O ar parecia pesado nos aposentos de Elise, como se cada molécula conspirasse para esmagá-la. Ela permanecia sentada à beira da cama, em silencio, em meio ao vazio de sua própria mente que girava em um turbilhão de pensamentos. O médico já havia dito para todos que quissem saber, a verdade que havia abalado as fundações de tudo: ela estava grávida. O som de passos ecoou no corredor. Passos firmes, certos, Elise recebeu de imediato que Astor estava vindo. Ele sempre tem vindo ao seu encontro nos ultimos dias — com perguntas, acusações, olhares que faziam sua pele arder. Mas dessa vez era diferente. Dessa vez, tudo que ela vinha tentando evitar estava escancarado diante de todos.A porta abriu-se bruscamente, e Astor entrou, acompanhado de Lucian, que mantinha sua expressão habitual de frieza calculada. Elise encolheu-se instintivamente, mas manteve a cabeça erguida, recusando-se a mostrar fraqueza, mesmo naquela situação.— Então é realmente verdade — começou Astor, sua voz como um
O dia amanheceu com uma estranha quietude, o tipo de silêncio que antecede uma tempestade. Elise permanece em seus aposentos, o corpo frágil, mas a mente inquieta. Desde a descoberta da gravidez, a tensão no castelo parecia ter se intensificado. Os guardas passavam apressados pelos corredores, e as criadas cochichavam, lançando olhares curiosos.Ela olhou para o espelho à sua frente, tentando refletir sobre a mulher que via no vidro. Havia olheiras sob seus olhos, a pele estava pálida, e o cabelo, antes impecável, caía em ondas desalinhadas. O mundo parecia mais pesado, e ela se perguntava quanto tempo conseguiria suportar tudo aquilo."O destino dessa criança será decidido pelo que é melhor para o reino".As palavras de Astor ecoavam em sua mente, arrancando-lhe o pouco de paz que restava. Como eles puderam falar daquela vida como se fosse apenas uma peça em um jogo de poder? Uma peça que ela mesma sentiu tão frágil e preciosa.Se sentia mal por ter falhado em seu plano. Condenar u
O silêncio do castelo parecia pesar mais do que o habitual, tudo estava tão quieto que parecia que se uma simples pena caisse no chão faria um estrago incalculável. Astor estava em seu gabinete, sentado em sua poltrona de couro enquanto encarava a luz difusa que entrava pela janela. A imagem de Elise inconsciente em seus braços, os olhos dourados brilhando como um sol intenso, ainda estava viva em sua mente.Nos últimos dias, os acontecimentos foram se desenrolando como uma tempestade impossível de controlar. Primeiro, a descoberta sobre o chá. Por mais que houvesse suspeitado em seu íntimo, confirmar que Elise vinha tentado de uma forma deliberada evitar uma gravidez despertara algo nele, uma raiva que ele não sabia ao certo de onde vinha. Elise tinha se tornado tanto em tão pouco tempo, ela já não era apenas uma peça central em suas estratégias, mas também o caos em mente.Agora como ela poderia estar carregando algo tão frágil e precioso sem sua proteção? Tudo sobre ela o deixava i
Astor aparece ao lado da janela, observando o céu enegrecido pelo fim da tarde. O clima parecia refletir o estado de sua mente: nublado, carregado, prestes a sofrer em uma tempestade. As palavras de Elise ainda ecoavam em seus pensamentos:"Eles não vão parar até conseguirem o que querem."Ele fechou os olhos, apertando o punho contra a pedra fria da parede. Apesar de sua postura sempre firme, ele não conseguia ignorar o turbilhão de sentimentos que crescia dentro de si. O que antes parecia apenas um jogo de alianças políticas agora tomava uma dimensão completamente diferente. Elise era uma peça fundamental nesse tabuleiro, e a criança que ela carregava — o herdeiro ou heirdeira — poderia ser tanto uma vitória quanto uma maldição.Houve um ruído suave atrás de si, e ele se virou no tempo de ver Lucian entrando no gabinete. O outro rei carregava consigo a mesma expressão que Astor reconhecia no próprio rosto: cansaço misturado com preocupação.— Não consegue descansar? — perguntou Luci
As chamas da lareira dançavam diante dos olhos de Elise, mas o calor que emanava parecia incapaz de alcançar seu coração. O frio que a tomava era muito mais profundo, enraizado no turbilhão de sentimentos e memórias que insistiam em persegui-la.Tudo aconteceu tão rápido. Desde a descoberta sobre uma criança até o ataque que quase lhe tirou a vida, Elise sentiu como se estivesse à deriva em uma tempestade, sem tempo para recuperar o fôlego. Fechou os olhos, deixando os pensamentos fluírem.Ela se lembrava do momento em que seus olhos brilharam naquele dourado vivo, algo que ela nunca havia experimentado antes. Era como se uma força desconhecida houvesse emergido de dentro dela, um instinto feroz que não apenas a protegia, mas também à vida que crescia em seu ventre. Mas essa força trazia perguntas que a consumiam aos poucos: O que sou, afinal? E o que será dessa criança?Astor e Lucian. Dois reis, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes, agora unidos por um propósito que nem e
O silêncio do quarto era quase opressor. Elise estava deitada na cama, olhando para o teto ornamentado, mas sua mente estava a mil. Apesar das exaustivas ordens de segurança dadas pelos médicos reais, sua mente se recusou a descansar. O que havia acontecido no jardim não parava de se repetir como um looping em sua cabeça.Ela sentiu, mais do que viu, aquela força que havia emergido de dentro dela. Não era apenas instinto de sobrevivência. Era algo maior, mais poderoso. Algo que, obviamente, ela não compreendia. O medo que sempre vinha à tona em momentos como aquele agora parecia confuso a uma centelha de curiosidade."Eu sou a chave... Mas a chave de quê?"Ela levou a mão até o ventre, em um gesto quase automático. Apesar de todo o caos, havia uma conexão ali que ela não conseguia explicar. Um fio invisível que parecia mais forte a cada dia.Os pensamentos foram interrompidos pela porta que se abriu lentamente. Lucian entrou primeiro, o olhar cuidadoso pousando sobre ela. Logo atrás,
A tensão era quase palpável no ar enquanto Elise, Astor e Lucian seguiam os guardas pelos corredores do castelo. O pedaço de tecido que ela segurava parecia estar queimado em suas mãos, como se carregasse uma energia maligna impregnada nele. O símbolo bordado não saiu de sua mente, evocando memórias distantes e pesadelos que ela mal conseguiu compreender.Quando chegou ao salão onde os invasores estavam detidos, Elise sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. O ambiente foi tomado por uma energia opressiva, algo que ela não sabia dizer se era medo, ameaça ou um aviso silencioso.Os três homens estavam ajoelhados no chão de pedra fria, seus pulsos presos por correntes de ferro encantadas. Os guardas mantinham espadas apontadas para suas costas, mas os prisioneiros indiferentes à ameaça, como se informassem algo que os outros não sabiam.Astor foi o primeiro a falar, sua voz dura e sem paciência. — Quem foi que mandou vocês?Silêncio.Lucian se movia lentamente, sua presença imponente
A escuridão parecia não ter fim. Elise flutuava em um vazio sem forma, incapaz de distinguir o tempo ou o espaço ao seu redor. Vozes sussurravam ao longe, mas eram apenas ecos distantes, como se alguém tentasse alcançar-la através de uma névoa impenetrável.Então, um som mais forte cortou o silêncio.— Elise...A voz era grave, firme, transmitiu uma emoção que ela não conseguiu identificar de imediato.Lucian?Ela tentou abrir os olhos, mas as suas pálpebras pesavam como se fossem feitas de chumbo. Um segundo depois, sentiu algo quente segurando sua mão.— Ela está reagindo.Dessa vez, foi Astor quem falou. Houve um tom de interrupção, mas também tensão. Era tudo tão confuso, mas por um momento se sentiu segura.Com um esforço quase sobre-humano, Elise conseguiu abrir os olhos, piscando algumas vezes até a visão se ajustar à luz fraca do ambiente. O teto de pedra ornamentada indicava que estava em um dos aposentos do castelo, mas sua mente ainda estava nebulosa, incapaz de lembrar com