— O quê? — Perguntei desacreditada. — Espera, antes de dar seu show, me deixe falar! — Era inacreditável. — Olha só para você, Aurora, está vivendo bem, morando numa mansão, passando férias na praia e transando com um homem podre de rico. — Mãe! — Tentava falar. — E eu? O que eu tenho? — Começou a chorar. — Primeiro, quando seu pai morreu me deixou sozinha cuidando de você, eu vivi como uma cachorra para não te deixar passar fome. — Mãe, pelo amor de Deus, são coisas totalmente diferentes. — Não, não são! — Gritou — Se o Sandro for preso, eu vou voltar de novo para a estaca 0, com uma criança para me responsabilizar, perderei o emprego, porque você sabe que estou lá graças a ele. Como manterei a casa? Como pagarei a escola da Alice? — Gritava histérica. — Para de gritar, mãe. Alice se assustou com os gritos e correu para ver o que era e, para minha surpresa, ela correu para os meus braços, assustada! — Você já está tendo a vida que sonhou, então pensa bem, se não for por mim, p
O preguiçoso do Noah já havia dormido outra vez, Denise estava sentada na varanda do quarto e eu fui ficar com ela. — O que está pensando, Denise? — Perguntei, porque ela estava com os olhos fixos no horizonte. — Nada, sabe? — Levantou-se e olhou para o mar. — Acredita em destino, Aurora? Sua pergunta me pegou de surpresa, eu não sabia o que responder. — Sei lá! — Me sentei. — Acredito em Deus e que ele tem propósitos nas nossas vidas, então acho que algumas pessoas chamam isso de destino, não é? — Eu acredito, sabe? — Se sentou ao meu lado. — Acho que tem pessoas que tem o destino traçado com outras, que aparecem no lugar certo e na hora certa. — Por que você fala isso? — Olha só para você, saiu fugida de casa, pegou a estrada a pé e apareceu assim de repente na fazenda, bem na hora em que o patrão precisaria de alguém para cuidar do Noah. — Se eu te contar uma coisa, sua teoria da conspiração vai crescer. — O quê? Não acredito que esconde algo de mim, dona Aurora! — Me adver
O dia do julgamento havia chegado. Eu estava bem melhor, e os roxos já estavam mais claros em minha pele, mas não haviam desaparecido ainda. Estava feliz porque Oliver e Saulo cuidaram tanto desse caso, que fez o julgamento acontecer tão rápido. — Que tal uma maquiagem no rosto? — Denise perguntou. — Nem pensar, Denise, quero que todos vejam o que aquele sem escrúpulos fez comigo. — Sua mãe te procurou de novo? — Não, não tive mais notícias dela. — Você está tensa? — Um pouco, mas estou confiante que Sandro pegue uma boa pena, estou apenas preocupada com o destino de minha irmã. — Se sua mãe não quiser a responsabilidade de cuidar dela, você pede a guarda. — Como eu queria isso, Denise, mas em que lugar vou criá-la, se moro no meu emprego e cuido de Noah em tempo integral? — O senhor Oliver não faria questão disso, tenho certeza. — Já chega das suas ideias absurdas, Denise, eu já causei problemas demais, não colocaria mais um para a conta do Oliver. — Não estou te dando idei
— Aurora! A voz de Saulo, me chamando fora do fórum, me fez voltar ao mundo real. — Oi… — Que resultado tivemos, hein? Esta vitória deve ser comemorada! — O Oliver me disse que sairíamos para comer fora depois do julgamento. — Ah, foi? — Fez cara de dúvida. — Estranho, ele deve ter se esquecido, porque já foi embora e pediu que eu te levasse para casa. — Ah… — Me senti um pouco mal, por termos uma conversa pendente. — Então vamos para casa, lá o encontramos. — Bem, acho que você não entendeu, ele voltou para a fazenda. — Mas, o que houve? — Bem, ele não fica muito tempo longe da fazenda, acho que você sabe disso e após o seu caso ter sido resolvido, ele disse que iria, por ter muito trabalho acumulado. — É verdade. O Oliver deixou muita coisa de lado para me ajudar, eu sempre serei grata a ele. — Parece que ficou um pouco triste. — Impressão sua, senhor. — Bem, como o Oliver não está aqui, vamos fazer assim, nós dois comemoraremos. Vamos comer algo antes de voltar para cas
Chegamos à fazenda, desarrumei minha mala e almocei. Após ir para o quarto com Denise, começamos a conversar quando Oliver bateu na porta. Eu ainda não havia visto-o depois do julgamento, nem nos falamos de nenhum modo, ele estava sério. — Boa tarde! — Boa tarde, senhor. — Respondemos. — Aurora, como você está se sentindo? — Muito bem, graças a Deus. — Então, já que está tudo bem, você volta a cuidar do Noah e Denise, você volta para seus afazeres. Falou e saiu do quarto, e nós nos entreolhamos sem entender nada. — O que será que aconteceu? — Denise começou. — Não sei, ele deve estar nervoso e com serviço acumulado. — Até parece que voltou a ser o ranzinza de antes, eu hein! Voltarei para a cozinha, antes que ele volte aqui. Denise deu um beijo em Noah e saiu do quarto, e eu fiquei pensando no porquê dele estar tão sério, parecia estar com o mesmo semblante de quando o conheci. […] Os dias se passaram rápido. Não via Oliver em casa de modo algum, até dormir com Noah, ele h
— Mas que merda é essa? — Saulo começou a falar irritado. — Do que você está falando? — Não entendia o que ele falava. — Por que a Aurora está vestida daquele jeito? — Ah, disso que você está falando? — Saulo me olhava desacreditado, como se fosse a última coisa da vida, a Aurora estar vestida num uniforme. — Ela está vestida a caráter, ué, ela não veio passear, veio trabalhar. — Pelo amor de Deus, Oliver, você nunca exigiu que ela vestisse uniforme em casa, agora numa festa dessas com todo mundo arrumado, você a faz passar por isso. Que constrangedor! — Desde quando é constrangedor trabalhar? — Eu não estou questionando o trabalho, nem o uso do uniforme, mas, para alguém que nunca exigiu, fazê-la usar numa ocasião dessas. Olha ao nosso redor, veja como todos estão vestidos, como você acha que ela está se sentindo? — Não a vi, em momento algum, questionar ou fazer cara feia. — O que está acontecendo, cara? Tem alguma coisa que eu não estou sabendo? — Não tem nada acontecendo,
Após acordar e dar um banho bem gostoso no Noah, desci para a cozinha, para comer algo, pois estava morrendo de fome, encontrei Denise e dona Lúcia na cozinha. — Bom dia. Ué, vocês não estavam de folga? — Bom dia, mudanças de planos, amiga, o senhor Oliver vai receber visitas. — Ah! Após tomar meu café e passear com Noah, que dormia no carrinho, fui para a lavanderia lavar suas roupinhas. Havia algumas roupas de cama fora do cesto, então resolvi arrumar. Encontrei uma camisa de Oliver caída ao chão e a coloquei no cesto, mas antes, notei haver uma mancha na camisa. Percebi a marca de batom. Algumas borboletas voaram no meu estômago, não sei o que era aquilo, mas me senti mal. Joguei a roupa no cesto e voltei a meus afazeres. Após passar as roupinhas de Noah, decidi ir para o quarto e notei haver algumas pessoas na sala. Tentei passar o mais discreta possível, mas ouvi a voz de Oliver me chamando. — Aurora, por favor, traga o Noah até aqui. Entrei na sala com o carrinho, Noah ain
Acordei com uma pequena dor de cabeça. Noah havia ficado a madrugada inteira acordado, acho que foi pela mudança de rotina da noite passada. O que fazia o príncipe estar dormindo naquele momento. Eram dez e pouco da manhã, deixei-o no berço e saí para a cozinha. Estava morrendo de fome, e também queria fazer um chá para me manter acordada de dia. A casa estava em total silêncio, não havia sinal de ninguém. Oliver com certeza ainda estaria dormindo, depois da festa de ontem e aquela mulher, onde será que estava? Afastei do meu pensamento coisas idiotas, não queria pensar mais na vida do meu patrão, não me interessava o que ele fazia ou deixava de fazer. Coloquei a água do chá no fogo e fiquei esperando ferver, me encostei na pia e resolvi olhar o celular, entrei na página da feira e vi as fotos do evento de ontem. Oliver apareceu ao lado de três homens e da moça metida. — Vejo que Oliver dá muita folga aos funcionários, hein? Saí dos meus devaneios ao ouvir a voz da própria. Jade Pa