Layla Acordei com o som dos pássaros cantando do lado de fora da janela, mas o meu coração estava longe de sentir a leveza daquela manhã. A luz do sol entrava por entre as cortinas de seda, iluminando o quarto que não era meu. A cama era macia, os lençóis cheiravam a lavanda e algo mais… algo que eu não conseguia identificar, mas que me fazia lembrar dele. Oliver.Meu corpo doía, não de uma forma violenta, mas de uma maneira que me lembrava cada toque, cada beijo, cada suspiro que havia compartilhado com ele na noite anterior. Eu me sentia dividida entre o arrependimento e uma estranha sensação de realização. Oliver Blackwood, o filho do duque, o homem que eu deveria odiar, havia me conquistado de uma forma que eu nunca imaginei possível.— Layla — sussurrou uma voz rouca ao meu lado.Virei a cabeça e lá estava ele, deitado ao meu lado, com os cabelos desalinhados e um sorriso que parecia ter saído diretamente de um sonho. Seus olhos claros me fitavam com uma intensidade que me fez s
Oliver Blackwood Aiden se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Primeiro, você precisa entender que isso não vai ser fácil. Sua família, especialmente seu pai, não vai aceitar Layla de braços abertos. Eles vão ver isso como uma afronta, uma mancha na honra dos Blackwood.— Eu sei — respondi, sentindo um nó se formar no meu estômago. — Mas eu não posso simplesmente abandonar Layla. Ela não é apenas uma cortesã, Aiden. Ela é… ela é tudo para mim.Aiden olhou para mim por um momento, e então assentiu. — Então, você vai precisar de uma estratégia. Algo que mostre ao seu pai que você está falando sério, que isso não é apenas uma paixão passageira.— Como? — perguntei, sentindo-me desesperado. — Meu pai nunca vai entender. Ele só vê o mundo em termos de status e poder.— Talvez não — Aiden concordou. — Mas ele é um homem prático. Se você puder mostrar a ele que Layla não é uma ameaça à nossa família, que ela pode até ser uma aliada, ele pode reconsiderar.— Como ela po
O outono chegou a Londres, trazendo consigo um ar frio e cortante que parecia refletir o estado do meu coração. As folhas douradas caíam dos árvores, espalhando-se pelas ruas como lembretes de que o tempo estava passando. E eu sabia que não poderia esperar mais. A batalha pela aceitação de Layla estava chegando ao seu clímax, e eu precisava estar preparado para o que estava por vir.Aiden e eu estávamos no clube, discutindo os últimos detalhes do nosso plano. Lady Ashworth havia se tornado uma aliada inesperada, mas ainda havia muitas pessoas influentes que precisávamos conquistar. E, acima de tudo, havia meu pai. Collin Blackwood, o duque, um homem que valorizava a tradição e o status acima de tudo.— Oliver — Aiden começou, olhando para mim com seriedade. — Você sabe que isso não vai ser fácil. Seu pai não vai ceder sem lutar.— Eu sei — respondi, sentindo o peso das palavras. — Mas eu não tenho escolha. Eu preciso fazer isso por Layla.Aiden assentiu, entendendo a determinação no m
O outono avançava lentamente em Londres, tingindo as árvores com tons dourados e avermelhados. O vento frio soprava pelas ruas, trazendo consigo a sensação de mudança. Para Oliver Blackwood, essa mudança era mais do que apenas uma estação: era o início de uma nova vida ao lado de Layla.A conversa com seu pai ainda ecoava em sua mente. Ele havia conseguido uma chance, mas sabia que cada passo dali em diante seria crucial. Seu coração, no entanto, não vacilava. Ele estava decidido a provar que seu amor por Layla era forte o suficiente para enfrentar qualquer desafio.Oliver passou dias planejando o momento perfeito. Ele queria que Layla soubesse que aquilo não era apenas uma decisão para provar algo à sociedade ou à sua família. Era amor verdadeiro.Naquela noite, ele a levou para um passeio pelos jardins da propriedade Blackwood, onde lanternas iluminavam delicadamente o caminho. Layla, envolta em um xale para se proteger do frio, observava as folhas caindo suavemente.— Está tudo tão
Sophie Al-FayezA luz filtrava-se pela grande janela do salão, criando padrões dourados no chão de mármore polido. O aroma de chá de hortelã e pétalas de rosas perfumava o ambiente, misturando-se ao som abafado das conversas femininas que ecoavam à distância. Minhas irmãs, lindas e sempre risonhas, preparavam-se para mais uma tarde de visitas.Sentada em um canto discreto, puxei a agulha com cuidado, guiando o fio de seda pelo delicado tecido em minhas mãos. Bordar era uma das poucas tarefas em que eu ainda conseguia me destacar. Embora minha visão não fosse nítida, eu sabia sentir a textura e os contornos, confiando mais nas mãos do que nos olhos.– Sophie, querida, você deveria vir conosco hoje – sugeriu Yasmina, minha irmã mais jovem, ajeitando um broche no vestido creme. – Mamãe sempre diz que precisamos nos exibir, ou nunca encontraremos um bom pretendente.Se ela notou a ironia no próprio comentário, disfarçou bem. A verdade, no entanto, era óbvia: enquanto Yasmina e as outras e
Collin BlackwoodO estalo das rodas da carruagem contra as pedras da estrada era um som monótono, mas reconfortante. Para alguns, poderia ser um lembrete da vida seguindo seu curso. Para mim, era apenas mais um ruído no silêncio constante que minha mente parecia impor. As cicatrizes em meu rosto ardiam levemente, uma lembrança constante da explosão que quase tirou minha vida durante a guerra."Herói de Bath", era como alguns insistiam em me chamar. Um título vazio que apenas mascarava a verdade: eu era um homem partido, tanto física quanto emocionalmente. As queimaduras não apenas desfiguraram meu rosto, mas também enterraram qualquer chance de viver uma vida normal.Agora, eu precisava de uma esposa.Era um pensamento amargo, mas inevitável. Sem um herdeiro, meu título e terras poderiam ser contestados, e eu não suportava a ideia de que tudo pelo qual minha família lutou fosse perdido. Assim, permiti que meu fiel amigo e conselheiro, Richard, organizasse um jantar naquela noite, conv
Sophie Al-FayezDesde a visita de Collin Blackwood, havia uma inquietação em minha mente, algo que eu não conseguia afastar, mesmo enquanto cuidava das tarefas do dia. Minha família parecia ainda mais animada do que o normal, como se a simples presença do conde tivesse iluminado a atmosfera da casa.Minhas irmãs, em particular, não paravam de comentar sobre ele.– Você viu como ele olhou para mim, Yasmin? – comentou Amal enquanto ajustava um broche de pérolas na gola do vestido.– Ele mal te olhou, Amal. Estava ocupado demais admirando minha nova pulseira – rebateu Yasmin, fazendo todas as outras rirem.Elas eram lindas, minhas irmãs, com seus traços finos e personalidades vibrantes. Eu as amava, mas não podia deixar de sentir que havia uma linha invisível que me separava delas. Não era apenas minha visão limitada que me fazia diferente, mas também o modo como eu enxergava o mundo.Enquanto elas sonhavam com romances grandiosos e vestidos luxuosos, eu me contentava com a simplicidade
Collin BlackwoodOs dias que se seguiram ao aceite de Sophie foram um turbilhão de preparativos. Não para o casamento em si – isso seria uma cerimônia modesta, dada a natureza pragmática de nossa união –, mas para ajustar minha vida à ideia de ter uma esposa.Desde meu retorno da guerra, minha casa havia se tornado um reflexo de mim: sombria, silenciosa e funcional. Não havia flores no jardim, nem risadas ecoando pelos corredores. E agora, em poucos dias, eu teria alguém ao meu lado, alguém com quem dividir esses espaços vazios.Meu administrador, Thomas, entrou no escritório com um monte de papéis.– Precisamos revisar os contratos para a união – disse ele, colocando os documentos sobre a mesa.– Contratos? – perguntei, arqueando uma sobrancelha.– Sim, senhor. É necessário estabelecer os termos. Especialmente porque a senhorita Al-Fayez vem de uma família mercante influente.Suspirei, esfregando o rosto.– Eu não quero que este casamento se torne uma transação comercial.Thomas me o