Christian Müller -A noite foi longa. O sono nunca veio, foi difícil pregar o olho com tanta coisa acontecendo ao meu redor. Eu até perdi o foco sobre o que vim realmente fazer nessa cidade.Eu permaneci deitado, olhando para o teto escuro do quarto, enquanto minha mente repetia a cena no corredor incontáveis vezes.A voz dela ainda ecoava na minha cabeça, junto com a sensação de suas mãos contra meu peito.Quando o sol finalmente bateu conta as cortinas, eu desisti de tentar dormir.Me levantei e tomei um banho frio, me vestindo com a mesma precisão de sempre.Eu até poderia parecer apresentável, mas só eu sabia a bagunça que eu estava por dentro.Desci para o café da manhã antes da conferência, esperando que um pouco de cafeína pudesse afastar a exaustão.O restaurante do hotel estava tranquilo, apenas algumas poucas pessoas sentadas às mesas. Peguei uma xícara de café e servi até a borda, sentindo o aroma forte subir no ar.E então, senti o impacto.Algo, ou melhor, alguém, bateu c
Christian Müller –Peguei meu copo e ergui levemente na direção dela.— Então, a negócios? — Minha voz saiu arrastada, provocativa, testando a reação dela.Laura não desviou o olhar. Pelo contrário. Pegou seu próprio copo e ergueu no mesmo nível.O toque gelado dos cristais ressoando entre nós, fez com que um brilho inundasse seus olhos.— A negócios. — Ela concordou e então bebemos ao mesmo tempo.O líquido desceu queimando, mas não mais do que a forma como ela me olhava.Laura inclinou levemente a cabeça, me estudando como se tentasse decifrar algo.— Você sempre leva tudo tão a sério, Christian? – Ela perguntou com um tom baixo e sensual.O jeito como meu nome saiu de seus lábios me fez cerrar os olhos.— E você sempre propõe negócios num bar, depois de algumas doses? – Perguntei a rebatendo, encarando-a fixamente. – Isso não é perigoso?Ela sorriu, inclinando-se um pouco para frente, deixando o perfume dela chegar até mim, como uma lembrança que eu nunca tive. Aquele cheiro não er
Laura Stevens –Meus olhos o acompanharam enquanto ele se afastava e meu coração saltou dentro do peito.Assim que a porta se fechou atrás de mim, encostei as costas contra a madeira fria, soltando um suspiro trêmulo. Meu coração ainda estava disparado e minha cabeça latejava com tudo o que tinha acabado de acontecer.O jeito como seus olhos se fixaram em mim, tentando atravessar a superfície da minha pele e alcançar algo além. Como se estivessem lutando contra lembranças que ele não sabia onde encaixar.Ele suspeitava.Engoli em seco e passei as mãos pelos braços, tentando me aquecer.Meu corpo ainda sentia a tensão de estar tão perto dele, de escutar sua voz grave novamente, de vê-lo levantar o copo e brindar comigo como se aquele momento não significasse nada, mas significava.Christian estava exatamente como eu sabia que estaria. Frio. Controlado. Impecável.E enquanto eu estava bebendo ao lado dele o desafiando, quase me esqueci de tudo e me joguei nos braços dele.Não posso esqu
Laura Stevens –Segurei o telefone com mais força, escutando o suspiro de Sophie do outro lado da ligação.— Ivy...— Eu sei... — Minha voz saiu fraca, quase um sussurro.Eu sabia que precisava falar com ele. Mas como? Como olhar nos olhos do homem que eu amava e dizer que tudo pelo que ele passou nos últimos cinco anos foi uma mentira?Que enquanto ele tentava seguir em frente, eu lutava contra minha própria mente, tentando lembrar quem eu era?Meu peito subia e descia rápido demais. Me levantei da cama e andei até a janela do quarto, olhando para as luzes da cidade.— Você está com medo? — Sophie perguntou, e eu soltei uma risada curta, sem humor.— Estou. – Respondi e tudo ficou por um instante em silêncio.—Fique calma. Ele ainda te ama.Fechei os olhos, tentando processar as palavras.— Não diga isso. Você não entende, Sophie. — Apertei os olhos, sentindo a garganta fechar. — Ele amava aquela Ivy. E ele a perdeu. Agora, eu sou uma estranha que ele não conhece mais.— Você não é um
Laura Stevens –Christian ficou me encarando, com os olhos presos nos meus, como se tentasse enxergar além das palavras.O ar entre nós estava carregado, denso. Eu sabia que ele estava tentando entender minhas intenções, tentando decifrar o que havia por trás do que eu estava oferecendo.Ele inclinou a cabeça levemente para mim, exibindo seus olhos estreitos.— Por que eu? – Perguntou ele. Simples. Direto.Soltei um respiro proundo, o olhando fixamente. Naquele instante, nossos olhos se cruzaram e eu podia sentir toda aquela intensidade....Novamente.— Porque você tem o que eu preciso. - Respondi direta.Os lábios dele se curvaram em algo que parecia um sorriso, mas era sombrio demais para ser real.— E o que exatamente eu tenho que você precisa? - Perguntou Christian, vincando as sobrancelhas.Eu segurei a respiração por um instante antes de responder.— Poder. Contatos. Recursos. Você comanda um hospital com um estalar de dedos.Ele descruzou os braços lentamente, se aproximando. Eu
Christian Müller –Voltei para o quarto e fechei a porta atrás de mim e mesmo longe, parecia que o perfume dela havia entrado junto comigo. Estava na minha roupa, na minha pele, impregnado nos meus sentidos como um veneno lento.Andei até a janela, sentindo o corpo tenso, como se tivesse levado um soco que não doía fisicamente, mas deixava tudo dentro de mim em frangalhos.Laura Stevens.Ou quem quer que ela fosse.Minha mente ainda ecoava com a maneira como ela pronunciou cada palavra no bar. Como se estivesse equilibrando verdades e mentiras ao mesmo tempo. Como se testasse até onde eu iria.Só que havia algo errado. Algo profundamente errado.Peguei o celular e disquei o número de Mark.— Consegui o lugar para nos instalarmos.Do outro lado da linha, ouvi um assobio impressionado. Christian Müller –Voltei para o quarto e fechei a porta atrás de mim e mesmo longe, parecia que o perfume dela havia entrado junto comigo. Estava na minha roupa, na minha pele, impregnado nos meus sentid
Laura Stevens -Naquele isntante, eu fiquei completamente em choque.— O quê? - Perguntei desacreditada.Christian me encarou como se tivesse acabado de dar uma ordem inquestionável. E então, ele repetiu:— Pegue suas coisas e venha comigo.Minha mente congelou. — Eu não posso! — A frase saiu sem que eu pensasse e os olhos dele se estreitaram.— Não pode? — Christian repetiu, com a voz carregada de incredulidade. — Você pensava em simplesmente ir embora depois de eu te ajudar?Eu engoli em seco, mantendo meus olhos nele.— Primeiro, meu filho e o tratamento. Depois, eu sigo com a minha vida normalmente. O que tem de errado nisso? - Perguntei o vendo vincar as sobrancelhas.O silêncio durou um segundo a mais do que deveria. Um segundo que me fez perceber o erro que cometi.Então, do nada, um impacto seco.Christian acertou um murro na mesa. O som ecoou pelo restaurante e meu corpo inteiro se encolheu com o susto.Alguns olhares vieram sobre nós com curiosidade, mas a ver que nada mais
Laura Stevens -Meu coração disparou quando vi Edward correr em direção ao elevador com Nathan nos braços.— Laura! — Ele gritou, e minha mente se desligou de tudo, exceto do corpo pequeno e frágil do meu filho.Corri até ele, sentindo minhas pernas fraquejarem. Nathan estava pálido, a respiração fraca.— O que aconteceu?! — Minha voz saiu esganiçada enquanto eu o segurava, minha mão tremendo ao tocar sua testa. Ele estava gelado.— Ele começou a passar mal de repente. — Edward respondeu e Christian já estava ao telefone, com sua postura rígida, seu olhar sombrio e implacável.— Levem-nos para o hospital mais próximo, agora. — Sua voz era uma ordem e antes que eu pudesse processar, estávamos em movimento.Entramos em uma ambulância que ficava em prontidão no hotel e fomos dali, par ao hospital mais próximo.O tempo pareceu se dissolver no caos da emergência. Médicos, enfermeiros, apitos de monitores. Tudo estava um verdadeiro desespero para mim.Eu fiquei ao lado da cama do Nathan, se