Eram quatro da tarde e Denise estava deitada em sua cama, pensando em Saulo. Havia dois sentimentos dominando seu coração, o primeiro era a felicidade por ter uma manhã maravilhosa e inesquecível, seu coração palpitava, ao lembrar daquele homem de olhos tão penetrantes, beijos apaixonados, de toque envolvente e intensos.O segundo, era a frustração, o fato dele ter ido embora rápido, a entristeceu.— Será que ele me achou fácil demais? — Sua consciência a perturbava.Ele havia deixado claro que queria beijá-la desde o primeiro dia, então com certeza, fazer aquilo que fizeram no rio, estava em seus planos também, tinha medo que agora por já conseguir o que queria, não a procurasse mais.Seus sentimentos estavam confusos, como que aquele homem conseguiu em tão pouco tempo tomar conta de seus pensamentos, e por que se sentia tão triste em pensar na possibilidade de não vê-lo outra vez?Denise saiu de seus devaneios, ao ouvir a porta da frente ser aberta, se assustou, pois não era horári
Denise explicou o mesmo que disse a tia, e mesmo desconfiado, o tio acreditou na versão da sobrinha.— Quando acontecer uma coisa dessas, você deve me chamar na mesma hora, filha, eu já não gostava muito do senhor Túlio, com uma dessas, agora fico mais revoltado ainda.— Mas o importante que já está tudo esclarecido, tio, o Saulo me ajudou.— Senhor Saulo, Denise, senhor! — Corrigiu. — Mesmo que vocês pareçam tem a mesma idade, ele é nosso patrão também, deve-se manter a distância e o respeito entre funcionário e chefe, para não ter nenhum tipo de confusão.— Tudo bem, tio, agora vou dar uma volta, tá?— E onde você vai?— Vou caminhar um pouco, como começo a trabalhar amanhã, tenho que aproveitar meu último finalzinho de tarde de folga.— Tudo bem, mas cuidado por aí, amanhã vai ter festa e estão montando algumas coisas lá na praça, tem muita gente estranha andando pela vila.— Está bem, mais tarde eu volto.Denise saiu de casa, e dando uma volta no quarteirão, encontrou o carro de S
Virando a esquina, Denise acabou dando de cara com a sua tia Lúcia, que vinha em sua direção.— O que você estava fazendo dentro do carro do senhor Saulo? — A pergunta foi feita antes mesmo das duas estarem próximas.— Tia. — Se assustou colocando a mão no peito. — Você estava me espionando?— Claro que não, eu havia ido na praça ver os preparativos para a festa de amanhã, daí vi o carro parando e você descendo, onde você estava menina?— Eu estava na capital. — Respondeu calmamente.— Na capital a essa hora? O que diabos fazia lá e ainda mais com o senhor Saulo.— Fui jantar com ele.— E não tinha comida lá em casa? Por que foi comer tão longe?— O Saulo me convidou. — Explicou.— O Saulo… — Lúcia repetiu. — Desde quando vocês são tão próximos, Denise? — Desde o primeiro dia que cheguei aqui. — Respondeu sorridente, sabia que a tia não pegaria em seu pé.— Menina, não se meta com esse homem, ele não é como nós, nem desse país ele é, além disso, vocês são de dois mundos totalmente di
No quarto, os dois sangue-frio olhavam para o corpo do senhor Caetano, caído morto no chão.— Não iremos mexer em nada, do jeito que ele caiu o deixaremos, assim pensarão que ele passou mal. — Túlio explicava. — Você realmente me garante que esse veneno não irá aparecer nos resultados de autópsia?— Claro que garanto, já faz bastante tempo que estou pesquisando sobre ele, não foi fácil conseguir trazê-lo para a farmácia. — Liana disse.— Cadê a Lúcia? — Túlio perguntou preocupado.— Mandei ir até a vila pegar a feira do mês, junto com o Joaquim, relaxa, ninguém irá desconfiar, além disso, ela me disse que o Caetano estava nervoso, todos vão pensar que foi um ataque cardíaco, o que ninguém nunca saberá, será o motivo do ataque. — Ria maléfica.— Você está certa disso mesmo, não é Liana? Vamos sair daqui, leva essa xícara logo, já lava e guarda, ninguém pode saber que estivemos dentro deste quarto.— E nunca irão saber. — Riu. — Vamos, o Oliver deve chegar logo. Os dois assassinos saír
Era manhã de sexta-feira, quando Joaquim deixou a sobrinha no trabalho e foi com Lúcia para a casa grande. Após a morte do senhor Caetano, ele se sentiu um pouco mais desocupado, já que trabalhava como motorista do velho. Como Oliver dirigia o próprio carro, ele acabou ficando responsável de levar Liana ou Túlio para algum lugar, caso precisassem de algo, no restante do dia, ajudava Lúcia na cozinha ou elaborava algo no jardim.— A casa está um silêncio. — Joaquim falava, enquanto descascava batatas na mesa da cozinha.— O senhor Oliver decidiu se trancar naquele quarto desde que o pai morreu, se não fosse dona Liana, nem sei o que seria dele, ela que está o ajudando a superar. — Lúcia respondeu.— Verdade, como as coisas são irônicas, não é mesmo? O finado patrão não gostava muito da moça, mas olha só, ela aí dando todo o apoio ao filho dele, fazendo de tudo para mantê-lo de pé.A conversa foi interrompida, por um barulho de carro que havia chegando.Um táxi parou em frente a enorme
Era hora do almoço e o refeitório estava lotado, Denise servia uma grande fila de homens que estavam famintos.Embora estivesse aparentemente calma, por dentro, xingava Saulo em vários nomes, estava se sentindo traída e enganada, suas mãos tremiam.Ela odiava ter sido feita de idiota, ainda mais por falar que não gostava de mentiras. Nunca havia exigido que namorassem sério, mas queria que não houvesse esse tipo de desentendimento.Após terminar de lavar a louça, viu Saulo entrar pela porta principal, uma raiva seguida de uma adrenalina, lhe subiu à cabeça, ela carregava uma panela enorme na mão para guardar no armário e pensou seriamente em jogar na cabeça do homem, que se encostou na bancada da grande cozinha, chamando-a.— Denise, posso falar com você? — Falava baixo, parecendo que não queria chamar a atenção das outras funcionárias.— Estou trabalhando, não está vendo? — Disse sem olhar na cara do homem.— Eu já conversei com a sua superior. — Não obteve resposta. — Ela me disse q
Chegando em casa, Saulo encontrou Lúcia, que terminava de tirar uma forma de bolo do forno. Ele fingiu ir até a geladeira, pegar uma garrafa de água e aproveitou para sentar à mesa.— Podemos conversar por um minuto, Lúcia? — Perguntou educado.— Pois não, senhor. — Ela não gostava da ideia do rapaz enganar sua sobrinha, mas gostava de Saulo, ele sempre foi educado e respeitoso com ela.Por mais que estivesse sem jeito, Saulo queria resolver aquela situação.— Bem, acho que já sabe que está acontecendo algo entre mim e Denise.Lúcia ouvia com atenção, queria saber até onde iria aquela conversa.— Desde que vi sua sobrinha pela primeira vez, me encantei por ela, e quero muito que saiba que tenho as melhores intenções.— O inferno está cheio de gente com boas intenções, além do mais, o senhor já tem namorada no seu país, não pode querer arrumar mulher em todo lugar que chega, isso é errado.— Eu não tenho namorada, essa moça que chegou hoje pela manhã é minha ex, nós não temos nada mais
A noite em casa, Denise havia vestido uma roupa mais arrumada e feito uma torta de maçã. Lúcia havia contado a ela, sobre a conversa que teve mais cedo com Saulo, o que a deixou mais esperançosa, em esperar por Saulo. Joaquim estava sentado na calçada da porta de casa, vendo o movimento das poucas pessoas que passavam pela rua. Até que um carro conhecido, estacionou de frente à sua casa, dele, desceu Saulo, bem-vestido com uma camisa branca e calça social preta, combinando com a mesma cor dos seus sapatos. Seus cabelos loiros estavam penteados para trás, e seu delicioso perfume exalava por todos os lados.Joaquim se espantou com a visita repentina do homem.— Senhor Saulo, boa noite, aconteceu alguma coisa? — Já se levantou assustado.— Boa noite Joaquim, não aconteceu nada, não se preocupe, vim até aqui hoje para conversar um pouco com você.Joaquim estava todo preocupado, tinha medo de acabar sendo demitido após a morte do senhor Caetano, já que não estava com muito serviço nos últ