No quarto, os dois sangue-frio olhavam para o corpo do senhor Caetano, caído morto no chão.— Não iremos mexer em nada, do jeito que ele caiu o deixaremos, assim pensarão que ele passou mal. — Túlio explicava. — Você realmente me garante que esse veneno não irá aparecer nos resultados de autópsia?— Claro que garanto, já faz bastante tempo que estou pesquisando sobre ele, não foi fácil conseguir trazê-lo para a farmácia. — Liana disse.— Cadê a Lúcia? — Túlio perguntou preocupado.— Mandei ir até a vila pegar a feira do mês, junto com o Joaquim, relaxa, ninguém irá desconfiar, além disso, ela me disse que o Caetano estava nervoso, todos vão pensar que foi um ataque cardíaco, o que ninguém nunca saberá, será o motivo do ataque. — Ria maléfica.— Você está certa disso mesmo, não é Liana? Vamos sair daqui, leva essa xícara logo, já lava e guarda, ninguém pode saber que estivemos dentro deste quarto.— E nunca irão saber. — Riu. — Vamos, o Oliver deve chegar logo. Os dois assassinos saír
Era manhã de sexta-feira, quando Joaquim deixou a sobrinha no trabalho e foi com Lúcia para a casa grande. Após a morte do senhor Caetano, ele se sentiu um pouco mais desocupado, já que trabalhava como motorista do velho. Como Oliver dirigia o próprio carro, ele acabou ficando responsável de levar Liana ou Túlio para algum lugar, caso precisassem de algo, no restante do dia, ajudava Lúcia na cozinha ou elaborava algo no jardim.— A casa está um silêncio. — Joaquim falava, enquanto descascava batatas na mesa da cozinha.— O senhor Oliver decidiu se trancar naquele quarto desde que o pai morreu, se não fosse dona Liana, nem sei o que seria dele, ela que está o ajudando a superar. — Lúcia respondeu.— Verdade, como as coisas são irônicas, não é mesmo? O finado patrão não gostava muito da moça, mas olha só, ela aí dando todo o apoio ao filho dele, fazendo de tudo para mantê-lo de pé.A conversa foi interrompida, por um barulho de carro que havia chegando.Um táxi parou em frente a enorme
Era hora do almoço e o refeitório estava lotado, Denise servia uma grande fila de homens que estavam famintos.Embora estivesse aparentemente calma, por dentro, xingava Saulo em vários nomes, estava se sentindo traída e enganada, suas mãos tremiam.Ela odiava ter sido feita de idiota, ainda mais por falar que não gostava de mentiras. Nunca havia exigido que namorassem sério, mas queria que não houvesse esse tipo de desentendimento.Após terminar de lavar a louça, viu Saulo entrar pela porta principal, uma raiva seguida de uma adrenalina, lhe subiu à cabeça, ela carregava uma panela enorme na mão para guardar no armário e pensou seriamente em jogar na cabeça do homem, que se encostou na bancada da grande cozinha, chamando-a.— Denise, posso falar com você? — Falava baixo, parecendo que não queria chamar a atenção das outras funcionárias.— Estou trabalhando, não está vendo? — Disse sem olhar na cara do homem.— Eu já conversei com a sua superior. — Não obteve resposta. — Ela me disse q
Chegando em casa, Saulo encontrou Lúcia, que terminava de tirar uma forma de bolo do forno. Ele fingiu ir até a geladeira, pegar uma garrafa de água e aproveitou para sentar à mesa.— Podemos conversar por um minuto, Lúcia? — Perguntou educado.— Pois não, senhor. — Ela não gostava da ideia do rapaz enganar sua sobrinha, mas gostava de Saulo, ele sempre foi educado e respeitoso com ela.Por mais que estivesse sem jeito, Saulo queria resolver aquela situação.— Bem, acho que já sabe que está acontecendo algo entre mim e Denise.Lúcia ouvia com atenção, queria saber até onde iria aquela conversa.— Desde que vi sua sobrinha pela primeira vez, me encantei por ela, e quero muito que saiba que tenho as melhores intenções.— O inferno está cheio de gente com boas intenções, além do mais, o senhor já tem namorada no seu país, não pode querer arrumar mulher em todo lugar que chega, isso é errado.— Eu não tenho namorada, essa moça que chegou hoje pela manhã é minha ex, nós não temos nada mais
A noite em casa, Denise havia vestido uma roupa mais arrumada e feito uma torta de maçã. Lúcia havia contado a ela, sobre a conversa que teve mais cedo com Saulo, o que a deixou mais esperançosa, em esperar por Saulo. Joaquim estava sentado na calçada da porta de casa, vendo o movimento das poucas pessoas que passavam pela rua. Até que um carro conhecido, estacionou de frente à sua casa, dele, desceu Saulo, bem-vestido com uma camisa branca e calça social preta, combinando com a mesma cor dos seus sapatos. Seus cabelos loiros estavam penteados para trás, e seu delicioso perfume exalava por todos os lados.Joaquim se espantou com a visita repentina do homem.— Senhor Saulo, boa noite, aconteceu alguma coisa? — Já se levantou assustado.— Boa noite Joaquim, não aconteceu nada, não se preocupe, vim até aqui hoje para conversar um pouco com você.Joaquim estava todo preocupado, tinha medo de acabar sendo demitido após a morte do senhor Caetano, já que não estava com muito serviço nos últ
O coração de Denise quase saía pela boca, ela sabia que aquilo iria acontecer em algum momento, mas não esperava que seria na velocidade da luz. Havia até se arrependido de ter ido tão longe e falado aquelas coisas com Liana, mas ela apenas teve o que mereceu, não conseguiria escutar tanto desaforo sem dizer nada.— Hoje o nosso refeitório, está bem movimentado. — Suzane, uma das ajudantes de cozinha, sussurrou para a outra colega que estava ao lado dela.— Bom dia a todas. Oliver saudou a todas as funcionárias que estavam na cozinha.— Bom dia, senhor. — Responderam em uníssono.— Gostaria de conversar a sós com uma de suas funcionárias. — Oliver pediu a encarregada.Sua voz era séria e parecia estar com cara de poucos amigos. Desde que o pai morreu, não havia saído de casa, mas aquela era uma situação que não poderia deixar para depois.Todas ali olharam para Denise, que coitada, só não caiu dura no chão, porque já estava paralisada no canto da parede.Denise acompanhou os dois hom
E assim o amor dos dois foi cada vez mais aumentando, às vezes Saulo precisava viajar a trabalho e ficava um tempo fora, já que ele tinha sua própria empresa para tomar conta. Por mais que pedisse para Denise sair do emprego e acompanhá-lo nas viagens, ela batia o pé firme no chão, dizendo que nunca na vida, iria ser sustentada por homem. Sempre deixava claro que estava com ele por amor e não havia nenhum interesse na condição financeira ou nos benefícios que aquele namoro poderia lhe proporcionar.Com todos esses contratempos, nunca deixaram de confiar um no outro, Denise era segura de si, e Saulo era um completo apaixonado.Com quase dois anos de namoro, Saulo pediu para a amada começar fazer aulas de inglês, para que pudessem viajar para o exterior e conhecer a sua família. E mesmo que não quisesse falar mal dos pais, sempre a deixou a par de como era o temperamento dos dois.— Minha mãe é um pouco problemática, cresceu numa família com ideias e pensamentos retrógrados, então não
De volta aos tempos atuais...Denise se sentia cada dia mais só, já fazia duas semanas que estava sem o noivo, sozinha na casa da sogra.Saulo ligava sempre no mesmo horário e falava por pouco tempo. Nas conversas que tinha com ele, não havia tempo de falar sobre sua situação, já que Saulo sempre se mostrava cansado e abatido e ela não queria preocupá-lo mais, além disso, depois que escolheu ficar apenas trancada naquela quarto, sua sogra não a perturbava mais, o que de fato era bom.Cora sempre trazia suas refeições no quarto e às vezes, ficava conversando um pouco com ela, a fazendo se distrair do tédio que era aquele lugar.De fato, Cora havia começado a respeitá-la, e se Denise não fosse tão desconfiada, podia até achar que a mulher começara a lhe ter apreço, já que sempre se preocupava como se sentia, ou se precisava de alguma coisa.Eram dez da noite quando Saulo ligou para Denise.— Oi, morena, está fazendo o quê? — A voz do homem estava cansada, sabia o quanto ele devia estar