POV: AVRIL
Minha cabeça latejava, uma dor aguda que parecia atravessar meu crânio, e tudo ao meu redor girava em uma neblina confusa. Abri os olhos lentamente, piscando várias vezes para tentar clarear a visão embaçada. A primeira coisa que senti foi o calor da lareira crepitante em frente a mim, suas chamas dançando e projetando sombras tremeluzentes pelas paredes de madeira da cabana. Um cheiro forte de fumaça misturado ao metal do sangue preencheu minhas narinas, me fazendo sentir ainda mais nauseada.
Eu tentei mexer os braços, mas um puxão doloroso me fez perceber que estava amarrada. Minhas mãos estavam presas às costas da cadeira, a corda cortando minha pele com cada movimento, e uma nova onda de dor percorreu meu corpo quando tentei me mexer. Arfei, sentindo o ferimento na lateral do meu tronco protestar. Quando olhei para baixo, vi que havia um curativo improvisado cobrind
POV: ARCHEREnquanto eu dirigia em alta velocidade pelas estradas sinuosas em direção às montanhas de Seattle, meu coração batia descontrolado, sincronizado com o rugido do motor. A ansiedade me consumia a cada segundo que passava, a urgência de chegar logo à cabana e salvar minha Avy era sufocante. O céu escurecia rapidamente, e uma espessa camada de nuvens carregadas se formava acima de mim, como um presságio sinistro. Não demorou muito para que os primeiros pingos grossos começassem a cair, se transformando em uma chuva pesada que batia com força no para-brisa, dificultando minha visão.Apertei o volante com tanta força que meus dedos começaram a doer, cerrando os dentes enquanto a raiva e o desespero gritavam em minha mente.— Droga, Avy, por favor, aguente só mais um pouco — murmurei, minha voz baixa e tensa.
POV: AVRILEncostei-me em uma árvore, pressionando a mão sobre o ferimento na lateral do meu corpo. A dor era constante, um pulsar latejante que me fazia contorcer. Quando retirei os dedos, senti o líquido denso e pegajoso do sangue escorrendo, manchando minha pele. Minha respiração estava rápida e irregular, e cada movimento parecia arrancar mais energia do meu corpo. Inclinei a testa contra o tronco, tentando recuperar o fôlego e controlar o pânico que crescia dentro de mim.— Meu Deus, por favor... eu não quero morrer — sussurrei, a voz fraca e tremida, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Minha garganta se apertava, sufocando um soluço que ameaçava explodir. — Alguém... alguém me ajude.As palavras foram absorvidas pela floresta ao meu redor, sem resposta, apenas o som distante da chuva que começava a
POV: ARCHERCheguei à cabana no alto da montanha, o vento frio e a chuva pesada castigando meu rosto enquanto eu saía do carro. Puxei a arma e a enfiei na cintura, pronto para agir. Corri em direção à cabana, meus pés afundando na lama enquanto avançava. A porta estava aberta, escancarada, balançando levemente com o vento. Meu coração disparou ao ver manchas de sangue no chão logo na entrada.— Alguém está aí? Ethan! Avril! — gritei, mas nenhum som veio em resposta. O silêncio era opressor, apenas interrompido pelo som da chuva incessante.Empunhei a arma, os dedos firmes no gatilho enquanto meus olhos varriam o interior da cabana. Não havia sinal deles, apenas a evidência clara de que algo terrível tinha acontecido. Vi rastros de sangue que levavam para fora, em direção à sacada.
POV: ARCHEREu envolvi minhas mãos ao redor de seu pescoço, apertando com toda a minha força, vendo seus olhos se arregalarem enquanto lutava para respirar.— Seu desgraçado... eu vou te matar! — sibilei, minha voz fria e implacável. — Você vai pagar por tudo o que me fez passar e por ter tocado nela!Ethan tentou falar, sua voz saindo abafada enquanto lutava para se soltar. Seus dedos arranharam meu braço, e um sorriso torto apareceu em seus lábios, mesmo enquanto sufocava.— Filho... — ele conseguiu dizer, sua voz rouca e fraca. — Se me matar... nunca mais verá sua mãe!As palavras dele penetraram como uma faca. Minhas mãos vacilaram, o choque e a hesitação me congelando por um momento. Foi tudo o que ele precisou. Com um movimento rápido, Ethan me acertou um s
POV: ARCHER— Desgraçado! — gritei, a raiva explodindo de dentro de mim. — E minha mãe? O que você fez com ela?Fiz menção de avançar, mas antes que pudesse dar um passo, ele puxou o gatilho e disparou. A bala atravessou meu ombro, a dor cortante me fez recuar, tropeçando para trás enquanto um gemido de dor escapava dos meus lábios. Pressionei a mão contra o ferimento, tentando conter o sangue que fluía, mas minha visão começou a embaçar.Philipe apenas sorriu, a arma ainda apontada para mim, seu prazer em me ver sofrer evidente em cada linha de seu rosto.— Por que não a matei? — ele repetiu, como se estivesse ponderando a questão antes de responder. — Porque ela era mais útil viva. Sua mãe acreditava nas mentiras que eu contei, me ajudou a manter a facha
POV: AVRILAbri os olhos lentamente, sentindo uma tontura se espalhar enquanto cada fibra do meu corpo latejava de dor. Um gemido suave escapou dos meus lábios ao perceber um corpo grande e volumoso ao meu lado. Olhei ao redor, vendo as paredes brancas do quarto e os aparelhos ao meu redor, e só então percebi que estava em um quarto de hospital. Ao lado, Archer dormia profundamente em uma cama grande, larga o suficiente para parecer quase uma cama de casal.Passei a mão pela cabeça, sentindo o latejar insistente e a dor ainda fresca, e as lembranças vieram como um lampejo.— Ethan! — murmurei, com o coração acelerando ao empurrar os lençóis para longe e abrir a parte frontal da roupa de hospital, observando o curativo onde a faca havia me perfurado. O ferimento estava coberto com gaze limpa e firmemente presa, mas a visão ainda era um choque. &mda
POV: AVRILArcher me olhou de lado, a exaustão pesando em seus olhos, mas sem nunca perder aquele toque de carinho.— Então é verdade? — perguntei, ainda tentando organizar as lembranças confusas da discussão na floresta, que pareciam desfocadas, cobertas pela dor da pancada que ainda me fazia a cabeça latejar. — Aquele homem realmente não era seu pai?— Não. Ele era o irmão gêmeo do meu pai, Philipe — disse Archer, a voz embargada, enquanto seus olhos refletiam a tristeza profunda que o fazia desviar o olhar. — Ele confessou ter matado meu verdadeiro pai, meu avô e Luka. Felizmente, Cooper conseguiu gravar tudo, e usaremos isso como prova para limpar o meu nome.— Quem diria que o investigador acabaria se aliando a você — comentei com um sorriso fraco, sentindo o peso de tudo aquilo. Puxei o rosto de Archer para q
POV: ARCHERAlgum tempo depois de termos alta do hospital, rodeamo-nos de nossa pequena família, encontrando conforto e alegria em cada momento juntos. Minha mãe, aos poucos, começou a melhorar, e logo seu sorriso voltou a iluminar seu rosto, especialmente quando o pequeno Nicolas surgia com suas gracinhas que encantavam a todos. Eu e Avril nos recuperamos completamente e estávamos aproveitando cada segundo de nossa vida lado a lado, com uma nova intensidade e gratidão.Retomei meu trabalho no império, e a imprensa cobriu de perto o caso envolvendo Philipe. Com a ideia brilhante de Avy, lançamos uma série em formato de podcast, onde eu pude contar minha versão dos fatos diretamente ao público. A estratégia teve um impacto positivo: reconquistar a confiança da opinião pública, fortalecer a imagem da empresa e atrair novos apoiadores e clientes de interesse.