Christian Müller - Me levantei do sofá para preparar algo para comermos. Fui até a cozinha e preparei uma pasta simples, mas bem feita. Nada muito elaborado, mas o suficiente para garantir que Ivy se alimentasse. Quando voltei até a sala com o prato em mãos, parei ao ver Ivy adormecida sobre as almofadas. Ela estava encolhida, respirando suavemente, com seus cabelos levemente bagunçados e caídos sobre os ombros. Soltei um riso e me aproximei, me abaixando ao lado dela para notar melhor seus traços. Ivy era delicada e estava com os lábios entreabertos, em um descanso sereno. Até assim, ela conseguia ser linda. Sem pensar muito, passei um braço sob suas costas e o outro sob suas pernas, levantando-a com cuidado. Ivy nem se mexeu, apenas suspirou, aconchegando-se contra meu peito. Aquilo me desarmou. Eu a levei para o quarto, afastando os lençóis antes de deitá-la sobre a cama. Me movi com cuidado cobrindo seu corpo e ajeitando seu cabelo para que não caísse sobre seu rosto. E a
Yvy Hunter -Assim que despertei, esfreguei meus olhos enquanto tentava me situar. Olhei em volta, percebendo estar em meu quarto, mas como se eu havia adormecido no sofá? E então, tive flashes de sentir Christian me carregando degraus a cima e então, soltei um riso involuntário como se aquilo fosse uma boa coisa. Me sentei na cama pronta para me levantar e ao olhar no canto do quarto, vi as sacolas as compras, organizadas lá, mas havia algo diferente. Havia mais duas e eu não me lembrava de tê-las comprado. Fui até lá e ao abrir a primeira sacola. Lá havia um macacão de viscolino azul-claro que chamou minha atenção. A textura macia do tecido deslizava entre meus dedos e os pequenos botões de pérola na frente davam um toque delicado. Sorri involuntariamente, sentindo uma onda de calor no peito. Ele tinha comprado isso para mim? A segunda sacola me surpreendeu ainda mais. Tirei um vestido de festa, não muito curto, em um tom de vermelho vibrante. Assim que o desenrolei sobre a ca
Ivy Hunter -Assim que saímos do elevador e caminhamos em direção ao escritório, notei os olhares das pessoas sobre nós, mas nenhum me incomodava mais do que os de Sophie e Bianca. Não era a primeira vez que elas cochichavam sobre mim, mas, sinceramente, eu já estava cansada de ser o centro da fofoca sem nem saber o motivo. Segui Christian até o escritório e ao chegar na minha mesa, notei uma sacola sobre ela. Era de uma loja cara. Meu coração acelerou de leve, e meu olhar instintivamente foi para Christian, que passou direto, sem dar nenhuma explicação. Achei aquilo estranho, não parecia ser algo que ele me daria em público. Me aproximei da sacola para a olhar, vendo meu nome na etiqueta. Abri a sacola, encontrando dentro dela, uma bolsa vermelha da Louis Vuitton, com corrente dourada e a marca gravada de forma elegante no mesmo tom. Eu pisquei algumas vezes, sentindo meu estômago revirar. Isso não podia ser para mim. Certamente era um engano. - Pensei olhando para trás alguma
Cristian Müller - A raiva fervia dentro de mim enquanto saía da sala, mas antes que eu pudesse ir embora, a médica veio atrás de mim. — Senhor Müller! — ela me chamou, apressada. Parei, respirando fundo para conter minha irritação, e me virei para ela. — Trate Ivy adequadamente. Quero que façam tudo o que for necessário para garantir que nada aconteça a ela nem ao meu filho — ordenei, com firmeza a vendo assentir. E sem perder mais tempo, saí pisando firme pelo hospital. Assim que cheguei ao estacionamento, peguei o telefone e liguei para um dos meus seguranças. — Quero que façam uma varredura na casa. Procurem a governanta. Do outro lado da linha, houve um breve silêncio antes da resposta: — Senhor, ela saiu logo após vocês esta manhã, ela levava consigo algumas malas. Cerrei os dentes. Eu já imaginava que havia algo errado, mas agora a certeza me atingia com força. — Descubram para onde ela foi. Agora! — rosnei antes de encerrar a ligação. Sem perder tempo, dirigi direto
Quando meus olhos se abriram, o quarto estava com meias luzes acesas e foi então que me lembrei que eu não estava em casa. Meu corpo ainda parecia cansado, mas algo me chamou atenção antes que eu pudesse me mover. Christian. Ele estava ali, ao meu lado, com a cabeça encostada na maca, adormecido. Sua expressão estava carregada, e sua mão segurava a minha com força, como se tivesse medo de me soltar. Eu fiquei o observando por alguns instantes, sentindo meu coração me trair. O homem sério, sempre impecável e dono de um olhar afiado, agora parecia vulnerável. E então, a lembrança do que aconteceu tomou conta de mim, e minha respiração se tornou pesada. Eu me movi levemente e isso foi o suficiente para ele despertar. Seu olhar imediatamente encontrou o meu e ele soltou um suspiro longo, como se aliviasse ao me ver acordada. Christian ameaçou tocar meu rosto, mas antes que seus dedos encostassem em mim, desvencilhei do toque dele, me afastando. Ele parou o movimento no ar, com
Christian permaneceu em silêncio, me observando como se minhas palavras o tivessem atingido mais do que qualquer coisa até agora. E sem esperar uma resposta, virei-me e saí. Caminhei pelo corredor do hospital sem olhar para trás, sentindo meu coração disparado no peito. Cada passo parecia ecoar dentro de mim, como se as palavras que eu acabara de dizer ainda estivessem reverberando no ar. Eu não sabia exatamente por que tinha dito aquilo para Christian, mas sabia que era verdade. Ele carregava dores demais, traumas demais. Ele vivia em um mundo onde confiar era um risco e amar, um luxo que ele provavelmente nunca se permitiu ter. Quando cheguei à recepção para assinar minha alta, a enfermeira hesitou dizendo que achava melhor que eu passasse a noite lá, mas eu estava bem e só queria ir embora. Enquanto eu esperava os documentos ficarem prontos, olhei para as pessoas ao redor. Casais, mães com seus bebês, famílias…todos pareciam ter algo que Christian e eu não tínhamos. Paz! Mi
O dia havia amanhecido e como eu precisava de mais alguns dias em casa, Christian pediu para que eu obedecesse às regras médicas. Como a governanta havia ido embora e graças aos céus por isso, Amanda resolveu passar o dia comigo me fazendo companhia, enquanto a nova governanta estava sendo treinada, junto a algumas outras funcionárias da casa. Eu estava no quarto enrolada nas cobertas, olhando o brilho do sol transpassar pelas cortinas do quarto iluminando todo o lugar. O dia estava lindo, mas dentro de mim, tudo parecia um grande turbilhão. Eu estava tão melancólica, quando de repente, Amanda entrou no quarto com um copo de suco e sentou-se na beira da cama, me observando com atenção. — Você mal saiu da cama hoje — comentou, passando a mão nos meus cabelos em um gesto carinhoso. Suspirei pesadamente e sentei-me devagar, abraçando meus próprios joelhos. — Só estou cansada — murmurei. — Cansada ou perdida? — Ela arqueou uma sobrancelha, me analisando com aquele olhar afiado que
O frio da noite arrepiava minha pele enquanto eu esperava do lado de fora do teatro. Meu coração batia forte, ansioso, enquanto meus olhos corriam pela entrada, observando as últimas pessoas entrando. Olhei para o celular pela milésima vez. Faltava um minuto para as oito da noite. Passei as mãos pelo vestido, ajeitando-o, tentando me convencer de que eu não tinha cometido um erro vindo até aqui. Eu queria vê-lo, queria estar com ele, mas… e se ele não viesse? E se eu estivesse me iludindo? Vinte horas. A entrada já estava quase vazia. Apenas alguns funcionários organizavam os últimos detalhes, e meu peito apertou com a ideia de ter me enganado. Vinte horas e um minuto. Engoli seco e respirei fundo, me preparando para desistir. Eu não devia esperar tanto de alguém como Christian Müller. Talvez eu estivesse dando um passo maior do que deveria. Mas, assim que me virei para ir embora, meu corpo congelou. Ele estava ali. Parado a poucos metros de mim, me observando com aquele olhar