Antes de ir embora para a cidade onde ficava o abrigo, Alex resolveu ficar uns dias e solucionar umas pendências.
Primeiro, foi na sua antiga casa com Jenifer. Lá estava ela, a casa com um quintal. Lágrimas desciam mesmo antes de entrar.
– Foi aqui, Jenifer, que eu, minha esposa e minha filha fomos muito felizes. Ela brincava no quintal e nós trabalhávamos dentro de casa.
Entraram. Uma mistura de nostalgia com tristeza invadiu Alex. Olhou cada canto da casa, lembrando do que passara ali. Foi a uma escrivaninha, pegou uma pasta com um monte de papéis e saiu com a menina.
Encontraram com o doutor, que estava ali perto.
Alex dirigiu até o cemitério com flores no carro. Deixou Jenifer e o doutor dentro e seguiu sozinho, com as flores nas mãos. Caminhou, lentamente, até chegar na lápide onde sua esposa e sua filha foram enterradas.
Chorou. Lágri
– Mas... Doutor, você tem ideia do que está me pedindo? Logo para mim? Um homem alto, magro, com óculos e vestido com jaleco branco, sentado de frente para ele respondeu bem seguro: – Essa é a única opção que consegui para você. Depois de tudo o que aconteceu, não acho que você tenha muitas escolhas, meu amigo. – Mas... depois de tudo... É muito difícil. – Eu sei, Alex. Entretanto, você sabe qual é a outra opção. Alex coçou a cabeça. Estava vestindo uma calça preta, cam
Alex desceu do ônibus na frente da antiga casa que se tornara um orfanato. Viu uma placa, já apagada, escrito apenas “Abrigo”. Era uma manhã de primavera e o sol despontava sobre o lugar exibindo a beleza daquela construção. A casa pertencera a um senhor milionário que morara na rua quando criança e não queria ver nenhuma criança passando pelo que passou. Equipou a casa com quartos e salas de aula. Assim, poderia dar educação de qualidade e abrigo para todos. A casa, com 3 andares, contava com 18 quartos, 6 salas, 3 cozinhas e 8 banheiros. O primeiro andar ainda contava com a administração e a sala dos professores. A fachada lembrava uma catedral europeia do século XVII. Criara o abrigo cinquenta anos atrás, e o admin
Alex dormira mal. Tivera pesadelos. Os mesmos de sempre. Lembranças que o perseguiam e que jamais sairiam de sua mente. Eram tão intensos que acordara e sua camisa estava molhada de tanto transpirar. Tomou um banho frio. Detestava água fria, mas era o que fazia desde então. Cada gota fria em seu corpo era como se apanhasse, como se culpasse seu corpo e alma por tudo que acontecera. Escutara do doutor que não foi sua culpa e que deveria deixar o passado de lado e procurar um novo sentido para sua vida, porém era em cada banho gelado que se punia. E nada poderia fazer com que se sentisse menos culpado. Saiu, com frio, e viu o corpo com uma coloração roxa no espelho. Se secou e colocou uma roupa quente. De um dia
Amanheceu. Alex não dormira em nenhum momento. Levantou de sua cama vestindo ainda a roupa que usara no trabalho no dia anterior. Sentia-se sufocado. Tirou a roupa e entrou para seu banho gelado. Ao sair, colocou uma roupa confortável. Estava se sentindo mal ainda. Falta de ar. Sua cabeça doía. Ele se arrastou até o canto da cama, de onde pegou uma caixa de remédios. Tremia. Suas vistas estavam embaralhadas. Dentro da caixa, pegou um pequeno recipiente e pingou diretamente na boca dez gotas de um remédio. Lembrou do doutor falando: “não use mais do que duas gotas por dia”. Duas gotas. Não faziam efeito para Alex
Alex passou o dia em torno de Jenifer. Queria realmente ter a certeza de que a deixaria bem. O seu nível de preocupação com a menina era tão alto que deixou de lado até mesmo sua crise de ansiedade e seus problemas, focando somente em deixa-la bem.Assim como nos outros dias, a turma de Jenifer foi a última a ser levada para a sala. Curiosamente, Pedro chamou a menina para ser sua dupla. E ela aceitou. Alex não pode deixar de ficar feliz e encantado com as crianças, que, tão inocentes, deixaram de lado uma briga para poderem estudar e se divertir juntos naquele momento.Por outro lado, Alex conhecia a maldade humana em sua essência e não se enganava com as pessoas. Percebera que Estela e João estavam planejando algo para a menina. E não poderia deixar de se preocupar, já que a menina era pequena e inocente.Talvez nem tanto. Talvez ela tivesse algum segredo tamb&eacu
Dois dias se passaram sem que nada acontecesse diferente naquele abrigo. A menina Jenifer continuava passando os dias na sala de informática, sem que nenhum professor fizesse questão que ela estivesse nas aulas. Estela observava a menina e a relação que estava criando com Alex. João tentava encontrar uma forma de entrar na sala de informática, sem sucesso.A menina conversava um pouco mais com o professor, sem revelar nenhum detalhe. Só dizia que estava se sentindo mais feliz. Ainda mais depois que fizera amizade com Pedro, o menino que anteriormente entrara em conflito com ela.No final de semana, várias crianças, incluindo Pedro, iam para casa de parentes. No abrigo, ficaram apenas Jenifer e mais três crianças. Alex resolvera fazer um intensivo naquele lugar. Dissera para Estela que aproveitaria o final de semana para consertar os computadores antigos.Assim, passou tempo monitorando a
Aquela semana correu sem nenhuma novidade para Alex. Todas as aulas foram sem problemas. Jenifer parecia estar feliz com a companhia de Pedro e trocava algumas palavras com Alex.Ele, por sua vez, não queria que a menina se sentisse pressionada e não perguntou mais sobre o vestido. Por mais que tenha procurado todos os dias no abrigo, em todos os lugares. Sabia que aquele vestido poderia trazer as respostas, mas não poderia imaginar quem pegara no lixo.O doutor conversava quase que diariamente com Alex, procurando sempre ajudar o professor a se manter firme e a exercer sua profissão com excelência, sem esquecer de observar a menina Jenifer, que ainda não entrara na lista que recebia do abrigo.Como um dos responsáveis pela ONG, sentia-se responsável por cada criança que entrasse no abrigo. Conhecia bem a filosofia daquele lugar. Tinha um parentesco distante com o fundador do abrigo e queria manter a
Amanheceu novamente e o apartamento de Alex fora tomado por raios solares logo cedo. Passarinhos cantavam em sua janela e já se começava uma movimentação na cidade. Mesmo sendo uma cidade pequena, no interior, ela possuía um centro comercial grande perto do prédio que Alex morava. Ali, havia grande movimentação todos os dias.A estrada que levava ao abrigo se afastava da cidade e seguia em direção à estrada. Era a estrada que Alex percorria todos os dias naquele lugar. Criara uma rotina logo nos primeiros dias ali presente.Naquela manhã, sentia mais disposição. Talvez porque os dias estavam calmos no abrigo. Jenifer estava feliz e já aproveitava das amizades que ali fizera. Estela e João continuavam com seu comportamento estranho, entretanto, não faziam nada em relação a menina. As cozinheiras estavam com seu padrão comum, ignoran