Laura Stevens –Christian ficou me encarando, com os olhos presos nos meus, como se tentasse enxergar além das palavras.O ar entre nós estava carregado, denso. Eu sabia que ele estava tentando entender minhas intenções, tentando decifrar o que havia por trás do que eu estava oferecendo.Ele inclinou a cabeça levemente para mim, exibindo seus olhos estreitos.— Por que eu? – Perguntou ele. Simples. Direto.Soltei um respiro proundo, o olhando fixamente. Naquele instante, nossos olhos se cruzaram e eu podia sentir toda aquela intensidade....Novamente.— Porque você tem o que eu preciso. - Respondi direta.Os lábios dele se curvaram em algo que parecia um sorriso, mas era sombrio demais para ser real.— E o que exatamente eu tenho que você precisa? - Perguntou Christian, vincando as sobrancelhas.Eu segurei a respiração por um instante antes de responder.— Poder. Contatos. Recursos. Você comanda um hospital com um estalar de dedos.Ele descruzou os braços lentamente, se aproximando. Eu
Christian Müller –Voltei para o quarto e fechei a porta atrás de mim e mesmo longe, parecia que o perfume dela havia entrado junto comigo. Estava na minha roupa, na minha pele, impregnado nos meus sentidos como um veneno lento.Andei até a janela, sentindo o corpo tenso, como se tivesse levado um soco que não doía fisicamente, mas deixava tudo dentro de mim em frangalhos.Laura Stevens.Ou quem quer que ela fosse.Minha mente ainda ecoava com a maneira como ela pronunciou cada palavra no bar. Como se estivesse equilibrando verdades e mentiras ao mesmo tempo. Como se testasse até onde eu iria.Só que havia algo errado. Algo profundamente errado.Peguei o celular e disquei o número de Mark.— Consegui o lugar para nos instalarmos.Do outro lado da linha, ouvi um assobio impressionado. Christian Müller –Voltei para o quarto e fechei a porta atrás de mim e mesmo longe, parecia que o perfume dela havia entrado junto comigo. Estava na minha roupa, na minha pele, impregnado nos meus sentid
Laura Stevens -Naquele isntante, eu fiquei completamente em choque.— O quê? - Perguntei desacreditada.Christian me encarou como se tivesse acabado de dar uma ordem inquestionável. E então, ele repetiu:— Pegue suas coisas e venha comigo.Minha mente congelou. — Eu não posso! — A frase saiu sem que eu pensasse e os olhos dele se estreitaram.— Não pode? — Christian repetiu, com a voz carregada de incredulidade. — Você pensava em simplesmente ir embora depois de eu te ajudar?Eu engoli em seco, mantendo meus olhos nele.— Primeiro, meu filho e o tratamento. Depois, eu sigo com a minha vida normalmente. O que tem de errado nisso? - Perguntei o vendo vincar as sobrancelhas.O silêncio durou um segundo a mais do que deveria. Um segundo que me fez perceber o erro que cometi.Então, do nada, um impacto seco.Christian acertou um murro na mesa. O som ecoou pelo restaurante e meu corpo inteiro se encolheu com o susto.Alguns olhares vieram sobre nós com curiosidade, mas a ver que nada mais
Laura Stevens -Meu coração disparou quando vi Edward correr em direção ao elevador com Nathan nos braços.— Laura! — Ele gritou, e minha mente se desligou de tudo, exceto do corpo pequeno e frágil do meu filho.Corri até ele, sentindo minhas pernas fraquejarem. Nathan estava pálido, a respiração fraca.— O que aconteceu?! — Minha voz saiu esganiçada enquanto eu o segurava, minha mão tremendo ao tocar sua testa. Ele estava gelado.— Ele começou a passar mal de repente. — Edward respondeu e Christian já estava ao telefone, com sua postura rígida, seu olhar sombrio e implacável.— Levem-nos para o hospital mais próximo, agora. — Sua voz era uma ordem e antes que eu pudesse processar, estávamos em movimento.Entramos em uma ambulância que ficava em prontidão no hotel e fomos dali, par ao hospital mais próximo.O tempo pareceu se dissolver no caos da emergência. Médicos, enfermeiros, apitos de monitores. Tudo estava um verdadeiro desespero para mim.Eu fiquei ao lado da cama do Nathan, se
Christian Müller –Laura pegou a pasta, hesitou por um momento e por fim, assinou.Quando ela a devolveu para Mark, ele apenas assentiu e se afastou, mas eu continuei ali, observando cada pequeno movimento dela.Ela não ousava me encarar.Seu olhar estava fixo na UTI, onde Nathan estava cercado por médicos e máquinas que piscavam e apitavam em um ritmo constante. Eu podia ver a tensão em seus ombros, o jeito como suas mãos tremiam levemente ao lado do corpo.Ela estava quebrada.Mas não tanto quanto eu.— Finalmente parou de fugir. — Minha voz cortou o silêncio.Laura fechou os olhos por um instante antes de se virar para mim.— Eu nunca fugi.Soltei uma risada baixa e sem humor, cruzando os braços.— Não? Seis anos, Laura. — Minha voz estava fria, controlada. — Você desapareceu, levou o meu filho com você… E tem a coragem de dizer que não fugiu?Ela abriu a boca, mas nada saiu.— Eu… — engoliu em seco. — Eu fiz o que achei que era certo.— O que era certo? — Repeti, deixando a incred
Laura Stevens –Eu havia tomado um banho e vestido uma camiseta que Christian deixou sobre a cama, enquanto levava as minhas roupas para lavar.Estranho, se ele esperava que eu voltasse, por que não havia mais nada meu na casa? – Me questionei enquanto caminhei para fora do quarto.Eu estava com sede e precisava de um copo de água.Desci as escadas devagar, puxando instintivamente a barra da camiseta de Christian. O tecido macio e o cheiro amadeirado misturado com algo levemente cítrico me envolviam, me lembrando de onde eu estava.A casa estava em silêncio absoluto, exceto pelo leve estalo da madeira sob meus pés e pelo barulho distante da geladeira quando passei pela cozinha. Peguei um copo do armário, abrindo a torneira apenas o suficiente para que a água não fizesse muito barulho ao cair no vidro.Mas, antes que eu levasse o copo aos lábios, um som diferente preencheu o espaço.Uma voz. Feminina.Minha mão congelou no ar.Inclinei-me levemente para olhar em direção à sala. O lustr
Laura Stevens –A noite havia sido longa e inquieta. Eu sequer me lembrava de ter dormido de verdade.Cada vez que fechava os olhos, minha mente me levava de volta ao hospital, ao som das máquinas, ao rosto frágil do meu filho.Me levantei e me troquei, saindo da casa antes que Meire me visse. Eu não queria que as pessoas me descobrissem ainda.Esperei Christian fora da casa e quando o motorista chegou, um boné preto foi colocado na minha cabeça, tampando meu rosto.—Vamos! – Disse Christian me fazendo congelar.Entrei no carro o observando por alguns minutos e um silêncio pairava sobre nós.Assim que paramos em frente ao hospital, minhas pernas se moveram sozinhas até a UTI, onde a médica saiu de lá, já autorizando ver Nathan.Eu não esperei mais nada.Passei pela porta com pressa, meu peito subindo e descendo com a respiração acelerada. E então, quando meus olhos encontraram os dele, algo dentro de mim se rompeu.Ele estava acordado.Seus olhos doces e curiosos me encaravam e um peq
Christian Müller-Saí do quarto sem dizer uma palavra, minha mão ainda segurando a dela.Não olhei para trás, não soltei, não hesitei. O corredor frio e estéril do hospital parecia estreitar ao nosso redor, mas minha mente estava longe dali.Meu filho.Nathan me chamou de pai; aquela sensação era única.Ainda estava processando aquilo. Ainda sentia o impacto daquelas palavras reverberando dentro de mim, desarmando cada camada de raiva e frieza que eu ergui nos últimos dias.Quando chegamos ao fim do corredor, parei. Soltei Laura com cuidado, sem encará-la de imediato. Meu olhar ficou preso na parede à frente, minha mandíbula tensa, meus punhos cerrados ao lado do corpo.— Ele é incrível. – Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava.Laura não respondeu de imediato.— Sim. — Ela murmurou. — Ele é.Virei lentamente o rosto para ela. Pela primeira vez, não havia ódio no meu olhar. Nem fúria. Nem ressentimento.Só exaustão. E algo que eu não conseguia explicar.— Ele… — Respirei fundo,