***GAYA MATARAZZO***Dois meses se passaram desde que descobri a verdade sobre Maurício. Apesar da mágoa inicial, durante esse tempo nossa relação evoluiu muito, a cada dia nos aproximamos mais.— Pronta para o grande momento, maminha? — ele passa a cabeça pelo vão da porta do quarto onde estou dando uma última olhadinha em minha imagem no espelho.— Essa fala é minha, nem vem… — Cecília protesta, fazendo um biquinho divertido.Acho graça da disputa dos dois pela minha atenção. Cecília e Maurício se deram bem logo de cara, o que despertou até um pouco de ciúme em Daniel.— Relaxem, eu amo vocês igualmente. A Ceci é a irmã do coração que a vida me deu a sorte de ter, e o Mau, bem... ele é meu irmão tanto pela genética quanto pelo coração.— Preferia não ter essa genética. — ele torce o nariz, contrariado.A aceitação de ser um Matarazzo e o perdão ao nosso pai ainda são questões sensíveis para ele. E eu o entendo bem, afinal, passei a vida enganada sobre o homem que mais confiava no mu
***GAYA MATARAZZO***— Aonde estamos indo? — questiono enquanto permaneço com os olhos vendados.— Calma, já estamos chegando. É uma surpresa.A mão de André toca de leve meu joelho e, embora eu não possa ver, consigo perceber que está rindo da minha ansiedade.Deixamos nossa festa de casamento só depois de nos esbaldar na pista de dança com nossos convidados. Não foi uma festa para muitas pessoas, mas saiu tudo como planejamos, um evento acolhedor e intimista, com comida e bebida à vontade.Déco está dirigindo há alguns minutos e agora diminuiu a velocidade, aumentando minha expectativa.— Pronto, chegamos. Mas não tire a venda ainda, esposa.— Como quiser, marido.Rimos da provocação mútua enquanto ouço a porta do lado do motorista abrir e ele se movimentar para sair. Em seguida, a porta do meu lado é aberta, Déco segura minha mão e me ajuda a descer com cuidado. O ar fresco e o cheiro de mato verde me faz crer que não estamos longe da fazenda.— Agora, sim, pode olhar.A venda é re
***GAYA MATARAZZO***Sinto os lábios suaves de André deslizando pela minha pele. E enquanto suas mãos grandes se tornam inquietas, me aconchego ainda mais, encontrando o calor do seu corpo firme.— Hum…, Déco, eu adoro estar em seus braços!Um suspiro incontrolável escapa dos meus lábios quando seus dedos brincam delicadamente com meus seios sensíveis, enquanto sua mão desliza suavemente pela minha barriga, chegando ao ponto mais sensível. Ficamos nesse jogo de carícias por um tempo, até que as mãos fortes pressionam minha cintura. Num piscar de olhos, me encontro sentada em seu colo, de frente para ele. A rigidez quente e pulsante pressiona minha entrada, sem penetrar completamente. Começo a rebolar lentamente, buscando ainda mais contato, e ele não consegue conter um sorriso provocador— Ah! Alguém tá ansiosa, hein? Mas não se preocupe, amor, prometo que a espera vai valer a pena.Os sussurros seguidos pela respiração quente em meu pescoço são como uma droga alucinógena que invade m
***ANDRÉ BURCK*** O sol nasce lentamente sobre Ravello, cidade italiana que escolhemos para passar uma semana em nossa lua de mel. Acordo cedo, depois de mais uma noite intensa com a minha pequena flor de lótus. Esses hormônios da gravidez a deixaram insaciável e eu não sou louco de reclamar. Saio da cama de mansinho para não acordá-la, fecho as cortinas, visto um roupão e em silêncio vou para a varanda que dá para uma vista deslumbrante do Mediterrâneo. “Gaya fez ótima escolha de viagem. Apesar de ser apenas uma semana, conseguimos relaxar e desopilar a mente de toda a tensão que nos envolve.” Enquanto contemplo a paisagem, uma brisa suave brinca com meus cabelos desarrumados. Revivo mentalmente os momentos deliciosos de intimidade, risadas e carinho que compartilhamos nessa semana. Sinto-me grato por ter Gaya ao meu lado. A cidade desperta lá embaixo, sigo perdido em pensamentos por um tempo, até ouvi-la chamar meu nome. — Déco, amor, onde você tá? Com um suspiro de contentam
***CLÁUDIO SAMPAIO ***Chego à clínica psiquiátrica, disfarçado como enfermeiro. Desde que voltei para a cidade, há alguns meses, não tinha conseguido vir ver minha mãe. Finalmente consegui subornar um dos funcionários para que me ajudasse a entrar sem que ninguém suspeitasse de nada. Minha mãe vive aqui há anos. Ela sofre de um tipo de demência, passa o tempo todo em estado catatônico, sob efeito da medicação pesada.Entro pela porta de vidro que range levemente e o enfermeiro, um sujeito com olhos cansados, me olha com desconfiança.— Só alguns minutos, senhor Sampaio. Não faça nada que possa perturbar os pacientes. — Ele parece prestes a acrescentar algo, mas desiste, deixando suas palavras suspensas no ar.Atravesso o corredor em silêncio. As paredes amareladas parecem sugar a luz do ambiente, como se a própria clínica estivesse mergulhada na melancolia que atormenta seus pacientes. Finalmente, alcanço o quarto de minha mãe, o enfermeiro desliza uma chave na fechadura e empurra a
***GAYA MATARAZZO *** Olho para a roupinha tão pequena nas mãos de Daniel, bordadas com as letras MB e não consigo esconder o sorriso bobo. — Ouw, Dani, que amor! MB, de Matarazzo Burck, adorei. Muito, linda. Obrigada! Luca já vai sair da maternidade estilizado. Abraço meu cunhado com carinho. Escolhemos ele e Ceci para serem os padrinhos do nosso pequeno e agora eles não param de trazer presentes. Luca nem nasceu e está sendo muito mimado. Com trinta e oito semanas de gestação, já temos o quartinho dele pronto, à espera do nosso principezinho. — Você e Ceci estão tão empolgados, poderiam providenciar logo um primo ou prima pro Luca, né? — falo rindo, mas ele não me acompanha. — Confesso que dá vontade, mas não é tão simples. — ele dá um sorriso desanimado e suspira — Minha vida e a da Ceci são muito agitadas, um dia ela tá aqui no outro, tá do outro lado do mundo. Que tempo teríamos para um bebê? — Tenho certeza que quando for a hora vocês vão dar um jeito. — pisco um olho e ap
***GAYA MATARAZZO *** — Respira! — André segura firme em minha mão enquanto Dani dirige para o hospital.— Tô respirando… AhhhhAs contrações fortes começaram quando estávamos descendo para a garagem, até então eram apenas fisgadas leves.Mesmo com o rompimento da bolsa, ainda consegui tomar um banho enquanto Beta terminava de preparar o Kit maternidade, que eu já havia deixado quase pronto, e Déco ligava para o doutor Ricardo Aires**, meu obstetra.Sob as orientações do meu médico, partimos para a maternidade, mas a cada contração a dor parece mais intensa, nem mesmo o carinho e apoio de André tem o poder de me distrair.— Calma, eu tô com você, meu amor. Vai ficar tudo bem. Logo estaremos com nosso Luca nos braços. — meu marido diz, tentando respirar na mesma frequência que eu.O trajeto até o hospital parece infinito, ou talvez seja apenas a dor distorcendo a noção de tempo. Ao chegarmos, a equipe já está nos aguardando, sou levada imediatamente para a maternidade, onde meu médico
Abro os olhos e a escuridão do quarto me envolve. O relógio do despertador marca três horas no instante em que a quietude da noite é quebrada pelo suave murmúrio de Luca, através da babá eletrônica.Me levanto e percebo Gaya se remexer para acender o abajur.— Tá na hora? — pergunta sonolenta enquanto senta na cama.— Parece que Luca precisa de fralda limpa e delivery de leite. — brinco e ela ri.— Já vou.Do outro lado do corredor, a luz suave revela nosso pequeno pacote de alegria se agitando no berço.— Olá, pequenino! Papai vai te deixar mais confortável, ok?Com suas bochechas rosadas e olhos curiosos, Luca sorri quando me vê. Com cuidado, troco a fralda, enquanto Gaya se prepara para amamentar.Muitos insistem que devíamos contratar babás para as noites, mas preferimos ser os pais que cuidam do filho. Não por economia, já que temos recursos de sobra. A verdade é que queremos vivenciar todas as etapas e momentos do nosso Luca, aproveitando não apenas os momentos agradáveis, mas ta