O Castigo“Eu sou um castigo de Deus.E se você não cometeu grandes pecados,Deus não teria enviado um castigo como eu.”— Ah, Ana, você quase passou no teste hoje. Domar você será umdesafio.Só de pensar naquele porco passando a mão em sua cintura.Cerrei os punhos com força. Ela dormia profundamente, a carreguei parao meu quarto e a coloquei em minha cama.— Amo.Ela gemeu, sedutoramente, ainda de olhos fechados. Ela estásonhando comigo.— Marcos.Senti meu sengue arder, minha vontade era puni-la ali, mas elaestava bêbada e nada lembraria daquela noite, e um castigo para serválido, precisava ser lembrado.Não conseguia olhar para aquele rosto angelical, descontrole eraalgo que eu não poderia me permitir. Saí do quarto e bati a porta com força. Meu reflexo no espelho era de um estranho, e foi a primeira vez queme vi descontrolado. Arrebentei-o com um soco e os cacos caíram pelochão.Abri a porta mais uma vez e a espiei, ela dormia pesado agora, nãochamava
Desejo pegando Fogo“Sei que errei, estou aquiPra te pedir perdãoCabeça doida, coração na mãoDesejo pegando fogo”Como ele poderia saber de Marcos? Eu não estava entendendomais nada, ele saiu batendo a porta. Meu corpo parecia arder em brasa,formigando, por causa do castigo. Seus olhos famintos e irados não saíamde minha mente. Todos os momentos com o amo passaram como umflash em um turbilhão de imagens: no elevador, o salto de asa-delta... Voucuidar de você! A voz do amo ecoou em mim.Me abaixei e peguei a toalha para me cobrir. Voltei para o quarto,ele não estava lá. Minhas roupas estavam ali sobre a cama ao lado deuma folha pautada escrita à mão. Me vesti o mais rápido que pude, euqueria sair dali, porque o ar parecia faltar-me e a estranha pressão nopeito estava culminando em um aperto angustiante. Dobrei a cartaalgumas vezes e enfiei no bolso da calça jeans apertada. Observei asuntuosa sala pela última vez, ansiando que ele mudasse de ideia, masRob
Razão, você está aí?“Eu tentei tanto não cederEu disse para mim mesmo que este caso nunca iria bemMas porque eu deveria resistir”Sair do quarto de Dom foi mais difícil do que eu pensei, porque euainda sentia sua essência em mim: morangos. Eu bati a porta com força eas paredes de pedra estremeceram. Não voltaria atrás. Segunda chance épara os fracos. Desci até meu estacionamento particular, encarei meureflexo no elevador espelhado: despenteado, camisa para fora da calça,faltava alguns botões nela, suado, mas estava impregnado dela.As portas de aço abriram e a o motorista estava lá de pé, ajeitou onó da gravata. Ele olhou rapidamente para meus pés, estavam sujos deterra. Franziu a testa, sua expressão era um gigante ponto deinterrogação. Fui até seu posto e peguei a chave do sedã preto que haviausado na noite anterior. Entrei no carro e não sabia para onde iria, ou, nofundo, eu sabia, queria vê-la partir, e aquela seria a última vez. Girei achave na igniçã
Deixe Queimar!“Se você não sabe para onde vai,todos os caminhos te levam para lugar nenhum.”Não havia sido um sonho, já estávamos vestidos, sentados um aolado do outro, não ousei dizer uma palavra. Minhas pernas estavamcruzadas na posição de lótus, ele com as longas pernas esticadas; seurosto ainda estava vermelho, e ele roçava o polegar acalmando a pele.Enfim, ele quebrou o silêncio:— Você não acha estranho não terem chamado a polícia? Transarem público é crime, sabia? — Deu um sorriso de canto que me fez querersaltar sobre ele, mais uma vez.Lambi a ponta do meu dedo e passei em um pequeno corte nolábio inferior de Marcos, limpei a gota rubra e quente, agora pendurada naponta do indicador.— Eu é que deveria chamar a polícia pra ti — brincou exibindo umsorriso perfeito e galante.Lambi a gota e dei uma piscadela fazendo uma ameaça:— Atreva-se! — Meu tom era desafiador.Peguei em seu pulso e o puxei para perto para ver as horas, eupodia ter apenas perg
Febre“É inverno no inferno e nevam brasas...”O que esse filho da puta está fazendo lá? Ele só pode estar indo seencontrar com Ana, pensei sentindo o sangue ferver dentro de mim, girei achave na ignição e acelerei; pressionei um botão no painel para abaixaros vidros, olhei pela última vez para aquele prédio e parti sem rumo,cortando caminho pelas ruas.A imagem de Marcos acariciando os grossos lábios de Ana,passando as mãos pelos cabelos macios... agora era ele que sentia operfume de sua ninfa escarlate. Ana o encarava com desejo usando umcorpete de couro preto, marcando sua cintura, e uma calcinha preta a qualestavam presas tiras que ligavam a meia-calça preta. Ela estava perfeita,eu havia escolhido aquela roupa e agora a usava para outro.Tentei afastar aqueles delírios da cabeça, não queria pensar mais.Soltei o volante por alguns segundos e estapeei o rosto, tentando acordardaquele pesadelo, o carro subiu pelo cordão da calçada, e commovimento rápido gir
Promessas...“E quando eu estiver tristeSimplesmente me abraceE quando eu estiver loucoSubitamente se afasteE quando eu estiver fogoSuavemente se encaixe”— Ela está acordando. — Aquela voz meiga e preocupada era deBarbie. Abri os olhos e ela estava ali, sem maquiagem, mas com marcasde que havia chorado e muito. Ela sorriu ao me ver. Marcos estava ao seulado, muito próximos, mas ele não a tocava.— Onde estou? — Minha voz falhou e senti minha gargantaarranhada.— A trouxeram para o hospital depois da explosão — explicousecando as lágrimas que começaram a escorrer pelo rosto.As memórias me invadiram a mente como um doloroso golpe físico.— Laura, como ela está? — Minha voz falhou mais uma vez.— Está em cirurgia.Marcos abraçou a noiva em um consolo silencioso. A enfermeiraabriu a porta do quarto e disse em voz baixa:— Vou ter que pedir para que voltem amanhã, o horário de visita édas nove às onze da manhã.— Fique calma, Barbie. Tudo vai dar certo. —
A Prova de uma Submissa“Não, não dê mais tantas voltas, não.Se chicoteia assim por qualquer perdão.Todo esse teatro não impressionaPor maior que seja sua recompensaNão se importe tanto assimCom sua imagem decadente, enfim”— Alô.— Acordei você? Oh, pobrezinho, achei que a essa hora vocêestaria no hospital — disse Julian sarcástica.— Do que você está falando? — perguntei sentando-me na cama— Você não soube? Houve uma explosão em um laboratório e senão me engano é onde a sua amiga patinha trabalha.Desliguei o celular e vesti apressadamente um jeans e camisetapreta gola V. Calcei os sapatos e saí. Olhei no celular enquanto digitava onúmero pessoal de Luísa.Ouvi três bipes antes que ela atendesse a ligação. “Se tocar umaquarta você estará demitida pela manhã”.— Senhor Pipermen? — A voz do outro lado da linha era sonolentae lenta.— Preciso que descubra em qual hospital está a senhorita AnaKarvat. Você tem dez minutos.Desliguei o telefone e segui par
Em TUAS Mãos“Eu odeio aparecer do nada sem ser convidadaMas eu não pude ficar longe, não consegui evitarEu esperava que você veria meu rostoE que você se lembrariaDe que pra mim não acabou”Não havia amanhecido quando saí do hospital, olhei ao redor, asruas acinzentadas e sem movimento, uma brisa fazia as copas dasárvores balançarem, esfreguei os braços cruzados ao redor do corpotentando espantar aquela estranha sensação de solidão. Eu sabia paraonde ir, caminhei pelas olhando para baixo, e só percebi que haviaamanhecido quando a buzina de um sedã preto me despertou dos meuspensamentos. Cobri o rosto para olhar na direção do carro, que estava apoucos centímetros de distância. Pisei duro e atravessei a rua.— Não pode esperar? Estou na faixa de segurança! — protestei evoltei a seguir meu caminho.Que sede. Umedeci os lábios com a ponta da língua, esfreguei asmãos sobre o jeans, sentindo minhas coxas arderem debaixo da calça, eunão sabia há quanto tempo c