— Não seria tarde demais, minha carona está a caminho. — Eu menti, as palavras tendo um gosto amargo na minha língua. — Você está fora há mais de cinco minutos. — Ele apontou. — Quanto tempo essa carona vai levar? — Ele perguntou, levantando as sobrancelhas ao dizer "carona". — Um minuto. Dois? — Eu encolhi os ombros, tentando parecer despreocupada. — Vai chegar logo. — Droga! Ana, entre no carro! Eu não sei qual é a emergência que você tem, mas pelo jeito que você saiu correndo, é óbvio que é muito importante. — A voz dele subiu um pouco. Eu mordi os dentes e minha mão no telefone apertou. — Tudo bem! — Eu disse com raiva e corri ao redor do carro para entrar no banco do passageiro da frente. — Para onde vamos dirigir? — Ele perguntou, olhando para frente, com as mãos segurando o volante. Eu franzi a testa. Por que ele tinha que dizer "nós"? — Eu vou para as Clínicas Drey — Eu respondi enquanto me certificava de que o "eu" estava claro o suficiente para enviar a mensag
ANASTASIA— Você esqueceu isto. — Oh! — Eu exclamei em um tom agudo. — Obrigada. — Então eu o arranquei das mãos dele. Por que eu fiz isso? Eu me repreendi mentalmente, mas ele parecia não ter notado, pois não estava mais olhando para mim. Ele ouviu ela? Eu me perguntei enquanto estreitava os olhos para o lado do rosto dele, que estava fixado em Clara enquanto ela caminhava rapidamente para o hospital, Amie segura em seus braços. Eu não conseguia dizer para quem ela estava olhando e isso me preocupava ainda mais. Mas eu tentei acalmar minhas preocupações. Ele não parecia ter ouvido nada. Amie estava sonolenta durante a viagem, então sua voz não estava alta. Ele não ouviu, certo? Ele não poderia ter ouvido. Eu estava apenas paranoica por causa de todas as cenas que havia encenado em minha cabeça durante a viagem, imaginando ele descobrindo sobre Amie. Eu me virei na direção para onde o olhar dele ainda estava fixo e me deixei levar enquanto assistia Clara levar Amie para dentr
Enquanto caminhávamos, eu não pude deixar de notar o quão silencioso o hospital estava naquela hora. O suave zumbido das máquinas e os murmúrios distantes de conversas eram os únicos sons quebrando o silêncio. Quando ele nos deixou entrar, gesticulou para nossos assentos e disse com um sorriso. — Boa noite. — Boa noite, doutor. — Clara e eu respondemos ao mesmo tempo. Depois que nos sentamos, eu fui direto ao assunto. — Qual é o problema com ela? Minha amiga aqui acabou de me dizer que ela foi admitida para testes. — Eu me inclinei para frente, mais perto da mesa, e sentei na beira da cadeira. — Ela estava perfeitamente bem esta manhã. Há algo sério errado com ela? Ele balançou a cabeça. — Não é algo com que se preocupar, senhora. Por enquanto, os sintomas dela apontam para um resfriado comum, mas pode ser mais sério, então vamos realizar alguns testes nela para ficarmos mais seguros. Eu senti o aperto empático de Clara em meu ombro enquanto ouvia o médico. Sua presença era r
AIDENEu lutei para manter minha atenção na estrada. Meus olhos estavam na estrada mal iluminada à minha frente, mas tudo o que eu conseguia pensar e imaginar era Anastasia. As linhas amarelas se desfocavam enquanto minha mente divagava, relembrando momentos do nosso passado e imaginando o que poderia ter sido. Eu desejava poder voltar lá e ficar com ela. Eu queria puxá-la para um abraço e dizer o quanto eu sentia falta dela e, ao mesmo tempo, reclamar do quanto eu estava irritado por ela não ter se dado ao trabalho de dar uma explicação. Minhas mãos apertaram o volante com mais força enquanto eu lutava contra o impulso de dar a volta e voltar para ela. Eu queria beijá-la e dizer que, quando ela partiu, levou uma parte de mim. A dor no meu peito parecia tão fresca quanto há cinco anos, um lembrete constante do vazio que ela deixou para trás. Cada música no rádio parecia falar sobre amor perdido e oportunidades perdidas, intensificando ainda mais meu desejo. Eu sempre soube que nã
Eu esperei que ela comparecesse à festa e quase pedi ao meu gerente para tornar a festa obrigatória para todos os funcionários retidos, mas me contive. Eu não queria forçar as coisas. Decidi esperar e ver se ela viria; se ela viesse, ótimo, eu falaria com ela na festa. Se não, seria no trabalho. Mas ela veio. Eu a vi no momento em que ela entrou na sala, iluminando o lugar com sua presença deslumbrante. Enquanto a observava ficar na entrada e perceber a grande mudança na sala que antes era a área de recepção, lutei contra o impulso de correr até ela e abraçá-la. Eu não tinha certeza de qual seria a reação dela se eu tentasse falar com ela na frente de todos. Pelo que eu sabia, a Ana que eu conhecia não hesitaria em jogar a bebida na minha cara, independentemente de eu ser seu empregador. Então, enviei um dos garçons para chamá-la. Mas ela não hesitou em deixar muito claro que não queria nada a ver comigo. Quando pedi que conversássemos sobre o que aconteceu naquele dia, ela foi
ANASTASIAOh Deus, não. Não. Eu repetia na minha cabeça enquanto as lágrimas escorriam dos meus olhos para minha palma e deslizavam entre meus dedos. Não a minha Amie. Não ela. Minha preciosa garotinha, com sua risada contagiante e energia sem limites. Como isso poderia estar acontecendo? Eu ainda tinha a cabeça enterrada no meu rosto quando o médico falou com simpatia e um distanciamento profissional. — Eu entendo que a notícia é avassaladora, senhorita Anastasia. Eu gostaria que você soubesse que temos uma equipe dedicada pronta para ajudar e guiá-la durante o processo de tratamento. Minha mente parecia distante das palavras dele, como se uma língua que eu não conseguia entender estivesse sendo falada para mim. Eu queria levantar a cabeça e perguntar como minha filha de cinco anos havia conseguido ser diagnosticada com uma doença assim. Talvez houvesse algum engano em algum lugar. Mas eu não conseguia nem me fazer falar. Se eu tentasse falar, acabaria apenas chorando,
Eu funguei. — Obrigada, doutor. — Eu me inclinei para frente. — E depois dos tratamentos e terapias, qual será o prognóstico? Ela vai ficar bem? — Claro que sim. Desde que ela receba tratamento e cuidados adequados, ela ficará bem e estará como nova quando os tratamentos forem concluídos. A resposta dele me deu esperança, mas a ideia de que ela teria que passar por todos aqueles tratamentos e terapias fez meu coração se partir novamente. Depois de mais algumas palavras encorajadoras e garantias de que Amie ficaria bem ao final do tratamento, eu o agradeci e saí para o corredor. Enquanto caminhava em direção ao quarto dela, não consegui impedir que as lágrimas escorressem pelas minhas bochechas, nem consegui parar os fungados e os soluços trêmulos. Eu parei antes da porta do quarto dela e tentei conter as lágrimas. Passei vários segundos limpando as lágrimas que continuavam a escorrer enquanto eu choramingava. Eventualmente, não senti mais o rastro molhado nas bochechas e meus
ANASTASIANós dois nos viramos para ver Amie parada atrás de nós na porta. Sua mão segurava a porta entreaberta enquanto seus olhos curiosos olhavam para mim, grandes e questionadores. Dennis imediatamente me soltou e focou nela, seus movimentos suaves e naturais enquanto a levantava e a embalava em seus braços. Eu o observei passar de me confortar para distrair Amie em questão de segundos. — Não, não é. — Ele disse enquanto a fazia cócegas levemente. Risos fofos escaparam dela enquanto ela se contorcia em seus braços. — Pare com isso, Dennis. — Amie protestou sem muita convicção, suas palavras intercaladas com mais risadinhas. — Não, eu não vou. — Ele disse, aprofundando a voz em um rosnado brincalhão que só a fazia rir mais. Depois de um tempo, ele parou e esperou que as risadas dela diminuíssem lentamente. O corredor do hospital parecia desaparecer, deixando nós três em uma bolha temporária de normalidade. — Amie? — A voz de Dennis era suave e persuasiva. — Sim? —