A tarde se iniciava de forma passiva e quente, como um belo dia de verão.
Assim que Esther chegou a sua casa, sua mãe já estava com as malas prontas para sua viagem a negócios.
Ela abriu a porta principal de casa, derrubando uma pequena mala que estava encostada ali.
— Hoje será sua grande viagem? — Esther indagou, assim que entrou em casa. Ela havia se esquecido disso por um momento.
— Exato. Mas eu volto. — Sua mãe disse, se aproximando dela e apertando suas bochechas.
— Há uma lista de coisas que deixei para vocês fazerem. Coisas básicas. — Jéssica lhe entregou uma "grande listinha".
Para Esther ela realmente era uma super mãe. — Acho que hoje em dia todas se encaixam nes
A música que Fogueira colocou começou a tocar. Era uma suave canção da banda escocesa Mogwai. — Exatamente como curto. — Ela disse, enquanto fechava os olhos e aproveitava a melodia envolvente. Fogueira a observou internamente. — Sou aquela pessoa que escuta música de todos os gêneros e de qualquer lugar, desde que elas tenham uma letra inspiradora. — Ele falou, aumentando um pouco o volume do som. O parque estava há dez minutos de onde estavam, logo ao lado da sede principal da prefeitura do distrito dois. — Já percebeu que nós interagimos e curtimos mais este lado da cidade? Deve ser porque ele tem uma cara mais "divertida", do que a pacífica e quieta parte cheia de bairros residenciais da Cidade de Cima. — Fogueira disse, enquanto entrava no lugar onde o parque havia sido instalado. — Verdade... E o outro distrito da cidade onde moramos, curiosamente não é frequentada por ninguém daqui. — Ela retrucou, com um fato curioso.
O sentimento e a emoção são energias transmutadas da alma a partir das informações que recebemos através dos sentidos. Temos a possibilidade de traduzir estas informações do modo como nossa mente está condicionada, consciente, aceita e pré-determina como verdadeira. Deste ponto, ela levou a informação para as profundezas de nosso ser, tornando padrões mentais quase que inalteráveis: falso, verdadeiro, bom, ruim, alto, baixo, perto, longe, logo, tarde, pequeno, grande. Isto levou a compreensão do amor por uma pessoa: se recebemos boas e sentimentais experiências de dado ser, o enxergamos com "novos olhos", estes, que sustentam uma imagem exemplar da pessoa que amamos, multiplicando ainda mais o amor. Alguns dias se passaram, e a aproximação de Esther com o Fogueira Vilela, aconteceu naturalmente, como se já fossem amigos de longas datas. E ele,
A atendente terminou de recadastrar os livros e lhe entregou um cartão. — Com este, era possível pegar mais livros emprestados. — Obrigada. — Esther agradeceu, enquanto guardava o cartão no bolso e pegou a mochila, agora, com mais facilidade. Seu ombro quase não sentia que ela estava ali, pendurada a ela. — De nada. A garotinha é sua irmã? — A atendente indagou, apontando discretamente para a menina. — Ah! Não... Ela é uma amiga. — Esther respondeu, virando-se e encarando a menina. Esther deu alguns passos à frente, mas para, quando se recordava de algo. — A propósito, você sabe onde fica a sala de artes? — Subindo a escada, na segunda porta à direita. — A atendente passou as coordenadas. — Muito obrigada! — Júlia, quer me acompanhar em um lugar legal? — Ela perguntou, ao se aproximar da menina. Ela aceitou, carregando o livro que havia pegado na estante e trazendo-o consigo. A escada de madeira qu
Pensar de acordo com uma informação pré-estabelecida pela nossa mente é fácil, mas "ver" através do que aparentemente está ali, requer energia. Neste caso, torno-me como você me vê em sua mente, ainda que isto não seja eu de fato. Sou como um espelho. O que você vê em mim, tem exclusivamente ligação direta ao que realmente é você. Então seria correto afirmar que somos iguais? Sim, definitivamente. Não de um modo físico. Creio que neste ponto, temos nossas singularidades. Mas observe as coisas e os seres como eles realmente são. Iguais uns aos outros, energeticamente. Desprovidos de falhas, e preenchidos de poder infinito. Os mesmos átomos que formam meu corpo, forma o corpo de outra pessoa. São os mesmos órgãos, as mesmas programações, a mesma biologia sanguínea, o mesmo cérebro, o mesmo ser. Iguais, mas, diferentes quando pensam. O fato proeminente está no pensar. O ser é igual, até pensar, e se pode fazer isso, consegue ser, ou não ser "coisas".
Fogueira Os dias passavam e não esperava ninguém. Pouco se importava com o procedimento de Esther ou do minucioso trabalho de Fogueira. Já se foram nove dias... Faltavam menos de onze dias para o campeonato e absolutamente vinte, para o concurso de telas, e Fogueira parecia ter conseguido mais tempo e esperança para si mesmo. Mas ele não era o único a ter uma rixa com o tempo. Sua amiga Esther, parecia precisar de um milagre naquele momento. A vida gosta de ação, e ainda que pareça que você não esteja pronto, só um sopapo em sua estrutura pode impulsioná-lo a alguma ação imediata. — Você e essa sua brincadeira de novo, Fogueira? — Seu pai indagou irritado, enquanto entrava no carro. Ele renegava a ideia de
Esther observou o teto de concreto do seu quarto, sobre o tapete. A luminária daquele ângulo, parecia um dos abajures esquisitos da feira de decoração e tendências que sua mãe costumava frequentar. Ela havia se jogado ao chão quando sua cabeça deu "chilique", no momento em que ela pensava em mil e uma maneiras de conseguir duzentos mil reais. Ela poderia fotografar cinquenta mil cães e gatos, e cobrar quatro reais por foto, mas, onde diabos ela encontraria tanto bicho? Ou talvez ela poderia cobrar todas as pessoas que lhe tomaram livros e CD's, emprestados e nunca os devolveram, mas se ela fizesse isso, certamente não poderia pedir mais nada emprestado a ninguém pelo resto de sua vida. Quem sabe talvez ela pudesse pedir duzentos mil reais ao seu tio-avô, Marciano Ferreira Duarte: ele era solteirão, vivia bem no norte do país, e adorava apostar em jogos de aza
O carro preto era um conversível, e de dentro dele saiu um homem bem-arrumado. Ele usava óculos escuros. E olhou para os lados antes de entrar na casa. Esther retirou a chave da fechadura do cofre e colocou rapidamente o pôster no lugar. Cobrindo o esconderijo. Ela abriu a porta do quarto e foi silenciosamente até o corredor que dava acesso à escada. Escondida, começou a observar quem era a visita. Assim que o homem retirou os óculos escuros para cumprimentar o Senhor Rebouças, ela se recordou daquele rosto familiar. Era o policial que parou Fogueira e ela, a fim de alertá-los sobre as obras da rua, no dia em que eles foram para a praia, e o mesmo que perambulava com uma cara fechada pelo parque de diversões. Mas o que ele fazia ali? — Bom dia, Rebouças. Eu trouxe os documentos da outra casa em Castanheiras. Só preciso que assine isto para mim depois. — Ele falou, entregando os papéis. O policial estava descaracterizado, como se estivesse em s
No dia seguinte... Fogueira O carro passou por cima da mangueira que estava esparramada no gramado da frente da casa dos Vilela, antes de estacionar. — Alguém chegou. — Fogueira disse para o pai. Ele estava em seu escritório, entretido com uma pilha de papéis. Enquanto Fogueira foi do escritório do seu pai até a sala, foi possível escutar o som da porta do carro bater com força. A visita se encaminhou até a casa. Fogueira olhou pelo olho mágico que havia na porta antes de abri-la. Era possível ver um semblante de um homem alto, de terno, do outro lado. A campainha tocou neste ínterim. — Pois não. — Fogueira disse ao a