Olho pela fresta da porta da ambulância, Sebastian estava lá gritando com alguém em romeno, completamente exaltado. Havia algumas pessoas curiosas do lado de fora, observando qualquer movimento grosseiro dele e tentando bisbilhotar o carro.Encolhi os ombros e fitei o teto da ambulância, toda essa situação era extremamente humilhante.Saí da ambulância usando um casaco dado por um paramédico. O caos do lado de fora estava menor, havia poucas pessoas e dois carros de polícia, avistei Sebastian sentado conversando com um policial, Michael estava ao seu lado segurando uma bolsa de gelo na cabeça, com o rosto cheio de sangue e inchado. Assim que me viu o Sebastian levantou vindo na minha direção, apertei o passo junto de Anna indo para o seu carro.Entrei no banco do carona e Anna no do motorista, mas antes que ela desse partida Sebastian apareceu na minha janela dando duas batidas.Olho para minhas mãos.— Eu realmente não quero falar com ele agora. — Murmuro.Anna assentiu e saiu do car
Passei os dias seguintes no chalé, mal olhava meu rosto no reflexo, mas já sabia que meu olho estava menos pior. Anna passava o dia fora, só voltava a noite com o nosso jantar na mão e às vezes um vinho tinto.Ficava com raiva de mim mesma por sentir falta do Sebastian, às vezes me pegava pensando no que poderíamos ter sido e isso me deixa ainda mais ansiosa, pensando no dia que nos veríamos novamente. Como eu reagiria perante a ele depois de tudo? Sebastian me machucou de todas as formas que pôde, acredito que a cicatriz que deixou no peito foi maior e mais dolorida que qualquer uma que May deixará no meu corpo.Abraço minhas pernas.Passei os dias deprimida, sem conversar muito com Anna ou tocar na comida, as coisas pareciam não fazer mais nenhum sentido. A cada dia aqui, escondendo-me dele, me sentia ainda mais fraca e covarde. Meu destino estava nas mãos dele, infelizmente.— Jade? — Ouço a voz da Anna no quarto.— Estou aqui. — Puxo o roupão e saio da banheira. — O que aconteceu?
Sebastian me puxa para fora pelo pulso, continuo olhando para trás até Anna fechar a porta com força. Ele me coloca no banco do carona e entra logo em seguida batendo a porta também e apoia sua testa no volante, respirando fundo. Não quis perguntar sobre o que aconteceu, pelo menos não agora.Sebastian deu partida sem abrir espaço para questionamentos, estava nítido que Anna era tão machucada quanto eu.— O que tem a me dizer?— Não pode esperar até chegarmos em casa?— Não. — Ele parecia pensar, eu me mantive inquieta — diga-me, por que de repente passou a se importar com o que penso a seu respeito?A mandíbula dele tencionou, mas não respondeu minha pergunta, permaneceu em silêncio, parecendo perdido em seus próprios pensamentos.— Me diz, Sebastian!Ele vira o volante para o lado, colocando o carro no acostamento, em seguida desliga e volta-se para mim.— Meu pai morreu, faz umas semanas.Meu rosto ardeu, o nó na minha garganta parecia me deixar ainda mais sem ar. No fundo, sabia q
Marília me abraçou tão forte como nunca, parecia mesmo que ela sentiu muito minha falta. Quase desmoronei em seus braços, mas me mantive rígida, a empregada que arrumava meu quarto não deveria me ver chorando, apesar de estar curiosa por conta do meu olho.Marília desfez o abraço e segurou meu rosto analisando o machucado, ela parecia uma mãe preocupada com a filha, essa sensação confortou meu coração.— Pelos céus, que atrocidade! — Resmungou ela.— Está tudo bem, Marília.Ela olha para mim com ternura.A empregada sai do quarto, Marília fecha a porta se certificando que ela não ouviria nada do que não deveria.— Senti tanto sua falta, você não pode simplesmente sumir assim. Só após três dias o senhor Sebastian me disse onde você estava e o motivo.— Desculpe.Marília balança a cabeça, sorrindo.— Fico feliz que tenha voltado, senhorita.O meu sorriso se desfaz a medida que percebo onde estou, o meu quarto me trazia muitas lembranças, das melhores até as piores. Passar essas semanas
— Sou formado em direito, mas não exerço devido aos negócios do meu pai. — Sebastian quebra o silêncio. — Ao invés de ser um advogado eu trabalho vendendo drogas as pessoas mais ricas do mundo, narcotráfico o nome.Termino de engolir o resto da comida, balançando a cabeça.— Você vendia pra May, não é?Ele sacudiu a cabeça.Olho para meu prato.— Minha mãe se separou do meu pai depois que descobriu que ele tinha um caso com a secretária. Eles brigavam tanto pela minha guarda e do Nicolae que mal observaram o mal que nos fizeram. — Sebastian dispara, olhando para um canto qualquer. — O juiz determinou guarda compartilhada, passávamos uma semana com meu pai e outra com minha mãe.— Você não precisa...Ele faz um gesto com a mão e eu me calo.— Só que, na semana do meu pai, ele simplesmente sumiu. Numa manhã, eu estava no jardim procurando borboletas mortas pelo chão quando vi dois homens estranhos entrando em casa, em seguida vi minha mãe me chamando para dentro, o medo era evidente em
Os 6 meses mais intensos da minha vida passaram. Acredito que nunca pensei que minha vida estaria tão calma e tranquila, não posso afirmar que eu e o Sebastian não brigamos, mas ultimamente, tudo parecia estar bem até demais.Nos mudamos da mansão, para uma casa mais modesta, continua sendo muito para mim, porém é um começo. Cortamos metade dos funcionários, Marília continuava ao meu lado e alguns seguranças também, Sebastian temia que algo acontecesse comigo.Conhecer o mundo uma segunda vez está sendo uma experiência estranha, a atualidade é como imaginava, mas não muda o fato de eu me sentir fora de órbita. Marília me ajudava com os eletrônicos, íamos à cidade com recorrência e o lugar mais legal de todos: ao cinema.Apesar de estar me adaptando bem, Sebastian costumava me lançar um olhar de culpa por ter me privado de todas essas coisas incríveis, porém, acredito que para tudo há um propósito ou talvez ele só tivesse medo de eu me encantar mais ainda pelo mundo e decidir deixá-lo.
Os dias com Sebastian pareciam correr, cada vez mais aceitava o fato de amá-lo e ele estava se esforçando para ser cada vez melhor. Mas nem tudo eram flores, tínhamos nossas desavenças de casal, nesses momentos eu tentava não pensar em como seria a vida longe daqui e logo ele me lembrava do porquê continuava aqui. Eu estava tão feliz que cheguei a ficar receosa de algo ruim acontecer, pois, era sempre assim, pelo menos para mim.Senti a coberta ao meu lado ser movimentada, abri um sorriso assim que vi os olhos do Sebastian se abrirem com um pouco de dificuldade. Estava deitada sobre seu peito fazia minutos, apreciando sua beleza enquanto o mesmo desfrutava de um sono pesado.A neve caindo do lado de fora nos deixou confortável o suficiente para dormir até tarde, até porque, hoje era um fim de semana.A ponta de seus dedos escorregam do meu ombro até a minha cintura, fazendo a meus pelos arrepiarem, a mão dele me apertou mais contra seu peito.— Não podemos... — murmurei baixinho, a po
Ficamos apenas nos olhando, absorvendo a ideia. Ethan estava vivo, tive que piscar centenas de vezes para constatar que não era apenas mais uma das peças que minha cabeça costumava me pregar.Engoli a seco quando ele começou a se aproximar de mim em passos curtos, temendo que eu fosse fugir a qualquer momento. Permaneci estática, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos e o local ao redor de repente parecer tão quente quanto um dia de verão.— C-como? — Pergunto sussurrando, olhando para o colete em seu peito mostrando claramente que ele não era um simples faxineiro.— Eu...Antes que ele pudesse tocar meu pulso, a mesma porta cujo Sebastian entrou se abre e ele sai logo em seguida acompanhado dos investigadores. Olhando eles lado a lado só me fez ficar ainda mais atordoada, ambos eram completos opostos, pelo menos o que eu conhecia do Ethan.Sebastian olhou para mim e depois para Ethan, com as sobrancelhas juntas. Eles de repente se entre-olharam como dois lobos líderes de uma