***ANDRÉ BURCK***— É sério isso? — Gaya solta uma risada gostosa.Sinto meu peito inflar, ao perceber que meus esforços para distraí-la estão dando certo. No intuito de manter a brincadeira, faço uma cara de zangado e assumo uma postura de "macho alfa".— Não discute com seu homem, mulher. Fica descalça, tira o blazer e sente na posição de lótus no centro do tapete. — ordeno, caminhando tranquilamente para trancar a porta da sala.Quando volto, ela está sorrindo. Já percebi como Gaya curte uma encenação nos nossos momentos íntimos, principalmente quando deixo aflorar o homem das cavernas que habita em mim.— E agora? — ela questiona, obediente, sentada exatamente na posição que pedi.— Apenas confie em mim, relaxa e aproveita.Criando um clima de expectativa, permaneço em pé em sua frente. Sem pressa, jogo o blazer sobre o sofá, retiro as abotoaduras dos punhos da camisa e dobro as mangas até o cotovelo. Meus olhos permanecem o tempo todo fixos nos de Gaya. Ela umedece os lábios, pa
***GAYA MATARAZZO***O sol dourado da tarde, filtrado pelas janelas do restaurante acolhedor, lança uma aura de calor e intimidade sobre a mesa onde nos acomodamos, esperando nossos pratos serem servidos.— Eu realmente sinto muito pela forma como agi mais cedo, Déco. Eu tava surtando com tudo, mas isso não justifica minha atitude.André segura minha mão sobre a mesa e sorri suavemente.— Relaxa, amor. Esquece isso. — ele entrelaça nossos dedos — Vamos focar em coisas boas. Afinal, ainda posso aplicar algum castigo mais tarde, quando estivermos em casa... sozinhos. Insinuante, o sem vergonha, muda completamente o rumo da conversa com uma piscadinha maliciosa e um sorriso travesso que dança em seus lábios, enquanto brinca com o suco no copo.Após um vendaval de emoções ter se apossado de mim nos últimos dias, sinto que finalmente estamos recuperando o nosso normal."É, parece que André tem mesmo o dom de me trazer de volta quando me perco em mim mesma." — reflito ao observar seu sembl
***GAYA MATARAZZO***— André, você sabia que Maurício é meu irmão?Sentado ao meu lado no carro, no banco do motorista, André se espanta com meu tom um tanto agressivo. — Claro que não, amor! Jamais esconderia isso de você.O descontentamento está estampado em seus olhos, mas nesse momento eu já não sei o que é verdade ou mentira em tudo isso.— Ok. Não se sinta ofendido. É só que… enfim, desde a leitura daquele maldito testamento, nada parece fazer sentido. Às vezes eu olho pra mim, pro meu passado, é como se eu tivesse vivendo uma realidade paralela… como se desde aquele dia eu tivesse vivendo a vida de outra pessoa. Tudo que conheci, tudo que pensava saber, já não existe mais. É confuso, estranho e doloroso. Não sei mais em quem confiar.André ajusta o banco e me puxa pro seu colo.— Vem cá. Eu sei, tem muita coisa acontecendo. — ele beija minha testa e alisa minhas costas com carinho. — Será que… será que Maurício sabe? Ou pior… será que ele está envolvido nos planos de Talitha?
***GAYA MATARAZZO***Dois meses se passaram desde que descobri a verdade sobre Maurício. Apesar da mágoa inicial, durante esse tempo nossa relação evoluiu muito, a cada dia nos aproximamos mais.— Pronta para o grande momento, maminha? — ele passa a cabeça pelo vão da porta do quarto onde estou dando uma última olhadinha em minha imagem no espelho.— Essa fala é minha, nem vem… — Cecília protesta, fazendo um biquinho divertido.Acho graça da disputa dos dois pela minha atenção. Cecília e Maurício se deram bem logo de cara, o que despertou até um pouco de ciúme em Daniel.— Relaxem, eu amo vocês igualmente. A Ceci é a irmã do coração que a vida me deu a sorte de ter, e o Mau, bem... ele é meu irmão tanto pela genética quanto pelo coração.— Preferia não ter essa genética. — ele torce o nariz, contrariado.A aceitação de ser um Matarazzo e o perdão ao nosso pai ainda são questões sensíveis para ele. E eu o entendo bem, afinal, passei a vida enganada sobre o homem que mais confiava no mu
***GAYA MATARAZZO***— Aonde estamos indo? — questiono enquanto permaneço com os olhos vendados.— Calma, já estamos chegando. É uma surpresa.A mão de André toca de leve meu joelho e, embora eu não possa ver, consigo perceber que está rindo da minha ansiedade.Deixamos nossa festa de casamento só depois de nos esbaldar na pista de dança com nossos convidados. Não foi uma festa para muitas pessoas, mas saiu tudo como planejamos, um evento acolhedor e intimista, com comida e bebida à vontade.Déco está dirigindo há alguns minutos e agora diminuiu a velocidade, aumentando minha expectativa.— Pronto, chegamos. Mas não tire a venda ainda, esposa.— Como quiser, marido.Rimos da provocação mútua enquanto ouço a porta do lado do motorista abrir e ele se movimentar para sair. Em seguida, a porta do meu lado é aberta, Déco segura minha mão e me ajuda a descer com cuidado. O ar fresco e o cheiro de mato verde me faz crer que não estamos longe da fazenda.— Agora, sim, pode olhar.A venda é re
***GAYA MATARAZZO***Sinto os lábios suaves de André deslizando pela minha pele. E enquanto suas mãos grandes se tornam inquietas, me aconchego ainda mais, encontrando o calor do seu corpo firme.— Hum…, Déco, eu adoro estar em seus braços!Um suspiro incontrolável escapa dos meus lábios quando seus dedos brincam delicadamente com meus seios sensíveis, enquanto sua mão desliza suavemente pela minha barriga, chegando ao ponto mais sensível. Ficamos nesse jogo de carícias por um tempo, até que as mãos fortes pressionam minha cintura. Num piscar de olhos, me encontro sentada em seu colo, de frente para ele. A rigidez quente e pulsante pressiona minha entrada, sem penetrar completamente. Começo a rebolar lentamente, buscando ainda mais contato, e ele não consegue conter um sorriso provocador— Ah! Alguém tá ansiosa, hein? Mas não se preocupe, amor, prometo que a espera vai valer a pena.Os sussurros seguidos pela respiração quente em meu pescoço são como uma droga alucinógena que invade m
***ANDRÉ BURCK*** O sol nasce lentamente sobre Ravello, cidade italiana que escolhemos para passar uma semana em nossa lua de mel. Acordo cedo, depois de mais uma noite intensa com a minha pequena flor de lótus. Esses hormônios da gravidez a deixaram insaciável e eu não sou louco de reclamar. Saio da cama de mansinho para não acordá-la, fecho as cortinas, visto um roupão e em silêncio vou para a varanda que dá para uma vista deslumbrante do Mediterrâneo. “Gaya fez ótima escolha de viagem. Apesar de ser apenas uma semana, conseguimos relaxar e desopilar a mente de toda a tensão que nos envolve.” Enquanto contemplo a paisagem, uma brisa suave brinca com meus cabelos desarrumados. Revivo mentalmente os momentos deliciosos de intimidade, risadas e carinho que compartilhamos nessa semana. Sinto-me grato por ter Gaya ao meu lado. A cidade desperta lá embaixo, sigo perdido em pensamentos por um tempo, até ouvi-la chamar meu nome. — Déco, amor, onde você tá? Com um suspiro de contentam
***CLÁUDIO SAMPAIO ***Chego à clínica psiquiátrica, disfarçado como enfermeiro. Desde que voltei para a cidade, há alguns meses, não tinha conseguido vir ver minha mãe. Finalmente consegui subornar um dos funcionários para que me ajudasse a entrar sem que ninguém suspeitasse de nada. Minha mãe vive aqui há anos. Ela sofre de um tipo de demência, passa o tempo todo em estado catatônico, sob efeito da medicação pesada.Entro pela porta de vidro que range levemente e o enfermeiro, um sujeito com olhos cansados, me olha com desconfiança.— Só alguns minutos, senhor Sampaio. Não faça nada que possa perturbar os pacientes. — Ele parece prestes a acrescentar algo, mas desiste, deixando suas palavras suspensas no ar.Atravesso o corredor em silêncio. As paredes amareladas parecem sugar a luz do ambiente, como se a própria clínica estivesse mergulhada na melancolia que atormenta seus pacientes. Finalmente, alcanço o quarto de minha mãe, o enfermeiro desliza uma chave na fechadura e empurra a