Atônita. Pela primeira vez desde que nasceu, Gabriela estava sem palavras. O irmão havia beijado realmente Catherine em sua frente. Os dois pareciam ter uma relação inegável e ela começava imaginar ser este o motivo pelo qual as sobrinhas adoravam a companhia da mulher. Em sua mente, Gaby já presumia que o irmão estava em uma relação a tempos. Também presumindo que se estivesse certa Jonathan jamais a confirmaria de primeira, Gabriela optou por guardar os esforços interrogativos e como um velho ditado diz "dar tempo ao tempo". — Tempo uma ova! — Disse a si mesma, após cinco minutos observando a interação entre o irmão e a "cunhada". Ignorando o surto da irmã ao seu lado, o CEO se focou na filha nos braços de Catherine. — Por que ela chora tanto? — Bem, pelos puxões que ganhei, aposto que ela está com fome. — Cat falou chutando de forma certeira. — Gabriela, onde está o carrinho e a mala da Cloe? — Jonathan voltou-se para a irmã, quem se encontrava sentada na poltrona ao
[ Sábado, vinte e oito de maio ] Esperando-a no altar estava ele, vestindo um terno sob medida que a fez duvidar se a quem enxergava era mesmo Jonathan Cohen ou o anjo Lúcifer. O CEO não estava somente de cair o queixo, mas também personificava a tentação. Quem também não se deixava para menos era Catherine, que jazia deslumbrante em seu vestido de noiva fabricado por uma das mais exclusivas marcas de Madrid, cortesia de seu sogro que apesar de em um primeiro momento não ter a aceitado muito bem, logo se descobriu um homem muito amável. Como ensaiado pela organizadora de eventos, a noiva caminhou vagarosamente até o altar, sendo em seguida acolhida por Jonathan, quem se encontrava mil vezes mais a flor da pele do que ela. — Está com frio? — Catherine o perguntou diante da tremedeira notável. — Estou bem. — Disse ele, aparentando exatamente o oposto da afirmação. O sermão do juiz de paz juntamente do restante da cerimônia levou mais de uma hora em ser concluído, o que torna
[ De volta há duas semanas antes ] — Eu adoraria apresentá-la a vocês, mas como podem notar, Cat não se sente muito bem. — Jonathan disse, ato seguido, depositando um beijo no topo da cabeça de Catherine. Se retirando da sala de estar, ele partiu para as escadarias, que no segundo andar davam de frente para a porta de seu quarto. A casa castelar que mais se parecia verdadeiramente a um castelo do que propriamente dito uma casa, possuía mais de doze quartos distribuídos pelo segundo e terceiro andar, entretanto, o CEO já presumia que seu pai notaria desde o primeiro instante cada detalhe entre ele e sua nova relação e por este motivo, o mais inteligente a se fazer era levá-la ao seu quarto. Gabriela, a mais velha dos gêmeos, nascida alguns segundos antes de seu irmão mais novo, era conhecida por ser a espiã do papai. E se bem queria que a situação não se finalizasse em uma batalha sangrenta, ele deveria ser calculista com cada um de seus passos, pois ela estaria sempre a espr
— Sabe, não é da minha conta. — Concluiu a governanta, optando por não saber. — Só espero que desta vez se casem por amor e não como da primeira vez, porque achou ser sua obrigação. A mulher mais velha se retirou do cômodo, fechando a porta do quarto após sair. No banheiro, Jonathan mal conseguia olhar para o rosto da mulher amamentando sua filha e só o fez quando ela o dirigiu a palavra. — Pode pegar uma toalha, quero sair da banheira. — Claro. — Ele se virou, puxando um roupão atrás de si. Dormindo junto do seio de Catherine, a filha parecia um anjinho descansando. — Não precisamos acordá-la, me ajude a ficar de pé. — Cat o pediu. Jogando o roupão de banho sobre os ombros, ele a apoiou para estar de pé dentro da banheira. Ao conseguir, a cobriu com a veste e guiou-a para fora, a amparando pelos cotovelos. Sentando-se a cama, ela observou Jonathan procurando por toalhas em seu closet e encontrando ele voltou-se para ela, secando seus cabelos. Não era normal que a
[ Mansão Cohen, quatro e quarenta ] O som da campainha do interfone a aquelas horas da madrugada, fez com que Adom, o guarda, despertasse da sua soneca leve e olhasse assustado para as câmeras de segurança. — Destrancarei o portão para a senhora. — Avisou mais do que de pressa, querendo mostrar-se um bom empregado para sua futura patroa. Sendo o colega de Lúcia há anos, desde quando começaram a prestar serviços para a família Cohen, o guarda e a governanta contavam-se as notícias diárias dentro e fora da mansão. No café da tarde do dia anterior, ela o contou sobre a relação da jovem Ashton com Jonathan, o filho mais velho do Sr. Jorge. Era bom estar atualizado no assunto, sabia que aquelas horas da madrugada pai e filho estavam discutindo o ocorrido daquela tarde e ligar para solicitar a entrada de alguém seria um motivo para que no calor da raiva o despedissem. Por ser a futura Sra. Cohen, Adom acreditou não ter problema deixá-la passar sem prévio aviso e talvez isso até m
— Meu filho e eu não conversamos quase nada sobre a vida um do outro, desde que ele voltou da Suíça. — Começou Jorge. — Então, faz muito mais tempo que vocês estão juntos? — Não, o conheci quando ele chegou ao país. — Então Cloe não é minha neta de sangue? — Claro que sim, senhor. Como não seria? — Ela afirmou, não entendendo que pensamentos vieram à mente do velho. — Mas está dizendo que não o conheceu antes de chegar ao país. Como foi que engravidou do meu filho? — Ele a perguntou confuso. Percebendo o equívoco, Catherine entendeu finalmente o nó que fazia na cabeça de Lúcia e Jorge. — Eu não sou a mãe biológica de Cloe. Na verdade, há algum tempo perdi minha filha após o parto e desde então venho doando para o banco de leite. Aconteceu do universo me colocar de encontro com Jonathan e devido a algumas situações acabei amamentando sua neta umas que outras vezes. — Ela explicou sucintamente, até que Jonathan surgiu na sala. — Isto é sanduíche de patê de frango? — Por que?
Eles não conversaram por dias sobre o assunto, sempre havia algo acontecendo para deixarem de lado as regras do acordo. Os poucos dias em que estiveram juntos, eram basicamente tratativas de negócios da empresa ou almoço com a família. Jorge estava mais ansioso para que Catherine se mudasse depois de se casar do que o próprio noivo e por este motivo mal se falavam fora dos olhares da família Cohen. A conversa no quarto estava sendo a primeira vez em que tocavam no assunto. E sendo sincero, ele até mesmo já se tinha feito a ideia de que seria pai pela quarta vez. Não entendia a decisão de Catherine, sendo tão nova. Mas mãe são mães, sem importar idade ou condição e ao que parecia, ela queria mesmo ser a mãe que não teve a chance de ser para sua primeira filha. O problema estava em que depois de tanta preparação psicológica e simulações na mente para convencer ela de que ele também teria sua participação na vida da criança, Cat simplesmente o anunciava que desejava ser mãe so
— Pode esfregar minhas costas? — Ei, isso é um casamento de fachada, senhor, não acha que está se aproveitando? — Rebateu ela, o encarando de braços cruzados. — Posso esfregar as suas em troca. — Fechado. — Concordou rindo, e em seguida pegando a esponja. O banho não perdurou por mais do que vinte minutos, além do mais, a criança já estava procurando pelo seio e quando o pai a entregou deitada no colo da mulher, bastou um virar de cabeça para que ela encontrasse com o bico e o agarrasse. — Essa mimada não tem limites. — Não fale assim dela, é uma situação de ganhar e ganhar. — Disse Catherine, defendendo a pequena. — Ela ganha uma alimentação nutritiva e eu me livro da dor incômoda e dos seios inchados. Jonathan riu assentindo. De fato era estranho se sentir tão à vontade perto dela, mas parecia ser mais fácil a cada segundo. Bem como, naquele momento, era inevitável não compará-la a Pâmela. Quando Agnês era apenas um bebê, a mãe jamais se importou em participar em