Cidade de “FT”, 13 de janeiro, segunda-feira.
Havia levado outra espetada. Havia novamente desmaiado. Acordara dentro do Corsa, um pouco depois da meia-noite.
São e salvo.
Com dor de cabeça, decidiu adiar a visita ao bar Lintox.
Seguiu para seu apartamento, onde morava sozinho.
Tomou banho. Jantou ovo frito com farofa. Ingeriu um comprimido. Colocou curativo no ferimento.
Dormiu, sem pensar nas palavras do traficante.
Cidade de “FT”, 14 de janeiro, terça-feira.
Uma vez na delegacia, não quis revelar aos colegas o que motivou o ferimento na testa.
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Cidade de “FT”, 14 de janeiro, terça-feira. Almoçou peixe frito com arroz, farofa, feijão e salada. Como acompanhamento, suco de laranja. Após o almoço, passou numa farmácia e renovou o curativo na testa. Tomou um anti-inflamatório. Uma hora depois, estava de volta à rua Marselhantes. Circulou pela área, mas não encontrou o que queria. Sem desanimar, deu uma volta no quarteirão. De repente, na rua paralela, viu a casa vermelha → de um pavimento →, larga e macabra, onde estava escrito, na frente:“CASA DE PAI HUMBERTO” Bingo!<
Cidade de “FT”, 14 de janeiro, terça-feira. Minutos depois, a mulher tornou a abrir a porta. → Entre. Seguiu a mulher por um estreito corredor. Entraram numa espécie de sala de estar, com sofá, estante e tapete. Dali podia ver a cozinha. A porta que dava acesso ao lado sul da casa, no entanto, estava fechada. Um homem alto e magro, que usava barba, apesar da calvície acentuada, estava sentado numa poltrona, diante da TV ligada. Vestia-se completamente de branco. Devia ter mais de setenta anos. Não se levantou. → Sente-se, por favor → a mulher disse, baixinho. Sentou-se no sofá.&
Cidade de “FT”, 14 de janeiro, terça-feira. Naquela noite, visitou o bar Lintox. Conversou com o dono. Mostrou a foto de “Ameba”. → Lembro dele, sim. Ele havia se afastado da cabine do “caixa”. Conversavam sentados numa mesa, num recinto dos fundos. Estendeu uma cédula, que o homem pegou. → Vinha sozinho? → Geralmente sim. Só uma vez veio acompanhado de duas mulheres e um homem. Todos usavam roupas brancas, no estilo dos enfermeiros, entende? → Pode descrevê-los? → A primeira mulher era branca, alta e gostosa. Tinha uns peitões de respeito. A segunda era branca
Cidade de “FT”, 15 de janeiro, quarta-feira. Na delegacia, começou a digitar o relatório. Marcos se aproximou: → Como está seu caso? → Tenho dois suspeitos. → Sério? Algo quente? → Acredito que sim. Provavelmente irei pedir a expedição de um mandado de prisão nos próximos dias. Só preciso tirar umas dúvidas. Pode ser que eles escapem de uma condenação. Mas tenho quase certeza de que são culpados. → Entendo. Boa sorte. → Obrigado. Tendo concluído a primeira parte do relatór
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Prosseguiu na missão. As dúvidas martelavam sua mente: para onde aquele C3 estaria indo? Quem estaria lá dentro? Meia hora depois, o C3 saiu da BR e começou a percorrer as ruas e avenidas. Subitamente, estava numa rua deserta → de duas faixas → e pessimamente asfaltada, com um denso matagal de ambos os lados. As luzes dos postes iluminavam a área. Vez ou outra um sítio ou fazenda surgia. Pôde ver uma das placas de identificação. Lá estava escrito: rua Miranda Hiller, do bairro “MJ-5.13”. Somente os dois carros na estrada. 
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Contou dezoito pessoas na espaçosa sala. Todos usavam roupas pretas. Todos de pé. Alguns com copos de bebidas na mão. O velho Sérgio estava lá. O dono do bar Lintox. A Viviane Selly → conhecida como Branca → também. O que estava acontecendo? De repente, um homem entrou na sala. Segurava uma taça de vidro. Todos abriram passagem para ele. Sentiu o arrepio do medo corroer suas entranhas! → Boa noite, Macto. → ele disse. Homem moreno, magro e alto, que aparentava ter entre quarenta e cin
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Tudo se resumiu a uma sucessão de dores. Primeiro, os pregos! Quando rasgaram sua carne → devido às marteladas → gritou tão alto que sentiu suas cordas vocais tremerem! Gritou como nunca tinha gritado em toda a sua vida! O sangue jorrava dos ferimentos. Segundo, prenderam sua cintura de encontro à cruz por uma corda de nylon. Tiraram as outras cordas. Notou que seus pés → unidos pelo gigantesco prego → estavam apoiados numa espécie de plataforma, fixada na parte inferior da cruz. Dessa forma, seu corpo era sustentado pelos pés e pela cintura, o que atrasaria em dias a sua morte.&nbs
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Acordou nas trevas! Calculou ser nove ou dez horas de uma noite de vento brando, com a temperatura na faixa dos vinte e seis graus. A fazenda às escuras. A vontade de beber água ou qualquer líquido era insuportável. Suas mãos estavam horrivelmente inchadas. O sangue lhes dava um aspecto doentio. Seu rosto... pálido! Pálido como se não tivesse uma gota de sangue sequer! Pálido e quase em pânico. Sua pele evidenciava pequenas feridas, devido às queimaduras provocadas pelo sol. Defecou na fralda. Foi obrigado a se acostumar com o fedor.