Christian Müller –Laura pegou a pasta, hesitou por um momento e por fim, assinou.Quando ela a devolveu para Mark, ele apenas assentiu e se afastou, mas eu continuei ali, observando cada pequeno movimento dela.Ela não ousava me encarar.Seu olhar estava fixo na UTI, onde Nathan estava cercado por médicos e máquinas que piscavam e apitavam em um ritmo constante. Eu podia ver a tensão em seus ombros, o jeito como suas mãos tremiam levemente ao lado do corpo.Ela estava quebrada.Mas não tanto quanto eu.— Finalmente parou de fugir. — Minha voz cortou o silêncio.Laura fechou os olhos por um instante antes de se virar para mim.— Eu nunca fugi.Soltei uma risada baixa e sem humor, cruzando os braços.— Não? Seis anos, Laura. — Minha voz estava fria, controlada. — Você desapareceu, levou o meu filho com você… E tem a coragem de dizer que não fugiu?Ela abriu a boca, mas nada saiu.— Eu… — engoliu em seco. — Eu fiz o que achei que era certo.— O que era certo? — Repeti, deixando a incred
Laura Stevens –Eu havia tomado um banho e vestido uma camiseta que Christian deixou sobre a cama, enquanto levava as minhas roupas para lavar.Estranho, se ele esperava que eu voltasse, por que não havia mais nada meu na casa? – Me questionei enquanto caminhei para fora do quarto.Eu estava com sede e precisava de um copo de água.Desci as escadas devagar, puxando instintivamente a barra da camiseta de Christian. O tecido macio e o cheiro amadeirado misturado com algo levemente cítrico me envolviam, me lembrando de onde eu estava.A casa estava em silêncio absoluto, exceto pelo leve estalo da madeira sob meus pés e pelo barulho distante da geladeira quando passei pela cozinha. Peguei um copo do armário, abrindo a torneira apenas o suficiente para que a água não fizesse muito barulho ao cair no vidro.Mas, antes que eu levasse o copo aos lábios, um som diferente preencheu o espaço.Uma voz. Feminina.Minha mão congelou no ar.Inclinei-me levemente para olhar em direção à sala. O lustr
Laura Stevens –A noite havia sido longa e inquieta. Eu sequer me lembrava de ter dormido de verdade.Cada vez que fechava os olhos, minha mente me levava de volta ao hospital, ao som das máquinas, ao rosto frágil do meu filho.Me levantei e me troquei, saindo da casa antes que Meire me visse. Eu não queria que as pessoas me descobrissem ainda.Esperei Christian fora da casa e quando o motorista chegou, um boné preto foi colocado na minha cabeça, tampando meu rosto.—Vamos! – Disse Christian me fazendo congelar.Entrei no carro o observando por alguns minutos e um silêncio pairava sobre nós.Assim que paramos em frente ao hospital, minhas pernas se moveram sozinhas até a UTI, onde a médica saiu de lá, já autorizando ver Nathan.Eu não esperei mais nada.Passei pela porta com pressa, meu peito subindo e descendo com a respiração acelerada. E então, quando meus olhos encontraram os dele, algo dentro de mim se rompeu.Ele estava acordado.Seus olhos doces e curiosos me encaravam e um peq
Christian Müller-Saí do quarto sem dizer uma palavra, minha mão ainda segurando a dela.Não olhei para trás, não soltei, não hesitei. O corredor frio e estéril do hospital parecia estreitar ao nosso redor, mas minha mente estava longe dali.Meu filho.Nathan me chamou de pai; aquela sensação era única.Ainda estava processando aquilo. Ainda sentia o impacto daquelas palavras reverberando dentro de mim, desarmando cada camada de raiva e frieza que eu ergui nos últimos dias.Quando chegamos ao fim do corredor, parei. Soltei Laura com cuidado, sem encará-la de imediato. Meu olhar ficou preso na parede à frente, minha mandíbula tensa, meus punhos cerrados ao lado do corpo.— Ele é incrível. – Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.Laura não respondeu de imediato.— Sim. — Ela murmurou. — Ele é.Virei lentamente o rosto para ela. Pela primeira vez, não havia ódio no meu olhar. Nem fúria. Nem ressentimento.Só exaustão. E algo que eu não conseguia explicar.— Ele… — Respirei fundo,
Laura Stevens -O silêncio na sala de espera era quase insuportável.Eu sentia cada centímetro da presença de Christian ao meu lado.Ele não falava nada, mas também não precisava. O peso do olhar dele sobre mim já dizia tudo.E o pior? Eu sentia.Sentia o calor dele. A intensidade da forma como me observava. A maneira como seus olhos percorriam cada detalhe meu, como se absorvesse minha respiração, minhas expressões, meus pensamentos.Engoli em seco, desviando o olhar e prendendo o cabelo no alto, tentando ocupar minhas mãos, tentando me controlar. Mas quando ergui o rosto de novo, ele ainda estava me olhando.Firme. Sério.Meus dedos apertaram minha calça, e minha respiração saiu mais pesada do que eu gostaria.— Você pode parar de me olhar assim? — Murmurei, sem encará-lo.— Assim como?Fechei os olhos por um instante, sentindo a voz grave dele percorrer meu corpo.— Como se… como se estivesse lendo cada coisa que passa na minha cabeça.Pelo canto dos olhos, vi a sombra de um sorris
Laura Stevens-Desci até a recepção enquanto Christian estava na cafeteria. Afinal, ele mesmo tinha dito que já voltava.Minha mente ainda girava em torno de tudo o que havia acontecido minutos atrás. O jeito que ele me olhava, como me escondeu de Amanda, o toque firme e possessivo dele sobre minha perna…Droga.Respirei fundo, tentando me recompor. Não significava nada.Assim que alcancei o saguão, encontrei Sophie encostada na parede, segurando uma sacola. Ela me viu e se aproximou rápido.— Como o Nathan está? — Ela perguntou, olhando ao redor como se checasse se estávamos sendo observadas.Peguei a bolsa com roupas que ela estendeu para mim e forcei um pequeno sorriso.— Está bem, fazendo os exames antes da cirurgia.— Bom. Graças aos céus que você conseguiu! — Ela disse com um alívio na voz —Ivy, Edward mandou os e-mails para o Christian, com o acordo da gestão.—Ótimo. Dê aquele espaço para ele. Ele está fazendo de tudo por Nathan. – Falei a vendo assentir.—Ah... - Disse ela me
Christian Müller –A princípio, achei que Laura fosse rebater o que eu disse ou questionar, mas ao invés disso, eu a ouvi soltar um suspiro profundo.— É, eu sei. – Disse ela com um timbre baixo.Assim que a ouvi, assenti e voltei a virar para frente.— Ótimo.O silêncio entre nós se alongou, carregado de tudo o que não podíamos dizer naquele instante. O cheiro sutil do perfume dela alcançou meu olfato e por um breve momento, fui transportado para um tempo que já não existia.Talvez por isso eu não conseguia a odiar, mas algo sempre me fazia lembrar de que ela não era mais Ivy. Nem eu era o mesmo.Eu estava na bagunça dos meus pensamentos, quando a porta da UTI se abriu. O médico voltou, segurando a prancheta com as últimas recomendações antes do procedimento.— Senhor Müller, senhora Stevens, vamos levá-los para a sala de preparação. Precisamos revisar os últimos detalhes e garantir que está tudo certo antes da cirurgia do Nathan.Assim que ele falou, olhei para Laura a vendo assenti
Christian Müller –Apertei levemente os dedos dela entre os meus, sentindo a hesitação em seu toque.— Boa garota — murmurei, mantendo minha voz baixa, quase um sussurro.Laura mordeu o lábio, desviando o olhar por um instante, mas não puxou a mão.— Onde paramos? — continuei, minha voz carregada de um tom quase provocador. — Ah, sim…Inclinei-me de novo, mantendo o rosto perto do dela.— O jantar no iate… a música tocando ao fundo… Você lembra do vinho? Do jeito que você ria enquanto fingia que não queria dançar?Senti a respiração dela falhar.— Eu não estava fingindo… — ela sussurrou, quase inaudível.Sorri de lado.— Claro que estava. Você sempre gostou de provocar.Ela não negou.Continuei, com a minha voz ainda baixa, íntima.— Eu segurei sua mão… assim como agora. Mas você hesitou, do mesmo jeito. Sempre tão teimosa…Laura apertou os olhos por um instante, como se tentasse se agarrar à lembrança.— Mas então, eu puxei você para perto… — Minha voz abaixou mais um pouco. — Você l