Chegamos à fazenda, desarrumei minha mala e almocei. Após ir para o quarto com Denise, começamos a conversar quando Oliver bateu na porta. Eu ainda não havia visto-o depois do julgamento, nem nos falamos de nenhum modo, ele estava sério. — Boa tarde! — Boa tarde, senhor. — Respondemos. — Aurora, como você está se sentindo? — Muito bem, graças a Deus. — Então, já que está tudo bem, você volta a cuidar do Noah e Denise, você volta para seus afazeres. Falou e saiu do quarto, e nós nos entreolhamos sem entender nada. — O que será que aconteceu? — Denise começou. — Não sei, ele deve estar nervoso e com serviço acumulado. — Até parece que voltou a ser o ranzinza de antes, eu hein! Voltarei para a cozinha, antes que ele volte aqui. Denise deu um beijo em Noah e saiu do quarto, e eu fiquei pensando no porquê dele estar tão sério, parecia estar com o mesmo semblante de quando o conheci. […] Os dias se passaram rápido. Não via Oliver em casa de modo algum, até dormir com Noah, ele h
— Mas que merda é essa? — Saulo começou a falar irritado. — Do que você está falando? — Não entendia o que ele falava. — Por que a Aurora está vestida daquele jeito? — Ah, disso que você está falando? — Saulo me olhava desacreditado, como se fosse a última coisa da vida, a Aurora estar vestida num uniforme. — Ela está vestida a caráter, ué, ela não veio passear, veio trabalhar. — Pelo amor de Deus, Oliver, você nunca exigiu que ela vestisse uniforme em casa, agora numa festa dessas com todo mundo arrumado, você a faz passar por isso. Que constrangedor! — Desde quando é constrangedor trabalhar? — Eu não estou questionando o trabalho, nem o uso do uniforme, mas, para alguém que nunca exigiu, fazê-la usar numa ocasião dessas. Olha ao nosso redor, veja como todos estão vestidos, como você acha que ela está se sentindo? — Não a vi, em momento algum, questionar ou fazer cara feia. — O que está acontecendo, cara? Tem alguma coisa que eu não estou sabendo? — Não tem nada acontecendo,
Após acordar e dar um banho bem gostoso no Noah, desci para a cozinha, para comer algo, pois estava morrendo de fome, encontrei Denise e dona Lúcia na cozinha. — Bom dia. Ué, vocês não estavam de folga? — Bom dia, mudanças de planos, amiga, o senhor Oliver vai receber visitas. — Ah! Após tomar meu café e passear com Noah, que dormia no carrinho, fui para a lavanderia lavar suas roupinhas. Havia algumas roupas de cama fora do cesto, então resolvi arrumar. Encontrei uma camisa de Oliver caída ao chão e a coloquei no cesto, mas antes, notei haver uma mancha na camisa. Percebi a marca de batom. Algumas borboletas voaram no meu estômago, não sei o que era aquilo, mas me senti mal. Joguei a roupa no cesto e voltei a meus afazeres. Após passar as roupinhas de Noah, decidi ir para o quarto e notei haver algumas pessoas na sala. Tentei passar o mais discreta possível, mas ouvi a voz de Oliver me chamando. — Aurora, por favor, traga o Noah até aqui. Entrei na sala com o carrinho, Noah ain
Acordei com uma pequena dor de cabeça. Noah havia ficado a madrugada inteira acordado, acho que foi pela mudança de rotina da noite passada. O que fazia o príncipe estar dormindo naquele momento. Eram dez e pouco da manhã, deixei-o no berço e saí para a cozinha. Estava morrendo de fome, e também queria fazer um chá para me manter acordada de dia. A casa estava em total silêncio, não havia sinal de ninguém. Oliver com certeza ainda estaria dormindo, depois da festa de ontem e aquela mulher, onde será que estava? Afastei do meu pensamento coisas idiotas, não queria pensar mais na vida do meu patrão, não me interessava o que ele fazia ou deixava de fazer. Coloquei a água do chá no fogo e fiquei esperando ferver, me encostei na pia e resolvi olhar o celular, entrei na página da feira e vi as fotos do evento de ontem. Oliver apareceu ao lado de três homens e da moça metida. — Vejo que Oliver dá muita folga aos funcionários, hein? Saí dos meus devaneios ao ouvir a voz da própria. Jade Pa
— Meu Deus! Denise, isso não está escuro demais? — Claro que não! Esse batom te caiu perfeitamente, olha no espelho e vê como você está linda. Estávamos na dependência onde Denise e Saulo moravam. Noah estava na cama brincando e Denise me maquiava, já que eu não tinha sequer um hidratante labial para passar na boca. Saulo havia dito que me levaria até a vila São Caetano, eu neguei sua carona, mas Denise insistiu. Já estava vestida e calçado aquele salto enorme. Me olhei no espelho e realmente gostei do que vi, nunca na minha vida, tinha me arrumado e me sentido bonita daquele jeito. — Não acha que minha barriga está um tanto à mostra? — Claro que não, mesmo se estivesse, olha esta cintura linda de dar inveja em qualquer um, você está linda! Logo após, ouvi batidas na porta, Saulo entrou no quarto, me olhando dos pés a cabeça. — Minha nossa! — Fiquei morrendo de vergonha, ele não parava de olhar. — Aurora, com todo respeito, você está linda. — Está vendo, eu te disse! — Denise c
Odeio que as pessoas forcem as coisas. Essa Jade Parker estava me dando nos nervos, eu tentava ser o mais educado possível, em respeito ao pai, é claro, mas a mulher era oferecida ao nível máximo. Mesmo explicando que havia dado folga aos trabalhadores e que não haveria funcionários na casa, ela insistiu em ficar. No dia em que o pai estava, levei-os para conhecerem toda a fazenda, mas após o pai ir embora, ela ficou só. Como a feira estava indo muito bem, não tinha muito tempo para ficar em casa, acabei pedindo à Denise que ficasse pelo menos responsável pelo almoço, para que a filha do patrocinador não ficasse totalmente à míngua. Estava levando algumas roupas sujas para a lavanderia e acabei encontrando Denise. — O que é isso? — Denise olhava para a camisa que Jade Parker esbarrou e manchou. — Ah, senhor, vim lavar algumas roupas, aproveitando que as coisas estão no forno. Tomei a camisa de sua mão. — Não precisa, apenas cuide do almoço e pode ir descansar. — Tudo bem. Ela
Meu celular havia descarregado enquanto falava com Oliver, nem deu tempo de avisar que estava na casa da Lúcia, mas tudo bem, eu não acordaria ninguém nesse horário, para pedir um carregador emprestado. Amanhã eu falaria, além disso, não preciso dar nenhuma explicação. Ele não havia me dado folga? Então, o que tinha a ver com a minha vida? Me ignorou esse tempo todo, me fazendo de besta. O resto da madrugada passou voando, logo pela manhã acordei bem cedo para pegar carona com Joaquim, ele me deixou na casa grande e foi para a capital. Tirei meus saltos e carreguei nas mãos, meus pés doíam um pouco e também não queria fazer nenhum barulho àquele horário. Ainda estava com a roupa da festa e havia dormido maquiada, entrei em meu quarto, que ainda estava escuro, acendi a luz, me assustando com o homem sentado na cama. — Espero que tenha se divertido muito. Oliver estava sentado na minha cama, ainda vestia a roupa de ontem. Sua cara estava terrivelmente assustadora, tentei disfarçar.
Oliver ouviu o que Denise havia falado e sua feição mudou. Ele ajeitou sua camisa e me olhou. Esperei-o dizer algo, mas apenas saiu do quarto. Vesti uma blusa e olhei para Denise, que ainda estava em choque. — Como ela chegou aqui, Denise? — Ai, Aurora, parece um pesadelo. Eu havia levantado e fui até a cozinha esquentar o leite do Noah e ouvi a campainha. Quando abri a porta, meu coração teve um mini infarto. Ela estava toda descabelada e apenas com a roupa do corpo que estavam sujas. — Como assim, Denise? — Eu não sei, parecia está chorando, simplesmente pediu que eu chamasse o Oliver! — Chorando? — Sim, lógico que não a deixei entrar, mas ela me empurrou e disse que só iria embora daqui se o senhor Oliver a mandasse, então entrou na sala. Ela vinha em direção aos quartos, mas o Saulo ouviu tudo e a segurou, mandando chamar o Oliver. Eu o procurei em seu quarto, no escritório, em todo lugar, e não o achei, só restava aqui. — Denise, eu quero ver a cara dessa mulher, eu vou lá