Capítulo 02

Pietro

O dia do meu casamento realmente chegou.

Eu sabia que chegaria, claro. Mas saber e sentir são coisas bem diferentes. E agora, de pé diante do espelho, com o terno impecável e o cabelo arrumado, tudo o que eu conseguia pensar era: como diabos eu vim parar aqui?

A resposta? Má decisão após má decisão.

Não é como se eu tivesse acordado um dia e pensado: "Ah, sabe o que seria uma boa ideia? Me envolver com a Bratva, brigar com meu irmão, tentar arruinar o casamento de outra mulher, e, no meio disso tudo, acabar casando com a única filha e princesinha da casa Luzhin. Irina Luzhin."

Foi mais uma sequência de caos. E, como sempre, eu fui o epicentro.

— Tá pronto, noivo? — A voz de Thomas me tira dos pensamentos.

Eu sabia que ele estava ali, porque o nosso pai me mataria se viesse no lugar dele. Na real, nosso pai nem queria olhar na minha cara desde o ocorrido com Donna. Eu sabia que ele ficaria furioso, mas não esperava... que ele me desse um gelo como esse.

Mamãe estava conversando com ele. “LIDANDO” com a situação. Mas eu sabia que pra ele, eu tinha fodido com tudo quando decidi desonrar a filha do Henry e sequer fui capaz de honrar um compromisso com ela.

Eu entendia o meu erro agora, e queria dizer isso pra ele, mas era meio tarde. Então, encarei o meu irmão. Ele entrou no quarto sem esperar resposta, como sempre faz. Seu olhar era metade diversão, metade decepção, um combo que ele reservou só pra mim desde que eu me lembro.

— Pronto é um conceito relativo. Mas estou vestido, se é isso que você quer saber.

— Ótimo. Porque não importa se você tá pronto ou não. Hoje, você vai dizer sim, Pietro. E vai sorrir enquanto faz isso.

— Obrigado pela motivação, coach.

Ele dá um sorriso ácido, jogando uma gravata extra em cima da cama.

— Não é motivação. É um lembrete. Você causou isso. Agora, aguente as consequências.

Thomas nunca perde a chance de me lembrar do estrago que causei. E, honestamente, eu não podia culpá-lo. Nosso relacionamento já estava desgastado antes dessa bagunça começar, mas agora? Eu praticamente dei o golpe final, e por mais que ele estivesse se divertindo, eu sabia que tinha uma parte dele com medo do quão “obediente” eu vinha sendo sobre o casamento.

— Você acha que ela vai olhar na minha cara hoje? — perguntei, ajustando a gravata no espelho.

— Irina? Talvez. Mas se olhar, vai ser pra deixar claro que ela prefere arrancar os olhos do que ser sua esposa.

— Sempre tão otimista.

— Só estou sendo realista. Você não conquistou essa mulher antes do casamento, e não vai ser o "sim" de hoje que vai mudar isso. Mas, quem sabe? Você tem um certo charme patético. Talvez funcione.

Eu sabia que ele estava certo. Desde que fiquei noivo de Irina, tentei, de todas as formas, criar algum tipo de conexão com ela. Conversas casuais? Ela cortava com uma frase seca. Gestos amigáveis? Ignorados. Elogios? Ela me olhava como se eu fosse um inseto inconveniente.

Tudo que eu conseguia pensar agora era: como vou fazer isso funcionar quando estivermos morando juntos?

Porque, por mais que isso fosse um casamento forçado, eu não queria que fosse um desastre completo.

E, se eu fosse honesto comigo mesmo, eu não queria que ela me odiasse para sempre. Eu entendia o porquê ela podia me odiar, só não queria que continuasse assim. Era cansativo. Desnecessário.

***

Na igreja, tudo parecia surreal.

Os convidados estavam lá, muitos deles rostos familiares, e o restante, a elite do mundo da máfia. O ambiente era grandioso, cheio de flores brancas e velas, o tipo de casamento que parecia saído de um filme.

Eu estava de pé no altar, tentando parecer relaxado enquanto, por dentro, sentia como se estivesse preso em um pesadelo.

Foi então que eu a vi.

Ela entrou pela porta, de braço dado com o pai, e por um momento, o mundo parou.

Ela estava deslumbrante. O vestido branco realçava cada detalhe dela, dos ombros delicados ao olhar penetrante que parecia uma arma.

E o que era mais impressionante — e aterrorizante — era a expressão dela. Não havia nenhum sorriso, nenhum traço de emoção. Ela parecia tão calma quanto uma tempestade prestes a estourar.

Quando nossos olhos se encontraram, senti um frio na espinha. Não era nervosismo. Era a certeza de que nada disso seria fácil.

Ela chegou ao altar e Ivan Luzhin entregou sua mão para mim, como se estivesse me entregando uma bomba-relógio.

— Cuide bem dela. Ou não cuidarei bem de você — ele murmurou, baixo o suficiente para que só eu ouvisse.

Engoli em seco, acenando.

— Pode deixar.

***

O juramento foi… estranho.

Eu segui o roteiro, dizendo "sim" no momento certo e tentando soar convincente. Mas, o tempo todo, eu podia sentir o olhar de Irina queimando em mim.

Quando foi a vez dela, sua voz foi firme, quase desafiadora.

— Sim.

Simples, direto, mas sem nenhuma emoção.

Quando o padre anunciou que podíamos nos beijar, me virei para ela, hesitante. Irina olhou para mim como quem diz: "Você tenta e eu te mato."

Eu optei por um beijo rápido, formal, mal tocando seus lábios.

Depois disso, tudo foi um borrão. Cumprimentos, fotos, olhares de julgamento. Mas, o que ficou gravado em mim foi a expressão de Irina. Ela não estava feliz. Não estava furiosa. Ela estava... indiferente.

E essa indiferença era pior do que qualquer coisa.

Enquanto saíamos da igreja, ela ao meu lado, eu só conseguia pensar: como vou dobrá-la?

Não importa o que fosse preciso — charme, paciência, sedução —, eu ia dar um jeito.

Porque, no fundo, por mais que fosse difícil admitir, Irina Luzhin tinha algo que eu queria. Algo que, pela primeira vez, parecia mais importante do que salvar minha própria pele.

Eu só precisava descobrir como chegar lá.

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