Na noite passada, Simão voltou para o hotel completamente embriagado. Ele não planejava ficar assim, mas o parceiro de negócios era insuportável, sempre insistindo para que ele bebesse mais. A cada taça, o parceiro ria e brindava, enchendo novamente o copo de Simão, e a pressão de fechar um grande contrato internacional o obrigava a acompanhar o ritmo.Embora Simão não fosse fraco para bebidas, não estava acostumado a tanto. Ele sempre foi moderado, preferindo manter a cabeça clara. Mas só se permitiu exagerar por causa desse grande contrato, a chance de ouro que poderia impulsionar sua carreira para um novo patamar.Simão sempre tentava argumentar com seu parceiro, mas ele continuava insistindo, e Simão não podia se dar ao luxo de se indispor. As negociações eram delicadas, e qualquer sinal de fraqueza poderia ser interpretado como desinteresse ou desrespeito.Porém, algo não estava certo. Na noite passada, ele dormiu abraçado com sua namorada, mas agora não a encontrou em lugar algum
Simão franzia a testa e disse com urgência: - Então reserve o primeiro voo disponível. O assistente prontamente foi reservar o voo, deixando Simão sozinho na cama, com a mente fervilhando de pensamentos sobre Lavínia. A frieza das paredes do hotel parecia amplificar sua solidão, transformando cada segundo em uma eternidade angustiante.Na noite passada, Lavínia estava ao seu lado na cama, o calor de seu corpo lhe trazendo conforto e paz. Mas agora, aquele espaço vazio ao lado dele era uma presença gritante de sua ausência. A sensação era insuportável, um buraco negro sugando toda a sua tranquilidade.Por que... Por que Lavínia não queria dizer nada para ele? Simão não conseguia entender. O que exatamente ele fez de errado no dia anterior para deixar Lavínia tão irritada? As memórias da noite anterior eram nebulosas, obscurecidas pelo álcool e pela exaustão.Naquele momento, tudo o que ele queria era que Lavínia voltasse logo para ele, para que ele não precisasse se preocupar tanto.
Lavínia não esperava que Jaqueline havia acabado de demonstrar o amor dela e do Valentino. O que inicialmente era um encontro casual entre amigas acabou se transformando em uma reviravolta inesperada, onde ela se viu envolvida na vida de Jaqueline e seu parceiro. Ela olhou desdenhosamente para Jaqueline, mas havia um toque de gratidão em seus olhos.Jaqueline sabia que tinha falado demais. Mencionar Valentino, especialmente quando Simão e Lavínia estavam separados, era um golpe baixo. Ela fechou a boca e mudou de assunto para a exposição de arte, tentando recuperar o equilíbrio emocional da amiga.Embora Lavínia estivesse distraída, seu humor melhorou consideravelmente desde que viu Jaqueline. Havia algo na presença tranquilizadora de sua melhor amiga que a fazia sentir que tudo ficaria bem. Jaqueline era realmente um pilar de força e compreensão em sua vida. Desde que se encontraram, Lavínia começou a se recuperar e esqueceu Simão aos poucos, mesmo que momentaneamente.Para Jaqueline
- Aqui está, vamos usar este cartão. Ah, e embale aquela peça que não serviu, eu quero continuar comprando até o fim. - Disse Lavínia com um sorriso audacioso.O funcionário da loja ficou impressionado ao ver o cartão preto. Esse não era um cartão comum, mas o cobiçado cartão adicional do Sr. Simão, do Grupo Pires. Ele presumiu que essas duas mulheres tinham algum tipo de relação com Simão. Não ousando negligenciar, passou o cartão com todo respeito e embalou todas as roupas com um serviço atencioso, quase reverente.Depois de percorrer metade do shopping, Jaqueline finalmente percebeu que Lavínia era a mulher com maior capacidade de compras que ela já conhecia. Cada loja que visitavam, cada item que Lavínia escolhia, era mais uma prova de sua determinação em gastar.“Como nunca percebi esse poder de compras da Lavínia quando estávamos juntas antes?”, Jaqueline pensava, ainda incrédula.No entanto, o que surpreendeu Jaqueline ainda estava por vir. Ela nunca imaginaria que Lavínia usari
Depois de percorrerem uma seção inteira do shopping, Lavínia finalmente se acalmou um pouco. Seus passos, antes determinados e frenéticos, agora eram mais lentos e pesados, como se o peso de todas aquelas compras estivesse finalmente começando a afetá-la.- Jaqueline, por que você não me impediu? - Lavínia estava à beira das lágrimas, sentindo-se prestes a desabar, o que parecia inevitável depois da tempestade de emoções e impulsos do dia.- Não me culpe agora, querida! Eu te acompanhei o tempo todo, mas você me deu alguma chance de te impedir? - Jaqueline ainda se lembrava claramente da cena de Lavínia enlouquecida nas compras. Cada tentativa de dissuadir Lavínia era prontamente reprimida, e qualquer um que tentasse se interpor era tratado com uma combinação de desespero e determinação inabalável.- Lavínia, não é por nada não, mas você foi um tanto impulsiva! Entrar em uma loja e pedir para embalar todas as roupas sem experimentar nenhuma delas, comprando todos os tamanhos possíveis,
- Deixa para lá, Jaque, eu não espero mais nada... Depois de tanto tempo de compras, estou com fome, vamos comer primeiro e deixamos o resto para depois. - A voz de Lavínia estava cheia de cansaço, mas também de uma determinação resignada. Antes de estar com Simão, Lavínia tinha um jeito despreocupado, não se importava com a opinião dos outros, desde que vivesse sua própria vida e fosse feliz. Por isso, comer e beber eram realmente prioridades para Lavínia. Ela era uma mulher vibrante, sempre em busca de alegria e satisfação em pequenas coisas como uma boa refeição ou uma bebida refrescante.Mas desde que começou a namorar Simão, Lavínia colocou ele em primeiro lugar, apenas para ser cruelmente confrontada pela realidade. Como isso não poderia deixar Lavínia desapontada e com o coração partido? Ela se dedicou tanto a ele, apenas para ser deixada de lado como um objeto descartável.- Lavínia, você está bem? - Jaqueline perguntou, com preocupação genuína. Ela observava atentamente cada
As palavras aparentemente ameaçadoras de Lavínia fizeram Jaqueline balançar a cabeça em resignação, soltando um suspiro. - Tá, tudo bem. - Murmurou para si mesma. Ela só tinha sugerido que o ambiente bonito do restaurante seria ótimo para tirar fotos, mas acabou se colocando em apuros. Jaqueline não era contra tirar fotos, mas muitos anos atrás, naquela casa da família Amorim, ela havia sido constantemente menosprezada e ridicularizada, o que deixou sua autoconfiança quase inexistente diante das câmeras. Ela não podia evitar a sensação de desconforto quando alguém apontava uma câmera em sua direção.Quando chegaram ao restaurante, já era hora do almoço e o lugar estava lotado, com uma fila que se estendia até a calçada. Jaqueline olhou ao redor, sentindo-se um pouco intimidada pela multidão, enquanto Lavínia observava a agitação com um misto de impaciência e determinação.Jaqueline pensou em esperar do lado de fora com Lavínia até que um garçom viesse chamá-las, mas depois que Lavíni
Hotel Império, na Suíte Presidencial.A sala estava impregnada com um odor nauseante, resultado da intimidade entre homem e mulher.Jaqueline Amorim olhava para o casal abraçado, um sorriso irônico brincava em seus lábios. Ela cerrava os punhos, pensando que se não fosse pelo fato de que amanhã iria se casar e estava ali para entregar o terno a Luís Pereira, ela ainda estaria no escuro.Ela realmente jogou fora os últimos cinco anos da juventude dela!- Mana... Eu e o Luís estamos realmente apaixonados... Por favor, nos dê sua bênção! Nos deixe ficar juntos! - Joana Amorim, com o rosto pálido e as lágrimas escorrendo, implorava, se agarrando desesperadamente ao pescoço do homem.O homem franzia levemente a testa, abraçando a mulher em seus braços como se temesse que ela fosse se machucar.Ele ergueu suas mãos grandes e esguias, batendo suavemente nas costas de Joana, suspirando:- Joana, quantas vezes eu te disse, a pessoa que eu amo é você. Por que está pedindo a ela?A voz gentil rev