POV Sebastian Stan, parte 2: Horas mais tarde, após mais um dia no escritório negociando alucinógenos com alguns compradores, voltei para casa. Já estava tão chapado que mal conseguia enfiar a chave na ignição, mesmo assim consegui chegar sem ocasionar nenhum acidente.Fui para a sala de jantar, não havia ninguém lá além da empregada, limpando a poeira da mesa. Andei até a sala de estar, abri as portas de forma abrupta, fazendo a Jade, que segurava um livro, saltar em um pequeno susto.Quando percebeu ser eu, voltou sua atenção para o livro com o peito descendo e subindo, como se não estivesese interessada em notar minha presença. — O que faz aqui? — Pergunto olhando bem para ela. Ela ergueu o livro como se fosse óbvio. Cruzo os braços, buscando uma resposta sua. — Marília não lhe avisou que é hora de dormir? Um sorriso sarcástica se formou em seus finos lábios, os olhos verdes rol
Passaram-se semanas e mais semanas. A cada dia eu e Sebastian parecíamos mais distantes. Ele passava dias fora, então me acostumei com sua ausência, por mais que meu coração apertasse toda vez que o via durante as refeições, eram os poucos momento juntos. Às vezes ele abria a boca para dizer algo, mas fraquejava e permanecia em silêncio. Percebia seus olhares, eu também o olhava e queria que aquele distanciamento tivesse fim, mas as coisas não eram simples assim. Nada era simples para mim.Depois que a Lola foi embora ele trouxe mais algumas garotas, elas me olhavam como se eu fosse a intrusa. Às podia ouvir gargalhando enquanto se divertiam com ele. Doía, mas de certo modo, me tornou mais forte.Pelo menos, agora eu tinha mais controle sobre a casa, andava pra onde quisesse e até opinava nas cores novas que o carpete deveria ter. Não era nada para me orgulhar, mas era o máximo para mim.Nessa semana, ele estava fora, Marília havia dito que hoje seria o dia da sua chegada. Esses dias
Olhei meu reflexo no espelho, por sorte não estava descabelada.Sebastian continuou na mesma posição, com o cotovelo apoiado na cadeira, incrédulo. Senti vontade de ir até lá e me desfazer em seus braços, mas aquele mesmo rostinho de decepção me fez chorar por meses.— Vamos?— Uau. — Exclamou.Ele arqueia as sobrancelhas ligeiramente.Caminho em direção a porta, as sobrancelhas dele se juntam.— Vamos? — Repito.— Não vai colocar uma calcinha? — Perguntou quase retoricamente.— Marcaria no vestido e sinceramente acredito que não preciso.Vejo as narinas dele se exaltarem.Segurei o riso.— Jade...— Sebastian.— Coloca logo, vai ser melhor. — Apontou em direção a minha gaveta.Viro as costas para ele.Ouço algo sendo quebrado no quarto, mas continuo andando.Sebastian seguiu o caminho inteiro bufando feito uma criança, eu segurava o riso virando o rosto para o outro lado. Jamais pensei que uma simples calcinha fosse tirá-lo tanto do sério, e estava adorando ver suas veias latejando n
Limpei a pequena gotícula de lágrima que escorreu na minha bochecha e voltei para o salão. Vou até o bar pegar mais um drink, fiquei sentada em banco observando as pessoas dançando. Aquele lugar infernal me lembrava a boate, onde passei anos terríveis. Aperto os olhos balançando a cabeça, eu não estava mais lá, aquele lugar nem existia mais. — Se serve de consolo, a voz dela é irritante. — Michael diz atrás de mim. Levo alguns instantes para virar para ele. — Você deve estar mais louco que o Sebastian para ter ela na sua cama. — Observo Lola sentada na cadeira, olhando Sebastian indo na sua direção. Michael inclina sua cabeça para o lado. — Odeio loiras, principalmente as de farmácia. — Declarou ele. Sorri ligeiramente.Michael senta no banco de frente para mim, tocando seu joelho no meu e pede um uísque "sem gelo". — Qual o seu tipo, então? Ele pareceu pensar. — Qualquer uma, menos loiras. — Isso não é um tipo. — Certo. — Ele fechou a cara e pensou novamente — garotas de ol
Olho pela fresta da porta da ambulância, Sebastian estava lá gritando com alguém em romeno, completamente exaltado. Havia algumas pessoas curiosas do lado de fora, observando qualquer movimento grosseiro dele e tentando bisbilhotar o carro.Encolhi os ombros e fitei o teto da ambulância, toda essa situação era extremamente humilhante.Saí da ambulância usando um casaco dado por um paramédico. O caos do lado de fora estava menor, havia poucas pessoas e dois carros de polícia, avistei Sebastian sentado conversando com um policial, Michael estava ao seu lado segurando uma bolsa de gelo na cabeça, com o rosto cheio de sangue e inchado. Assim que me viu o Sebastian levantou vindo na minha direção, apertei o passo junto de Anna indo para o seu carro.Entrei no banco do carona e Anna no do motorista, mas antes que ela desse partida Sebastian apareceu na minha janela dando duas batidas.Olho para minhas mãos.— Eu realmente não quero falar com ele agora. — Murmuro.Anna assentiu e saiu do car
Passei os dias seguintes no chalé, mal olhava meu rosto no reflexo, mas já sabia que meu olho estava menos pior. Anna passava o dia fora, só voltava a noite com o nosso jantar na mão e às vezes um vinho tinto.Ficava com raiva de mim mesma por sentir falta do Sebastian, às vezes me pegava pensando no que poderíamos ter sido e isso me deixa ainda mais ansiosa, pensando no dia que nos veríamos novamente. Como eu reagiria perante a ele depois de tudo? Sebastian me machucou de todas as formas que pôde, acredito que a cicatriz que deixou no peito foi maior e mais dolorida que qualquer uma que May deixará no meu corpo.Abraço minhas pernas.Passei os dias deprimida, sem conversar muito com Anna ou tocar na comida, as coisas pareciam não fazer mais nenhum sentido. A cada dia aqui, escondendo-me dele, me sentia ainda mais fraca e covarde. Meu destino estava nas mãos dele, infelizmente.— Jade? — Ouço a voz da Anna no quarto.— Estou aqui. — Puxo o roupão e saio da banheira. — O que aconteceu?
Sebastian me puxa para fora pelo pulso, continuo olhando para trás até Anna fechar a porta com força. Ele me coloca no banco do carona e entra logo em seguida batendo a porta também e apoia sua testa no volante, respirando fundo. Não quis perguntar sobre o que aconteceu, pelo menos não agora.Sebastian deu partida sem abrir espaço para questionamentos, estava nítido que Anna era tão machucada quanto eu.— O que tem a me dizer?— Não pode esperar até chegarmos em casa?— Não. — Ele parecia pensar, eu me mantive inquieta — diga-me, por que de repente passou a se importar com o que penso a seu respeito?A mandíbula dele tencionou, mas não respondeu minha pergunta, permaneceu em silêncio, parecendo perdido em seus próprios pensamentos.— Me diz, Sebastian!Ele vira o volante para o lado, colocando o carro no acostamento, em seguida desliga e volta-se para mim.— Meu pai morreu, faz umas semanas.Meu rosto ardeu, o nó na minha garganta parecia me deixar ainda mais sem ar. No fundo, sabia q
Marília me abraçou tão forte como nunca, parecia mesmo que ela sentiu muito minha falta. Quase desmoronei em seus braços, mas me mantive rígida, a empregada que arrumava meu quarto não deveria me ver chorando, apesar de estar curiosa por conta do meu olho.Marília desfez o abraço e segurou meu rosto analisando o machucado, ela parecia uma mãe preocupada com a filha, essa sensação confortou meu coração.— Pelos céus, que atrocidade! — Resmungou ela.— Está tudo bem, Marília.Ela olha para mim com ternura.A empregada sai do quarto, Marília fecha a porta se certificando que ela não ouviria nada do que não deveria.— Senti tanto sua falta, você não pode simplesmente sumir assim. Só após três dias o senhor Sebastian me disse onde você estava e o motivo.— Desculpe.Marília balança a cabeça, sorrindo.— Fico feliz que tenha voltado, senhorita.O meu sorriso se desfaz a medida que percebo onde estou, o meu quarto me trazia muitas lembranças, das melhores até as piores. Passar essas semanas