O preguiçoso do Noah já havia dormido outra vez, Denise estava sentada na varanda do quarto e eu fui ficar com ela. — O que está pensando, Denise? — Perguntei, porque ela estava com os olhos fixos no horizonte. — Nada, sabe? — Levantou-se e olhou para o mar. — Acredita em destino, Aurora? Sua pergunta me pegou de surpresa, eu não sabia o que responder. — Sei lá! — Me sentei. — Acredito em Deus e que ele tem propósitos nas nossas vidas, então acho que algumas pessoas chamam isso de destino, não é? — Eu acredito, sabe? — Se sentou ao meu lado. — Acho que tem pessoas que tem o destino traçado com outras, que aparecem no lugar certo e na hora certa. — Por que você fala isso? — Olha só para você, saiu fugida de casa, pegou a estrada a pé e apareceu assim de repente na fazenda, bem na hora em que o patrão precisaria de alguém para cuidar do Noah. — Se eu te contar uma coisa, sua teoria da conspiração vai crescer. — O quê? Não acredito que esconde algo de mim, dona Aurora! — Me adver
O dia do julgamento havia chegado. Eu estava bem melhor, e os roxos já estavam mais claros em minha pele, mas não haviam desaparecido ainda. Estava feliz porque Oliver e Saulo cuidaram tanto desse caso, que fez o julgamento acontecer tão rápido. — Que tal uma maquiagem no rosto? — Denise perguntou. — Nem pensar, Denise, quero que todos vejam o que aquele sem escrúpulos fez comigo. — Sua mãe te procurou de novo? — Não, não tive mais notícias dela. — Você está tensa? — Um pouco, mas estou confiante que Sandro pegue uma boa pena, estou apenas preocupada com o destino de minha irmã. — Se sua mãe não quiser a responsabilidade de cuidar dela, você pede a guarda. — Como eu queria isso, Denise, mas em que lugar vou criá-la, se moro no meu emprego e cuido de Noah em tempo integral? — O senhor Oliver não faria questão disso, tenho certeza. — Já chega das suas ideias absurdas, Denise, eu já causei problemas demais, não colocaria mais um para a conta do Oliver. — Não estou te dando idei
— Aurora! A voz de Saulo, me chamando fora do fórum, me fez voltar ao mundo real. — Oi… — Que resultado tivemos, hein? Esta vitória deve ser comemorada! — O Oliver me disse que sairíamos para comer fora depois do julgamento. — Ah, foi? — Fez cara de dúvida. — Estranho, ele deve ter se esquecido, porque já foi embora e pediu que eu te levasse para casa. — Ah… — Me senti um pouco mal, por termos uma conversa pendente. — Então vamos para casa, lá o encontramos. — Bem, acho que você não entendeu, ele voltou para a fazenda. — Mas, o que houve? — Bem, ele não fica muito tempo longe da fazenda, acho que você sabe disso e após o seu caso ter sido resolvido, ele disse que iria, por ter muito trabalho acumulado. — É verdade. O Oliver deixou muita coisa de lado para me ajudar, eu sempre serei grata a ele. — Parece que ficou um pouco triste. — Impressão sua, senhor. — Bem, como o Oliver não está aqui, vamos fazer assim, nós dois comemoraremos. Vamos comer algo antes de voltar para cas
Chegamos à fazenda, desarrumei minha mala e almocei. Após ir para o quarto com Denise, começamos a conversar quando Oliver bateu na porta. Eu ainda não havia visto-o depois do julgamento, nem nos falamos de nenhum modo, ele estava sério. — Boa tarde! — Boa tarde, senhor. — Respondemos. — Aurora, como você está se sentindo? — Muito bem, graças a Deus. — Então, já que está tudo bem, você volta a cuidar do Noah e Denise, você volta para seus afazeres. Falou e saiu do quarto, e nós nos entreolhamos sem entender nada. — O que será que aconteceu? — Denise começou. — Não sei, ele deve estar nervoso e com serviço acumulado. — Até parece que voltou a ser o ranzinza de antes, eu hein! Voltarei para a cozinha, antes que ele volte aqui. Denise deu um beijo em Noah e saiu do quarto, e eu fiquei pensando no porquê dele estar tão sério, parecia estar com o mesmo semblante de quando o conheci. […] Os dias se passaram rápido. Não via Oliver em casa de modo algum, até dormir com Noah, ele h
— Mas que merda é essa? — Saulo começou a falar irritado. — Do que você está falando? — Não entendia o que ele falava. — Por que a Aurora está vestida daquele jeito? — Ah, disso que você está falando? — Saulo me olhava desacreditado, como se fosse a última coisa da vida, a Aurora estar vestida num uniforme. — Ela está vestida a caráter, ué, ela não veio passear, veio trabalhar. — Pelo amor de Deus, Oliver, você nunca exigiu que ela vestisse uniforme em casa, agora numa festa dessas com todo mundo arrumado, você a faz passar por isso. Que constrangedor! — Desde quando é constrangedor trabalhar? — Eu não estou questionando o trabalho, nem o uso do uniforme, mas, para alguém que nunca exigiu, fazê-la usar numa ocasião dessas. Olha ao nosso redor, veja como todos estão vestidos, como você acha que ela está se sentindo? — Não a vi, em momento algum, questionar ou fazer cara feia. — O que está acontecendo, cara? Tem alguma coisa que eu não estou sabendo? — Não tem nada acontecendo,
Após acordar e dar um banho bem gostoso no Noah, desci para a cozinha, para comer algo, pois estava morrendo de fome, encontrei Denise e dona Lúcia na cozinha. — Bom dia. Ué, vocês não estavam de folga? — Bom dia, mudanças de planos, amiga, o senhor Oliver vai receber visitas. — Ah! Após tomar meu café e passear com Noah, que dormia no carrinho, fui para a lavanderia lavar suas roupinhas. Havia algumas roupas de cama fora do cesto, então resolvi arrumar. Encontrei uma camisa de Oliver caída ao chão e a coloquei no cesto, mas antes, notei haver uma mancha na camisa. Percebi a marca de batom. Algumas borboletas voaram no meu estômago, não sei o que era aquilo, mas me senti mal. Joguei a roupa no cesto e voltei a meus afazeres. Após passar as roupinhas de Noah, decidi ir para o quarto e notei haver algumas pessoas na sala. Tentei passar o mais discreta possível, mas ouvi a voz de Oliver me chamando. — Aurora, por favor, traga o Noah até aqui. Entrei na sala com o carrinho, Noah ain
Acordei com uma pequena dor de cabeça. Noah havia ficado a madrugada inteira acordado, acho que foi pela mudança de rotina da noite passada. O que fazia o príncipe estar dormindo naquele momento. Eram dez e pouco da manhã, deixei-o no berço e saí para a cozinha. Estava morrendo de fome, e também queria fazer um chá para me manter acordada de dia. A casa estava em total silêncio, não havia sinal de ninguém. Oliver com certeza ainda estaria dormindo, depois da festa de ontem e aquela mulher, onde será que estava? Afastei do meu pensamento coisas idiotas, não queria pensar mais na vida do meu patrão, não me interessava o que ele fazia ou deixava de fazer. Coloquei a água do chá no fogo e fiquei esperando ferver, me encostei na pia e resolvi olhar o celular, entrei na página da feira e vi as fotos do evento de ontem. Oliver apareceu ao lado de três homens e da moça metida. — Vejo que Oliver dá muita folga aos funcionários, hein? Saí dos meus devaneios ao ouvir a voz da própria. Jade Pa
— Meu Deus! Denise, isso não está escuro demais? — Claro que não! Esse batom te caiu perfeitamente, olha no espelho e vê como você está linda. Estávamos na dependência onde Denise e Saulo moravam. Noah estava na cama brincando e Denise me maquiava, já que eu não tinha sequer um hidratante labial para passar na boca. Saulo havia dito que me levaria até a vila São Caetano, eu neguei sua carona, mas Denise insistiu. Já estava vestida e calçado aquele salto enorme. Me olhei no espelho e realmente gostei do que vi, nunca na minha vida, tinha me arrumado e me sentido bonita daquele jeito. — Não acha que minha barriga está um tanto à mostra? — Claro que não, mesmo se estivesse, olha esta cintura linda de dar inveja em qualquer um, você está linda! Logo após, ouvi batidas na porta, Saulo entrou no quarto, me olhando dos pés a cabeça. — Minha nossa! — Fiquei morrendo de vergonha, ele não parava de olhar. — Aurora, com todo respeito, você está linda. — Está vendo, eu te disse! — Denise c