Feriado nacional. Resolvi aproveitar o dia para sair com Mila e Matteo, fazia tempo que eu não os via e estava morrendo de saudade. Mel adorou a ideia, pois aproveitou cada segundo para brincar com Becky.
- E como estão as coisas? - Me perguntou Mila.
- Tudo bem. - Digo.
- E o namorado? - Perguntou Matteo.
- Estamos bem, Steve é uma boa pessoa, totalmente diferente de Lucas.
- Que bom! - Ele diz.
Eu havia optado em não convidar Steve para ir conosco, pois eu estava sempre com ele e queria ficar um pouco apenas com meus amigos, fora que eu acho que ele não gostaria de sair conosco, pelo fato de ser mais velho, ia achar chato.
A gente resolveu ir a um parque da cidade, para que a gente pudesse conversar e as crianças pudessem brincar um pouco.
Foi um dia sensacional, altas risadas, ótimas conversas, queria poder fazer isso mais vezes, Mila e Matteo ficaram de me visitar em min
Me acordei e olhei as horas no meu celular, era 6h20, eu ainda tinha dez minutos antes de levantar. Olhei para Steve que ainda estava dormindo. Ele estava de costas para mim, mas mesmo assim fico o observando, era tão bom ter alguém que cuida de mim, que se preocupa comigo e que não me maltrata.- Por que eu sinto que você está me olhando? - Ele me pergunta.Dou uma leve risada meio cabisbaixa, não sei como ele havia percebido. Steve se virou para o meu lado e me abraçou.- Bom dia, princesa. - Ele diz.- Bom dia, meu príncipe. - Falo com um sorriso de orelha a orelha. - Dormiu bem?- Muito bem.O despertador do meu celular tocou me lembrando que eu precisava ir trabalhar. Desliguei o alarme e olhei pela janela a chuva que caía do lado de fora, que vontade de passar o dia inteiro deitada com Steve, e como ele estava de férias do serviço, não precisaria se preo
Alguns dias haviam se passado, Mel começou a ter alguns pesadelos à noite e passou a querer dormir comigo, sendo que ela já estava bem acostumada com o seu quarto. As vezes ela acabava até fazendo xixi na cama, coisa que ela não fazia desde os 2 anos.- Teve pesadelo de novo? - Perguntei enquanto ela deitava do meu lado.Em completo silêncio, Mel acenou a cabeça positivamente, eu a cubri e ela me abraçou fortemente.- Te amo, mamãe.- Também te amo, minha princesa. - Falei. - Ah, a mamãe vai ter que sair amanhã para resolver umas coisas de adulto, daí eu vou te deixar na casa da Vale, tá bem?- Não mamãe, eu não quero ficar lá, me leva com você, por favor. - Me pede um pouco nervosa.- Amor, a mamãe vai demorar, vou ter que caminhar muito e você vai se cansar a toa, é melhor você ficar b
- Obrigada por tudo. - Falei ao me despedir de Steve.Ele sorriu, me deu um selinho e foi pra sua casa. Esbanjo um leve sorriso, sorriso esse que só Steve era capaz de me roubar. Em seguida, fui até o quarto da Mel e a vi assistindo um pouco de TV.- O que você está vendo? - Perguntei ao entrar no quarto da minha filha.- Lady bug. - Respondeu.- Por que você não quis ficar na sala com a gente? Você adora quando o Steve vem aqui.- Mamãe, o tio Steve é bonzinho, né? Ele não faria nada para me machucar, não é, mamãe?- Do que você está falando? - Perguntei ao estranhar a pergunta da garota. - Ele disse ou fez algo que você não gostou?- Não, mamãe.- Então por que me pergunta isso?Mel ficou um pouco em silêncio, agarrou o Bolota, seu ursinho de pelúcia, e d
Mel, em sua santa inocência me confessou que o filho da puta do vô da amiguinha dela havia colocado o dedo na vagina dela e a obrigou a tocá-lo.- E ele também colocou o pipi dele nas minhas partes ítimas, e doeu, sabia, mamãe? Eu chorei muito e ele me mandou calar a boca e parar de chorar.Esse foi o momento que eu desabei aos prantos. Eu queria ser forte na presença da minha filha, mas até nisso eu falhei.- Tá triste comigo, mamãe? Eu juro que eu disse que não como a senhora me ensinou.- Hey, meu amor, eu não tô triste com você. Jamais, viu? Só estou muito brava com ele por ter feito isso e brava comigo por não ter descoberto antes.- Mamãe, ele me disse que todos os homens fazem isso porque é algo normal, e que todos homens fariam isso comigo, mas é mentira, né? O titio Steve é bonzinho, não &eac
Eu fiquei sem saber o que fazer, jamais imaginei que uma mãe fosse capaz de reagir dessa maneira diante de algo tão grave, só podia ser alguém muito doente.- Vá embora! - Ela me diz. - Não quero escutar mais nada.Olhei com repúdio para ela e logo percebi que Valentina estava chorando, me aproximo da menina, me abaixei ficando da altura dela, peguei em suas mãos e então lhe disse em seu ouvido:- Vai ficar tudo bem, viu? Eu prometo que eu vou dar um jeito de te ajudar.Vale sem dizer nada, apenas me abraçou fortemente e aos prantos, me pediu pra eu não ir embora. Senti um aperto no peito, ela havia passado pelo mesmo que a minha filha e sabe se lá desde quando o avô fazia isso com a garota, eu não podia deixá-la ali naquela casa sabendo do que havia acontecido, então resolvi tentar algo.- Solange, desculpa acusar o teu pai dessa maneira,
Poucas horas após os abusos serem confirmados, o vô da Vale acabou sendo preso para alívio meu e das meninas. E vocês acreditam que a mãe da garota ficou furiosa pelo pai ser preso e em nenhum momento ela foi capaz de se mostrar triste pelo fato da filha de 4 anos ter sido abusada. Eu sei que meu pai jamais faria isso, mas se ele fizesse eu nunca apoiaria uma coisa dessas e ainda ia fazer questão dele pagar por seus crimes.Eu estava em casa com as meninas quando recebi um telefonema desaforado da mãe da garota, me xingando por eu ter arruinado a vida deles, me disse palavrões horríveis. Já não bastava tudo o que eu estava passando, me sentindo culpada por isso e ela ainda me culpava pelo fato de eu ter denunciado aquele monstro.Cinco minutos depois de eu desligar o telefonema com Solange, o telefone tocou novamente, tive certeza de que era ela que havia lembrado de mais uns xingamentos,
No dia seguinte, eu optei por não levar as meninas para a escola, sei que daria problema por conta da Solange, mas não quis nem saber, acho que ambas não estavam com cabeça para irem pra escola. E como eu imaginava, Solange foi até a minha casa para tirar satisfação comigo, pois queria saber quem eu pensava que era pra decidir se a filha dela ia ou não pra escola.- Solange, que tipo de mãe você é? - Perguntei. - Sua filha foi abusada e você não está nem aí, tem noção do quãograve que é isso?- O meu pai está doente. - Gritou defendendo - o.- Então ele que vá se tratar e não fazer isso com duas crianças inocentes. - Gritei mais alto que ela.Solange bufou de raiva e começou a gritar pelo nome da filha, que em seguida apareceu com lágrimas nos olhos.- Vamos pra cas
- Em coma? - A questionei. - Não, não pode ser.- Eu tô aqui com os pais dele, estamos muito preocupados, não sabemos se ele sai do coma com vida. - Falou Mila bastante aflita.- Óh, meu Deus! - Digo. - Temos que pensar positivo, ele ficará bom. Ele tem que ficar bom.- Deus te ouça.Assim que desliguei o telefonema, Steve me perguntou o que havia acontecido e eu lhe contei.- Coitado! - Falou. - Tomara que ele melhore.- Tomara mesmo. Vou deixar a Mel na casa do meu pai e depois vou ver o Matteo. - Falei.- Quer que eu vá com você?Pensei por um instante se eu aceitava ou não, mas resolvi aceitar. Arrumei uma pequena mochila para a minha filha e fomos para casa do meu pai que era um pouco longe, mas eu não tinha outro lugar para deixar a Mel e eu não acho que hospital seja lugar de criança.- Pai! - Falei ao abraçá-lo.