O homem com uma expressão serena e lábios finos entreabertos disse:

- Vou guardar a certidão de casamento primeiro.

Enquanto falava, ele tirou a certidão das mãos de Jaqueline.

Jaqueline, um tanto distraída, observou enquanto o homem pegava a certidão de casamento. Engolindo a seco com dificuldade, ela perguntou levemente:

- Seu nome é Valentino Lopes?

Quando ela olhou para a certidão de casamento, viu o nome do homem.

O homem lançou um olhar suave para ela, fez um som de aprovação, como resposta. Em seguida ele ordenou a Ian:

- Ian, vai levar a senhora para casa primeiro.

Um brilho de sorriso piscava nos olhos do homem.

O rosto de Jaqueline corou ligeiramente ao ouvir a referência a "senhora". Ela acenou com a mão, reprimindo a sensação estranha no coração.

- Você pode me acompanhar em um casamento amanhã? - Ela perguntou.

- Pode ser. - Valentino levantou levemente o canto dos lábios, concordando com a cabeça, e entrou no carro com suas pernas longas.

Jaqueline ficou surpresa por um momento, não esperava que o homem concordasse tão facilmente.

Será que depois de se casar, ele se tornou mais fácil de lidar?

- Entre. - A voz profunda e agradável do homem veio de dentro do carro.

Jaqueline entrou no carro um pouco atordoada. Durante todo o percurso, o carro ficou estranhamente silencioso. Depois de meia hora, Ian não aguentou mais e perguntou:

- Senhora, onde é a sua casa?

Jaqueline voltou a si e deu o endereço.

Valentino levantou as sobrancelhas, o lugar estava bastante perto de sua mansão.

Logo depois, o carro parou suavemente na frente da casa da família Amorim. Jaqueline saiu do carro e acenou para Valentino.

- Valentino Lopes, até logo.

Valentino ficou surpreso por um momento. Era a primeira vez que alguém o chamava pelo nome, e, surpreendentemente, soou bem. Ele concordou com um aceno de cabeça, dando uma resposta a ela.

Ian, por outro lado, estava suando frio na testa. O dia foi realmente surreal. O senhor não só registrou seu casamento com uma mulher desconhecida, mas também a deixou chamar ele pelo nome. O mais importante era que o senhor parecia não estar com raiva, estava até bastante feliz.

Jaqueline respirou fundo, olhou para a casa familiar e sentiu um arrepio na espinha. Mesmo assim, ela seguiu em frente, forçando uma calma aparente.

Ao ver as costas da garota tentando parecer calma, os olhos de Valentino se estreitaram. Quando o carro começou a se mover, Valentino chamou Ian no banco do motorista:

- Vamos para casa. Descubra mais sobre a senhora para mim.

- Entendi. - Respondeu Ian.

...

- Senhorita voltou. - A empregada Laura cumprimentou Jaqueline, que acabava de entrar. - O senhor e a senhora estão na sala à sua espera.

Jaqueline apenas acenou com a cabeça e entrou, exibindo uma expressão fria.

Ao olhar para seus pais na sala, o coração de Jaqueline começou a esfriar gradualmente.

- Jaque, você já sabe sobre Joana e Luís né? - Uma mulher de meia-idade, bem cuidada, olhava nervosamente para Jaqueline.

Jaqueline endureceu o olhar e, enfrentando o casal, se sentou calmamente. Perguntou com frieza:

- Pai mãe, vocês já sabiam as coisas sobre Joana e Luís, não é?

Michel Amorim parecia desconfortável e, diante da inquisição da filha, com dificuldade, concordou com a cabeça.

- Jaqueline...

- Jaqueline, amanhã é o casamento de sua irmã com Luís. Você tem que participar! - Marina Mendes interrompeu as palavras do marido, olhando para a filha com expectativa.

Jaqueline sentiu uma náusea crescente e olhou chocada para seus próprios pais. Foi a primeira vez que ela os viu tão estranhos.

Michel também assentiu, suspirando:

- Jaque, Joana sempre teve problemas de saúde desde pequena. Como irmã mais velha, é seu dever ceder um pouco. Você pode encontrar alguém melhor.

Jaqueline riu ao ouvir isso, cansada dessas desculpas. Era demais.