Na manhã seguinte Sebastian e eu pegamos a estrada até Costinesti, durante o percusso passamos por algumas vilas, estranhei ver outras pessoas, isso me lembrou que eu quase não tinha memórias de uma vida normal assim. Trabalhar, estudar, viver. Passei anos trancada em um lugar úmido, em meios aos ratos, a única diferença agora era que me davam comida e roupas para vestir, mas nunca deixaria de ser uma prisão.Apoiei minha cabeça no banco, observando as árvores.Avistei uma menina correndo em um campo de trigo com uma mulher — provavelmente sua mãe — vindo logo atrás. Os cabelos loiros soltos sobre o rosto e os pezinhos cheioS de lama até a canela, parecia tão livre. Quase quebrei o pescoço olhando para trás, penso que nunca quis tanto ser uma pessoa quanto aquela menina.Talvez agora eu tenha uma chance de ser dona do meu futuro, isso estava nas mãos de Sebastian.Acordei quando o carro finalmente parou. Nós estávamos numa garagem feita de pedras.Sebastian saiu do carro, eu o acompan
Acordei dos meus devaneios com a porta do quarto sendo aberta, abri os olhos com medo que fosse vir Nicolae buscando algum tipo de vingança, mas não era, apesar do ambiente mal iluminado, eu sabia quem era. Sebastian caminhou pelo quarto com os passos pesados, cambaleando um pouco para os lados, estava bêbado demais para se importar se iria quebrar algum jarro do quarto.Ele não percebeu que eu estava acordada, então continuei fingindo.Ouvi seus sapatos batendo no chão, em seguida lugar na cama ao meu lado afundando. Ele saltou um suspiro cansado, o cheiro de álcool se espalhou pelo quarto. Eu estava de costas para ele, mas senti seu rosto virando para mim, então sua cabeça se aproximou de mim, com seu corpo e por fim ele passou o braço ao redor da minha cintura, me puxando para mais perto de si. Seu peito junto a minha costa, sua perna colada a minha e a sua virilha tão próximo a minha nádega que eu o senti.Arregalei os olhos.Eu deveria dizer-lhe que se afastasse de mim, dizer tud
Levantei do chão segurando minhas lágrimas, olhando para o belo vestido que Marília reservou-me. Queria correr de lá, mas antes que pudesse sair esbarrei no torso de alguém, era o Sebastian. Olhei para cima, com os olhos inundados, ele olhou para mim boquiaberta. Saí de lá esbarrando em seu braço, com as mãos no rosto me sentindo envergonhada.Fui pela porta da frente, mas ao invés de ir para a cidade, corri para a praia, larguei os sapatos que afundavam na areia e continuei correndo até seguir a água em meus pés. Olhei para frente, o mar estava calmo, enquanto meu peito em fúria.Cai de joelhos no chão.Não queria ver o mar daquele jeito, triste, mas foi a única forma que pude.Fiz uma concha com a mão e tirei metade do líquido vermelho do vestido, porém de qualquer maneira ele já estava condenado.— Jade? — Uma voz ressoa atrás de mim, quase como um sussurro.Olho para trás atordoada.— O que você quer Sebastian? — Pergunto voltando meus olhos para frente.— Sinto muito pelo que acon
Nunca pensei que estar de volta na mansão seria bom, mas devo admitir que soltei um longo suspiro como se estivesse ficando fora durante anos. Chegamos na propriedade pela madrugada, não consegui pregar os olhos uma hora sequer, pois meu corpo inteiro irradiava calor.Sebastian me levou para o quarto em completo silêncio, acredito que ele também pensava no que aconteceu hoje. Entrei no quarto olhando ao redor como se algo tivesse mudado, buscando não ter que encarar seus olhos. Estava com meu peito exasperado como se tivesse corrido uma maratona. A respiração pesada de Sebastian ressoa atrás de mim, lembrando que não estou sozinha no quarto. Fecho meus olhos por impulso no momento em que senti seu queixo apoiar na minha cabeça.— Vai querer terminar o que começou? — Questiono.— Peça-me.Minha boca se calou mais uma vez. Ambos sabíamos que eu não daria esse gostinho a ele tão cedo. Seu lábio encolheu para um lado formando um sorriso.— Boa noite, Jade.Sai
Harry tomou a taça de mingau das minhas mãos e começou a comer, Bass bebeu todo o café da xícara sem nem ligar se era meu, porém eu queria deixar eles confortáveis o bastante para saber sobre a vida de Sebastian e a família Stan.Michael permaneceu atrás de mim como um cão farejador. Sentia seu olhar em cima de mim.— Vocês sabem sobre meu relacionamento com Sebastian? — Pergunto.Bass dá de ombros.— Fomos os primeiros a saber. — Afirmou ele. — Disse que precisava de qualquer mulher para casar.Harry deu-lhe uma cotovelada na costela, Bass passou a mão no local fazendo careta.— Ai! — Reclamou ele.Faço um sinal com a mão.— Já passamos por isso. Sei o que ele quer de mim. — Asseguro. Minha voz fraqueja, porém, tinha que me manter rígida a todo custo.— Deve ter conseguido mais do que deveria. — Harry disse olhando para meu pescoço.— Sebastian morceguinho. — Bass zombou dando um tapa nas costas de Harry.Encolho os ombros balançando a cabeça.— Eles estão casados, esperava que fosse
Sebastian me arrastou até o carro, eu não sabia para onde estava indo, mas torcia para ser um lugar com mais pessoas ao redor.Antes de saímos ele fez algumas ligações, deveria estar liberando algum lugar para nós.Fomos o caminho inteiro em silêncio, percebi que ele olhava de relance para mim às vezes, mas não era com malícia, ele estava se divertindo em ver meu desespero querendo saber para aonde iríamos agora.Esperava que fôssemos fazer qualquer outra coisa na cidade, porém ele nos estacionou o carro em frente a uma casa de dois pisos. Ela era pequena, comparado à mansão e ficava de frente para o lago, o mesmo lago que tinha vista pela janela do meu quarto.O local inteiro era aberto, com flores, o céu parecia se abrir bem ali na margem daquele lago.Sebastian saiu do carro esperando que eu fosse fazer o mesmo, quando ele percebeu que eu não faria abriu a porta para mim e me puxou para fora.— Se me tirar do tédio significa me levar para outra casa, no meio do nada e me prender aqu
— Te machuquei? — Não. — Falo sorrindo, passando as mãos nos olhos. — Só que, você é a primeira amiga que eu tenho. Seus olhos brilham. — Você também. — Admitiu ela. Para quebrar o clima, joguei água no rosto dela mais uma vez e assim continuamos a brincadeira.Sentei no píer com as pernas cruzadas, joguei minha sandália o mais longe que pude, Amélia foi buscar.Olho para trás, Sebastian observava toda a cena pela porta, depois começa a caminhar na minha direção.Volto minha atenção para Amélia que ainda estava em busca da sandália.Ele agachou-se a minha altura com os braços apoiados nas pernas. — Está se divertindo? — Perguntou. — Sim, muito. Olhamos para Amélia que finalmente pegou a sandália e acenou para nós. — Você sumiu a tarde inteira. — Queria deixar vocês duas aproveitando. Tive que resolver alguns negócios. — Negócios... Ele suspira. — Negócios que não cabem a você. — Falou rígido. Ele tinha que estragar o momento de alguma forma. — Vamos um pouco mais tarde, Nat
Natacha chegou algumas horas depois, trazia uma expressão nada boa. Sebastian não quis demonstrar, mas estava triste, automaticamente fiquei mal por ele também.Viemos no caminho em silêncio, o que aconteceu mais cedo pareceu ter sido ofuscado pelo pai deles estar prestes a morrer, dando seus últimos suspiros de vida.Eu sabia que deveria ficar feliz, o até então inferno estaria acabando, segundo Sebastian, mas não era tão fabuloso quanto parecia.— Obrigada pelo hoje. — Digo.Ouço ele suspirar.— Sinto muito pelo seu pai.— Não tem que se preocupar com isso. — Vejo seu indicador batendo no volante.— Não deveria ficar tão na defensiva...— Esse assunto não é seu.Fiquei boquiaberta por alguns instantes, juntei meu queixo e apoiei a cabeça na mão olhando para o outro lado.Minha vontade era esmurrá-lo.— Você sempre faz isso, nunca quer tonar isso algo menos desagradável para mim! — Meus olhos ardem. — Hoje eu fiquei muito feliz, mas ter de voltar para aquela casa, ser tratada por voc