Durval Em frente à Montreal Laticínios Ao telefone — Celso? — Fala, irmão! Conseguiu ler todo o dossiê? — Celso responde rapidamente. — Sim! Tu não imagina o que descobri, cara. — O desgraçado é mesmo teu pai? — Ele pergunta, ansioso como sempre. — Tudo indica que temos algum parentesco. Mesmo que ele não seja meu pai, é ao menos meu tio. — Afirmo. — Como você tem certeza disso? Por ironia do destino, estou cara a cara com Estêvão Delfiori. A semelhança é absurda. — O cara está bem na minha frente e se parece muito com meu pai quando era jovem. Talvez esse seja o motivo de tanta semelhança comigo. Mas hoje mesmo vou tirar isso a limpo. — Falo, sem tirar os olhos do meu alvo. — Como? — Peguei as digitais dele num copo de café que ele deixou na recepção da empresa. Vou fazer um exame de DNA. — Onde você está, Durval? — Na Montreal Laticínios. Vim conversar com Gregório, e foi a melhor decisão que tomei. Agora consigo descobrir quem é esse maldito padrinho.
"Houve um tempo em que sentiAmor e ódio, mas você era minhaVocê era a única razão de fazerOs meus olhos sorrirem várias vezesE apenas sinto que agora este medo está me consumindo por dentro"(Another Day - Michelle Morrone)☆☆☆☆Ainda na empresa...Sala de Reuniões...Gregório Montreal — Brenda tem muitos compromissos nesta empresa nestes dias e não pode aceitar o seu convite, padrinho. Ramon também está doente e precisa que ela esteja em casa. Não é mesmo, Brenda? — falo, mas ela sequer me olha.Parece chateada pelo que aconteceu hoje cedo. Apenas confirma minhas palavras, mas, desafiadora, encara diretamente meu padrinho.— Isso é verdade, senhor Delfiori. Meu pai está muito doente e hoje é o meu primeiro dia na empresa. Melhor adiarmos esse jantar para outro dia. — Sua voz é firme, mas seus olhos cruzam os meus por um instante antes de desviar, me fazendo imaginar mil coisas.A voz insistente do senhor Estêvão me arranca dos meus pensamentos:— Mas acredito que ao menos um caf
"E não sei por que outra pessoa está na sua cabeçaE isso me faz sentir que estou ficando louco"(Trecho de Another Day - Michele Morrone)❤️Gregório Montreal Saio da sala de reuniões decidido a dar um fim nessa palhaçada e definir de uma vez por todas nossa situação.Passo pelo corredor como um furacão e derrubo uma bandeja de café das mãos de um dos funcionários, tamanha é a minha fúria.— Senhor... senhor...Ouço a voz de Olga, mas não dou ouvidos e continuo pelo corredor até minha sala. Abro a porta de uma só vez e a tranco imediatamente, fazendo com que meu pecado se assuste e derrube todos os papéis que segura. Ela me olha alarmada e tenta falar:— Senhor... O que...Não a deixo terminar. Derrubo tudo que está sobre sua mesa e a seguro pela cintura, sentando-a sobre o móvel. Seguro seu rosto com minhas mãos, olho no fundo de seus olhos e afirmo:— Você é minha nesse inferno e não será de mais ninguém. Chega dessa brincadeira de sedução, café ou maldito vinho. Nenhum homem cheg
Brenda Ortiz No restaurante— O que houve, belíssima? — Estêvão pergunta ao notar que estou trêmula após derrubar a taça de vinho no chão.— Estou sentindo algo estranho, uma sensação de que algo ruim aconteceu. Quero ir embora! — falo angustiada, sentindo uma pontada estranha no peito, como há muito tempo não sentia.A última vez que tive essa sensação, soube imediatamente que Zoe havia sido atropelada ao atravessar a rua correndo, sem olhar para os lados, apenas para pegar sua boneca. Mesmo tendo sido uma péssima mulher ao abandonar minha própria filha, sempre sinto quando ela está em perigo. Não sei explicar por que isso acontece, mas é sempre assim.Preciso ligar para minha tia Maria e saber como estão as coisas por lá. Mas só posso fazer isso quando estiver trancada no meu quarto, na mansão. Ninguém pode desconfiar de nada sobre meu passado, muito menos do meu segredo.Saio dos meus pensamentos com a voz tranquila e carinhosa de Estêvão.— Acalme-se, belíssima! Tome um pouco d'á
Durval MontrealMinutos Antes do AcidenteAo menos uma boa notícia terei para dar às minhas princesas hoje. Desde que cheguei ao Brasil, só tenho recebido uma bomba atrás da outra. Mas, por fim, consegui fechar esse negócio e comprar aquela belíssima casa à beira-mar em Búzios. Assim como eu, tenho certeza de que elas ficarão radiantes quando souberem da novidade. Não vejo a hora de chegar para contar e comemorar com a minha gostosa."Hi... por falar nela, olha só quem está me ligando! Realmente, não conseguimos ficar tanto tempo longe um do outro. Sempre foi assim desde o dia em que nos conhecemos", penso, apertando o botão lateral do fone e atendendo logo em seguida.— Durval? Amor? Onde você está? — Antes que eu possa dizer qualquer coisa, minha Maria dispara.— Já estou a caminho de casa, amor. Fui resolver alguns assuntos sobre minha irmã e acabei me atrasando um pouco, mas logo chegarei — digo, sorridente.— Está tudo bem com você? Tudo bem mesmo? — Ela pergunta, aflita.— Sim,
Brenda Ortiz Nunca sinto tanto medo e assombro com a possibilidade de perder alguém como agora. A cada instante que o carro faz a curva no retorno e seguimos para o hospital, meu coração acelera. Estou aterrorizada com tudo isso e não sei o que fazer se algo pior acontecer a Gregório. Sinto-me culpada por ter aceitado o convite de Estêvão e tenho certeza de que, se tivéssemos ido embora juntos, nada disso teria acontecido. Sem contar o fato de que o desaparecimento de Gregório justamente no momento em que estávamos saindo foi, no mínimo, suspeito. Será que esse homem ao meu lado no carro foi o causador dessa desgraça? E, se foi, o que ele fez para que Gregório não viesse atrás de nós para impedir nossa saída? Não, Brenda. Pare de maquinar coisas que não existem, a não ser na sua mente. Balanço a cabeça, tentando afastar tais pensamentos, e olho desconfiada para Estêvão, buscando respostas para tudo o que está acontecendo. Eu o amo... Amo Gregório com todas as minhas forças. Des
Meu Deus, tira essa angústia do meu peito. Protege e guarda o meu Durval. Não permitas que nada de ruim aconteça. Não sei o motivo dessa aflição, mas, desde que chegamos a este país, sinto-me mal e sempre impaciente com tudo. Sempre suspeitei que vir para o Brasil não era uma boa opção, mas, para não contrariar Durval, acabei concordando e fingindo estar feliz. No fundo, já desconfiava de que era um grande erro.Penso nisso enquanto olho pela janela e percebo a noite se aproximando. Estou mais ansiosa do que nunca por sua chegada.Estamos longe um do outro há poucas horas, mas parece uma eternidade. Toda essa angústia faz surgir interrogações na minha mente que me atormentam há anos.Por que nunca consegui dizer toda a verdade sobre Zoe para Durval?Por que escondi que não sou sua mãe legítima, mas sim sua tia?Agora sinto essa aflição e esse medo de revelar a verdade, temendo que Durval nunca me perdoe. Perdê-lo seria o mesmo que decretar minha morte.Eu o amo desde o primeiro instan
Maria LeBlanc Saio dos meus pensamentos, tomada pela ira. Em seguida, aciono o botão "off" para finalizar o programa e fecho a tela do notebook com força. Zoe me olha com seus olhinhos brilhantes e, com sua voz doce, diz:— O que houve, mamãe? Está nervosa porque o papai ainda não chegou? — Ela segura sua boneca e se aproxima de mim.— Não houve nada, meu raio de sol. É só coisa de adultos. Mas você não deve se preocupar com isso. — Falo, sentando-a no meu colo e acariciando seus cabelos encaracolados, que brilham como raios de sol.— Ser adulto é complicado, né, mamãe? — Ela me olha nos olhos e toca meu rosto com suas mãozinhas suaves.— A vida é muito fácil de ser vivida, meu amor. Nós, adultos, é que complicamos um pouco as coisas. Mas já disse para a senhorita não pensar nessas coisas, viu? — Digo, fazendo cócegas em sua barriga. Ao parar, ela fala:— Quando crescer, quero encontrar um amor igual ao seu e do papai. Meu papai parece até um príncipe, de tão lindo, mamãe! Eu quero u