Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira.
Prosseguiu na missão.
As dúvidas martelavam sua mente: para onde aquele C3 estaria indo? Quem estaria lá dentro?
Meia hora depois, o C3 saiu da BR e começou a percorrer as ruas e avenidas. Subitamente, estava numa rua deserta → de duas faixas → e pessimamente asfaltada, com um denso matagal de ambos os lados.
As luzes dos postes iluminavam a área.
Vez ou outra um sítio ou fazenda surgia.
Pôde ver uma das placas de identificação. Lá estava escrito: rua Miranda Hiller, do bairro “MJ-5.13”.
Somente os dois carros na estrada.
 
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Contou dezoito pessoas na espaçosa sala. Todos usavam roupas pretas. Todos de pé. Alguns com copos de bebidas na mão. O velho Sérgio estava lá. O dono do bar Lintox. A Viviane Selly → conhecida como Branca → também. O que estava acontecendo? De repente, um homem entrou na sala. Segurava uma taça de vidro. Todos abriram passagem para ele. Sentiu o arrepio do medo corroer suas entranhas! → Boa noite, Macto. → ele disse. Homem moreno, magro e alto, que aparentava ter entre quarenta e cin
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Tudo se resumiu a uma sucessão de dores. Primeiro, os pregos! Quando rasgaram sua carne → devido às marteladas → gritou tão alto que sentiu suas cordas vocais tremerem! Gritou como nunca tinha gritado em toda a sua vida! O sangue jorrava dos ferimentos. Segundo, prenderam sua cintura de encontro à cruz por uma corda de nylon. Tiraram as outras cordas. Notou que seus pés → unidos pelo gigantesco prego → estavam apoiados numa espécie de plataforma, fixada na parte inferior da cruz. Dessa forma, seu corpo era sustentado pelos pés e pela cintura, o que atrasaria em dias a sua morte.&nbs
Cidade de “MJ”, 16 de janeiro, quinta-feira. Acordou nas trevas! Calculou ser nove ou dez horas de uma noite de vento brando, com a temperatura na faixa dos vinte e seis graus. A fazenda às escuras. A vontade de beber água ou qualquer líquido era insuportável. Suas mãos estavam horrivelmente inchadas. O sangue lhes dava um aspecto doentio. Seu rosto... pálido! Pálido como se não tivesse uma gota de sangue sequer! Pálido e quase em pânico. Sua pele evidenciava pequenas feridas, devido às queimaduras provocadas pelo sol. Defecou na fralda. Foi obrigado a se acostumar com o fedor. 
Cidade de “MJ”, 17 de janeiro, sexta-feira. Sozinho! A dificuldade de respirar aumentava. Em delírio → com o cérebro atrofiado → já não sentia mais nada, não via mais nada, não pensava em mais nada. Sentiu o tenebroso manto da morte se acercando... o tétrico manto do verdugo negro... realizando um reconhecimento... analisando as possibilidades... cheirando seu corpo... cutucando sua alma... lambendo seu espírito... num frenesi alucinado!!! E não tinha forças para lutar contra ele! Seria o fim? O fim... o fim... o fim... As dores no estômago aumentaram! Urinou novamente
Cidade de “FT”, 18 de janeiro, sábado. Não sonhou. Não teve pesadelos. A escuridão → no entanto → permanecia ao seu redor, profunda, sinistra, dominando o ambiente. Mansidão. Imobilidade. As dores diminuíram. Cidade de “FT”, 19 de janeiro, domingo. Saiu da UTI, sendo conduzido a um dos quartos. Abriu, enfim, os olhos. Pôde perceber o quarto; os aparelhos; as paredes brancas. Havia bandagens em quase todo o seu corpo. Parecia uma múmia, como nos tempos medievais. Além do mais, foi obrig
Cidade de “FT”, 19 de janeiro, domingo. Isso porque, à meia-noite, depois que a enfermeira lhe aplicou uma injeção, recebeu uma inusitada e horripilante visita. A visita do demônio! Um homem entrou na sala. Usava o jaleco branco, típico dos médicos. No pescoço, um estetoscópio. Calça jeans. Sapatos pretos. Cabeça raspada. Bigode discreto. Óculos escuros. Manteve a luz apagada. Apenas a luz do corredor iluminava o quarto. Aproximou-se da cama. → Boa noite, Macto → ele murmurou, sério. Estremeceu, ao reconhecer aquela voz! Tentou gritar, mas nada sai
Cidade de “FT”, 20 de janeiro, segunda-feira. Subitamente, um objeto foi colocado sobre seu rosto. Macio, mas que, naquele instante, o sufocava. O que seria? Um travesseiro??? Óbvio! Um discreto e eficiente travesseiro! Não recebeu uma facada nem um tiro. E muito menos uma pancada na cabeça. Por quê? Com certeza para parecer que teria morrido de parada cardíaca. Assim procedendo, não causaria suspeitas. Sim! Era um bom plano. O delegado Haroldo → apesar de enlouquecido → ainda não tinha perdido a inteligência.&nbs
Cidade de “FT”, 20 de janeiro, segunda-feira. Acordou quando faltavam dez minutos para as oito horas, segundo lhe informou a enfermeira. Ela, por sinal, lhe aplicara uma injeção e colocara o soro; porém não quis lhe dizer mais nada. Insistiu. No entanto, ela se mostrou irredutível. Ordens, havia dito. O médico também nada revelou. Permaneceu deitado, tomando soro e repleto de curiosidade. Curiosidade! A pergunta que lhe veio à mente era uma só: o que havia acontecido? Cidade de “FT”, 20 de janeiro, segunda-feira. Só foi saber das novidades