Meu celular havia descarregado enquanto falava com Oliver, nem deu tempo de avisar que estava na casa da Lúcia, mas tudo bem, eu não acordaria ninguém nesse horário, para pedir um carregador emprestado. Amanhã eu falaria, além disso, não preciso dar nenhuma explicação. Ele não havia me dado folga? Então, o que tinha a ver com a minha vida? Me ignorou esse tempo todo, me fazendo de besta. O resto da madrugada passou voando, logo pela manhã acordei bem cedo para pegar carona com Joaquim, ele me deixou na casa grande e foi para a capital. Tirei meus saltos e carreguei nas mãos, meus pés doíam um pouco e também não queria fazer nenhum barulho àquele horário. Ainda estava com a roupa da festa e havia dormido maquiada, entrei em meu quarto, que ainda estava escuro, acendi a luz, me assustando com o homem sentado na cama. — Espero que tenha se divertido muito. Oliver estava sentado na minha cama, ainda vestia a roupa de ontem. Sua cara estava terrivelmente assustadora, tentei disfarçar.
Oliver ouviu o que Denise havia falado e sua feição mudou. Ele ajeitou sua camisa e me olhou. Esperei-o dizer algo, mas apenas saiu do quarto. Vesti uma blusa e olhei para Denise, que ainda estava em choque. — Como ela chegou aqui, Denise? — Ai, Aurora, parece um pesadelo. Eu havia levantado e fui até a cozinha esquentar o leite do Noah e ouvi a campainha. Quando abri a porta, meu coração teve um mini infarto. Ela estava toda descabelada e apenas com a roupa do corpo que estavam sujas. — Como assim, Denise? — Eu não sei, parecia está chorando, simplesmente pediu que eu chamasse o Oliver! — Chorando? — Sim, lógico que não a deixei entrar, mas ela me empurrou e disse que só iria embora daqui se o senhor Oliver a mandasse, então entrou na sala. Ela vinha em direção aos quartos, mas o Saulo ouviu tudo e a segurou, mandando chamar o Oliver. Eu o procurei em seu quarto, no escritório, em todo lugar, e não o achei, só restava aqui. — Denise, eu quero ver a cara dessa mulher, eu vou lá
Não acreditava no que Denise acabou de falar, fui para a sala com tanta raiva, que minha vontade era escorraçá-la daqui. Como ousou voltar depois do que fez. — Oliver! Liana correu em minha direção tentando me abraçar, eu a empurrei de imediato. — O que faz aqui? Liana estava com o rosto vermelho de tanto chorar, vestia roupas largas, nunca havia visto-a desse jeito. — Oliver, eu fugi. — Para de contar lorotas, saí daqui agora, sua vagabunda, você não tem ideia do que quase causou! — Saulo falava. Sinceramente, eu não sabia o que fazer, estava muito bem há alguns minutos com a Aurora, parecia que tudo ia entrar nos eixos. Não acreditava que as coisas pudessem estragar de uma hora para outra. Liana pedia ajoelhada aos meus pés, para que eu a escutasse, Saulo gritava para tirá-la dali e, para completar, vi a Aurora, que olhava do corredor, com um olhar assustado, sem entender o que se passava. Eu precisava resolver isso logo, o momento de passar tudo a limpo havia chegado, mandar
— Como assim? — Levantei da cama sem acreditar no que acabei de ouvir. — Quero que leve o Noah junto, eu não posso te explicar agora, mas mandei prepararem uma casa na vila para vocês. — O que está acontecendo? — Olha! Só faz o que estou te pedindo agora, mais tarde irei até você e a gente conversa, tudo bem? — Sim. — Deixe as coisas arrumadas que mandarei alguém vir pegar, ao terminar, desça que a levarei para a vila. Eu não sabia bem o que dizer, eu queria pedir muitas explicações, mas naquele momento não podia esquecer que trabalhava para ele. Arrumei minhas coisas e as de Noah, saí do quarto e, quando passei pela cozinha, vi Liana, sentada próxima ao balcão. Ela comia distraída, tentei passar despercebida, mas ela me viu, não contive e a olhei nos olhos. Ela franziu o cenho e me encarou também, me seguindo com os olhos até onde pôde. — Não acredito que essa bruxa fique aqui, como pode estar andando livremente pela casa? — Meus pensamentos gritavam de revolta, minha vontade
— Vai ficar aqui? — Me levantei, por não acreditar no que dizia. — Acha mesmo que eu ficaria longe de você? — Tirou a camisa, se levantando e me agarrando. — Temos algo pendente, esqueceu? Oliver sabia como me deixar constrangida, seus beijos me tomaram e me preencheram, tirando toda a tensão que estava há alguns minutos. — Estou com medo. — Comecei. — Do quê? — Toda vez que estamos juntos, alguma coisa ruim acontece! — Não vai acontecer nada, Aurora. Eu não deixarei que ninguém nos atrapalhe, nem nesta noite, nem de agora para frente. Então me pegou no colo, me levando para o quarto. — Oh, não, temos um intruso. Noah dormia lindamente na cama de casal. Como jamais imaginaria que Oliver viria e que dormiríamos juntos, não me preocupei em arranjar um lugar para o bebê, que estava em sono profundo. — O que tem no outro quarto? — Não sei, quando cheguei, Denise e Lúcia já estavam terminando de arrumar a casa. Desci de seu colo e fomos para o outro quarto. Dentro dele havia uma
Havia tido uma noite maravilhosa com Aurora e confesso que foi melhor do que esperava. Ela era doce, carinhosa e, além de tudo, decidida, sabia o que queria e não hesitou em ter. Enquanto dirigia em direção à fazenda, não conseguia parar de pensar nela, no seu toque e cheiro suave, seu gosto. Memórias da madrugada vinham como flashes, não queria sair de lá, não queria deixá-la, aquele tapete, ah, aquele tapete! Deveria colocá-lo em destaque na parede de minha sala, para me lembrar da noite mais extraordinária de minha vida, onde pude ter a mulher mais incrível deste mundo para mim. O céu estava lindo, quase não havia nuvens, então realçava esse azul esplêndido, tudo seria perfeito se não fosse por um motivo. Liana! Na entrada da fazenda encontrei com Saulo. — Ora, oras, se não é o dono da casa. — Começou a falar com um sorrisinho no rosto. — Qual foi? — Dormiu fora, foi? — Saulo perguntou com ironia. — Passei a noite fora, mas não cheguei a dormir. — Devolvi no mesmo tom. —
O dia passava lentamente. Enquanto pensava em Oliver e toda a nossa noite, sentia algo tão diferente em meu peito que não via a hora de vê-lo outra vez. Senti que o que houve foi algo intenso que, em certos momentos, notei que ele sentia algo por mim. Além do desejo, havia outro sentimento em seus olhos. Sei que não posso esperar muitas coisas e muito menos exigir nada, mas sei que algo pode realmente começar a dar certo e acontecer. Me preocupei quando Denise me falou que eles estavam brigando no escritório, eu não entendo o motivo daquela mulher aparecer, depois de todo o mal que fez a ele e ao filho. Se pudesse, eu resolveria todos os problemas da humanidade, pois não consigo ver a injustiça acontecer e me calar diante dela. Oliver é um homem bom e não falo isso por estar gostando dele e sim porque vi, ele não mede esforços para ajudar quem precisa. Não se importa com a opinião alheia em relação às suas decisões, mesmo que isso possa afetar sua honra. Eu o admiro por ser quem é, e
— Preso? Como assim? — Recebemos uma denúncia e temos aqui um mandado de prisão. Por favor, não resista, o senhor tem o direito de ficar calado, tudo que disser pode e será usado contra você no tribunal. Os policiais iam algemando o Oliver. — Não precisa disso, eu vou acompanhar vocês. Aurora, ligue para o Saulo imediatamente e diga que estou indo para a delegacia da capital. — Sim, Oliver. — Respondi mais que depressa, pegando meu celular. — Tudo bem, por favor, entre no carro, senhor Oliver. — Eu já disse que irei acompanhá-los, mas irei dirigindo meu carro. — O senhor não pode fazer isso! — Ah, é? Quem de vocês vai me impedir? Quem tentar tocar em mim levará um processo tão grande, que ficarão até sem a roupa do corpo! Os policiais se entreolharam, mas nenhum teve coragem de tocar no Oliver, ele pegou seu casaco e as chaves do carro. — Não se preocupe, eu vou resolver isso e logo volto para você. — Oliver, por favor, se cuide e me mantenha informada. Então ele saiu em se