Convidei Mila e Becky para irem em minha casa para tomar um café conosco, Mila não pensou duas vezes e aceitou na hora, papai ficou muito feliz ao vê-la, pois ele sempre soube da nossa amizade. Uns dois meses depois que eu fui adotada, pedi para meu pai me levar ao abrigo para visitar meus amigos, mas Mila já não estava, por um lado fiquei muito feliz quando soube que ela havia sido adotada, mas por outro, havia ficado triste por pensar que nunca mais a veria, ainda bem que esse mundo é pequeno e que conseguimos nos reencontrar.
Mel, Guille e Becky não pararam de brincar um momento sequer, a filhinha de Mila havia se dado muito bem com a minha pitoca e o meu irmãozinho, legal como criança faz amizades tão rápido, ah, era tão legal ver os três brincando juntos.
- E o que você faz da vida? - Me pergunta Mila.
- Dou aula de espanhol para os anos finais e também sou professora do quarto ano. - Respondo. - E você?
- Que legal, Kim! - Diz Mila. - Ah, eu sou veterinária, com a ajuda dos meus pais adotivos, eu consegui construir minha própria clínica.
- Uau! Que demais! - Falo.
- Mais ou menos, pois muitas vezes chegam animais de rua que foram extremamente maltratados, aí eu cuido deles, e depois o que faço? Fico com eles. Ao todo, já temos 8 cachorros, 7 gatos e 3 galinhas, que eram de um sítio, mas o dono se mudou e as deixou, aí ficamos com elas.
Jesus! Era muito bicho, eu sou apaixonada pelos animais, eu adoraria ter pelo menos um bichinho, mas Lucas não gosta de animais, só que acho que eu não conseguiria ter a quantidade que a Mila tem, e galinha seria um bicho que eu jamais teria, pois uma vez eu dormi na casa de uma amiga no interior da cidade, e na casa ao lado tinha um rapaz que tinha duas galinhas, era 5, 6 da madrugada, eu tentando dormir e quem disse que eu conseguia? Aqueles bichos não paravam de cacarejar, e como estávamos em uma galera, umas 10 pessoas no total, ficamos conversando e fazendo alguns jogos até umas 3h, ou seja, quase não dormi nessa noite, a partir desse dia passei a não gostar mais de galinhas, pelo menos, nã perto de mim.
Mila jantou conosco e depois ela e Becky foram embora, mas prometemos que manteríamos contato, trocamos whats e f******k, não queria mais perder a amizade dela. Ah, estava tão feliz de a ter encontrado depois de tantos anos.
Mel e eu tomamos banho e depois nos arrumamos para dormir. Como na casa só tinha dois quartos (um do papai e da Sabrina e outro dos meninos), Mel e eu teríamos que dormir na sala, mas para mim isso não era problema, preferia mil vezes dormir em um chão do que ao lado de um homem que não me cuida, não me respeita e não me trata como sua mulher, as vezes acho que moro com um estranho, que não conheço meu próprio marido. Não, não somos casados no papel, mas como moramos juntos, somos praticamente marido e mulher.
- Kim, você e a Mel podem dormir no nosso quarto, o Guille e eu dormimos na sala. - Falou Joca.
- Joca, nós já conversamos sobre isso, e o que eu te disse? Que eu só viria aqui novamente se eu não tirasse vocês do seu quarto, não é justo vocês dormirem na sala cada vez que a Mel e eu viemos pra cá.
- Kim, eu faço questão, você é minha irmãzinha e a Mel minha sobrinha, fora que vocês são mulheres e merecem conforto. Então, não se fala mais no assunto, sempre que vocês vierem aqui, vocês dormirão no meu quarto.
- Te amo, sabia? - Digo sem conter um leve sorriso.
- Sabia. - Brinca Joaquim.
Dou um beijo no rosto dele, e depois Mel e eu vamos para o quarto.
Joca era um garoto muito sangue bom, meio mulherengo, como ele diz ''ele só perdoa eu e a mãe dele'', uma vez ele me contou que já ficou até com algumas primas, sempre foi bem namorador, mas a minha maior surpresa foi quando ele estava com 18 anos e me contou que havia perdido a virgindade, fiquei tipo ''what?'', para mim, ele não era mais virgem há muito tempo, do jeito que ele é, pensei que ele havia perdido com uns 14, 15 anos, me surpreendi bastante quando ele fez essa revelação. Mas Joca fazia o estilo mulherengo fofo, ele não ficava com mais de uma garota ao mesmo tempo, e sempre tratava bem a menina que ele estava, dava até flores e chocolate, achava legal da parte dele.
No quarto tinha duas camas, uma do Joca e outra do Guille, mas Mel e eu resolvemos dormir juntas, pois fazia muito tempo que não fazíamos isso.
- Tá gostando da nossa viagem? - Pergunto.
- Tô amando, mamãe.
Ah, Lucas havia me ligado algumas inúmeras vezes, mas resolvi não atender, queria descansar dele, apenas mandava mensagens dizendo ''agora não posso, depois te ligo'', e assim que Mel dormiu, resolvi ligar pra ele, pois conhecendo - o bem, se eu não ligasse, não dúvido que no dia seguinte ele não estivesse batendo na porta da casa do meu pai atrás de mim, dele eu não duvido nada.
- Como vocês estão, meu amor? - Pergunta Lucas.
- Estamos ótimas. - Respondo.
- Que bom! Já estou morrendo de saudade.
Lucas com saudade da gente? Até parece. Bom, da Mel é bem provável de que ele estivesse mesmo, mas de mim eu duvido, a não ser que fosse saudade de me bater, aí até poderia ser.
No dia seguinte, fomos todos a um parque aquático, Mila e Becky também foram, nos divertimos tanto, quanto tempo que eu não me divertia assim, pois Lucas não gostava desses passeios, ele dizia que era perda de tempo, e quando saíamos era sempre para comer fora, nunca fazíamos nada de diferente.
Ah, era tão bom ver a alegria estampada no rosto da minha filha, estávamos todos felizes, se divertindo. Andamos em vários tobogãs, eu andei nos de adulto com Joca, papai e Sabrina e também nos infantis com a Mel. Foi um dia e tanto, chegamos lá de manhã e saímos só quando o parque fechou, quisemos aproveitar ao máximo.
- Hoje foi o melhor dia da minha vida toda! - Falou Mel ao chegarmos em casa.
- O meu também. - Disse Guille.
Assim que entramos em casa, uma guerra se iniciou por conta do chuveiro, todo mundo queria tomar banho. Mel e eu tomamos banho juntas, como de costume, e depois Joca tomou com Guille, em seguida foi a vez da Sabrina e por último papai. Ah, meu pai… Como queria ficar pra sempre com ele, mesmo sabendo que isso não é possível.
- E como estão as coisas entre você e o Lucas? - Questiona meu pai.
- Estamos bem. - Minto.
Não gostava de mentir e papai sempre me ensinou que não devemos contar mentiras, mas eu não podia falar a verdade.
- Sinto falta de você aqui, baixinha. - Diz ao me abraçar.
- Também sinto. - Falo ao retribuir o abraço.
Queria poder ficar para sempre naquele abraço.
E de repente, quando eu menos percebi, havia chegado o dia de voltar pra casa, acho que Mel também queria ficar, mas infelizmente não podíamos, ela tinha escola, e eu tinha os meus trabalhos, fora que ainda tinha o Lucas. Papai e Joca nos levaram até o aeroporto, nos despedimos dele e fomos em direção onde estava o avião, não quisemos ir de carro, pois seria mais de 5h de viagem, e eu não gosto de ficar tanto tempo na estrada, ainda mais com a Melzinha junto.
Mel e eu nos sentamos nas poltronas. Eu a abracei e ela deitou a cabeça em meu ombro. Ninguém disse nada. Acho que estávamos sentindo a mesma coisa. Tento conter as lágrimas que querem cair, não queria que a minha filha me visse chorando. Mel dormiu durante a viagem e eu só rezava o caminho todo para que Lucas mudasse, para que a gente chegasse lá e ele estivesse diferente, uma nova pessoa, eu sabia que isso não aconteceria, mas eu gostava de imaginar de que seria possível ele mudar.
Assim que chegamos em casa, Lucas foi correndo até a gente e me deu um beijão de cinema. A gente termina de se beijar e eu olho surpresa para ele, não esperava essa recepção, pelo contrário, pensei que ele fosse me receber com gritos e xingamentos como era de costume.- Já deu? - Pergunta Mel com as mãos cobrindo os olhos.- Já, meu amor. - Digo.Ela tira as mãos dos olhos. Lucas e eu ficamos nos olhando, eu estava sem reação. Ele sorri e eu faço o mesmo.- Hey, eu também estou aqui. - Diz Mel para Lucas.- Oi, desculpa meu amor. - Fala Lucas ao pegar Mel no colo.Sabe, eu estava reparando que ultimamente Lucas estava bem mais carinhoso e mais presente com a nossa filha, ele não era assim antes, estava demonstrando mais que a ama, e isso me deixa tão feliz, se bem que a Melzinha é um encanto de criança, não tem
Coloquei Mel na cadeirinha do meu carro, e assim que ela entrou, já foi logo me perguntando:- Quem é, mamãe?- Essa é a Roberta, minha aluna, ela ficará uns dias em nossa casa. - Respondo.- Por quê?- Porque a mãe dela está viajando.- E o pai dela? - Pergunta Melanie.- Meu pai morreu quando eu tinha mais ou menos a sua idade. - Fala Roberta tristemente.- Ah… - Diz Mel cabisbaixa. - Pausa. - Você gosta de brincar de boneca?- Gosto. - Responde Roberta.- Legal, eu tenho várias bonecas, você pode brincar com todas, se quiser. - Fala minha filha.- Tá bem.Observei as duas pelo retrovisor do carro, e dei um leve sorriso. Achei que Mel pudesse ter um pouco de ciúmes, já que além do Guille, eu não costumava conviver com outras crianças na presença da minha filha, mas para minha s
Mel e Roberta estavam se dando muito bem, estavam super amigas, eram quase irmãs, ficava tão feliz em vê-las juntas.Uns quatro dias depois, a mãe da Roberta voltou de viagem, nós não tivemos como conversar com ela antes disso porque ela estava em outro país e também não quisemos atrapalhar a viagem. Quando ela chegou, foi direto à escola, pois chegou na sua casa e não encontrou ninguém.A diretora conversou com a dona Carla, mãe da Roberta e explicou a situação. Eu estava presente na diretoria nesse momento, pois como eu estava cuidando da menina, dona Carmem achou bom eu estar junto. Assim que a Carla soube do ocorrido, ela começou a chorar desacreditada da situação, infelizmente eu acho que ela estava chorando pelo marido e não pela filha, o que me deixou completamente revoltada.Roberta foi embora com a mãe, mas ela
Já estava dirigindo a quase 3h. Havia deixado o celular desligado para Lucas não me ligar, com certeza a essas horas ele já devia ter percebido que nós fugimos e devia estar feito louco atrás da gente, estava com muito medo dele nos encontrar, mas tentava não cogitar essa hipótese.Olhei pelo retrovisor do carro e vi Mel dormindo. Senti tanta vontade de chorar, mas tentei conter as lágrimas. Eu não sabia o que fazer e nem pra onde ir, estava completamente perdida, sem rumo. Queria ir pra casa do meu pai, mas seria óbvio demais, certamente seria o primeiro lugar que Lucas iria me procurar.Depois de viajar de Búzios a Nova Friburgo, eu resolvi parar, já estava cansada e com um pouco de sono. Parei em um hotel, deixei meu carro no estacionamento, peguei a Mel no colo e pedi um quarto pra gente, ainda bem que estávamos em baixa temporada, pois senão eu não conseguiria
Mel dormiu com a Becky no quarto dela, as duas já eram melhores amigas, o que não me surpreendeu em nada, pois Melanie fazia amizade com todo mundo, era muito comunicativa, podia falar com uma criança menor ou até mesmo com uma pessoa da terceira idade, o que me deixava meio aborrecida, pois nunca gosti que ela falasse com qualquer pessoa e sempre a orientei a não conversar com estranhos na minha ausência e a não aceitar nada de estranhos.Mila tinha duas camas em seu quarto, pois as vezes alguma amiga dormia em sua casa, e ela achou melhor ter uma cama a mais, sendo assim, dormimos no mesmo quarto.Eu estava deitada, mas o sono não vinha, só pensava em tudo o que havia acontecido, tinha tanto medo de Lucas encontrar a gente. Droga! Tinha esquecido que eu havia trocado de número e não havia avisado o meu pai, ele devia ter tentado me ligar e talvez estivesse preocupado comigo, precisava avis&aa
Na segunda - feira, eu liguei pra diretora da escola e lhe falei o que havia acontecido, contei inclusive sobre as agressões.- Meu Deus! - Diz dona Carmen surpresa. - Por que você nunca me contou isso antes, querida?- Por medo. - Respondi. - Ele sempre me ameaçou, caso eu contasse a alguém. E por isso eu fugi com a minha filha. Desculpa, eu sei que eu me comprometi com a escola e eu não queria ter que deixar a escola na mão e nem os meus alunos que eu tanto amo.- Kimberly, claro que teus alunos sentirão a tua falta, mas não se preocupe em nos deixar na mão, eu me viro, dou um jeito, contrato outra professora, isso é o de menos, o que importa é você ficar bem.- Obrigada. - Digo.Desligo a ligação, e com a ajuda da Mila, eu tento pensar o que farei de agora em diante, ela estava sendo muito legal comigo em deixar a gente ficar em sua casa, mas eu n&ati
Matteo já havia ido embora. Mel e eu arrumamos as nossas poucas coisas, ela me ajudou super empolgada, estava feliz.- Como será a nossa vida agora, mamãe? - Perguntou Mel assim que nos deitamos para dormir.- Não sei, meu amor. - Falo. - Bom, assim que as coisas derem uma acalmada eu quero tentar conseguir um emprego e uma escola pra você.- Tomara que não demore muito, né mamãe?- É sim, meu amor.Lhe dei um beijo na testa e dormimos abraçadinhas naquela noite.No dia seguinte, pela parte da tarde, levei Mel no playground do condomínio, ela adorou essa parte. De repente um rapaz sentou do meu lado. Ele era um homem alto, cabelo castanho e crespo, olhos esverdeados e tinha barba, era mais velho que eu.- Desculpa, mas você não é daqui, é? - Ele me pergunta.- Eu me mudei ontem. - Falei.- Qual seu bloco?- H&ati
- Como foi com o Steve? - Me perguntou Mila assim que eu cheguei em casa.- Tudo ótimo, amiga. Steve é um cavalheiro, fazia tempo que eu não me sentia tão bem assim. - Falei.- Amiga, vai com calma. - Ela me diz.- Eu sei, não se preocupa, Steve é só um amigo.Mila me olhou meio desconfiada, mas Steve era de fato, apenas um amigo, seria bom eu ter amigos no condomínio.Minha amiga e eu fomos até o meu quarto e vimos Becky e Mel dormindo juntas em minha cama, eram tão fofas. Mila e eu nos olhamos e sorrimos ao ver a cena.- Bom, melhor a gente ir logo. - Ela diz.- Ai amiga, queria tanto poder te convidar pra dormir aqui, mas ainda não conseguimos nos organizar bem e estamos só com uma cama.- Não esquenta, tá tudo bem.Ela pega Becky no colo com cuidado para não acordar a garota, eu a agradeço por ter fic