JUNHO DE 2013
— Oi Luísa... Já resolveu o que vai fazer no seu aniversário?Eu estava com dezessete anos e a poucas semanas alcançaria a minha tão sonhada maioridade e ao contrário de muitas meninas que conhecia da minha idade, eu não faria uma grande festa ou ganharia de presente uma viagem para fora do país.Estava em ano letivo. O ano que decidiria o que seria do meu futuro, a escolha da tão almejada profissão e a conclusão do último ano do segundo grau, ou seja, um período extremamente estressante, de muito estudo e imensas responsabilidades.
No entanto, não desanimei mesmo sabendo que minhas chances de passar para uma boa instituição eram bem menores daquelas com quem disputava uma vaga.
Acontece que havia ganhado uma bolsa de estudo para um colégio caro do bairro de classe média e como tinha sido aluna de escola pública a vida inteira, acabei me perdendo no ritmo das matérias na nova instituição, onde era repleta de meninas bem mais avançadas, além disso, elas também tinham a chance de complementar a grade escolar com cursos extras para as melhores faculdades do país.
Definitivamente era difícil competir.
Eu me perdia em física, química e não conseguia de jeito nenhum acompanhar as aulas de álgebra.
Vivia estressada, dormia mal, a ansiedade me engolia e não importava o quanto eu tentasse...
Simplesmente não progredia, porém, a única coisa boa que tinha acontecido comigo até aquele momento, era a minha amizade com Renata.
Renata era roqueira fã dos Guns N'and Roses. Sua calça tinha correntes penduradas, seu all star era azul e as pontas de seu cabelo castanho eram pintadas de vermelho, características que fizeram nos aproximar.
Primeiro, porque Renata era excluída pelas meninas da turma por não se enquadrar no padrão de beleza que elas intitulavam. Não tinha o cabelo escovado, não passava gloss nos lábios e não usava calças jeans colada ao corpo, e segundo porque assim como Renata, eu também era excluída.
Na sala, era a única menina negra no meio de um monte de adolescente branca de olhos claros. A única com cabelo crespo e pele escura fazendo contrastar principalmente durante os intervalos das aulas, quando todos os alunos se reuniam na cantina, tendo a mim como o "ponto preto".
Não que eu fosse a única aluna negra da escola. Certamente havia mais meninas e meninos negros. Mas eu... Eu era a "preta", "a negra", "a descendente de escravo", "a preta quase azul", "a cabelo bombril", entre outros nomes dos quais ouvia meus "colegas de classe" se referirem quando falavam de mim.
O que eles não sabiam, era que eu era descendente sim de escravos e tinha sim, passado a vida inteira em escolas públicas precárias sem a mínima condição de competir com qualquer aluno que estudava ali dentro, mas ainda assim, tive a oportunidade de ter uma bolsa de estudos, através de uma vizinha do prédio onde eu e papai morávamos.
Dona Wilma, que me conhecia desde pequena, era a secretária executiva da escola e assim que soube que as vagas de bolsistas estavam abertas, recomendou o meu nome. Foi assim que eu e Renata, apesar das inúmeras razões, nos unimos pela exclusão e viramos melhores amigas.
Ela também estava com dezessete anos, completados em março, no entanto, no meio do mês seria a minha vez e por mais que o ano me massacrasse com dúvidas sobre a carreira que seguiria, a escola nova, a exclusão social e o preconceito, continuei focando na ideia de atingir a tão sonhada maioridade.
Naquele momento, era a única coisa que me fazia realmente feliz e que emocionalmente me completava.
— Estava querendo ir para o Vulgar. O que acha?
— Acho ótima ideia!!!!! — Renata respondeu enquanto o professor explicava história do Brasil para a turma.Vulgar era o principal point da classe média nos finais de semana da cidade e era muito conhecido por causa dos drinks especiais que tinham nomes vulgares atraindo pessoas de todos os lugares.
Os drinks eram preparados com fogo, misturas excêntricas e pedidos encabulados. Um deles, era o Anal dos Deuses, uma bebida feita com vodka, licor, limão e refrigerante.
Também tinha o Mamãe e Papai, feito com saquê, gelo, açúcar e fruta.
Sexo no Carro, que era um drink preparado com leite de coco, abacaxi e cachaça.
Enfim, no cardápio as opções eram infinitas.
Rapidinha Com a Amante.
Papai Não Pode Saber.
Depois do expediente.
Boquete Duplo.
Vagina Molhada.
Pênis Pequeno.
Virgem Assanhada.
Grande e Grosso e muito mais.
O lugar era muito frequentado e havia espaço para todo tipo de gente.
Casais que iam jantar, solteiros que procuravam por diversão e paquera, gente que passava só para tomar um drink, clientes que comiam pizza e claro... Pessoas que comemoravam o aniversário.
O point tinha vários ambientes, possuindo dois andares imensos com preços variados e começava a ficar movimentado a partir das dezenove horas, encerrando as atividades somente às cinco da manhã do dia seguinte.
Resolvi então que comemoraria meus dezoito anos naquele lugar, que aparentemente eu não poderia frequentar.
Beberia até o dinheiro acabar, que na época não era muito, evidentemente, já que ajudava papai com vinte reais semanais passando roupa para fora, embora não fosse grande coisa.
Incrivelmente, um mês antes dos meus dezoito invernos, ele me disse que não precisaria dar-lhe o dinheiro das roupas, pois que eu guardasse para comprar algum presente.
Juntei exatos oitenta reais e quando Renata me perguntou o que faria para comemorar a chegada da minha maioridade, não tive dúvidas... Eu ia até o Vulgar experimentar os famosos drinks da casa fazendo parte de um mundo que não era meu.
— Vai chamar alguém daqui da sala? — cochichou Renata em meu ouvido para não atrapalhar a explicação do professor.
— Talvez o Bricie...Bricie era o apelido do Fabrício, o garoto mais descolado da escola, que sempre me tratava com muito respeito e referia-se a mim sempre pelo nome e não por apelidos maldosos.
Quando as palavras ofensivas e preconceituosas eram citadas a meu respeito, ele era o primeiro a se posicionar.
Ele conhecia todo mundo da escola, isso incluía os professores que o adoravam por ser inteligente e espontâneo, além de ser aluno da instituição desde o jardim de infância.
As meninas do primeiro ano mandavam-lhe sempre cartinhas de amor na hora da saída e era o melhor jogador de basquete do time, fazendo a arquibancada da quadra ficar lotada para vê-lo nas competições interestaduais.
Bricie era louro, alto, seus olhos verdes tinham um brilho incomum e o seu senso de humor era aguçado, enfim, o tipo de carinha que toda menina gostaria de apresentar aos pais, exceto eu.
....Na manhã do meu aniversário, fazia uma linda quarta-feira de inverno e fiz exatamente tudo o que costumava fazer.
Levantei, tomei meu banho, escovei meu cabelo, tomei café da manhã com meu pai que me deu um beijo e um abraço apertado, sabendo que não ganharia presentes.
Felizmente, não precisava pegar condução até o colégio, pois morava a quinze minutos de distância.
As nuvens encobriam o céu trazendo o dia lentamente e o sol que ensaiava aparecer ao longo das horas não foi o suficiente para evitar que a temperatura caísse ao anoitecer.
Particularmente adorava a data do meu aniversário, que permitia comemorar a nova idade que alcançava.
Todo ano era uma imensa alegria ficar mais velha, aproveitando o único dia do ano que era exclusivamente meu.
No entanto, por mais que a escola e as matérias me irritassem ou os professores entediantes me questionassem, estava decidida a não permitir que ninguém me incomodasse, afinal, eu tinha planos com Renata de almoçar em um restaurante depois da aula.
— Pronta para almoçar comigo hoje? — perguntou Renata tão animada quanto eu. — Você não tem ideia de como é esse restaurante. Eles têm desde camarão empanado até churrasco. Você vai adorar!
Eu nem lembrava da última vez que tinha comido camarão empanado, quanto mais ido a um churrasco.
— Ahhh, lá também tem comida japonesa, mas não está incluso no valor que vamos pagar. Só estou dizendo, caso você queira.
Comida japonesa? Pensei comigo mesma. Eu nunca havia comido, não conhecia e esperava poder usar a oportunidade para experimentar.
Como de costume, passei a manhã inteira sem prestar atenção nas aulas que eram compostas por tempos divididos entre as matérias de português, matemática e geografia. Tudo extremamente entediante e quando finalmente o sinal tocou, eu e Renata pegamos nossas mochilas e fomos andando até o tal restaurante no outro quarteirão.
Eu mal podia conter a minha empolgação.
...— Já resolveu se vai chamar o Bricie para o seu aniversário na sexta? — perguntou Renata, enquanto comia uma salada verde de entrada.
— Ah sim... Vou falar com ele, apesar de achar que ele não vai — respondi devorando um pedaço de carne malpassado.
— Por que você acha que ele não vai? — Minha amiga indagou, cética.
— Rê... Bricie é o garoto mais popular da escola. Por que ele iria na comemoração do meu aniversário?
Renata parecia surpresa com o desprezo que eu demonstrava em relação ao convite.— Não estou acreditando que está falando isso. Luísa... Bricie sempre defende você com aquela gente preconceituosa do colégio. É o único que faz questão de te cumprimentar, enquanto todos da sala te tratam com indiferença.
Renata ainda não sabia o quão diferente eu era, começando por ela mesma, já que era filha de desembargador, apesar do seu estilo rebelde e de seu jeito roqueira.
Diferente dos meus, seus pais tinham muito dinheiro fazendo com que ela odiasse por exemplo, chegar no colégio diariamente com motorista.
— Acho que ele está afim de você — disse, incredulamente.
— Claro que não! Eu e Bricie não temos nada a ver. Ele não faz meu tipo.— Por que? — Ela retrucou.— Porque não! — Tentei encerrar aquela conversa, mas Renata foi adiante.— Porque você é negra e ele é branco?Larguei meu garfo e a olhei criteriosamente.
— Não...
— Então é porque ele é o mais popular da escola e você não?— Renata, aonde você quer chegar? — perguntei quase me arrependendo de dividir a minha data comemorativa com ela.— Desculpe... — Ela abaixou os olhos envergonhada. — Eu sou uma idiota...Suspirei fundo antes de consolá-la.— Tudo bem... Eu vou chamar ele para a comemoração na sexta-feira.Renata abriu um sorriso que quase iluminou o restaurante inteiro e me dei conta naquele exato momento que ela estava caidinha pelo popular Bricie.
...Finalmente a sexta chegara. Bricie confirmou presença no Vulgar para dar-me um abraço pelos meus dezoito anos, mas ficou visivelmente chateado por não ter lhe avisado que meu aniversário tinha sido na quarta, já que tínhamos passado a manhã inteira fazendo trabalho de geografia em dupla.
Eu e Renata esperaríamos por sua rápida passagem e claro que como uma boa aniversariante ansiosa, cheguei cedo ao Vulgar pronta para tudo, afinal, queria ver gente, experimentar as famosas bebidas do lugar mais badalado da cidade e me divertir na danceteria até de manhã.
....Encontrei com Rê em uma praça em frente ao Vulgar e o lugar já estava fervendo. Nos encaminhamos para a parte interna do primeiro andar, onde homens bonitos se divertiam, mulheres sorriam e garçons supriam as necessidades dos clientes.
— Por favor, dois Anais dos Deuses — pedi ao garçom, com o sorriso estampado no rosto enquanto Renata explodia em gargalhadas se divertindo, embora, se mantivesse ainda na defensiva por ser menor de idade.
— Luísa... Será que não vão pedir minha identidade? — Agora era eu quem gargalhava.Logo arrumamos uma mesa na parte externa, onde a temperatura girava em torno de dezenove graus, praticamente gelado para uma cidade acostumada com as altas temperaturas o ano inteiro.
Eu vestia uma calça jeans rasgada, moda da época, e uma blusa preta de manga colada ao corpo, evidenciando meus seios e meu abdômen, além do cordão que dava voltas no pescoço acompanhado de argolas enormes penduradas nas minhas orelhas.
O meu cabelo tinha sido mais complicado, como de costume, havia levado quase meia hora para arrumá-lo, pois insistia em manter-se indomável.
Passei uma maquiagem suave, mas com um batom vermelho que realçava a minha boca grande e meus lábios avantajados deixando-me linda e totalmente poderosa.
— E então, quais os seus planos para a maioridade, Luísa? — perguntou Renata, dando o primeiro gole na bebida.
— Eu não sei... Talvez sair de casa — disse despretensiosamente.Renata e eu tínhamos muito em comum e éramos capazes de nos divertir durante horas. Conversávamos sobre tudo e qualquer coisa e os minutos com ela passavam num piscar de olhos.
Eu conhecia sua casa, sua mãe, e seu pai que estava sempre ausente, apreciando de perto a vida luxuosa que levava, diante de sua simplicidade como pessoa. Talvez fosse isso, o que eu mais gostasse nela.
Tomei em torno de dois drinks que me fizeram quase cair da cadeira de tanto rir com seus nomes vulgares e confesso que no final da segunda rodada, meus sorrisos estavam mais soltos e meu corpo mais relaxado.
Renata, por sua vez, intercalava uma garrafa de água com um drink vulgar mostrando-se imensamente mais esperta do que eu, que pela primeira vez, extrapolava de todos os jeitos que podia.
— Vamos subir para dançar? — perguntei animadamente.
— Mas e o Bricie? Ele não falou que vinha? — Ela parecia ansiosa.— Eu disse a ele, que se não nos encontrássemos aqui embaixo, estaríamos nos divertindo na danceteria lá em cima. — Dito isso, não esperei mais. Levantei-me para mudar de ambiente sem dar tempo de ouvir qualquer réplica.Renata levantou-se meio a contragosto, andando ao meu lado, e subimos por uma escada de ferro até chegar na pista de dança.
A nossa comanda de papel onde o garçom anotava a consumação já estava guardada dentro da bolsa de minha amiga responsável, me fazendo crer que essa era uma das grandes características que adorava nela, afinal, era bom perder o juízo, mas ter uma amiga ajuizada era melhor ainda.
A noite saía exatamente como planejada. Ela era longa, cheia de músicas, passos sincronizados, beijos na boca, drinks e uma possibilidade real de terminar com um nascer do sol na beira da praia, o que fazia meu corpo todo vibrar de excitação. Era a noite mais feliz da minha vida eu me sentia livre, capaz de qualquer coisa e totalmente segura de que coisas boas estavam reservadas para mim a partir daquele momento. Eu dançava no meio da pista sem me importar com absolutamente nada, quando de repente alguém pegou meu braço, puxando-me para longe do DJ. — Luísa!!! Bricie chegou!! — gritou Renata em meu ouvido. Olhei ao redor e Bricie estava acompanhado por um amigo que reconheci na hora, era Júlio, um dos meninos da nossa turma. Apesar de nunca ter falado com ele nos intervalos das aulas, sempre me pareceu ser gente boa e estava sempre na dele. Não se misturava com qualquer um e andava com um grupinho de três meninas, da qual uma
O chão começava a esquentar debaixo de mim e eu não conseguia mexer nenhum membro do meu corpo. Para a minha infelicidade, Júlio ainda não tinha me reconhecido. Ele se aproximou, a sua testa sangrava e sua respiração ofegava. Suas mãos estavam trêmulas e seus olhos pareciam perdidos no meu corpo, avaliando o meu estado. Procurou alguma coisa no bolso da calça, mas não encontrou, enquanto as pessoas em volta falavam palavras ofensivas para ele. — Você avançou o sinal!!— Não mexa nela!— Ele está sangrando! Muita gente falava ao mesmo tempo e eu só conseguia pensar que bem na minha frente estava o meu querido Júlio. Eu ti
— E então, o que pretende fazer daqui pra frente? — perguntou Júlio mostrando interesse na minha resposta. — Eu ainda não sei. Ainda não me decidi...— Qual a dúvida? — insistiu. — Eu ainda não sei... Ainda não me decidi... — repeti a frase, dessa vez mais desanimada, o que fez com que ele tirasse o quarto copo de bebida da minha mão. — Acho que você já bebeu um pouquinho demais, aniversariante. Não acha?— Eu não sei.... Ainda não me decidi... — Renata, Bricie e Júlio agora davam gargalhadas do meu estado e senti pela primeira vez que o álcool provocava dentro de mim, um efeito oposto da alegria que me contagiava horas antes. Pela primeira vez, todas as minhas frustrações, dúvidas, medos e inseguranças eram instigadas, o que consequentemente me deixava deprimida. &n
Senti uma mão quente no meu rosto e abri os olhos cuidadosamente. Era Júlio com o semblante preocupado e cheio de culpa. — Não durma, por favor... Mantenha-se com os olhos abertos. Mantenha-se acordada — ele pedia angustiado. Ahh se eu conseguisse falar... Diria para que não se preocupasse, pois não dormiria mais. Pretendia ficar ali em seus braços, olhando para seu rosto aproveitando cada segundo de seu toque. As pessoas que antes pronunciavam palavras acusatórias, agora mantinham-se longe. Apenas um burburinho era ouvido ao fundo. Júlio que estava ajoelhado ao meu lado, sentara no chão colocando uma camisa enrolada embaixo do meu pescoço, protegendo minha cabeça do asfalto que esquentava rapidamente devido ao calor. Olhei para aquele homem tomado por adrenalina, querendo que soubesse tudo o que eu estava sentindo e o modo como o buraco dentro do meu coração com nosso término estava sendo preenchido novamente de boas recordações,
As sextas-feiras nunca mais foram as mesmas. Eu, Renata, Bricie e Júlio estávamos sempre no Vulgar, que passou a ser nossa parada obrigatória e tendo Júlio como o único motorizado do quarteto, assumiu a responsabilidade de nos levar para casa no final da noite. Eu passei a ter uma grande admiração pelas sextas. Tudo era muito divertido, engraçado, além de minha paquera sempre entreter-me com assuntos interessantes. Durante a semana na escola, passamos a sentar juntos e conversávamos por horas sem perceber o tempo passar. As aulas, pela primeira vez, estavam interessantes e mais produtivas, pois ele agora me ajudava em química e biologia e eu o ajudava em redação. Apreciava tudo que vinha de Júlio, principalmente o fato dele me ver de forma diferente dos demais. A ânsia de conhecer o que o rodeava exigia de mim uma dedicação em tempo quase integral e a recíproca também era verdadeira. O trio de meninas que antes o cercava nos intervalo
Uma sirene alarmou a todos. O barulho vinha de longe e ficava cada vez mais perto. — Está chegando... aguente firme — disse Júlio tentando manter-me acordada A verdade é que não importava quanto tempo a ambulância levasse até a mim, pois eu apenas desfrutava da única coisa que desejei a vida inteira: Estar novamente perto de Júlio. Eu poderia jurar que todas as minhas dores físicas seriam indiferentes ao que acontecia. Nem mesmo a fome que me consumia minutos antes incomodava mais, embora eu ainda fizesse um esforço sobre-humano para continuar com os olhos abertos e atenta ao que acontecia ao meu redor. Júlio, por sua vez, também participava ativamente do cabo de guerr
Após a primeira crise na casa de Júlio que quase culminou no nosso término, finalmente tínhamos conseguido superar o ocorrido.Ansiava por falar com Mayara que tomou parte na discussão com Sandra e quando conseguimos enfim nos rever, fomos almoçar na casa de Renata, que achou importante ficarmos em um ambiente mais íntimo e somente de meninas.- Mayara... Me desculpe pelo o que aconteceu na casa de Júlio.- Deixa de ser boba. Não tem que me pedir desculpas por nada. - Ela disse com seu jeito descontraído.- Claro que tenho... - Insisti.- Luísa... Acho que ninguém podia imaginar que aquilo
Passamos por um longo corredor com paredes repletas porta retratos pendurados, registrando inúmeros momentos em família. Eu e papai estávamos em todas elas.- Sua madrinha é muito gente boa! - Disse Júlio observando as fotos, enquanto eu concordava com a cabeça.Antes de subirmos a escada que dava para os quartos, fui atraída pelo cheiro que vinha da cozinha.- Vem.. Vou te apresentar a uma pessoa maravilhosa. - Disse para Júlio que me seguia cuidadosamente.Quando adentramos a cozinha, abracei Marie, cozinheira da minha madrinha há pelo menos dez anos que mexia algo na panela sem perceber minha chegada.Uma m