Não acreditava no que Denise acabou de falar, fui para a sala com tanta raiva, que minha vontade era escorraçá-la daqui. Como ousou voltar depois do que fez. — Oliver! Liana correu em minha direção tentando me abraçar, eu a empurrei de imediato. — O que faz aqui? Liana estava com o rosto vermelho de tanto chorar, vestia roupas largas, nunca havia visto-a desse jeito. — Oliver, eu fugi. — Para de contar lorotas, saí daqui agora, sua vagabunda, você não tem ideia do que quase causou! — Saulo falava. Sinceramente, eu não sabia o que fazer, estava muito bem há alguns minutos com a Aurora, parecia que tudo ia entrar nos eixos. Não acreditava que as coisas pudessem estragar de uma hora para outra. Liana pedia ajoelhada aos meus pés, para que eu a escutasse, Saulo gritava para tirá-la dali e, para completar, vi a Aurora, que olhava do corredor, com um olhar assustado, sem entender o que se passava. Eu precisava resolver isso logo, o momento de passar tudo a limpo havia chegado, mandar
— Como assim? — Levantei da cama sem acreditar no que acabei de ouvir. — Quero que leve o Noah junto, eu não posso te explicar agora, mas mandei prepararem uma casa na vila para vocês. — O que está acontecendo? — Olha! Só faz o que estou te pedindo agora, mais tarde irei até você e a gente conversa, tudo bem? — Sim. — Deixe as coisas arrumadas que mandarei alguém vir pegar, ao terminar, desça que a levarei para a vila. Eu não sabia bem o que dizer, eu queria pedir muitas explicações, mas naquele momento não podia esquecer que trabalhava para ele. Arrumei minhas coisas e as de Noah, saí do quarto e, quando passei pela cozinha, vi Liana, sentada próxima ao balcão. Ela comia distraída, tentei passar despercebida, mas ela me viu, não contive e a olhei nos olhos. Ela franziu o cenho e me encarou também, me seguindo com os olhos até onde pôde. — Não acredito que essa bruxa fique aqui, como pode estar andando livremente pela casa? — Meus pensamentos gritavam de revolta, minha vontade
— Vai ficar aqui? — Me levantei, por não acreditar no que dizia. — Acha mesmo que eu ficaria longe de você? — Tirou a camisa, se levantando e me agarrando. — Temos algo pendente, esqueceu? Oliver sabia como me deixar constrangida, seus beijos me tomaram e me preencheram, tirando toda a tensão que estava há alguns minutos. — Estou com medo. — Comecei. — Do quê? — Toda vez que estamos juntos, alguma coisa ruim acontece! — Não vai acontecer nada, Aurora. Eu não deixarei que ninguém nos atrapalhe, nem nesta noite, nem de agora para frente. Então me pegou no colo, me levando para o quarto. — Oh, não, temos um intruso. Noah dormia lindamente na cama de casal. Como jamais imaginaria que Oliver viria e que dormiríamos juntos, não me preocupei em arranjar um lugar para o bebê, que estava em sono profundo. — O que tem no outro quarto? — Não sei, quando cheguei, Denise e Lúcia já estavam terminando de arrumar a casa. Desci de seu colo e fomos para o outro quarto. Dentro dele havia uma
Havia tido uma noite maravilhosa com Aurora e confesso que foi melhor do que esperava. Ela era doce, carinhosa e, além de tudo, decidida, sabia o que queria e não hesitou em ter. Enquanto dirigia em direção à fazenda, não conseguia parar de pensar nela, no seu toque e cheiro suave, seu gosto. Memórias da madrugada vinham como flashes, não queria sair de lá, não queria deixá-la, aquele tapete, ah, aquele tapete! Deveria colocá-lo em destaque na parede de minha sala, para me lembrar da noite mais extraordinária de minha vida, onde pude ter a mulher mais incrível deste mundo para mim. O céu estava lindo, quase não havia nuvens, então realçava esse azul esplêndido, tudo seria perfeito se não fosse por um motivo. Liana! Na entrada da fazenda encontrei com Saulo. — Ora, oras, se não é o dono da casa. — Começou a falar com um sorrisinho no rosto. — Qual foi? — Dormiu fora, foi? — Saulo perguntou com ironia. — Passei a noite fora, mas não cheguei a dormir. — Devolvi no mesmo tom. —
O dia passava lentamente. Enquanto pensava em Oliver e toda a nossa noite, sentia algo tão diferente em meu peito que não via a hora de vê-lo outra vez. Senti que o que houve foi algo intenso que, em certos momentos, notei que ele sentia algo por mim. Além do desejo, havia outro sentimento em seus olhos. Sei que não posso esperar muitas coisas e muito menos exigir nada, mas sei que algo pode realmente começar a dar certo e acontecer. Me preocupei quando Denise me falou que eles estavam brigando no escritório, eu não entendo o motivo daquela mulher aparecer, depois de todo o mal que fez a ele e ao filho. Se pudesse, eu resolveria todos os problemas da humanidade, pois não consigo ver a injustiça acontecer e me calar diante dela. Oliver é um homem bom e não falo isso por estar gostando dele e sim porque vi, ele não mede esforços para ajudar quem precisa. Não se importa com a opinião alheia em relação às suas decisões, mesmo que isso possa afetar sua honra. Eu o admiro por ser quem é, e
— Preso? Como assim? — Recebemos uma denúncia e temos aqui um mandado de prisão. Por favor, não resista, o senhor tem o direito de ficar calado, tudo que disser pode e será usado contra você no tribunal. Os policiais iam algemando o Oliver. — Não precisa disso, eu vou acompanhar vocês. Aurora, ligue para o Saulo imediatamente e diga que estou indo para a delegacia da capital. — Sim, Oliver. — Respondi mais que depressa, pegando meu celular. — Tudo bem, por favor, entre no carro, senhor Oliver. — Eu já disse que irei acompanhá-los, mas irei dirigindo meu carro. — O senhor não pode fazer isso! — Ah, é? Quem de vocês vai me impedir? Quem tentar tocar em mim levará um processo tão grande, que ficarão até sem a roupa do corpo! Os policiais se entreolharam, mas nenhum teve coragem de tocar no Oliver, ele pegou seu casaco e as chaves do carro. — Não se preocupe, eu vou resolver isso e logo volto para você. — Oliver, por favor, se cuide e me mantenha informada. Então ele saiu em se
— Eu e o Oli tivemos uma linda história de amor, nós viajamos por tantos lugares e ele era completamente louco por mim, fazia tudo o que eu queria, não media esforços para me agradar, mas alguns incidentes aconteceram, e acabou abalando um pouco a nossa vida, mas nada que não foi resolvido depois. — Seja direta, por favor! — Disse impaciente. — Vejo que você e o Oliver estão bem próximos, não é mesmo? — O que tem a ver com isso? Liana, você tem coração? Depois de tudo que o Oliver fez por você, ainda assim tem coragem de inventar mentiras sobre ele. — Mas eu não menti. Olha só o meu corpo, está todo machucado, eu fui agredida! — Você foi agredida, sim, sua cachorra, mas essas marcas foram feitas por outra pessoa. — E quem pode provar? Realizei todos os exames e, na delegacia, a agressão já foi comprovada e eu disse quem foi. — Por que mentiu, Liana? Por que acusa Oliver de algo que ele não fez? Acha não haver câmeras na entrada da fazenda que possam mostrar você chegando
— O quê? — Isso mesmo que você ouviu, se você sumir, eu juro que tiro todas as acusações contra ele. — Você está mentindo! — Não estou não, você é a única pessoa que está impedindo minha volta com o Oli. Se desaparecer, logo ele voltará para mim. — Mesmo que eu vá, ele jamais irá querer você de volta. — Isso é problema meu. Faça a sua parte apenas, pegue suas coisas agora e saia daqui, eu prometo que deixarei ele do lado do filho. Tenho direito sobre a guarda do Noah, mesmo que Oliver saia da prisão, terá que conviver comigo pelo resto da vida, já que o menino é meu filho também. Mas está em suas mãos se essa convivência será pacífica ou não. — Quem me garante que você faria isso? — Te dou a minha palavra, se quiser, vamos agora até a capital e eu retiro a queixa. Deixarei você vê-lo sair da cadeia, mas você tem que me dar a sua também, que jamais o procurará, nem falará dessa nossa conversa. Simplesmente sumirá e deixará o meu filho e meu homem em paz. — Por que eu deveria acr