DEENA— Saia daqui!Olho para cima dos degraus e vejo Jarod com uma es******da apontada para Anton, enquanto Ana corre em minha direção, assustada.— Vamos! Deixe a Deena e a família dela em paz. Saia daqui andando ou em cima de uma maca, você escolhe.— Venha, vou te ajudar a levantar. — ela diz, já me puxando pelos ombros.— Você é uma covarde, Deena! Isso não vai ficar assim.Assim que ele acaba de falar, escutamos as sirenes ecoarem. A polícia conseguiu chegar a tempo.Fico preocupada com o tombo, mas Dean pratica seus chutes, como sempre, então presumo que ele está bem. Da varanda de Ana, vejo colocarem Anton na viatura.— Boa noite! Precisamos do depoimento de vocês.Ouço a policial que se aproxima de nós.Então eu choro, desabafo, enquanto Ana e Jarod me amparam. Conto sobre a fazenda, sobre a extorsão e as violências dele contra mim. Conto, inclusive sobre o dinheiro que Henry deu a ele, do qual nem sei a quantia, para que se afastasse de nós.— E, onde está o Sr. Dennis?— So
HENRYTampo os meus olhos com o travesseiro, enquanto escuto o barulho agudo e estridente da cerra cortando o gesso da perna. O do braço direito já havia sido retirado a uma semana atrás. Ainda doi e ainda não consigo esticá-lo, mas é melhor do que nada.— Acabou? — pergunto um pouco receoso, tirando uma parte do travesseiro dos meus olhos. E o medo daquela cerra atingir a minha perna? Tenho que confessar que não sou o cara mais corajoso do mundo, embora todo o mundo saiba disso.— Sim. Terminei. Agora, você tem que aguardar a fisioterapeuta, até as três da tarde ela deve estar aqui. Você optou fazer tudo por Home Care, não foi?Assinto.— Tem alguns aparelhos que você terá que comprar, mas ela vai te passar tudo. O braço está ficando bom bem rápido, porém não vai ser assim com a perna. Você vai ter que ter muita paciência e não fazer nada que piore a sua situação, entendeu?— Entendi. Pode comprar o que quiser, só me mande o cheque.— Desculpe, mas essa não é a minha função. Sou Médic
DEENASaio do hospital apreensiva, acariciando meu ventre. Não, Dean não vai nascer mais cedo. Tenho que acreditar que tudo vai dar certo. Ergo os olhos para atravessar a rua e vejo Otto do outro lado. Atravesso a passinhos curtos.— Otto? O que está fazendo aqui?Ele olha para a porta traseira, onde o vidro se abre com um barulho mecânico.— Bom dia, Boneca!Henry está lá e destranca a porta para mim.— O que está fazendo aqui? Como sabia? — assim que pergunto, já sei a resposta. — Otto... — reclamo, me virando lentamente para ele, que abre a porta para mim.A contragosto, me sento ao lado de Henry.— Não precisava de nada disso. Eu estou bem.— E Dean? Está? — Henry pergunta, pousando a mão sobre a minha barriga.Suspiro.— Eu sabia! Por que fica me escondendo as coisas? O que há com o meu filho?Suspiro, novamente. Não quero falar sobre isso.— Não é só com o Dean... Anton tentou me agredir ontem, lá na fazenda...— Aquele... — ele fecha os punhos.— Ana chamou a polícia e acho qu
HENRYNo começo de tudo isso, nunca pensei que viveria toda essa bagunça, pensei que só iria servir na fazenda por três meses e voltar para a minha vida baladeira. Mesmo que já tivesse uma boa queda por essa mulher, nunca pensei que a encontraria aqui, que sua filha iria me adotar como pai, me mostrando que há algum valor em mim e que talvez, eu não seja o Boysinho inútil que até mesmo eu me considerava e que ainda, depois de tudo isso, acabaria me tornando pai biológico, fora toda a confusão que nos trouxe até aqui.— Papaaai! — me viro em direção ao gritinho vindo da porta da sala. Abro os braços para recebê-la. Ela agarra o meu pescoço e depois aperta e puxa as minhas bochechas. — Você está aqui!— Vim ver você! Não aguentava mais de saudades!— De verdade? — ela pergunta, enrolando uma mecha do meu cabelo nos seus dedinhos.— Sim, verdade.— Sua perna não está mais engessada! — ela diz, tocando com o indicador. —Mas ainda está esquisita.Sorrio.— Vai ficar estranha por um tempo.,
DEENAApesar de tudo, nem acredito que estamos aqui, na minha casa, novamente juntos.Deitados, de frente um para o outro, enquanto sua mão repousa sobre a minha barriga, acaricio seu rosto, a barba por fazer e o nariz torto e cheio de significado.Se eu pudesse usar duas palavras para descrever o que sinto neste momento, elas seriam perdidamente feliz.Perdidamente, porque toda essa situação me faz sair daquilo que sempre achei ser minha zona de conforto, O que faz com que eu não saiba o que fazer, qual o próximo passo a tomar etc. e feliz, porque sinto que estou prestes a explodir de amor. Sorrio, ele me puxa para ele até nossos corpos se encostarem totalmente e nossas pernas estarem entrelaçadas. Deixo que nossas testas e nossos narizes se encostem.Amo estar tão perto dele, sentir seu cheiro e seu calor. Fecho os olhos.— Não quero mais sair daqui. — ele murmura com voz rouca.— Nem eu. — digo, puxando-o ainda mais pra mim.— Estou falando sério. — ele diz, em tom mais grave.— Eu
HENRYDesde o dia em que coloquei meus pés na casa de Deena novamente, soube que não iria mais sair de lá. Os dias têm sido calmos e divertidos, na maior parte do tempo. Adoro provocar Deena, que é quase sempre muito séria, por isso me divirto irritando-a, mesmo que agora esteja um pouco mais difícil porque logo ela percebe o que estou fazendo e, simplesmente, para de me dar atenção.Amo dormir e acordar do seu lado, sentir o cheiro do seu xampu e me aninhar a ela. Amo a forma como ela cuida das nossas refeições e me faz provar da sua mão quando está cozinhando e quando sorrimos juntos de qualquer bobeira de que estivermos falando, e, sobretudo, amo o fato de sermos insaciáveis juntos.Quanto a Eve, é uma realização na minha vida que nunca pensei que precisasse, mas ela me mostrou que sim. Está crescendo tanto e tão rápido, amanhã é o seu aniversário, pediu uma festa no parquinho com seus colegas de fazenda, não negaria nada a ela, o que faz com que Deena fique muito brava comigo, poi
DEENA— Você não deveria ter feito isso. Henry deveria estar aqui com você. — Lana me repreende, enquanto me ajuda a descer.— Olha, Lana, se você não quiser ficar aqui comigo, tudo bem!— Deena, não é disso que estou falando.— Lana, não vou estragar o dia da minha filha e, quando aceitei me casar com Henry o fiz prometer que não faria diferença no tratamento entre os filhos.— Deena, ele não pode mais ser o primeiro a segurar Eve, mas pode ser o primeiro a segurar seu próprio filho.Não aguento tanta falação e passo pelas portas duplas do hospital. Assim que faço isso, sinto uma pontada aguda dos dois lados de minhas costelas. Apoio-me nos joelhos e, quando percebo, tem uma cadeira de rodas atrás dos meus joelhos.— Senta, amiga. — escuto a voz de Lana atrás de mim. Tento respirar e não consigo. Não me lembrava de ter uma dor tão forte assim, logo no início do trabalho de parto.Logo, sou atendida. A Dra. Wins não está, mas tenho cinco médicos me virando de um lado para o outro. Um
HENRYTento confortá-la, dizendo que somos capazes de passar por isso, abraçando-a, mas seus braços permanecem imóveis, enquanto seus olhos se arregalam em pânico. Deve ser muito difícil para uma mulher passar por um parto traumático como esse. Não sei o que dizer para tranquilizá-la, se meu coração também está em pedaços....Segui normalmente, com o plano original do aniversário de Eve, decoramos o parquinho com balões azuis, que era o que ela havia pedido, bandeirolas com as letras de seu nome e uma mesa redonda e azul com o bolo em um prato alto e cheia de guloseimas em volta.As crianças correram e brincaram, enquanto meu coração estava em chamas, eu sabia que havia algo errado, queria acabar com a festa rapidamente, mas de um jeito que não alarmasse Eve, por isso, eu e Judith coordenamos umas cinco brincadeiras e partimos para o Parabéns, tiramos fotos e assim que os convidados começaram a ir embora, deixei Judith e duas das filhas de Koren arrumando a bagunça, enquanto corri pa