— Sabe, não é da minha conta. — Concluiu a governanta, optando por não saber. — Só espero que desta vez se casem por amor e não como da primeira vez, porque achou ser sua obrigação. A mulher mais velha se retirou do cômodo, fechando a porta do quarto após sair. No banheiro, Jonathan mal conseguia olhar para o rosto da mulher amamentando sua filha e só o fez quando ela o dirigiu a palavra. — Pode pegar uma toalha, quero sair da banheira. — Claro. — Ele se virou, puxando um roupão atrás de si. Dormindo junto do seio de Catherine, a filha parecia um anjinho descansando. — Não precisamos acordá-la, me ajude a ficar de pé. — Cat o pediu. Jogando o roupão de banho sobre os ombros, ele a apoiou para estar de pé dentro da banheira. Ao conseguir, a cobriu com a veste e guiou-a para fora, a amparando pelos cotovelos. Sentando-se a cama, ela observou Jonathan procurando por toalhas em seu closet e encontrando ele voltou-se para ela, secando seus cabelos. Não era normal que a
[ Mansão Cohen, quatro e quarenta ] O som da campainha do interfone a aquelas horas da madrugada, fez com que Adom, o guarda, despertasse da sua soneca leve e olhasse assustado para as câmeras de segurança. — Destrancarei o portão para a senhora. — Avisou mais do que de pressa, querendo mostrar-se um bom empregado para sua futura patroa. Sendo o colega de Lúcia há anos, desde quando começaram a prestar serviços para a família Cohen, o guarda e a governanta contavam-se as notícias diárias dentro e fora da mansão. No café da tarde do dia anterior, ela o contou sobre a relação da jovem Ashton com Jonathan, o filho mais velho do Sr. Jorge. Era bom estar atualizado no assunto, sabia que aquelas horas da madrugada pai e filho estavam discutindo o ocorrido daquela tarde e ligar para solicitar a entrada de alguém seria um motivo para que no calor da raiva o despedissem. Por ser a futura Sra. Cohen, Adom acreditou não ter problema deixá-la passar sem prévio aviso e talvez isso até m
— Meu filho e eu não conversamos quase nada sobre a vida um do outro, desde que ele voltou da Suíça. — Começou Jorge. — Então, faz muito mais tempo que vocês estão juntos? — Não, o conheci quando ele chegou ao país. — Então Cloe não é minha neta de sangue? — Claro que sim, senhor. Como não seria? — Ela afirmou, não entendendo que pensamentos vieram à mente do velho. — Mas está dizendo que não o conheceu antes de chegar ao país. Como foi que engravidou do meu filho? — Ele a perguntou confuso. Percebendo o equívoco, Catherine entendeu finalmente o nó que fazia na cabeça de Lúcia e Jorge. — Eu não sou a mãe biológica de Cloe. Na verdade, há algum tempo perdi minha filha após o parto e desde então venho doando para o banco de leite. Aconteceu do universo me colocar de encontro com Jonathan e devido a algumas situações acabei amamentando sua neta umas que outras vezes. — Ela explicou sucintamente, até que Jonathan surgiu na sala. — Isto é sanduíche de patê de frango? — Por que?
Eles não conversaram por dias sobre o assunto, sempre havia algo acontecendo para deixarem de lado as regras do acordo. Os poucos dias em que estiveram juntos, eram basicamente tratativas de negócios da empresa ou almoço com a família. Jorge estava mais ansioso para que Catherine se mudasse depois de se casar do que o próprio noivo e por este motivo mal se falavam fora dos olhares da família Cohen. A conversa no quarto estava sendo a primeira vez em que tocavam no assunto. E sendo sincero, ele até mesmo já se tinha feito a ideia de que seria pai pela quarta vez. Não entendia a decisão de Catherine, sendo tão nova. Mas mãe são mães, sem importar idade ou condição e ao que parecia, ela queria mesmo ser a mãe que não teve a chance de ser para sua primeira filha. O problema estava em que depois de tanta preparação psicológica e simulações na mente para convencer ela de que ele também teria sua participação na vida da criança, Cat simplesmente o anunciava que desejava ser mãe so
— Pode esfregar minhas costas? — Ei, isso é um casamento de fachada, senhor, não acha que está se aproveitando? — Rebateu ela, o encarando de braços cruzados. — Posso esfregar as suas em troca. — Fechado. — Concordou rindo, e em seguida pegando a esponja. O banho não perdurou por mais do que vinte minutos, além do mais, a criança já estava procurando pelo seio e quando o pai a entregou deitada no colo da mulher, bastou um virar de cabeça para que ela encontrasse com o bico e o agarrasse. — Essa mimada não tem limites. — Não fale assim dela, é uma situação de ganhar e ganhar. — Disse Catherine, defendendo a pequena. — Ela ganha uma alimentação nutritiva e eu me livro da dor incômoda e dos seios inchados. Jonathan riu assentindo. De fato era estranho se sentir tão à vontade perto dela, mas parecia ser mais fácil a cada segundo. Bem como, naquele momento, era inevitável não compará-la a Pâmela. Quando Agnês era apenas um bebê, a mãe jamais se importou em participar em
— Está me dizendo que ele apareceu bêbado enquanto ela embalava a mudança? — Sim. — William confirmava a informação. — Além disso senhor, o homem ameaçou a srta. Cloe e disse que voltaria para tirá-la da sua esposa. — Bom trabalho William. — O elogiava Jonathan. — Quando ela quiser sair de casa a acompanhe, mesmo que Catherine diga não. Seu trabalho de agora em diante é protegê-la do imbécil e se encontrá-lo de novo, faça-o se arrepender de ter tentado tocá-la. — Entendido. Terminando o relatório ao chefe, o chofer/ segurança se retirou, deixando Jonathan com uma expressão pensativa plantada na face. E então, pegando o telefone no bolso da calça, pesquisou na lista de contatos por seu conhecido investigador privado. — Roger? — Tomou seu tempo comprimentando-o. — Preciso que investigue um homem envolvido com minha esposa há uns meses atrás. [ Trinta de maio, segunda-feira ] Voltar ao trabalho não foi fácil, naquele dia em questão, Beatriz não havia acordado bem, parecia
Sentando-se no sofá de couro marrom, ela permaneceu muda. Jonathan parecia responder a muitas mensagens no telefone, e ainda sim, carregava a filha nos braços. Inquieta no colo do pai, Cloe bateu a mão no smartphone e o atirou duramente contra o piso. Após respirar profundamente, ele a entregou para esposa, quem com toda certeza poderia acalmar a criança sem nenhum esforço.— Oi, meu amor… — Disse Cat ao recolher os braços, depois de aceitá-la. Sentia falta de tê-la consigo, mesmo que apenas poucas horas tivessem se passado, para ela era como se tivessem lhe arrancado uma parte sua. Não em um sentido doloroso da coisa, mas não era a mesma com Cloe longe. Estava também ansiosa para ir pra casa e ver ambas as meninas que haviam permanecido com Lúcia. Queria saber como estava Beatriz, e questionar a Agnês como tinha sido seu dia. Tratou de guardar o sentimento para si, tinha medo de estar mesmo próxima demais das crianças, mas possuía ainda mais medo de que Jonathan a mal inte
[ Uma semana mais tarde ] Os dias em casa pareciam não passar aos olhos de Catherine, em compensação a preguiça, pela primeira vez, estava de acordo com seu nível de vida. Tudo em relação ao trabalho estava sendo resolvido por videochamadas que caiam como uma luva, pois ela nunca gostou de ter de se vestir bem para o cargo que ocupava e agora tinha a chance de estar de pijama na cama enquanto acertava detalhes importantes com sua equipe. Mesmo sem entender muito, Jonathan a achava extremamente capaz para o posto que ocupava e sem dúvidas, podia se orgulhar de dizer que sua esposa era produtora. Por uma semana não houve fotos, comentários em tablóides ou nas redes sociais. O casal tinha deixado de ser a manchete da capital como ele previra. Obviamente tinha se precavido aumentando os limites do contrato de sigilo que os empregados assinavam. Nada mais vazou do fórum de fofocas dos funcionários, as informações privadas da família também haviam sido vigiadas ou apagadas por Rog