DEENAWelma tinha razão, eu tinha mesmo que estar sentada.— Como assim? — pergunto em um fio de voz.— Ele pegou um carro sport e saiu dirigindo sem rumo depois de uma briga com o pai, eu não entendi bem... e eu não sei por que, talvez por você, eu sou um dos contatos de segurança dele e... e o hospital me ligou, depois o Otto me ligou... eu não sei o que fazer.Fico em silêncio porque eu não consigo falar, pensar ou me mexer, penso que se ficar parada por tempo suficiente vou acordar desse pesadelo.— Deena? Deena?! Não deveria ter te ligado...— Tudo bem. Está tudo bem... Vou chamar uma das filhas de Koren para cuidar de Eve e depois vamos ao hospital. — digo, tentando disfarçar a voz tremula.— Está bem... — ela diz, antes de desligar.— Mamãe, por que você está sentada no chão?Encaro Eve, atônita. Não sei o que dizer a ela, acabei de lhe dar uma notícia animadora, não posso destruir esse momento para ela. Me apoio no móvel do telefone, me levantando devagar.— Está tudo bem, que
HENRY— Quero que saiba o quão difícil foi convencer o Sr. Petrenko, que mesmo com o divórcio de vocês, nosso acordo poderia continuar... Foi horrível e humilhante para um homem de negócios como eu.— Se você não fosse um homem tão rico, já estaria na cadeia por falsificar os documentos para esse casamento de merda. — respondo para ele, finalmente, após todo o seu discurso sobre como estraguei a vida dele desde o momento em que nasci e o quanto ele sente por minha mãe não ter conseguido dar outros filhos, homens para ele. Ele usou o termo: “ancas frágeis” para se referir a ela.— Henry, você sabe que já não espero mais nada de você, mas se você quiser se mostrar uma pessoa responsável, investir em algo que valha a pena na sua vida, este é o momento.Porém, enquanto você pensa no que você quer para a sua vida, a partir de amanhã você terá que estar na empresa as oito e sair a hora que eu disser para sair. Entendeu?Respiro fundo, não vou fazer o que ele quer. Saio da sala, pego minha P
Tomo meu lugar a mesa do restaurante luxuoso a frente do hospital, Petrenko senta-se a minha frente. Será que é agora que ela irá protagonizar a cena de novela: “Quanto você quer para sair do meu caminho?”— Escolha o que quiser. — diz, me passando o cardápio.— Posso pagar as minhas contas. — respondo rispidamente.— Não duvido disso, mas como eu te chamei, acho educado pagar toda a conta.Por que parece estar sendo tão gentil? Não quero sua gentileza.— Só acho que deveríamos pular tudo isso para você me dizer o real motivo de estarmos aqui. — Nossa! Neste momento sou *Thomas Shelby, ao menos na minha cabeça, eu sou.— Bem que Henry me disse que você é bem reativa.— Ah, vocês perdem tempo falando de mim?Ela sorri sarcástica, recostada a cadeira.— Não é o que você está pensando. Não somos um casal.Encaro-a com as pálpebras entrecerradas.— Nossos pais nos casaram por Procuração de um jeito muito fraudulento, que nós não conseguimos provar, porque isso foi feito para selar um acord
HENRYAntes eu achava que só detestava o que meus pais faziam porque era adolescente, depois porque cresci revoltado, depois comecei a compreendê-los, porque sabia que estava levando uma vida desregrada, mas agora vejo que eles são mesmo podres, ricos de dinheiro e pobres de espírito. Analisando-os friamente, acredito que nenhum deles tem ideia do que é o amor. Sempre ouvi minha mãe dizer que aprendeu a amar o meu pai depois do casamento por contrato, mas eu nunca ouvi meu pai dizer nada meramente parecido. Infelizes! Isso é que eles são!Agora, eu sei o que é amor. Fico perdido nos sorrisos de Deena, na forma como tem me ajudado nas fisioterapias, como tem estado ao meu lado, mesmo cansada, mas hoje isso muda. Estou indo para casa e eu contratei alguns enfermeiros para ajudar a cuidar de mim, já que Deena não quer que eu volte para a sua casa. Queria tanto que ela entendesse que eu não consigo mais ser de nenhuma outra mulher que não seja ela, mas ela tem essa coisa de que enquanto e
DEENACom o Natal chegando e as pessoas com o coração mais aberto e caridoso, o trabalho na fazenda aumentou muito, portanto, já avisei a Henry que hoje não poderei passar em seu apartamento porque estarei, o dia todo, separando as doações de agasalho.Além de separar o que vai para qual instituição, ainda temos que analisar o estado das roupas, as vezes são muito boas e passam direto, as vezes são muito boas, mas estão sujas e Welma faz questão que sejam lavadas, as vezes vem com algum tipo de infestação e, provavelmente, tudo o que estiver junto tem que ser descartado.Enfim, isso é o que farei o dia todo, estamos todos empenhados que nenhuma pessoa a que temos alcance passe frio nos próximos dias.Estou dobrando uma coberta, quando sinto algumas pontadas de dor, das costelas para o pé da barriga. Respiro fundo e espero. Dizem que são as tais contrações de treinamento. Talvez eu só precise me sentar.— Deena? O que foi?— Só uma pontada. Obrigada pela preocupação, Jane. — digo, toca
DEENA— Saia daqui!Olho para cima dos degraus e vejo Jarod com uma es******da apontada para Anton, enquanto Ana corre em minha direção, assustada.— Vamos! Deixe a Deena e a família dela em paz. Saia daqui andando ou em cima de uma maca, você escolhe.— Venha, vou te ajudar a levantar. — ela diz, já me puxando pelos ombros.— Você é uma covarde, Deena! Isso não vai ficar assim.Assim que ele acaba de falar, escutamos as sirenes ecoarem. A polícia conseguiu chegar a tempo.Fico preocupada com o tombo, mas Dean pratica seus chutes, como sempre, então presumo que ele está bem. Da varanda de Ana, vejo colocarem Anton na viatura.— Boa noite! Precisamos do depoimento de vocês.Ouço a policial que se aproxima de nós.Então eu choro, desabafo, enquanto Ana e Jarod me amparam. Conto sobre a fazenda, sobre a extorsão e as violências dele contra mim. Conto, inclusive sobre o dinheiro que Henry deu a ele, do qual nem sei a quantia, para que se afastasse de nós.— E, onde está o Sr. Dennis?— So
HENRYTampo os meus olhos com o travesseiro, enquanto escuto o barulho agudo e estridente da cerra cortando o gesso da perna. O do braço direito já havia sido retirado a uma semana atrás. Ainda doi e ainda não consigo esticá-lo, mas é melhor do que nada.— Acabou? — pergunto um pouco receoso, tirando uma parte do travesseiro dos meus olhos. E o medo daquela cerra atingir a minha perna? Tenho que confessar que não sou o cara mais corajoso do mundo, embora todo o mundo saiba disso.— Sim. Terminei. Agora, você tem que aguardar a fisioterapeuta, até as três da tarde ela deve estar aqui. Você optou fazer tudo por Home Care, não foi?Assinto.— Tem alguns aparelhos que você terá que comprar, mas ela vai te passar tudo. O braço está ficando bom bem rápido, porém não vai ser assim com a perna. Você vai ter que ter muita paciência e não fazer nada que piore a sua situação, entendeu?— Entendi. Pode comprar o que quiser, só me mande o cheque.— Desculpe, mas essa não é a minha função. Sou Médic
DEENASaio do hospital apreensiva, acariciando meu ventre. Não, Dean não vai nascer mais cedo. Tenho que acreditar que tudo vai dar certo. Ergo os olhos para atravessar a rua e vejo Otto do outro lado. Atravesso a passinhos curtos.— Otto? O que está fazendo aqui?Ele olha para a porta traseira, onde o vidro se abre com um barulho mecânico.— Bom dia, Boneca!Henry está lá e destranca a porta para mim.— O que está fazendo aqui? Como sabia? — assim que pergunto, já sei a resposta. — Otto... — reclamo, me virando lentamente para ele, que abre a porta para mim.A contragosto, me sento ao lado de Henry.— Não precisava de nada disso. Eu estou bem.— E Dean? Está? — Henry pergunta, pousando a mão sobre a minha barriga.Suspiro.— Eu sabia! Por que fica me escondendo as coisas? O que há com o meu filho?Suspiro, novamente. Não quero falar sobre isso.— Não é só com o Dean... Anton tentou me agredir ontem, lá na fazenda...— Aquele... — ele fecha os punhos.— Ana chamou a polícia e acho qu