Os dias de recuperação de Lee se seguiram lentamente, deixando-o cada vez mais impaciente. Ele não suportava mais ficar confinado dentro de casa e enquanto ele se curava, eu observava sua frustração crescendo, entendendo perfeitamente sua inquietação e tentando lhe dar apoio, sabendo que minha companhia era a única coisa que o mantinha nos trilhos, seguindo estritamente as ordens que recebemos do médico.Jun, por sua vez, havia resolvido a questão com a Yakuza e deixado claro que qualquer tentativa futura de atacar o líder deles teria consequências graves. Eu admirava a atitude de Jun, pois sabia que seu orgulho não permitiria que ele deixasse impune qualquer afronta à sua família. Era um lembrete de que a fraqueza não era uma opção.Lee não protestou, sabia bem como Jun era e que seu orgulho não o permitiriam esquecer isso tão cedo. No entanto, eu me sentia culpada, por saber que ele havia feito tudo isso apenas para me manter com ele, pelo amor que sentia por mim.À tarde, decidi aj
Paola Naquela noite, depois do banho e de termos passado o dia juntos apenas desfrutando da companhia um do outro, Lee decidiu cozinhar para nós e lidamos com tudo como se fosse um encontro, ainda que em nossa casa, e mal podia esperar para comer daqueles pãezinhos maravilhosos que só ele sabia fazer. Escolhi cuidadosamente um vestido vermelho justo, ao qual eu sabia que ele adorava, sendo vermelho sua cor favorita. Com as costas abertas e tiras de pedras prateadas que cruzavam minhas costas. Complementei o visual com sandálias de salto da mesma cor das tiras. Meus cabelos loiros acastanhados estavam soltos, caindo em ondas suaves sobre meus ombros, passei uma maquiagem leve nos olhos e um batom vermelho nos lábios. Quando desci às escadas, me deparei com Lee me esperando no último degrau, vestido elegantemente em um terno preto, parecia mais atraente do que nunca. Seu olhar carregado de admiração cruzou com os meus e senti meu coração acelerar. Aparentemente esse homem jamais perder
Jun Estava sentado na cama com as mãos apoiadas no joelho, Mei estava deitada atrás de mim, ainda dormindo. Era de madrugada, provavelmente passava de uma hora da manhã e mais uma vez, eu havia cedido à ela, mais uma vez pensei com a cabeça de baixo e a levei para a cama. Porém, isso nem de longe significava que eu havia me esquecido de nossa conversa, ou que aceitaria mais uma vez aquele tipo de relacionamento instável, como tem sido a tantos anos.Naquela noite, eu fui visitá-la em seu quarto. Mei estava linda como sempre em sua camisola de seda vermelha, os cabelos negros soltos e descalça enquanto analisava suas roupas e separava a que pretendia usar no dia seguinte.- O pobre guarda roupa já desistiu de você? – perguntei, bem ciente do quanto ela brigava sozinha e reclamava das milhares de roupas que tinha, sempre achando que era necessário comprar mais.- Ainda não, hoje eu tenho sido relativamente paciente. Paola aceitou fazer compras comigo e também acho que ela esteja precis
Como sempre, ela não disse nada de imediato, ficou sentada na cama me olhando enquanto eu pegava as minhas roupas do chão e me vestia. - Eu preciso ir. – coloquei a jaqueta preta de couro por cima da camiseta branca, já vestido com calças e tênis. – Tenha uma ótima viagem de volta para casa. – parei na frente da cama e me inclinei, erguendo seu rosto para mim pelo queixo. – E por favor, se cuide! – ela esperou que eu a beijasse novamente, e por mais que cada parte de mim desejasse ignorar tudo e voltar a me deitar com ela, eu não podia. Ao invés disso, beijei sua testa e me afastei e sem dizer mais nada. Mei chamou meu nome antes de eu sair pela porta de seu quarto, mas eu já não estava mais interessado em ouvir e a ignorei por completo ao fechar a porta atrás de mim, decidido a pôr um fim nisso de uma vez. No dia seguinte eu soube que ela havia partido e nos demais que se seguiram evitei ao máximo estar na casa quando ela vinha visitar Paola, de modo que meses se passaram sem que eu
Sentada na cadeira da grande sala de estar, eu balançava as pernas que de forma alguma tocariam o chão. Eu tinha um cubo mágico que insistia em tentar resolver, era uma coisa curiosa e, obviamente, colorida que chamava minha atenção. Havia sido um presente de meu pai, aparentemente um brinquedo que exercitava o raciocínio lógico e criatividade de estratégia de reunir as cores novamente. Eu nunca conseguia, sequer uma delas. Minha mãe estava em seu quarto, estava cansada e eu insisti em ficar acordada esperando meu pai. Ela não insistiu em me levar de volta para meu quarto, sabia que eu choraria e faria birra até que me deixassem em paz. “Não fará nenhum mal se ela apenas permanecer sentada, senhora”, foi o argumento de Giorgia, nossa governanta. Mamãe, por fim, decidiu permitir contanto que eu tomasse banho e colocasse meu pijama. Obedeci e em poucos minutos estava de volta na cadeira, vestida com um macacão cor de rosa com bolinhas brancas e um casaco pesado que Giorgia in
Depois de sair dos estábulos, fui para o meu quarto onde felizmente estava mais fresco, embora o ar estivesse quente. A casa era arejada e garantia mais conforto, relaxei sob a cama deitada de costas para encarar o teto branco. Eu havia decorado o cômodo ao longo dos anos de acordo com o meu gosto. Havia um lado bom de ter que viver presa e escondida, meus pais me davam qualquer coisa que eu quisesse, por sorte nunca fui muito materialista. Quando criança, isso era legal, se tratando dos brinquedos, hoje nem tanto, tornou-se indiferente e entediante, principalmente quando a única coisa que eu gostaria de ter seria a presença de ambos, uma participação um pouco mais ativa em minha vida. Eu sabia exatamente o motivo, havíamos assassinado alguém importante da Tríade e que por conta disso havia um desentendimento entre eles e a Cosa Nostra, agora eu e meus avós e meus pais éramos alvos, como uma família que defende muito a honra e o valor dela própria, a Tríade não deixaria isso para
- Filha? – a voz de minha mãe soou do outro lado e senti meu peito afundar. Que falta havia sentido de ouvir sua voz, mesmo que em um tempo mais curto do que das últimas vezes. Não consegui evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas pela saudade de sentir seu abraço. Ainda me lembrava de como passávamos a tarde juntas sob a lareira enquanto ela lia e eu brincava. - Oi, mãe. – a voz embargada não disfarçava a emoção. - Olá, Paola. – dessa vez havia sido a voz grave de meu pai a se pronunciar. Minha situação só piorou após isso. Mesmo sendo o Capo, Enrico nunca deixava de demonstrar carinho e afeto a mim, mesmo que não fosse o comum entre os homens de nosso mundo. - Hmm… Oi, pai. – menos caloroso, porém não intencional. Embora o amasse tanto quanto amava minha mãe, o meu afastamento havia colocado uma distância entre nós, de alguma forma, eu o culpava por estar presa aqui. A decisão havia sido dele, meu pai havia escolhido me afastar. Para me proteger, claro. Eu sabia, mas… ain
Desligando o despertador, me levantei da cama sentindo o desânimo e para a minha surpresa, tudo que desejei foi que aquele fosse apenas mais um dia normal na fazenda. Passei a mão pelos meus longos fios de cabelo, encarei as pontas e percebi que precisava hidratá-los… Um pensamento fútil e aleatório, gostaria de que essa fosse a minha maior preocupação hoje. Coloquei um vestido de tecido leve e branco com estampa de flores azuis e sandálias, prendi o cabelo em um rabo de cavalo simples e encarei meu reflexo no espelho… Dezenove anos, em breve completaria vinte. Constatei que eu deveria de fato esperar por algo assim, estava começando a ficar velha demais se fosse comparar a idade com as moças que levavam a mesma vida se casavam. Ainda sim, não queria acreditar. Ao erguer os olhos observei brevemente pelo meu quarto, considerando que esta seria a última vez que estaria aqui e mesmo com tantas coisas à minha volta, foquei no objeto de quatro cores, o cubo mágico. Quadrado e compl