DEENAApesar de tudo, nem acredito que estamos aqui, na minha casa, novamente juntos.Deitados, de frente um para o outro, enquanto sua mão repousa sobre a minha barriga, acaricio seu rosto, a barba por fazer e o nariz torto e cheio de significado.Se eu pudesse usar duas palavras para descrever o que sinto neste momento, elas seriam perdidamente feliz.Perdidamente, porque toda essa situação me faz sair daquilo que sempre achei ser minha zona de conforto, O que faz com que eu não saiba o que fazer, qual o próximo passo a tomar etc. e feliz, porque sinto que estou prestes a explodir de amor. Sorrio, ele me puxa para ele até nossos corpos se encostarem totalmente e nossas pernas estarem entrelaçadas. Deixo que nossas testas e nossos narizes se encostem.Amo estar tão perto dele, sentir seu cheiro e seu calor. Fecho os olhos.— Não quero mais sair daqui. — ele murmura com voz rouca.— Nem eu. — digo, puxando-o ainda mais pra mim.— Estou falando sério. — ele diz, em tom mais grave.— Eu
HENRYDesde o dia em que coloquei meus pés na casa de Deena novamente, soube que não iria mais sair de lá. Os dias têm sido calmos e divertidos, na maior parte do tempo. Adoro provocar Deena, que é quase sempre muito séria, por isso me divirto irritando-a, mesmo que agora esteja um pouco mais difícil porque logo ela percebe o que estou fazendo e, simplesmente, para de me dar atenção.Amo dormir e acordar do seu lado, sentir o cheiro do seu xampu e me aninhar a ela. Amo a forma como ela cuida das nossas refeições e me faz provar da sua mão quando está cozinhando e quando sorrimos juntos de qualquer bobeira de que estivermos falando, e, sobretudo, amo o fato de sermos insaciáveis juntos.Quanto a Eve, é uma realização na minha vida que nunca pensei que precisasse, mas ela me mostrou que sim. Está crescendo tanto e tão rápido, amanhã é o seu aniversário, pediu uma festa no parquinho com seus colegas de fazenda, não negaria nada a ela, o que faz com que Deena fique muito brava comigo, poi
DEENA— Você não deveria ter feito isso. Henry deveria estar aqui com você. — Lana me repreende, enquanto me ajuda a descer.— Olha, Lana, se você não quiser ficar aqui comigo, tudo bem!— Deena, não é disso que estou falando.— Lana, não vou estragar o dia da minha filha e, quando aceitei me casar com Henry o fiz prometer que não faria diferença no tratamento entre os filhos.— Deena, ele não pode mais ser o primeiro a segurar Eve, mas pode ser o primeiro a segurar seu próprio filho.Não aguento tanta falação e passo pelas portas duplas do hospital. Assim que faço isso, sinto uma pontada aguda dos dois lados de minhas costelas. Apoio-me nos joelhos e, quando percebo, tem uma cadeira de rodas atrás dos meus joelhos.— Senta, amiga. — escuto a voz de Lana atrás de mim. Tento respirar e não consigo. Não me lembrava de ter uma dor tão forte assim, logo no início do trabalho de parto.Logo, sou atendida. A Dra. Wins não está, mas tenho cinco médicos me virando de um lado para o outro. Um
HENRYTento confortá-la, dizendo que somos capazes de passar por isso, abraçando-a, mas seus braços permanecem imóveis, enquanto seus olhos se arregalam em pânico. Deve ser muito difícil para uma mulher passar por um parto traumático como esse. Não sei o que dizer para tranquilizá-la, se meu coração também está em pedaços....Segui normalmente, com o plano original do aniversário de Eve, decoramos o parquinho com balões azuis, que era o que ela havia pedido, bandeirolas com as letras de seu nome e uma mesa redonda e azul com o bolo em um prato alto e cheia de guloseimas em volta.As crianças correram e brincaram, enquanto meu coração estava em chamas, eu sabia que havia algo errado, queria acabar com a festa rapidamente, mas de um jeito que não alarmasse Eve, por isso, eu e Judith coordenamos umas cinco brincadeiras e partimos para o Parabéns, tiramos fotos e assim que os convidados começaram a ir embora, deixei Judith e duas das filhas de Koren arrumando a bagunça, enquanto corri pa
DEENAMeu bebê está vivo e só isso que importa. A Dra. Wins está falando alguma coisa sobre o meu útero e minha cirurgia, mas eu não quero ouvir, quero ver meu filho.— Onde está Dean? Quero ver meu filho!— Ele ainda está se recuperando, não poderá pegá-lo...— Eu pre-ci-so ver meu filho, agora! Preciso saber que ele está bem.Henry segura firme uma das minhas mãos.— Se existe uma maneira de vermos nosso filho, gostaria que fosse agora. — ele reitera. O Dr. McDowell levanta uma sobrancelha e troca um olhar com a obstetra.— Vamos ver o que podemos fazer. Assim que terminamos a avaliação de vocês e for mais propício, vocês vão ver o pequeno Dennis.O Pequeno Dennis? Isso foi tão estranho!— Bom, se precisar de ajuda psicológica com relação a Histerectomia e ao parto de Dean, podemos marcar uma consulta com a Doutora...— Já tenho um terapeuta. Está tudo bem, só quero ver meu filho.— Ok. — ela diz, um pouco antes de sair.Assim que eles fecham a porta, Henry afasta as cânulas presas
HENRY— Podemos ir a um lugar mais reservado? — minha mãe pergunta ao me ver me sentar na sala de espera.— Olha, eu não vou me distanciar da minha mulher e do meu filho, só para ouvir merda vinda de você.Me arrependo no minuto em que termino de falar, afinal de contas, ela é a minha mãe. Espero uma resposta sarcástica, porém o que vem depois disso, me pega totalmente despreparado. Ela se senta, apoia os cotovelos nos joelhos, a cabeça nas mãos e chora convulsivamente.Ah, não! Ela quer transformar o meu momento, no momento dela. Viro as costas e sigo para o quarto de Deena.— Filho... espera!Escuto as minhas costas. Paro sem olhar para trás.— Só... só me escuta um pouco, por favor!Dou mais alguns passos em direção ao quarto.— Só... me deixe me desculpar com você.Droga! Volto alguns passos e a encaro de frente.— Se desculpar sobre o quê? Sobre o casamento com Katiana? Sobre atrasar a minha felicidade, maltratar a minha mulher? Sobre o quê?— Tudo! — ela diz em um grito sufocado
DEENA— Mamãe!!! — Eve vem gritando me abraçar. Coloco as mãos na barriga, para proteger a cirurgia do choque. Assim que ela percebe, seu rostinho muda para uma expressão surpresa e frustrada. Me sinto muito mal por isso, mas a levo pela mãozinha até o sofá. Ela se senta ao meu lado, movendo o maxilar de um lado para o outro. Sei que está rangendo os dentes, sempre faz isso quando fica ansiosa.Levanto a minha blusa e abaixo um pouco o cós da calça para que ela veja.— Olha aqui, tiveram que me cortar para tirar seu irmãozinho.Ela toca de leve a marca, mas logo tira a mãozinha, como se a cicatriz a queimasse.— Cadê ele? — ela pergunta, olhando em volta. — Seu pai está trazendo. Você sabe como ele é, está tendo dificuldades com a cadeirinha.Não é verdade, é só que eu queria conversar com ela antes. Ela olha para fora, curiosa.— Enquanto eles não entram, queria te dar uma coisa. — tiro uma caixinha azul do bolso das minhas calças largas de moletom. Azul é sua cor favorita. — Vamos l
HENRYPara um dia de Outono, está bem ensolarado, Deena escolheu a data certinha. Temos os tons terrosos da estação, mas algum resquício do calor do Verão.As cadeirinhas brancas estão dispostas em duas fileiras, com uma linda passagem no meio, um tapete vermelho que leva a uma plataforma enfeitada de flores e folhas amarelas e brancas e vermelhas. A decoração foi presente das mulheres da fazenda. Claro, que eu sugeri empresas muito mais experientes, mas Deena ficou muito brava comigo em todas as vezes que abri a minha boca. Disse que o valor afetivo não tem preço. Por isso temos flores amarelas, vermelhas e brancas. Eu disse a ela que era melhor escolher um dos tons com branco, quando ela me mandou parar de ser tão Dennis, que homens da fazenda não se metem em decorações de casamento.A verdade é que não me importa as cores das plantas, desde que eu a leve para a Lua de Mel esta noite e tire o vestido dela, não importa as cores das plantas se ninguém nunca mais possa nos separar, não