como Monalisa o via. Lorenzo enxergava além das aparências e das falhas. Matias sentia-se grato por ter um irmão como ele, alguém que o aceitava mesmo quando ele próprio tinha dificuldade em se aceitar.
À medida que o sol se punha, os dois irmãos continuaram a jogar, rindo e se divertindo juntos. Matias finalmente começava a compreender que, apesar das diferenças e das dificuldades, eles podiam construir uma relação especial.
Enquanto a noite caía, Matias olhou para o céu estrelado e sentiu-se esperançoso. Talvez aquele fosse o início de uma nova fase em sua vida, onde ele e Lorenzo poderiam se apoiar mutuamente e superar as adversidades.
Ele sabia que ainda havia muito trabalho a ser feito para melhorar sua relação com Monalisa, mas agora tinha a certeza de que não estava sozinho. Com um sorriso no rosto, Matias continuou jogando com Lorenzo, aproveitando cada momento de conexão e cumplicidade que aquele jogo de beisebol lhes proporcionava.
Lorenzo levanta rapidamente e pede à sua mãe que permita que Matias coma, pois ele não está com tanta fome assim. No entanto, Matias percebe que isso é apenas uma desculpa para que ele possa comer. Lorenzo olha para Matias e pisca, mas seu irmão não está satisfeito. Ele não suporta mais os maus-tratos da mãe e a indiferença com que o trata. Matias sente que já é o suficiente e decide que não aguenta mais essa vida. Ele se sente como um fardo para a mãe, como se ela o considerasse dessa forma.
Matias olha para seu irmão, que permanece ao lado do balcão, e toma uma decisão. Ele não pode mais suportar essa situação. Após percorrer vários quarteirões, ele acaba chegando ao bairro mais perigoso de Nova York. Para Matias, isso é emocionante, pois ele gosta de desafiar o perigo e é um amante da adrenalina. Enquanto caminha pelas ruas, presencia um homem sendo arrastado para dentro de um galpão aparentemente abandonado. Movido por uma enorme curiosidade, Matias se esgueira por um beco ao lado do galpão até encontrar uma brecha que lhe permita ver o que está acontecendo lá dentro.
Ele testemunha três homens fortes espancando brutalmente o homem, que está pendurado por uma corda. Utilizam um bastão de beisebol para atingir suas costelas, enquanto ele grita e se contorce de dor, ocasionalmente cuspindo sangue. Matias não compreende o que os homens estão gritando, pois estão falando em outra língua. Seu coração dispara e uma descarga de adrenalina percorre seu corpo. Parece que ele está participando daquela cena. Enquanto continua observando, Matias, sem querer, acaba caindo da caixa em que estava apoiado, fazendo um barulho estrondoso ao bater em algumas placas de metal.— Droga! Sou mesmo azarado. Que merda eu fiz? Agora tenho certeza de que estou metido em uma encrenca do tamanho de um trem. Como vou sair daqui sem que esses caras me vejam?”, ele pensa, enquanto se levanta rapidamente e limpa sua roupa.Matias tenta encontrar uma maneira de sair despercebido, mas percebe dois homens se aproximando rapidamente para verificar o que aconteceu. Apesar de suas tenta
Após conquistar a confiança de seu chefe, ele finalmente descobriu para quem estava trabalhando: Dom Rafael, também conhecido como Zeus no submundo. Rafael é um dos principais líderes da máfia italiana, comandando com mãos de ferro a Napolitana da Camorra, uma das organizações mais poderosas, com filiais em vários países. Observando de perto seu pupilo e vendo sua dedicação total, Rafael passa a tratá-lo como um filho, tornando-se seu favorito. Rafael nunca havia encontrado alguém tão cruel e impiedoso, alguém que não sentia um pingo de remorso pelo que fazia. Matias era completamente objetivo e cumpria todas as ordens sem hesitação. Com sua devoção ao longo de seis meses, Matias já acumulou uma boa quantia em dinheiro. No entanto, ele guarda a maior parte de seus ganhos com Zeus, pois tem planos ambiciosos para o futuro. Trabalhar na máfia exige muito esforço e dedicação, e ele deseja garantir uma vida tranquila e segura para seu irmão.Sabendo que criou inimigos em tão pouco tempo,
— Estou sim, só queria cuidar dessa bagunça e da polícia que já deve estar vindo para cá. Você sabe que eles não podem, de maneira alguma, chegar até aqui, senão vão acabar ligando as pontas. E nós não podemos deixar pontas soltas de jeito nenhum. Eu sabia que não poderia de jeito nenhum continuar fingindo que tenho uma vida normal, que isso não daria certo. Uma hora ou outra viria alguém atrás de mim, e essa hora chegou. Agora, infelizmente, temos que arcar com as consequências e ver o que podemos fazer o mais rápido possível.— Não se preocupe! Pode deixar que limpo tudo para você. Não se preocupe com a polícia. Alguns estão em minha folha de pagamento e tenho certeza de que posso afastá-los daí o mais rápido possível. Enquanto minha equipe faz uma limpeza meticulosa, deixando tudo como era antes, você não precisa se preocupar. Tenho a melhor equipe de limpeza de toda a costa. Então, pode ficar tranquilo com isso. Mas agora estou preocupado com outra coisa: e a sua família?— Devem
— Não se preocupem! Já cuidei de tudo. Podem sair daí, não tem mais perigo nenhum. Então, podem ficar tranquilos. Vamos, temos que sair daqui o mais rápido possível, pois a polícia daqui a pouco chega e não podemos estar aqui quando isso acontecer.Monalisa levanta totalmente trêmula, dá um tapa na mão de Matias e olha para ele com grande repulsa, passando por ele e se esquivando para nem mesmo tocá-lo.— Foi você! — Monalisa acusa Matias, apontando o dedo em sua direção. — Isso tudo foi culpa sua, não foi? Tenho certeza de que você se meteu com gente errada. Eu sabia que você iria me dar esse desgosto. Com certeza, as pessoas com quem você anda não são boas. Tenho certeza disso. Você é uma grande decepção em minha vida, garoto. Não sei por que você nasceu, se é assim desse jeito. — Monalisa diz irritada.Lorenzo segura Monalisa, que tenta ir em direção a Matias com a mão levantada para bater nele. Lorenzo tenta de todo jeito fazer com que sua mãe não faça isso, e Matias continua para
Então, mais uma vez, vendo que sua mãe é totalmente dura com o seu irmão, Lorenzo se intromete na conversa e pede para que seu irmão espere na parte debaixo da casa, enquanto ele irá falar com a sua mãe. Sabe que, na realidade, Matias de modo algum conseguirá convencê-la a sair dali para ir a nenhum lugar com ele, pois Monalisa, a cada dia que se passa, pega mais raiva de Matias, dizendo que ele foi um grande erro em sua vida. Vincenzo não quer que seu irmão seja humilhado de maneira nenhuma por sua mãe e, para evitar isso, prefere que Matias desça para ir arrumando as coisas, enquanto ele convence a sua mãe de fazer a coisa certa.Matias desce as escadas e se senta no sofá. O sangue já está esfriando e ele está começando a sentir um pouco de dor enquanto olha para o seu ferimento, levantando um pouco a blusa. Ele vê o sangue saindo cada vez mais. Não está tão contínuo como estava antes, mas ainda sai uma grande quantidade. Ele pega uma camisa que conseguiu pegar no quarto e pressiona
— Mas Eliz... — Ao tentar falar, ele é interrompido mais uma vez.— Mas nada! Sua mãe e seu irmão estão bem! Tente descansar para se recuperar logo. Que coisa, você sempre é teimoso assim ou foi só agora, depois que entrou para a máfia? Pelo amor de Deus, você tem que entender que já cuidamos de tudo para você. Então, você não precisa se mexer para fazer nada. É só esperar um pouco que logo saberemos de tudo. Pelo trabalho que você está me dando, até eu vou querer me vingar desse desgraçado. Só pelo fato de ele ter te colocado aqui nas minhas mãos e estar me aperreando tanto com você. — Eliz vai injetando um líquido no acesso de Matias.Ele escuta ela falar e aos poucos a visão dele vai escurecendo novamente e logo ele não vê mais nada e adormece. Lis respira aliviada, pois sabe muito bem que nada seguraria Matias ali naquela cama. Com certeza, ele daria um jeito de levantar e sair à procura das pessoas que o colocaram naquela situação. No pouco tempo em que ele entrou para a máfia, j
— Que saco, Eliz! Você sabe muito bem que eu teria arrancado dele. Só não tive tempo suficiente para isso. Se eu soubesse que você ia me manter aqui preso desse jeito, eu nem teria vindo. Teria logo interrogado ele para poder obter as respostas que eu queria. Mas fiquei com tanto medo de que viessem mais deles atrás da minha mãe e do meu irmão, que estava correndo perigo. Resolvi vir para cá. Agora acho que foi um erro. Talvez eu tivesse obtido as respostas.— Eu não tenho dúvida, bonitão! Mas você tem que entender que foi a melhor escolha que você fez vir para cá. Sua família agora está segura, e você também está. Se tivesse ficado lá e continuasse perdendo essa grande quantidade de sangue que você chegou aqui perdendo, pode ter certeza de que não seria só ele no saco preto. Você também estaria nele. Então, não adiantaria de nada você ter as respostas e não poder usá-las.Matias se senta enquanto pensa que com certeza, com os métodos que ele havia desenvolvido durante esses meses, te
Os olhos de Matias brilham ao ver o lugar que Zeus havia encontrado para eles. Era um lugar muito bonito e acolhedor, além de ser uma ilha particular que poderia se tornar uma boa fonte de renda para sua mãe e seu irmão, mesmo ele não sendo reconhecido por sua mãe, sabe o quanto ela lutou para sustentá-lo, então agora teriam renda sem que precisassem sair de casa para trabalhar.— Eu achei perfeito. Assim, meu irmão não precisa sair da ilha para trabalhar fora, e eles vão ter sua própria renda dentro da nossa própria casa. Só não sei se a minha mãe vai gostar de morar isolada. Ela está sempre reclamando. Mas isso vai ser o melhor que eu posso dar para ela, então ela vai ter que ficar satisfeita de um jeito ou de outro.Zeus pede então para que ele passe tudo para o advogado que irá cuidar de toda a papelada, para que possam comprar a casa o mais rápido possível. O advogado dá a ideia de que podem comprar a casa usando o nome de solteira de sua mãe. Dessa forma, ninguém poderia associa