Denise se sentiu muito ofendida com o que havia acabado de escutar, como aquele senhor teria coragem de insinuar uma coisa tão nojenta daquelas? Sem deixar que ele pensasse alguma coisa errada ao seu respeito, ela já o respondeu.— Está me estranhando por acaso? — Perguntou num tom mais elevado. — O senhor tem idade para ser meu pai, e, além disso, eu não sou esse tipo de pessoa não! — Disse direta, não daria liberdade para aquele velho safado.O homem por sua vez, se sentiu surpreso, não esperava que a moça respondesse mal a sua investida, pensou, que por ela ter uma cara de menina simples e meio matuta, achou que ela ficaria caladinha.Tentando reverter a situação, o homem se desculpou.— Você deve ter interpretado mal a nossa conversa, eu não quis dizer isso, você que entendeu errado, menina, olha! Vamos deixar isso de lado, tudo bem? Fica no refeitório mesmo, eu vou te encaminhar para lá. — Túlio suava frio. — E que esse mal-entendido morra aqui, está me ouvindo? — Perguntou deses
No caminho para o canavial, Denise e Saulo riam ao lembrar a primeira vez que se viram.— Não acredito que chamaram homens para me procurar. — Denise gargalhava.— Fiquei preocupado demais, esse canavial tem quilômetros de extensão.— Você achou que eu tinha algum problema de cabeça é?— Para ser bem sincero, até hoje acho. — Dessa vez, foi Saulo que gargalhou, vendo que Denise fez uma cara nada boa. — Estou brincando, fiquei preocupado porque você saiu sem direção e sem me escutar, me sentiria culpado se acontecesse algo com você.— Você seria culpado mesmo, aliás, por sua culpa machuquei meus pés.— Então a pomada para frieira é para isso? — Riu, desligando o carro, pois haviam chegado num ponto específico, que só daria para ir caminhando, já que era próximo ao rio.— Eu não comprei pomada, engraçadinho, comprei isso aqui. — Denise tirou o hidratante labial da bolsa, aproveitou que o carro estava parado, usou o espelho do quebra-sol para passar o hidratante de morango nos lábios.—
Denise contou tudo o que houve no escritório de Túlio, quando foi procurar por emprego mais cedo.— Olha morena, não se preocupa com isso, tudo bem? Darei um jeito de garantir que ele nunca mais te falte com respeito, você não irá mais passar por algo desse tipo na sua vida, eu garanto.— Obrigada, mais o que você vai fazer? — Perguntou preocupada.A última coisa que queria naquele momento, era causar algum tipo de confusão.— Nada de mais, só terei uma conversa com ele. — Se levantou. — É melhor irmos, está quase na hora do almoço, queria muito te convidar para ir até a capital, mas hoje não vai dar.— Sem problemas. — Respondeu triste.Ela pensou que os dois passariam o dia juntos, mas sentiu que ele estava com pressa em ir embora, então algumas dúvidas começaram lhe vir à mente.No caminho para casa, os dois estavam em silêncio, Denise até pensou se realmente foi uma boa ideia ter contado a Saulo sobre a atitude do administrador, já que ele dirigia o carro com um semblante muito sé
Eram quatro da tarde e Denise estava deitada em sua cama, pensando em Saulo. Havia dois sentimentos dominando seu coração, o primeiro era a felicidade por ter uma manhã maravilhosa e inesquecível, seu coração palpitava, ao lembrar daquele homem de olhos tão penetrantes, beijos apaixonados, de toque envolvente e intensos.O segundo, era a frustração, o fato dele ter ido embora rápido, a entristeceu.— Será que ele me achou fácil demais? — Sua consciência a perturbava.Ele havia deixado claro que queria beijá-la desde o primeiro dia, então com certeza, fazer aquilo que fizeram no rio, estava em seus planos também, tinha medo que agora por já conseguir o que queria, não a procurasse mais.Seus sentimentos estavam confusos, como que aquele homem conseguiu em tão pouco tempo tomar conta de seus pensamentos, e por que se sentia tão triste em pensar na possibilidade de não vê-lo outra vez?Denise saiu de seus devaneios, ao ouvir a porta da frente ser aberta, se assustou, pois não era horári
Denise explicou o mesmo que disse a tia, e mesmo desconfiado, o tio acreditou na versão da sobrinha.— Quando acontecer uma coisa dessas, você deve me chamar na mesma hora, filha, eu já não gostava muito do senhor Túlio, com uma dessas, agora fico mais revoltado ainda.— Mas o importante que já está tudo esclarecido, tio, o Saulo me ajudou.— Senhor Saulo, Denise, senhor! — Corrigiu. — Mesmo que vocês pareçam tem a mesma idade, ele é nosso patrão também, deve-se manter a distância e o respeito entre funcionário e chefe, para não ter nenhum tipo de confusão.— Tudo bem, tio, agora vou dar uma volta, tá?— E onde você vai?— Vou caminhar um pouco, como começo a trabalhar amanhã, tenho que aproveitar meu último finalzinho de tarde de folga.— Tudo bem, mas cuidado por aí, amanhã vai ter festa e estão montando algumas coisas lá na praça, tem muita gente estranha andando pela vila.— Está bem, mais tarde eu volto.Denise saiu de casa, e dando uma volta no quarteirão, encontrou o carro de S
Virando a esquina, Denise acabou dando de cara com a sua tia Lúcia, que vinha em sua direção.— O que você estava fazendo dentro do carro do senhor Saulo? — A pergunta foi feita antes mesmo das duas estarem próximas.— Tia. — Se assustou colocando a mão no peito. — Você estava me espionando?— Claro que não, eu havia ido na praça ver os preparativos para a festa de amanhã, daí vi o carro parando e você descendo, onde você estava menina?— Eu estava na capital. — Respondeu calmamente.— Na capital a essa hora? O que diabos fazia lá e ainda mais com o senhor Saulo.— Fui jantar com ele.— E não tinha comida lá em casa? Por que foi comer tão longe?— O Saulo me convidou. — Explicou.— O Saulo… — Lúcia repetiu. — Desde quando vocês são tão próximos, Denise? — Desde o primeiro dia que cheguei aqui. — Respondeu sorridente, sabia que a tia não pegaria em seu pé.— Menina, não se meta com esse homem, ele não é como nós, nem desse país ele é, além disso, vocês são de dois mundos totalmente di
No quarto, os dois sangue-frio olhavam para o corpo do senhor Caetano, caído morto no chão.— Não iremos mexer em nada, do jeito que ele caiu o deixaremos, assim pensarão que ele passou mal. — Túlio explicava. — Você realmente me garante que esse veneno não irá aparecer nos resultados de autópsia?— Claro que garanto, já faz bastante tempo que estou pesquisando sobre ele, não foi fácil conseguir trazê-lo para a farmácia. — Liana disse.— Cadê a Lúcia? — Túlio perguntou preocupado.— Mandei ir até a vila pegar a feira do mês, junto com o Joaquim, relaxa, ninguém irá desconfiar, além disso, ela me disse que o Caetano estava nervoso, todos vão pensar que foi um ataque cardíaco, o que ninguém nunca saberá, será o motivo do ataque. — Ria maléfica.— Você está certa disso mesmo, não é Liana? Vamos sair daqui, leva essa xícara logo, já lava e guarda, ninguém pode saber que estivemos dentro deste quarto.— E nunca irão saber. — Riu. — Vamos, o Oliver deve chegar logo. Os dois assassinos saír
Era manhã de sexta-feira, quando Joaquim deixou a sobrinha no trabalho e foi com Lúcia para a casa grande. Após a morte do senhor Caetano, ele se sentiu um pouco mais desocupado, já que trabalhava como motorista do velho. Como Oliver dirigia o próprio carro, ele acabou ficando responsável de levar Liana ou Túlio para algum lugar, caso precisassem de algo, no restante do dia, ajudava Lúcia na cozinha ou elaborava algo no jardim.— A casa está um silêncio. — Joaquim falava, enquanto descascava batatas na mesa da cozinha.— O senhor Oliver decidiu se trancar naquele quarto desde que o pai morreu, se não fosse dona Liana, nem sei o que seria dele, ela que está o ajudando a superar. — Lúcia respondeu.— Verdade, como as coisas são irônicas, não é mesmo? O finado patrão não gostava muito da moça, mas olha só, ela aí dando todo o apoio ao filho dele, fazendo de tudo para mantê-lo de pé.A conversa foi interrompida, por um barulho de carro que havia chegando.Um táxi parou em frente a enorme