Quando Gilberto chegou em casa, Rosana, meu pai e eu estávamos sentados na cozinha, enquanto tentava esclarecer detalhes do que acontecia.
Sagazmente, Rosana me fazia perceber os pequenos detalhes nas histórias que Luísa contava e dos quais acreditava cegamente.
Alguns tão bobos que me faziam rir de desespero, outros nem tanto a ponto de me fazerem literalmente cair em um buraco obscuro e fundo da loucura que se escancarava a minha frente.
Gilberto colocou as crianças para o quarto e ficou conosco, para tentar entender também a dimensão dos problemas causados por Luísa e quanto mais falava sobre sua inocência, mais me arrependia ao imaginar a destruição que causaria por mentiras.
Era inacreditável! Inviáve!
Eu estava pasmo como todo mundo, com o labirinto que Luísa tinha montado para nos fazer de ratinhos de laboratório, pois era assim que me sentia. Toda a situação era surreal.
Perdi as contas de quantas vezes, pedi perdão a Ros
Ao voltar para a realidade o meu mundo estava mais vazio e mais silencioso. Fiquei dois dias dentro do quatro, sem querer falar com ninguém. Sem querer ver ninguém. Desliguei o celular e fiquei recluso no escuro, na minha cama pensando e chorando. Eu não comia, não saía e automaticamente não interagia com meus próprios familiares. Pensava e repensava nos mínimos detalhes todas as histórias que Luísa havia inventado e juntando as peças, vi o quão ingênuo fui em suas mãos. Muitas vezes chorei de soluçar no chão do banheiro para que ninguém me ouvisse. Outras vezes, socava o travesseiro para abafar a minha raiva e então chorava semelhante a uma criança contrariada. Sentia saudades, mas na maior parte do tempo também sentia raiva. Muita raiva, convicto de não querer falar ou vê-la em hipótese alguma. ... Quando finalmente resolvi sair do quarto, dei o ar da graça na cozinha procurando o que comer e depar
OITO ANOS DEPOIS - Bom dia Carolina! - Bom dia, Júlio como você está? - Estou ótimo! Me sinto ótimo, apesar do cansaço do trabalho. - Isso é excelente. Você disse que tinha algo muito importante para me dizer. - Sim, sim... Desculpe mais uma vez ter que fazer essa sessão dentro do carro e por vídeo em pleno sábado as sete da manhã. - Não se preocupe, tenho paciente às nove. Mas diga o que houve? - Olha isso.... .... - Uau, Júlio! É um solitário? - Sim! É sim! - O que exatamente isso quer dizer, Júlio? - Que vou pedir a Vanessa em casamento. - Isso é ótimo !! - Sim! Estou muito empolgado e me sinto realmente pronto para dar esse passo. - Olha carolina... Quero muito
UMA SEMANA DEPOIS - Entre Júlio, por favor... - Obrigada por me receber. - Sem problemas. Quer uma água, um café? - Não. Estou bem. - Júlio fiquei muito preocupada com você a semana inteira. Como você está se sentindo? - Carolina, ainda não acredito que isso tudo aconteceu... - Me conte como foi que tudo aconteceu. - Foi no último dia que nos falamos. Eu estava saindo do trabalho e ia até a casa de Bricie deixar uma encomenda para ele... - Sim... - Quando desliguei o telefone, liguei o carro e fui para o meu destino. Eu estava tão cansado, Carolina... - Continue, por favor... - Eu estava me sentindo bem, mas um pouco cansado. Liguei o rádio para que pudesse ficar atento, mas eu estava com muitas dores de cabeça, então desliguei. Eu não sei, Carolina..
Escrever essa carta para despedir-me de você, foi a melhor maneira que encontrei. Sentado na beira do mar, onde um dia estivemos juntos contemplando o oceano e fazendo planos para o futuro me deixa mais a vontade para lhe falar que a sua morte não será em vão. Vendo por diversos ângulo o que aconteceu há uma semana, quando infelizmente adormeci no volante e te atropelei, não consigo medir em palavras o meu remorso. Passamos por tantas coisas juntos, que cada vez mais acredito que Deus tem planos para todos nós. Rever-te em condições lastimáveis causadas por minha irreponsabilidade, me mostra o quanto somos falhos e que sim... Nossa vida pode mudar da noite para o dia. Você me ensinou tanto, durante muitos anos que prever seu retorno à minha vida era praticamente impossível. Acreditei que tivesse tirado todas as lições do nosso relacionamento. Acreditei que tivesse sofrido o suficiente para essa vida.
Escrever Bandeira Branca foi a melhor coisa que fiz na minha vida e por diversas razões.Primeiro pelo aprendizado ao longo da história em que dois personagens fantásticos narram de maneira intensa a experiência de amar e ser amado.Segundo porque foi através dessas páginas que coloquei verdade misturada com ficção e o resultado não poderia ser diferente: Expus sentimentos verdadeiros, coloquei para fora mágoas que há muito tempo desconhecia e claro, ressentimentos escondidos no fundo da minha alma.Digo que não foi fácil escrever cada frase como se pudesse evitar estar entre Luísa e Júlio César, afinal observava tudo de perto. Cada movimento que eles faziam zelava para que tudo ficasse ou terminasse bem.Para quem é escritor ou para quem simplesmente escreve, criar personagens mesmo que sejam fictício é um grande desafio e a
A relação, no entanto, o transformou no meu principal mentor ao longo dos anos e, mesmo que conversássemos com bastante frequência dentro e fora dos plantões sobre diversos assuntos, era evidente que existia um limite que ambos não deveriam ultrapassar.Embora, eu estivesse fraca e vulnerável emocionalmente, levei minhas mãos ao rosto com vergonha por ter deixado as pessoas me verem naquele estado, principalmente os colegas de trabalho.Por sua vez, Marcus encostou as costas na cadeira afastando-se de mim intencionalmente, o que fez com que seu perfume se distanciasse de meu nariz, alertando-me sobre a postura frágil que estava adotando. Pacientemente, aguardou que eu me recompusesse.Limpei o rosto, mas parecia que quanto mais eu secava as lágrimas com a palma de uma das mãos, mais elas insistiam em cair.Ele tomou um gole do suco de manga enquanto aguardava por uma reação que não fosse o meu choro.Quando, finalmente, consegui controlar
ESSE LIVRO FOI TOTALMENTE REVISADO E SE ENCONTRA NO FORMATO FÍSICO PELO I***A: @MONIQUEMM18 ... O alarme do relógio tocava insistentemente. Estiquei o braço para desligá-lo, porém a única coisa que consegui foi derrubá-lo junto com o abajur em cima da cabeceira, ao lado da cama. Minha cabeça latejava e o gosto ruim na boca provocava um embrulho no estômago. Assim que meus pés encostaram no chão, olhei para a unha vermelha, que mesmo com todo o esforço para não borrá-la após a manicure, tinha sido em vão. Além dis
Assim que entrei na padaria, o cheiro do cappuccino preenchia todo o ambiente refrigerado e senti que definitivamente estava no paraíso. Nas caixas de som acopladas nas paredes de gesso, uma banda de jazz tocava ao fundo, tornando o ambiente agradabilíssimo, além de confortável. O volume da música, o cheiro dos pães saindo do forno, as tortas na vitrine, as nozes ensacadas, as frutas expostas para serem transformadas em sucos da preferência do cliente e as geladeiras repletas de frios e manteigas, davam requinte ao lugar, assim como o buffet do café da manhã servido em uma extensa mesa colorida que complementava o local de forma majestosa. Os atendentes eram extremamente simpáticos e afáveis. O bom humor que girava em torno de todos na loja, inclusive dos consumidores que escolhiam seus quitutes, era de dar inveja. No entanto, direcionei-me para os pães onde uma fila com três pessoas já se formava e passei os olhos rapidamente na geladeira avistando