POV: ARCHER
— Senhoras e senhores, é com imenso prazer que recebemos a todos os convidados aqui esta noite em nossa empresa. Este é um marco muito importante para o nosso império Stone, e somos gratos por cada um de vocês fazerem parte dessa história. Chamaremos ao palco o homem por trás do nosso sucesso, que não só elevou nosso faturamento, mas também trouxe prestígio ao nosso legado. Aplausos para o renomado CEO, senhor Archer Stone.
O salão se encheu com os sons dos aplausos frenéticos. Subi ao palco com uma postura ereta, aproximando-me do microfone. Os convidados estavam eufóricos, aguardando o pronunciamento que faria naquela noite, o motivo pelo qual havíamos organizado a maior festa já vista em Seattle, enchendo as manchetes dos jornais.
— Boa noite! — Ressoei firme, com o tom gélido ao qual estavam acostumados. — Obrigado a todos por estarem presentes. Como mencionamos no convite, esta festa vai além das comemorações por nossos grandes ganhos financeiros.
Todos riram animados. Estiquei a mão chamando-a. Ela caminhava com elegância em seu vestido azul-turquesa de gala, com saltos altos e cabelos em um penteado harmonioso. A maquiagem ressaltava o azul de seus olhos. Ao se aproximar, entrelacei nossas mãos e voltei-me para o público.
— É com grande satisfação que anunciamos a todos o fechamento da parceria entre a empresa Collen e o império Stone. E, claro, não poderia deixar de mencionar que esta noite é mais do que especial para a Sra. Willow e eu, pois é o firmamento de nosso compromisso, não somente como sócios, mas também, por se tratar de nosso noivado! — Pronunciei, observando as expressões de surpresa em muitos rostos, enquanto outros demonstravam orgulho. Murmúrios se espalharam pelo local, seguidos por aplausos de comemoração. — Aproveitem a festa, comam e bebam à vontade!
O ambiente estava repleto de animação, as luzes brilhando intensamente sobre os convidados, refletindo nos lustres de cristal que adornavam o salão. A música tocava suavemente ao fundo, criando uma atmosfera de celebração. Mesas elegantemente decoradas com flores frescas e velas davam um toque de sofisticação ao evento. Garçons circulavam com bandejas de bebidas e aperitivos finos, atendendo aos convidados com discrição.
— A festa está impecável. — Sussurrou Willow em meu ouvido com doçura. — Não vai me convidar para uma dança?
— Vamos cumprimentar os convidados. — Respondi seco, guiando-a pelo enorme salão. Mantínhamos as tratativas comerciais: apertos de mãos aqui, conversas paralelas sobre negócios ali. Até que avistei uma silhueta familiar ao fundo, próximo ao bar. — Agendem uma reunião com a minha secretária. Será um prazer falarmos sobre negócios. Se me derem licença!
— Sim, claro. — Respondeu o acionista escocês que tentava a todo custo fechar um negócio com a empresa Stone.
— Querido, está tudo bem? — Indagou Willow, me avaliando enquanto olhava na direção que meus olhos estavam cravados. — Inacreditável, o que ele faz aqui? Devo chamar os seguranças?
— Não precisamos de mais escândalos, lembra-se? — Semicerrei os olhos, encarando-a. — Converse com os convidados, eu lidarei com isto.
— Claro, meu amor. — Ela se aproximou, depositando um beijo suave em meu rosto e se afastou. — Mas não demore!
Observei-a de canto de olho enquanto ela se afastava, e então me dirigi ao bar. Sentei-me ao lado da figura familiar, puxando o copo de uísque que o garçom acabara de me servir.
— Que belo disfarce, Sr. Stone. — Disse ele, virando outra dose e erguendo o dedo para solicitar mais uma. — O pronunciamento do noivado para calar os escândalos na mídia, muito astuto devo admitir!
— Sr. Henry, estou intrigado. O que faz aqui e como conseguiu um convite para minha festa fechada? — Mantive o tom baixo, frio e mortal.
Henry sorriu de forma enigmática, seus olhos brilhando com um misto de desafio e satisfação.
— Tenho meus meios, Archer. — Ele respondeu, virando-se ligeiramente para mim. — E você sabe que onde há fumaça, há fogo. Achei que deveria estar aqui para ver de perto. — Sua voz estava embargada pelo álcool carregado em seu hálito. — Sua nova garota é realmente um espetáculo. Me pergunto se ela sabe com quem exatamente está se metendo.
— Hun, soube que você foi demitido após espalhar informações falsas para a mídia. — Tilintei o copo contra a cadeira, avaliando-o com desprezo.
— Você e eu sabemos que não eram informações falsas, seu maldito desgraçado. Você comprou a mídia e enterrou as provas. Mas sabemos a verdade! — Exclamou ele, nervoso, apertando o copo com força entre as mãos. — O desvio de verbas para investimentos ilícitos é uma prática comum dos Stone. Em breve, o mundo todo saberá disso.
— Cuidado, Sr. Henry. São acusações graves feitas por um homem desacreditado pelo próprio DP, que mal consegue ficar sóbrio. — Sorri sagazmente. — Não vai querer irritar as pessoas erradas.
— Isso é uma ameaça, Sr. Stone? — Gargalhando, ele bateu o copo sobre o balcão, chamando a atenção de algumas pessoas ao redor. — Pretende me eliminar como fez com seu irmão e avô?
— Sr. Henry, não diga que não o avisei. — Ajeitei a postura, pronto para me afastar, mas ele se aproximou a passos largos, parando à minha frente e me encarando. Os seguranças começavam a se aproximar lentamente. — Deseja algo mais?
— O que aconteceu com sua mãe? É o seu noivado e não a vi em lugar algum. Soube pelos empregados da mansão Stone que há três anos não veem a Sra. Aurora Stone, o mesmo período do acidente de sua ex-namorada, Avril Fox! — Franzi o cenho, cerrando os punhos, e Henry desceu os olhos para minhas mãos, sorrindo sutilmente vitorioso. — Ah, toquei em sua ferida. Quem diria que o grande CEO teria uma.
Minha mandíbula se apertou, o sangue pulsando em minhas veias com uma fúria contida.
— O que está insinuando, investigador? — Dei um passo à frente, encarando-o friamente, colocando as mãos no bolso para evitar desferir um soco em sua face.
— Insinuando? Não. Mas talvez você tenha matado seu avô e irmão para se apoderar do legado da família, tornando-se o principal e único responsável por administrar o império. Com sua mãe desaparecida, ficou óbvio que realizar desvios se tornou mais fácil. Me pergunto se seu pai faz parte desse plano, visto que é o único que ainda está ao seu lado! — Henry manteve os olhos fixos nos meus, mesmo quando os seguranças se aproximaram, prontos para arrastá-lo para fora. — Não precisam me acompanhar, senhores, sei onde fica a saída.
— Investigador Henry. — Dei um passo à frente, sussurrando em seu ouvido. — Perder sua carreira não foi o suficiente para ensiná-lo a não se meter nos assuntos de família?
Henry arregalou os olhos e ameaçou reagir, mas o segurança rapidamente segurou suas mãos, torcendo-as para trás.
— Vamos lá. — Disse o segurança, empurrando-o, quando um estrondo chamou nossa atenção. No meio do salão, vi Willow desmaiada com a taça de bebida em suas mãos.
— Sr. Archer, tentando eliminar mais uma namorada? Qual o problema? Sra. Willow também está grávida? — Gritou Henry, causando murmúrios especulativos enquanto todos os olhos se cravavam sobre nós.
POV: ARCHER— Tirem o investigador daqui! — Ordenei aos seguranças com raiva, caminhando a passos largos até Willow em meio ao salão. — Chamem uma ambulância, rápido! — Ordenei, mantendo a compostura, embora por dentro soubesse que está confusão estaria estampada em todos os jornais e após a especulação do detetive, teria uma enxurrada de conspiração em meu nome. Os seguranças arrastaram Henry para fora, enquanto eu me ajoelhava ao lado de Willow, tentando reanimá-la. Seu rosto estava pálido, ela não respondia, sua mãe se aproximou ajoelhando-se do outro lado.— Filha? O que houve? Acorde. — Dizia Neandra Collen, a renomada cofundadora da indústria Collen. — Archer, sabe o que houve?— Willow, querida, acorde! — Murmurei, segurando sua mão fria. O médico da festa se aproximou rapidamente, verificando seus sinais vitais.— Ela vai ficar bem, mas precisamos levá-la ao hospital para exames mais detalhados. — Disse o médico, levantando-se e sinalizando para os paramédicos que acabavam de c
POV: ARCHER— Quais são as chances disso? — Exclamei indignado, pegando o papel que meu amigo de confiança havia me apresentado. — Tem certeza disso?— Sim, senhor. Localizei apenas duas pessoas com a tipagem sanguínea compatível com a de sua noiva, mas somente uma é viável para a doação — respondeu ele, coçando o queixo. — E não é o idoso de 75 anos, isso posso garantir!— Não estou com humor para suas piadas hoje, Jasper! — Joguei os papéis sobre a mesa, inclinando a cabeça para trás, sentindo a frustração se acumulando. — Só pode ser brincadeira.— Qual o problema da jovem ser a doadora? Ela me parece saudável, além de ser extremamente linda — brincou ele, divertido. Soquei a mesa com força, provocando um tremor que percorreu seu corpo. Jasper ergueu uma sobrancelha, intrigado, inclinando-se para frente para sussurrar: — É alguma amante sua? Você a conhece?— Ela é a mãe do meu filho! — Senti o peso de minhas palavras lembrando do pequeno altar memorial que havia criado, naquele dia
POV: AVRILFechei a cafeteira com um suspirando, mantendo as mãos na persiana enquanto tentava acalmar minha mente, meu peito queimava com a raiva intensa que carregava desde aquele dia. O dia em que disse ao meu namorado que tanto amava que estava grávida, o dia que tudo virou de cabeça para baixo, o término, o acidente levando a perca do meu bebê. Eu o amaldiçoei desde aquele dia, praguejei ao vento desejando que ele sofresse toda dor que me causou!Caminhei até a mesa onde ele estava sentado, aguardando-me em silêncio com as mãos cruzadas e o corpo relaxado no banco. Sentia seus olhos acompanhando cada movimento meu. Sentei-me à sua frente, encarando-o com o semblante fechado, desejando voar em seu pescoço! Notei sua feição séria; Archer parecia mais rígido e tenso do que da última vez que nos vimos. Seu corpo estava mais volumoso, os músculos delineados sob o terno caro. Seus cabelos castanhos claros estavam penteados com elegância, e seus olhos azuis profundos e enigmáticos não pe
POV: AVRIL— Por que está fazendo isso comigo, Archer? — segurei seu punho, apertando com a cabeça baixa pensativa. — Eu não mereço isso.— Não, realmente não merece..., mas não tenho escolhas — suspirou ele, soltando-se do meu aperto e saindo da cafeteria, deixando-me imersa em meus pensamentos diante daquela papelada ridícula. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, lavando a raiva contida em meu peito.Fiquei em silêncio, olhando a papelada e a pasta à minha frente, sem reação. Toda a proposta era ridícula, mas aquela cláusula em específico me tirou completamente o chão. Puxei para olhar, coçando os olhos pesados e vermelhos. Aquele idiota seguiu a vida sem olhar para trás, pouco se importando com os danos que havia me causado e agora isto? Aparece sugerindo que eu me passe como sua esposa substituta e seja a doadora principal de sua noiva!— Vá para o inferno, Archer Stone, não terá nada de mim além de meu desprezo! — exclamei em meio ao silêncio rangendo os dentes furiosa. Quando ouvi
POV: ARCHERSuspirei ao ouvir a linha vazia do outro lado, olhando para o relógio. Era tarde da noite e a voz de Avril soava rouca e fria. Por que isto me incomodava? Sou o culpado por suas maiores dores, foi eu quem pedi para me odiar e dei motivos para isto.Virei o copo de uísque, sentindo o calor da bebida descer pela garganta. Ainda trabalhava naquele maldito relatório, encontrando muitas brechas nas informações internas, o que me levava a crer que ele tinha ajuda interna e que minha equipe não era tão confiável quanto eu pensava. Suspirando, fui até o guarda-roupa e peguei roupas leves, algo casual para vê-la. Com as chaves nas mãos, saí apressado.— Archer? — chamou minha sogra, saindo do quarto médico de minha noiva. — Vai sair?— Tenho assuntos para resolver — respondi secamente, continuando a caminhar rapidamente.— A essas horas? — Ela veio atrás de mim como uma sombra. — Nestas roupas?Parei e me virei para encará-la, meus olhos faiscando de impaciência.— Sra. Neandra, pel
POV: AVRIL— Por que eu assinaria este maldito contrato e salvaria sua adorável noiva? — torci o nariz ofegante, abrindo e fechando as mãos nervosa. — Ela teria sorte de se livrar de você.— Morrendo? — questionou ele, frio, sem tirar as mãos dos bolsos. Arregalei os olhos, surpresa. — Porque é o que vai acontecer se você não aceitar ser doadora dela.— E a culpa seria de quem? — gritei, dando um soco em seu peito rígido como rocha, sem que ele se movesse. — Não é uma responsabilidade minha, não vou aceitar aqueles termos, não dessa forma... Não te pedir para voltar, estou indo bem sem você.— Não, você não está. Estão afogados em dívidas! — retrucou Archer, ignorando meu segundo soco em seu peito como se não provocasse nada nele. — O dinheiro vai ajudar sua família.— Ah, então está sendo benevolente por ter sido um grande imbecil comigo? Falha minha, grande CEO Stone! — gesticulei dramaticamente, colocando a mão sobre o peito. — Muito obrigada por sua caridade financeira, mesmo após
POV: AVRILMadrugada adentro, revisava o contrato, rasurando algumas cláusulas e acrescentando as minhas próprias. A cada termo alterado, sentia uma sensação de poder crescente. Quando finalmente terminei, ergui o papel, folheando pela última vez o contrato. Suspirei e deixei escapar um leve sorriso vitorioso:— Se for para conviver com o diabo, que seja sob minhas regras! — murmurei para mim mesma. O relógio ao lado da cabeceira da cama despertou, chamando minha atenção para o novo dia. Esfreguei os olhos cansados e fui tomar um longo banho.A água quente ajudou a aliviar a tensão acumulada. Após o banho, passei maquiagem suficiente para esconder as olheiras da noite em claro. Vesti minha melhor roupa social e saltos médios, querendo estar apresentável para enfrentar o império Stone.Com uma última conferida no espelho, forcei um sorriso nos lábios sofridos que haviam sido mordidos enquanto eu revisava cada página do contrato. O batom vermelho aveludado escondia as feridas que os infl
POV: ARCHERA reunião estava no início, e levei o relatório, questionando cada déficit de informações que pessoalmente havia verificado.— Senhor Archer, este é o departamento do Sr. Jasper. Já interfonamos em sua sala para que pudesse participar da reunião — respondeu uma das acionistas do comitê.— E por que ele não foi comunicado sobre a reunião mais cedo? Meu tempo é precioso e não deve ser desperdiçado por incompetência de funcionários — esbravejei, vendo-os tremer receosos.— Eu... Senhor... Sinto muito, senhor... — gaguejou ela, nervosa.— Prossiga o adendo enquanto ele não chega — ordenei, ignorando-a e abaixando os olhos para repassar mais uma página. Quando a porta se abriu e se demorou aberta, ergui os olhos, paralisando nos dela, ali parada, me encarando com audácia.Avril estava elegantemente vestida, em um conjunto social casual que exalava sofisticação e charme. A camisa branca de tecido fino tinha alguns botões abertos, revelando sutilmente um decote em V, que realçava