Harlow Dois risquinhos. Era minha vida sendo mudada totalmente por dois risquinhos em uma fita.— Já que sabemos que você está grávida e não vemos nenhum sinal de sangramento, recomendo que você vá amanhã até o hospital. Vamos fazer os exames necessários e tentar ver como anda essa gestação. Tem noção de quanto tempo está? — Eu não faço ideia. Eu nem sabia, só suspeitei ontem.— Tudo bem, vamos só fazer os exames, está bem? E se você for a delegacia, podemos cuidar disso também. Os hematomas serviram como provas. — Tudo bem.Eu precisava fazer isso, eu precisava denunciar aquele canalha desgraçado.Quando o médico saiu, a dona Victoria me esmagou em seus braços. Eu gemi com um pouco de dor.— Desculpa, querida, mas eu vou ser avó. Um neto. Isso é incrível. O Rush vai pular de alegria. — Sua felicidade se foi, quando ela notou meu desânimo. — Desculpe, eu não pensei. Mas querida, você vai contar para o Rush, não vai?Vou? Ele vai acreditar? Eu não vou aguentar o Rush dizer na minha
Harlow Eu nunca imaginei que o termo coração partido pudesse ser tão literal. O meu peito doía de verdade, como se meu coração realmente estivesse sendo partido ao meio.Eu não conseguia parar de chorar por mais que me esforçasse e só me levantei porque eu precisava ser forte pelo bebê, e também precisava ir à delegacia. Aquele miserável do Professor Miller não pode sair impune desse ataque.Quando contei para meus sogros o que aconteceu, eles ficaram horrorizados, mas o Sr. King reagiu de um jeito um tanto diferente quando falei o nome do professor. Ele ficou nervoso, o que não era habitual dele, e perguntou o nome do professor mais uma vez.Eu não gostava de segredos, mas parecia que minha vida estava rodeada deles. Eles me acompanharam até a delegacia. O Sr. King contratou um advogado para entrar comigo na sala do delegado, sinceramente eu não acho que era necessário, mas não quis debater. O advogado me instruiu sobre o que dizer e eu contei tudo em detalhes para o delegado. Fui
RushUMA SEMANA DEPOISEu me sinto quase morto.A cada dia que passa eu sinto que algo em mim morreu. O meu fígado com certeza já era. Eu não me lembro de um minuto que estive totalmente lúcido, e quando estive, eu pensei nela, chafurdei na dor e depois enchi a cara para esquecer.Eu bebi mais garrafas de uísque que um bêbado de rua e também cheiro como um. Achei que se os lençóis não fossem lavados, eles ainda cheirariam a ela e eu conseguiria dormir melhor. No começo até funcionou, mas depois comecei a acordar a noite em desespero buscando ela na cama e então os dias passaram e os lençóis começaram a pedir para serem trocados.Eu não estava exatamente tomando um banho por dia pelo menos, atualmente eu devo estar há três dias sem um banho. Não sei, os dias se passam diferentes quando você está bêbado pra caralho.Eu não trabalho há dias. Eu até tentei fazer isso de casa, mas porra, as letras e números deixam minha visão embaçada e não consigo me concentrar. Em todos esses anos, nem q
Romeu Eu não era um cara de me importar com muitas coisas. Eu era prático, ia direto ao ponto, mas depois de ver o meu irmão, porra, eu estava preocupado. Eu precisava tentar ajudá-lo, afinal, ele era meu único irmão.Ele se colocou nessa merda. Ele amava a Harlow, mas era teimoso igual uma mula. Ou melhor, teimoso igual ao nosso pai. Quando cheguei em casa, a mamãe estava no pé da escada que dava para o andar de cima. Ela andava de um lado para o outro, pisando com seu salto no chão de mármore. — Romeu — Ela veio até mim ofegante. Ela quem me mandou ir até o meu irmão. — Como ele está?— Péssimo. Parecendo um homem das cavernas, barbudo, magro e fedorento. O quarto está quebrado, mas a Lucy disse que ele não deixa limpar. E tem bem umas dez garrafas de uísque vazias pelo chão, o que significa que ele está bebendo a ponto de ter um coma alcoólico.— Meu Deus — minha mãe leva a mão à boca. — Eu preciso ir lá. — Não, mãe. Ele precisa ficar sozinho e aguentar o peso das merdas dele.
HarlowEstava deitada em uma maca aguardando a médica para um ultrassom. Já tinha feito os exames e confirmado o que eu já sabia, que estava realmente grávida. Até havia me acostumado com a ideia. Levei um tempo de choque e inércia, mas acho que é perfeitamente normal depois de tudo o que passei. Mas apesar das circunstâncias, um filho era uma benção, mesmo que ele não tenha um pai. Uma médica baixinha de jaleco entrou na sala, sorrindo. A Victoria apertou minha mão ao meu lado, ela estava sempre comigo agora e não sei o que faria sem ela. — Olá, senhora King. — A médica sorriu. — Como se sente?— Bem.— Vejo que esse é seu primeiro ultrassom. E esses remédios que você relatou que tomava, você parou?— Sim, desde que soube da gravidez.— Está bem, então vamos ver como anda sua gravidez. Como é a primeira ultrassom, vamos fazer pelo canal vaginal para ver melhor. Você vai sentir um incômodo, mas não dor, está bem?Assenti. Ela se sentou na minha frente me indicando para colocar os
RushAcordei com batidas fortes na minha porta. Sentei tão rápido na cama que minha cabeça girou. Estava tudo escuro no quarto. As cortinas fechadas me impediam de saber se era noite ou dia. Mais uma batida e dessa vez eu senti a vibração da porta de onde eu estava. O próximo passo seria um arrombamento.— Já vou! Vai derrubar a porra da porta mesmo? — falei, me arrastando para fora da cama.Não estava preparado para luz que entrou quando abri a porta, então protegi os meus olhos.— Mas que porra é essa, Rush? — era meu pai e ele estava furioso. Ele andou até a varanda, puxando a cortina com tanta força que a arrancou do varal. — Caramba, qual é o seu problema? Ele olhou em volta. Eu já tinha mandado limparem o estrago que fiz no quarto, mas ainda não estava como era e tinha metade de uma garrafa no pé de cama. Ele se aproximou, me olhando com tanta raiva que me encolhi.— Você vai falar o que veio fazer aqui ou vai ficar aí parado como um louco? O que meu pai fez a seguir, foi
RushMeu pai foi embora e eu fiquei com o peso da minha própria consciência. Iria ser difícil conviver com o que fiz e eu iria sofrer por um tempo, mas estava disposto a correr atrás. Eu iria recuperar a Harlow de qualquer forma.Eu amava aquela mulher a ponto de quase ter virado um mendigo. Olhando minha aparência no espelho, nem acreditei. Eu estava mais magro e a barba cresceu bastante em duas semanas, e a dor no meu estômago estava me enlouquecendo; resultado de só beber e não comer quase nada.Deixei a água quente lavar do meu corpo a sujeira dos últimos dias e tentar aliviar minha alma. Eu iria buscá-la, eu já tinha me convencido de que não conseguia viver sem ela, mas precisava de mais alguns dias. Até que meu veio me jogar um banho de água fria.Ela está grávida, vulnerável. Ela provavelmente já estava quando eu basicamente a expulsei de casa e a acusei. Meu Deus, o que eu fiz? Eu entendo se ela não me perdoar, mas eu vou implorar. Vou me rastejar se for preciso. Eu preciso
Harlow Segurei o caule da maldita rosa que me feriu com seu espinho com a tesoura de poda. Eu a arranquei de lá com apenas uma tesourada. A pobre rosa caiu desfalecida no chão. Eu a peguei. As rosas não tinham culpa por eu estar tão furiosa, ele tinha culpa.Quando ouvi o barulho do carro, eu travei. Eu ficava assim sempre que via um carro entrar na casa, eu sempre esperava que fosse ele. Mas desta vez o meu coração martelando no peito me fez ficar mais nervosa ainda. Estranhamente, eu conseguia sentir a presença dele em qualquer lugar.Quando me virei para olhar, perdi as forças momentaneamente.Era ele.Mais barbudo e mais bonito do que antes. Ele parecia mais magro ou talvez fosse a barba crescida que formou uma bela penugem em seu rosto bonito. Um homem pode ficar mais bonito só por causa de uma barba? Bom, parece que Rush King pode.Depois de duas semanas inteiras, ele estava aqui, na minha frente e eu não conseguia sequer me mexer.O Rush olhou para a tesoura em minha mão e tam